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EDITORIAL

“ARANHAS DO PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA, RIO DE JANEIRO/MINAS GERAIS, BRASIL.’’- RAFAEL PREZZI INDICATTI-2013. O BOLETIM DE PESQUISA Nº 16 sobre Aranhas no PNI elaborado e escrito por Rafael Prezzi Indicatti aborda os primeiros registros históricos das aranhas coletadas, conhecimento atual, biologia, diversidade e curiosidades desses artrópodes. Rafael apresenta um verdadeiro guia de identificação de aranhas com 51 figuras e detecta 145 espécies para o PNI, distribuídos em 40 famílias. Prezzi amarra este Boletim em uma história contada dando crédito ao precursor da Araneologia no Brasil que foi o médico aracnólogo Cândido Firmino de Mello- Leitão, que trabalhou entre os anos de 1915 e 1951 no Museu Nacional do Rio de Janeiro e descreveu aranhas onde hoje é o Parque Nacional do Itatiaia, nos anos 1915, 1923 e 1932. Indicatti segue relatando os Aracnólogos da década de 20 como o francês Jean Vellard e na década de 40, o alemão Wolfgang Bücherl e daí se estende por outros pesquisadores que contribuíram com os estudos sobre Aracnídeos e mostra a importância dos Boletins do PNI ao citar Zikán e Barth (Boletins nºs 01 e 06) e ele próprio. Rafael indica um banco de dados implementado com base na bibliografia de artigos científicos e apresenta as espécies descritas desde de 1757 até 2013, com detalhamento de dados de distribuição para fauna araneológica do Brasil. Prezzi afirma que o número de espécies de Aranhas do PNI é muito maior que 145, principalmente porque ainda não foram incorporados registros de coleções Zoológicas neste estudo. Só a coleção do Instituto Butantan, representa pelo menos um incremento de mais de 100 espécies provenientes do Parna do Itatiaia, sem contar com o acervo do Museu Nacional/UFRJ e Museu de Zoologia /USP. Indicatti considera até o momento, duas espécies endêmicas, Hermachura luederwaldti Mello-Leitão, 1923 e Hermacha itatiayae Mello-Leitão, 1923 ambos pertencentes à família Nemesiidae, registrados no Planalto do Itatiaia e lança uma hipótese da existência de mais espécies endêmicas nos 30.000 hectares do Parque. Rafael apresenta tabelas com aranhas que ocorrem nesta UC e onde seu importante trabalho de pesquisa aparece detalhadamente e constata que apenas três 3

espécies pertencentes a dois gêneros e duas famílias, de um total de 145 espécies e 40 famílias registradas no PNI, foram consideradas de importância médica, estando relacionadas a acidentes humanos ou animais domésticos que são popularmente conhecidas como Aranhas marrom (fig.45) e Armadeiras (Figs 32 e 33). Senhores pesquisadores e leitores em geral leiam este Boletim que nos leva prazerosamente as teias de aranhas que é um conjunto de fios de seda produzidos pelo do Dr. Rafael Prezzi Indicatti que trilha o caminho da sua formação desde 1997. Vejamos: *1997-2000- Graduação em Ciências Bilógicas-Universidade de Santo Amaro, UNISA São Paulo-SP. *2001-2003- Especialização em Aracnídeos sinantrópicos. -Instituto Butantan, IBSP São Paulo. *2005-2007- Mestrado em Biologia (Zoologia). -Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ-Seropédica-RJ. Título da dissertação: “Revisão das espécies Neotropicais do gênero Bolostromus Ausserer (Araneae, Mygalomorphae, Cyrtaucheniidae). *2007-2011- Doutorado em Biologia Animal (Zoologia)-Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ-Seropédica-RJ. Título da Tese: “Análise cladística de Pycnothelinae e revisão de Rachias Simon, 1892 (Araneae, Mygalomorphae, Nemesiidae). *2012 .....-Pós-doutorado- Instituto Butantan, IBSP São Paulo-SP. Título do Projeto: “Sistemática dos gêneros Neotropicais de Nemesiidae (Araneae, Mygalomorphae). E, hoje Rafael é um dos mais importantes colaboradores do PNI e já está na galeria dos luminares da nossa pesquisa e se junta a Mello-Leitão, Zikán, Barth e outros que ligam o passado, o presente, e o futuro do primeiro PARNA do pais (14/junho/1937) que é o Itatiaia. Em, 15/11/2013.

Léo Nascimento COORDENADOR DE PESQUISA E EDITOR DO BOLETIM DO PNI

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AGRADECIMENTOS

Ao Léo Nascimento, Coordenador do Núcleo de Pesquisa e ao Chefe da UC Gustavo Wanderlei Tomzhinski, ambos do PNI/ICMBio, pelo convite e incentivo à realização deste boletim. Ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, por ceder a autorização de coleta. Ao Antonio D. Brescovit (Instituto Butantan (IBSP), São Paulo) pela disponibilização do banco de dados de Araneae, no qual obtive parte dos registros das espécies. Ao Flávio U. Yamamoto e João Paulo P. P. Barbosa (IBSP) pela ajuda na primeira coleta. À minha esposa, Bárbara Gambaré pela paciência de estar ao meu lado, colaborando nas coletas e também por entender as minhas ausências devido aos trabalhos de campo. Ao Ricardo Pinto da Rocha (Universidade de São Paulo, São Paulo) pela identificação dos opiliões. Ao João L. Chavari (IBSP) pela identificação de algumas espécies de aranhas incluídas neste boletim. Ao André M. Giroti (IBSP) pela identificação da espécie de Ariadna. Ao Cláudio A. Ribeiro de Souza (IBSP) pela confirmação da identificação da espécie do escorpião. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP 2012/18287-1), pela concessão da bolsa de Pós-doutorado, no qual obtive o auxílio para realização desta pesquisa, através do Projeto Sistemática dos gêneros Neotropicais de Nemesiidae (Araneae, Mygalomorphae).

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RESUMO

As aranhas ocupam quase todos os ambientes naturais. Constituem um grupo abundante em áreas naturais e urbanas, o que pode ser relacionado à sua grande plasticidade adaptativa e alta capacidade de dispersão, mesmo assim, estudos sobre elas ainda são incipientes no Brasil. Neste boletim científico é apresentada uma sinopse da fauna de aranhas que ocorrem no Parque Nacional do Itatiaia, em diferentes microhabitats, desde o solo (serapilheira) à vegetação arbórea, dentro e fora de áreas construídas, abordando de forma geral os primeiros registros históricos das aranhas coletadas, conhecimento atual, biologia, diversidade e curiosidades. Os dados foram obtidos a partir de trabalhos publicados, consultados através de um banco de dados de Araneae, dissertações, teses e de coletas realizadas em 2013 no PNI, tanto na parte baixa, situada no município de Itatiaia, como no planalto, em áreas pertencentes à Resende-RJ e Bocaina de Minas- MG. No final é apresentado 51 figuras, que podem ser utilizadas como um guia de identificação para as aranhas mais conspícuas; sinantrópicas (ocorrem em áreas urbanas); importância médica ou que apresentam alguma curiosidade, como forma, hábitos e coloração. Foram detectadas 145 espécies para o PNI, distribuídas em 40 famílias. A infra-ordem Mygalomorphae apresentou 19 espécies distribuídas em cinco famílias e a 126 espécies em 35 famílias. Destas, 30 são espécies sinantrópicas, no qual se incluem quatro introduzidas de outros continentes. As famílias com a maior riqueza de espécies foram Araneidae com 25 e Theridiidae com 19 espécies. Os resultados obtidos com certeza estão muito abaixo da realidade. Levando em consideração o tamanho da área do Parque, os diferentes tipos de ambientes e o gradiente altitudinal (600-2791 m), pode-se ter certeza que o número de espécies é muito maior que 145, principalmente porque ainda não foram incorporados registros de coleções Zoológicas neste estudo. Contudo, se fosse realizado um projeto, com um protocolo e esforço amostral padronizado, aplicando-se vários métodos de coleta em conjunto e com pelo menos quatro réplicas, provavelmente o resultado estaria em torno de 500 espécies. Se essa proposta fosse aplicada ao número de famílias, este número poderia ser facilmente ampliado de 40 para 55, pois mais de 15 famílias ainda podem ser encontradas, muitas destas ocorrendo na serapilheira, em arbustos ou troncos, que são ambientes que foram pouco investigados. Palavras-chave: Arachnida, Araneae, Mata Atlântica, montanhas.

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ABSTRACT

Spiders from Parque Nacional do Itatiaia, Rio De Janeiro/Minas Gerais, . The occupy almost all natural environments. Constitute an abundant group in natural and urban areas, which may be related to its high adaptive plasticity and high dispersal capacity, even so, these studies are still incipient in Brazil. In this scientific bulletin is presented a synopsis of the fauna from Parque Nacional do Itatiaia, in different microhabitats, from the ground (litter) to arboreal vegetation inside and outside built-up areas, commenting in general terms the first historical records of spiders collected, current knowledge, biology, diversity and curiosities. Data were obtained from published articles, consulted through a database Araneae, dissertations, theses and samplings performed in 2013 in PNI, both in the lower part, in the municipality of Itatiaia, as in plateau areas belonging Resende - Rio de Janeiro and Bocaina de Minas - Minas Gerais. At the end 51figures is presented, which can be used as a identifying guide for the most conspicuous spiders; synanthropic (occurring in urban areas) and medical importance, or have some curiosity as shape, colour and habits. One hundred and forty five species were detected for PNI, distributed in 40 families. The infraorder Mygalomorphae presented 19 species in five families and Araneomorphae 126 species in 35 families. Of these, 30 are synanthropic species, including four introduced from other continents. The families with the highest richness species were Araneidae with 25 and Theridiidae with 19 species. The results are certainly well below the reality. Taking into consideration the size of the park area, the different types of environments and altitudinal gradient (600-2791 m), one can be sure that the number of species is much higher than 145, mainly because still not been incorporated records of zoological collections in this study. However, if a project were conducted with a standardized protocol and sampling effort, applying various collect methods together and at least four replicates, probably the result would be around 500 species. If this proposal were applied to the number of families, this could easily be increased from 40 to 55 considering that more than 15 families still can be found, many of these occurring in the litter, in bushes or logs, which are environments that have been poorly investigated. Keywords: Arachnida, Araneae, Atlantic Forest, Mountains.

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LISTA DE FIGURAS

Figuras 1-6. Aracnídeos que ocorrem no PNI. 1. Ácaro-de-solo, Trombiculidae (comprimento do corpo 0,3 cm); 2. Aranha-de-jardim, Lycosa erythrognatha (3 cm); 3. Escorpião, Tityus costatus (5 cm); 4. Falso-escorpião, Pseudoscorpiones (0,3 cm); 5-6. Opiliões, Gonyleptidae. 5. Asarcus sp., macho (1,5 cm); 6. Gonyleptellus cancellatus, fêmea (1,5 cm)...... 02

Figura 7. Localização do Parque Nacional do Itatiaia, entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Fonte: Google/ICMBio...... 06

Figuras 8-13. Mygalomorphae. 8-9. Actinopodidade, Actinopus sp.(aranha-de-alçapão), fêmea (3 cm de comprimento de corpo); 10. Dipluridae, Diplura sp., macho (3 cm); 11. Dipluridae, Linothele sp. (aranha-tecedora-de-teia-em-lençol), fêmea (3 cm); 12-13. Idiopidae, Idiops camelus (aranha-de-alçapão), fêmea (1 a 3 cm) ...... 19

Figuras 14-19. Mygalomorphae. Nemesiidae (aranhas-de-buraco), 14-15. Hermachura luederwaldti, 14. macho (1 cm) e 15. fêmea (1,4 cm), foi a primeira aranha, parente das caranguejeiras a ser descrita para o PNI, no ano de 1923, mas antes disso o exemplar tinha sido coletado em 1906 por H. Luederwaldt, mais de 100 anos atrás; 16. Hermacha itatiayae, fêmea (1,5 a 2 cm); 17. Stenoterommata sp. 3, fêmea (0,5 cm), menor Mygalomorphae que ocorre no PNI; 18-19. Stenoterommata sp. 2, fêmea (2 a 2,5 cm) ...... 21

Figuras 20-21. Mygalomorphae. Theraphosidae, conhecidas popularmente como caranguejeiras. 20. Homoeomma montanum, macho (2, 5 cm), coletada apenas na parte alta do PNI, entre 2200 e 2500 m. 21. Prohapalopus anomalus, fêmea (6 cm), coletada na parte baixa, cerca de 750 m de altitude...... 22

Figuras 22-27. Araneomorphae. 22. , Retiro maculatus, fêmea (0,5 cm), esta é a primeira aranha descrita para o PNI, em 1915, mas o exemplar-tipo foi coletado em 1903 por Carlos Moreira. Pode ser encontrada na área externa de áreas construídas e

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troncos de árvores; 23. , Patrera cita (aranha-fantasma), fêmea (0,7 cm); 24-25. Araneidae. 24. Alpaida itapua (aranha-de-teia-orbicular), fêmea (0,7 cm), pode ser encontrada em jardins, e outras áreas antropizadas; 25. Argiope argentata (aranha- prateada), fêmea (1,5 cm), idem a espécie anterior; 26-27. Corinnidae, 26. Paradiestus aurantiacus, fêmea (2,5 cm); 27. Myrmecium itatiaiae (aranha-formiga), fêmea (0,9 cm)...... 24

Figuras 28-33. Araneomorphae, Ctenidae. 28-29. Ctenus medius. 28. Fêmea (3,8 cm). 29. Macho (4 cm); 30. Ctenus ornatus, fêmea (3,5 cm); 31. Enoploctenus cyclothorax, fêmea (3,8 cm); 32. Phoneutria keyserlingi (aranha-armadeira), fêmea (5,5 cm), pode ser encontrada ao redor de residências, e até mesmo dentro delas; 33. Phoneutria nigriventer (aranha-armadeira), macho (5 cm), em posição de defesa, o qual origina seu nome popular...... 25

Figuras 34-39. Araneomorphae. 19. Lycosidae, Lycosa erythrognatha (aranha-de- grama ou tarântula), fêmea (3,5 cm) se alimentando de uma outra aranha; 35-36. Nephilidae. 35. Nephila clavipes (aranha-de-teia-de-fios-de-ouro), fêmea (3,5 cm) se alimentando de um inseto, enquanto o macho, bem menor que ela, tenta copular, aproveitando que ela está ocupada; 36. Nephilengys cruentata (Maria-gorda), fêmea (3 cm) em repouso ao lado de seu refúgio; 37. Palpimanidae, Fernandezina sp., macho (0,3 cm), note o encurtamento do abdomên, característica dificilmente vista em aranhas; 38-39. Pholcidae. 38. Mesabolivar cyaneotaeniatus, fêmea (0,5 cm de corpo, mais pernas); 39. Pholcus phalangioides (aranha-treme-treme), fêmea em sua teia (0,5 cm de corpo, mais pernas). Essa espécie foi introduzida no Brasil, sendo originária da Europa...... 26

Figuras 40-45. Araneomorphae. 40. Menemerus bivitattus, fêmea (0,5 cm), andando pela parede de uma das casas dentro do PNI; 41. Scytodidae, Scytodes itapevi (aranha- cuspideira), fêmea (0,5 cm); 42-43. Segestridae, Ariadna crassipalpa (1 cm), fêmea em sua toca, e após ser retirada de dentro dela. 44. Sparassidae, Caayguara sp., macho (1,5 cm), repousando em cima de uma folha. 45. Sicariidae, Loxosceles sp. (aranha-marrom), fêmea (0,9 cm), pode ser encontrada dentro e fora de prédios públicos e abrigos do PNI...... 27

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Figuras 46-51. Araneomorphae. 46-48. Theridiidae. 46. Nesticodes rufipes (aranha-de- canto-de-parede), fêmea (0,4 cm), somente é encontrada no interior e na área externa de residências e prédios públicos. 47. Parasteatoda tepidariorum (0,8 cm), fêmea ao lado do seu saco de ovos (ooteca), idem a espécie anterior. 48. Theridion biezankoi, fêmea (0,3 cm), a espreita da sua presa; 49. Trechaleidae, Trechaleoides biocellata (aranha- d’água), fêmea (3,5 cm), encontrada ao lado de praticamente todos os córregos e rios do PNI, em pontes e em cima de pedras; 50. Zoridae, Gênero e espécie novos, macho (0,3 cm), frequentemente encontrado na serapilheira de áreas florestadas e abertas. 51. Zoropsidae, Itatiaya modesta, fêmea (1,2 cm), ocorre em praticamente todas as áreas florestadas do PNI...... 28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Composição das aranhas que ocorrem no Parque Nacional do Itatiaia, organizada por infra-ordem, família e espécie, (sin. = sinantrópica). Preparada com base em dados de coletas no PNI e referências bibliográficas. Cerca de 20 das 30 referências bibliográficas citadas na tabela, foram suprimidas para economizar espaço, mas estão disponíveis no catálogo de aranhas de PLATNICK (2013)...... 11

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...... 01

MATERIAL E MÉTODOS ...... 06

MÉTODOS DE COLETA PARA INVENTÁRIOS ...... 06

RESULTADOS E DISCUSSÃO ...... 08

ARANHAS URBANAS (SINANTRÓPICAS) E ESPÉCIES EXÓTICAS ...... 17

ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO ...... 18

GUIA DE ARANHAS ...... 18

GUIA DE ARANHAS - MYGALOMORPHAE ...... 19

GUIA DE ARANHAS - ARANEOMORPHAE ...... 24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 29

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INTRODUÇÃO

Os aracnídeos representam o segundo maior grupo do Reino Animal, sendo superados em número de espécies apenas pelos insetos (FOELIX, 2011). Neste grupo, estão inseridos animais conhecidos pela população em geral, como aranhas, ácaros, carrapatos e escorpiões, além de outros desconhecidos, como Ricinulei, Schizomida e Solifugae, que nem apresentam nomes populares. Das 11 ordens (grupos) existentes na Classe Arachnida, apenas cinco tem ocorrência registrada para o Parque Nacional do Itatiaia (PNI): Acari (ácaros, Fig. 1 e carrapatos), Araneae (aranhas, Fig. 2), Scorpiones (escorpiões Fig. 3), Opiliones (opiliões Figs 5 e 6) e Pseudoscorpiones (falsos- escorpiões, Fig. 4). O principal grupo abordado neste boletim é o das aranhas. Elas são em sua maioria noturnas e ocupam quase todos os ambientes naturais (FOELIX, 2011). Constituem um grupo abundante em áreas urbanas, o que pode estar relacionado à sua grande plasticidade adaptativa e alta capacidade de dispersão (SANTOS et al., 2007). As aranhas podem ser reconhecidas por apresentarem, corpo dividido em duas partes, cefalotórax e abdômen; oito pernas e dois pedipalpos e ausência de antenas (FOELIX, 2011). Outras características, também são a possibilidade de inocular veneno e produzir seda, ambas bem conhecidas pela população em geral, causando certo medo para a maioria das pessoas. Esses dois fatores são muito importantes para a sobrevivência delas no ambiente onde vivem (FOELIX, 2011). Eles permitem que muitas aranhas construam teias, servindo de armadilhas para a captura e imobilização de presas, além de outras funções, como a construção de sacos de ovos e revestimento de refúgios (FOELIX, 2011). O veneno também ajuda na imobilização da presa, e facilita a digestão que é inicialmente externa, e juntamente com outros fluidos originários do seu trato intestinal, dissolvem a presa, no qual o líquido é sugado aos poucos pela aranha (FOELIX, 2011). As aranhas desenvolveram uma grande diversidade de estratégias de predação, como a construção de diferentes tipos de teias ou a caça por busca ativa ou por emboscada (FOELIX, 2011). Se alimentam principalmente de insetos, e dependendo do tamanho da espécie, podem complementar sua dieta com pequenos vertebrados (HӦFER & BRESCOVIT, 2000; FOELIX, 2011) ou mesmo com néctar (BRESCOVIT et al., 2004, fig. 18.25). 2

Figuras 1-6. Aracnídeos que ocorrem no PNI. 1. Ácaro-de-solo, Trombiculidae (comprimento do corpo 0,3 cm); 2. Aranha-de-jardim, Lycosa erythrognatha (3 cm); 3. Escorpião, Tityus costatus (5 cm); 4. Falso-escorpião, Pseudoscorpiones (0,3 cm); 5-6. Opiliões, Gonyleptidae. 5. Asarcus sp., macho (1,5 cm); 6. Gonyleptellus cancellatus, fêmea (1,5 cm).

A Ordem Araneae é o sexto maior grupo animal em número de espécies, com 44032 mil espécies conhecidas, distribuídas em 112 famílias (PLATNICK, 2013). Este

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é apenas o número das espécies descritas para o mundo até 2013, pois as estimativas em relação a real diversidade da Ordem são muito superiores, podendo variar de 60.000 (PLATNICK, 1999) a 170.000 espécies (CODDINGTON & LEVI, 1991). Araneae se divide em dois grupos, a Subordem Mesothelae, que inclui aranhas com características primitivas, como traços de segmentação abdominal e fiandeiras espalhadas pela face ventral do abdômen, e a Subordem Opisthothele, sem traços de segmentação e cujas fiandeiras estão agrupadas na extremidade posterior do abdômen. O primeiro grupo apresenta apenas uma infra-ordem, Liphistiomorphae, com 90 espécies restritas ao sudoeste da Ásia (THALER & KNOFLACH, 2004). O segundo engloba todas as outras aranhas e é dividido, por sua vez, em duas infra-ordens: Mygalomorphae e Araneomorphae. Em Mygalomorphae, os representantes mais conhecidos pertencem a família Theraphosidae, os quais são chamadas popularmente de aranhas-caranguejeiras (VELLARD, 1924). São caracterizados pelas quelíceras dispostas paralelamente ao eixo do corpo e geralmente dois pares de fiandeiras (THALER & KNOFLACH, 2004). Apresentam 2.775 espécies descritas, incluídas em 16 famílias (PLATNICK, 2013), sendo que 11 ocorrem no Brasil (LUCAS et al., 2006). Já Araneomorphae, inclui a grande maioria das aranhas, e apresentam quelíceras orientadas transversalmente em relação ao eixo longitudinal do corpo (THALER & KNOFLACH, 2004). Apresenta 41.167 espécies descritas, distribuídas em 95 famílias, o equivalente a cerca de 93% do total (PLATNICK, 2013). O Brasil é um dos países com a maior diversidade de aranhas do mundo, com 3.203 espécies descritas, distribuídas em 72 famílias (BRESCOVIT et al., 2011). Acredita-se que sejam conhecidos apenas 30% das aranhas do nosso país. A fauna araneológica melhor representada em coleções científicas é a das regiões Sul e Sudeste (BRESCOVIT, 1999). O Estado do Rio Grande do Sul é o que apresenta o maior número de espécies descritas, com cerca de 808 (BUCKUP et al., 2010), o Rio de Janeiro está em segundo lugar, com 756 espécies e São Paulo está em terceiro, com 728 espécies registradas (BRESCOVIT et al., 2011). O precursor da Araneologia no Brasil foi o médico e aracnólogo brasileiro Cândido Firmino de Mello-Leitão, que trabalhou entre os anos de 1915 e 1951 no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Este pesquisador publicou cerca de 300 trabalhos, com descrições de mais de 1.500 espécies novas de aracnídeos da América do Sul, das quais cerca de 700 de aranhas (BRESCOVIT, 1999). Em São Paulo, os trabalhos com

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aranhas iniciaram-se na década de 20 com o francês Jean Vellard, no Instituto Butantan (VELLARD, 1925). Posteriormente, na década de 40, o alemão Wolfgang Bücherl iniciou os estudos com caranguejeiras, também no Instituto Butantan (BÜCHERL, 1947), onde permaneceu por 20 anos até sua aposentadoria (LUCAS, 1998; 2003). Outros pesquisadores também trabalharam esporadicamente com aranhas na mesma época em outras instituições. Entre estes, apenas MELLO-LEITÃO (1915; 1923; 1932), descreveu aranhas para a área em que atualmente está inserido o Parque Nacional do Itatiaia (PNI), e que pertencia à antiga Reserva Biológica do Itatiaya até meados de 1937, quando foi elevada a categoria de Parque Nacional. Estes primeiros trabalhos só foram possíveis, devido a ajuda de pesquisadores que atuavam na Reserva. Os primeiros exemplares foram coletados por Carlos Moreira em 1903, Herman Luederwaldt em 1906 e J. F. Zikán, na década de 30. Após esse período, outros trabalhos foram publicados, mas MELLO-LEITÃO (1940; 1942; 1945, 1947), continuou sendo o principal pesquisador a descrever esporadicamente a fauna de aranhas do PNI. Depois de mais de uma década sem novos registros ou descrições, 10 autores publicaram espécies com registros para o PNI entre 1963 e 2012, em cerca de 15 trabalhos (ver Tabela 1, referência dos registros). Se nos concentramos apenas em trabalhos realizados no Estado do Rio de Janeiro, veremos que apesar da araneofauna de modo geral ser bem conhecida, não existem artigos publicados que apresentem a composição das espécies de um determinado local ou mesmo de uma Unidade de Conservação. Como visto acima, todos os registros são de artigos isolados, que enfocam apenas a taxonomia de uma espécie ou um grupo específico. Já entre os estudos não publicados no Estado, podemos citar três: MOREIRA (2006) e FOLLY-RAMOS (2004; 2009). O primeiro foi realizado no Parque Nacional da Tijuca (PNT), no município do Rio de Janeiro. Este é o mais completo, utilizando vários métodos de coleta em conjunto e também registros históricos de artigos taxonômicos, no qual obteve 308 espécies incluídas em 51 famílias. Os outros dois apresentam apenas a fauna de serapilheira (folhiço), onde foi utilizado apenas um método de amostragem. Em FOLLY-RAMOS (2004), o levantamento foi realizado na Reserva Biológica do Tinguá (RBT), com sede em Nova Iguaçu, este apresentou 64 espécies em 31 famílias. Em sua tese de doutorado, FOLLY- RAMOS (2009), realizou as coletas na Restinga da Marambaia (RM), no município do Rio de Janeiro, o resultado foi semelhante, apresentando 68 espécies incluídas em 35

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famílias, neste estudo ela verificou que neste local haviam cerca de nove aranhas por m2 na serapilheira. Direcionando o enfoque para o Parque Nacional do Itatiaia (Fig. 7), pode-se perceber que o problema é o mesmo, não existe uma lista publicada, que apresente dados confiáveis. O que está disponível é uma tentativa de apresentar a primeira lista, como pode ser visto em BARTH (1957, p. 70), que realiza uma compilação de vários trabalhos sobre a fauna do PNI de forma geral, incluindo também registros de sua autoria. Neste é apresentando uma lista sugerida por Bücherl, pesquisador do Instituto Butantan, com 44 espécies, distribuídas em 12 famílias, que poderiam ocorrer no PNI, mas são procedentes do Vale do Rio Paraíba do Sul, e de municípios próximos ao parque, ao final citou que apenas quatro destas estariam realmente registradas para o PNI (BARTH, 1957). O PNI está inserido no domínio da Mata Atlântica, e apesar desta conter um grande número de endemismos e espécies animais ameaçados de extinção, por perda de habitat (MYERS et al. 2000; ORME et al. 2005), pouco se pode falar em relação à fauna de aranhas como visto acima. Os inventários aracnológicos ainda são escassos, apesar da Mata Atlântica ser uma das regiões fitogeográficas onde as aranhas estão mais bem representadas nos acervos das coleções do país (BRESCOVIT, 1999). Neste boletim científico é apresentada uma sinopse da fauna de aranhas que ocorrem no PNI, em diferentes microhabitats, desde o solo à vegetação arbórea, dentro e fora de áreas construídas, abordando de forma geral os primeiros registros históricos das aranhas coletadas, conhecimento atual, biologia, diversidade e curiosidades. Os dados foram obtidos a partir de trabalhos publicados, consultados através de um banco de dados de Araneae, dissertações, teses e de coletas realizadas em 2013 no PNI, tanto na parte baixa, situada no município de Itatiaia, como no planalto, em áreas pertencentes à Resende-RJ e Bocaina de Minas-MG. No final é apresentado 51 figuras, que podem ser utilizadas como um guia de identificação para as aranhas mais conspícuas; sinantrópicas (ocorrem em áreas urbanas); importância médica ou que apresentam alguma curiosidade.

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Figura 7. Localização do Parque Nacional do Itatiaia, entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Fonte: Google/ICMBio.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo se baseou em trabalhos taxonômicos já publicados e de coletas realizadas no PNI pelo autor, no qual foi utilizado apenas coleta manual diurna, noturna e armadilhas-de-queda, mas abaixo serão apresentados três métodos de amostragem, para melhor conhecimento do leitor. Os nomes de famílias, gêneros e espécies de aranhas listadas e apresentadas no texto, estão de acordo com o catálogo de aranhas de PLATNICK (2013), no qual apresenta todas as espécies descritas para o mundo, citando os países ou área de abrangência, sinônimos, referência bibliográfica completa dos artigos, etc.

MÉTODOS DE COLETA PARA INVENTÁRIOS

Os métodos mais utilizados são: manual diurna e noturna; guarda-chuva entomológico e armadilhas-de-queda. Abaixo fornecemos uma breve descrição de cada uma delas: Coleta manual: os espécimes foram coletados manualmente ou com auxílio de pinças e pequenos potes durante o dia e à noite. A procura foi realizada em vários estratos da vegetação até a altura de dois metros e na superfície do solo e nos troncos de

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árvores. Nas coletas noturnas o uso de lanternas de cabeça facilitou o trabalho de localização dos animais e a captura, uma vez que as mãos ficam livres (INDICATTI & BRESCOVIT, 2008). Guarda-chuva entomológico: instrumento composto por duas hastes de madeira (1x1 m), dispostas em “X”, fixadas ao centro por um parafuso, coberta de um lado por um pano de linho ou algodão branco. Esse instrumento é colocado embaixo de arbustos ou galhos de árvores, os quais são sacudidos por meio de batidas com um porrete de madeira, de maneira que os pequenos artrópodes caiam sobre o pano. Estes exemplares são recolhidos manualmente ou com um pequeno pote e colocados em frasco contendo álcool etílico a 80%. Esta técnica é realizada normalmente no período da manhã, uma vez que neste horário a temperatura mais amena colabora para que muitas aranhas ainda estejam ativas (INDICATTI & BRESCOVIT, 2008). Armadilhas-de-queda: consistem em potes de plástico de diâmetro e volume pré-estabelecidos, enterrados ao nível do solo. No seu interior é colocado um terço de solução conservante, como álcool 80%, o qual pode ser puro ou misturado com formol. Detergente pode ser acrescentado para quebrar a tensão superficial do líquido conservante. A abertura do pote é protegida por um prato de plástico suspenso a cinco centímetros do solo por hastes de madeira, para evitar a entrada direta da água da chuva e eventuais materiais orgânicos de grande porte em seu interior (INDICATTI & BRESCOVIT, 2008). Para maiores detalhes ver INDICATTI et al. (2005, fig. 2) e CANDIANI et al. (2005). A quantidade, disposição das armadilhas e o tempo de exposição no campo são definidos previamente, conforme os objetivos do projeto (SANTOS et al., 2007). Uma variação deste método foi utilizado neste estudo, a partir de inventários de répteis e anfíbios. Armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps) com cercas-guia, adaptado de CECCHIN & MARTINS (2000): consistem na utilização de potes de plástico enterrados de modo que suas aberturas fiquem ao nível do solo. Estes foram dispostos linearmente em duas áreas no interior do parque, utilizando-se cinco baldes de 3 a 4 litros em cada área. Estes foram conectados a cada 10 m com uma cerca-guia feita com lona plástica preta com aproximadamente 30 cm de altura, sustentadas por estacas de madeira (que foram levadas prontas) e com a extremidade inferior enterrada no solo cerca de 5 a 10 cm, para evitar que os animais possam passar por baixo do anteparo. Foram feitos pequenos furos no fundo de cada balde para evitar o acúmulo de água da

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chuva, e também foi colocada uma placa de isopor de 15 x 15 x 2 cm, para o animal subir em caso de chuvas fortes. As vistorias foram realizadas 1 ou 2 vezes ao dia (manhã e no final da tarde, quando possível), para diminuir as chances das aranhas serem predadas por outros animais. Não foram colocados qualquer tipo de fixador ou substância de atração dentro dos baldes, e foram montados e desmontados em cada período de coleta. Foram abertos apenas durante o período em que ocorreu a coleta, entre 5 e 15 dias. Os pequenos vertebrados e invertebrados (não aracnídeos) que eventualmente caíram foram soltos imediatamente em todas as vistorias. Todo o material utilizado foi recolhido e os buracos foram tampados com a terra retirada inicialmente.

BANCO DE DADOS DE ARANEAE

Este banco de dados foi implementado com base na bibliografia de artigos científicos, com o objetivo de facilitar a consulta dos dados das espécies de aranhas descritas para região Neotropical. Apresenta as espécies descritas desde 1757 até 2013, com detalhamento de dados de distribuição para a fauna araneológica do Brasil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste levantamento foram registradas até o momento 145 espécies de aranhas, distribuídas em 40 famílias (Tabela 1). As Mygalomorphae (Figuras 7-21) apresentaram 19 espécies distribuídas em cinco famílias e as Araneomorphae (Figuras 22-51) apresentaram 126 espécies em 35 famílias (Tabela 1). As seis famílias com maior riqueza de espécies foram Araneidae com 25 espécies, Theridiidae com 19, Nemesiidae e Anyphaenidae com 10, Ctenidae com 9 e Corinnidae com 8 espécies (Tabela 1). Em geral, as duas primeiras famílias citadas estão entre as que sempre apresentam maior abundância nos inventários araneológicos, conforme HӦFER (1990), SILVA et al. (1996), BONALDO et al. (2009), para dados sobre a região Amazônica e BRESCOVIT et al. (2004), MOREIRA (2006), INDICATTI & BRESCOVIT (2008) e INDICATTI et al. (2012) para a Mata Atlântica. A partir dos inventários supra citados, percebe-se que normalmente Salticidae é a terceira família em riqueza, mas os métodos utilizados neste estudo não priorizaram a coleta deste grupo, e de muitas outras Araneomorphae, pois

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antes de receber o convite para a realização deste boletim, apenas as Mygalomorphae, com ênfase em Nemesiidae, eram alvo do projeto. Fator este que também pode ser observado no número de gêneros com maior riqueza de espécies, que está muito subestimado (Tabela 1), tanto é, que Stenoterommata Holmberg, 1881 e Micrathena Sundevall, 1833, foram os que apresentaram o maior número, ambas com cinco espécies, fato este nunca ocorrido na aracnologia. Os resultados obtidos com certeza estão muito abaixo da realidade. Levando em consideração o tamanho da área do Parque, os diferentes tipos de ambientes e o gradiente altitudinal (600-2791 m), pode-se ter certeza que o número de espécies é muito maior que 145, principalmente porque ainda não foram incorporados registros de coleções Zoológicas neste estudo. Só a coleção do Instituto Butantan, representaria pelos menos um incremento de mais de 100 espécies provenientes do PNI, sem contar com o acervo do Museu Nacional/UFRJ e do Museu de Zoologia/USP. O que aproximaria bastante o PNI do PN da Tijuca, onde foram encontradas 308 espécies (MOREIRA, 2006). Contudo, se fosse viabilizado um projeto, com protocolo e esforço amostral padronizado, aplicando-se vários métodos de coleta em conjunto, envolvendo vários pesquisadores de diversas instituições, e com pelo menos quatro réplicas, seguindo as propostas de estimativas de riqueza (CODDINGTON et al., 1991; LONGINO & COLWELL, 1997; TOTI et al., 2000), provavelmente o resultado estaria em torno de 500 espécies. Se essa proposta fosse aplicada ao número de famílias, uma vez que espécies de várias famílias que normalmente ocorrem nos inventários, ainda não foram encontradas. Este número poderia ser facilmente ampliado de 40 para 55, pois mais de 15 famílias ainda podem ser encontradas, como Anapidae, Barychelidae, Caponiidae, Clubionidae, Ctenizidae, Cyrtaucheniidae, Dictynidae, Hahniidae, Liocranidae, Mysmenidae, Ochyroceratidae, Philodromidae, Prodidomidae, Tengellidae, Theridiosomatidae, Titanoecidae, entre outras, muitas destas ocorrendo na serapilheira, arbustos ou troncos, que são ambientes que foram pouco investigados. Em relação ao endemismo de espécies, é difícil dizer quantas existem para o PNI, pois com uma coleta mais abrangente na maioria dos casos, certamente encontraríamos registros novos destas, em municípios periféricos a UC. Mesmo em termos de campos de altitude, como no caso da Pedra da Mina, Queluz-SP/Passa Quatro-MG, com cerca de seis metros a mais que o Pico das Agulhas Negras e a ARIE Floresta da Cicuta, Volta Redonda-RJ, com menos de 500 m de altitude. Mas, mesmo

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assim podemos considerar até o momento, duas espécies endêmicas, Hermachura luederwaldti Mello-Leitão, 1923 e Hermacha itatiayae Mello-Leitão, 1923, ambas pertencentes à família Nemesiidae, uma vez que estão registradas apenas para o planalto do PNI, ocorrendo entre 2200 e 2500 metros de altitude.

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Tabela 1. Composição das aranhas que ocorrem no Parque Nacional do Itatiaia, organizada por infra-ordem, família e espécie, (sin. = sinantrópica). Preparada com base em dados de coletas no PNI e referências bibliográficas. Cerca de 20 das 30, referências bibliográficas citadas na tabela, foram suprimidas para economizar espaço, mas estão disponíveis no catálogo de aranhas de PLATNICK (2013).

Infra-ordem/Família/Espécie Sin. Referência do registro

MYGALOMORPHAE Actinopodidadae Actinopus sp. (Figs 8-9) Presente trabalho Dipluridae Diplura sp. n. (Fig. 10) Presente trabalho Linothele sp. (Fig. 11) Presente trabalho Idiopidae Idiops camelus (Mello-Leitão, 1937) (Figs 12-13) Presente trabalho Idiops sp. Presente trabalho Nemesiidae Gênero n. sp. n. Presente trabalho Hermacha itatiayae Mello-Leitão, 1923 (Fig. 16) Mello-Leitão, 1923; Indicatti, 2011 Hermachura luederwaldti Mello-Leitão, 1923 (Figs 14 e 15) Mello-Leitão, 1923; Indicatti, 2011 Prorachias bristowei Mello-Leitão, 1924 Presente trabalho Rachias sp. n. Presente trabalho Stenoterommata sp. n. 1 Presente trabalho Stenoterommata sp. n. 2 (Figs 18-19) Presente trabalho Stenoterommata sp. n. 3 (Fig. 17) Presente trabalho Stenoterommata sp. n. 4 Presente trabalho Stenoterommata sp. n. 5 Presente trabalho Theraphosidae Avicularia sooretama Bertani & Fukushima, 2009 Bertani & Fukushima, 2009 Homoeomma montanum (Mello-Leitão, 1923) (Fig. 10) Mello-Leitão, 1923; Yamamoto, 2008 Lasiodora benedeni (Bertkau, 1880) Presente trabalho Proshapalopus anomalus Mello-Leitão, 1923 (Fig. 21) Presente trabalho

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ARANEOMORPHAE Amaurobiidae Retiro maculatus Mello-Leitão, 1915 (Fig. 22) X Mello-Leitão, 1915 Anyphaenidae Arachosia polytrichia Mello-Leitão, 1922 Mello-Leitão, 1922 Aysha triunfo Brescovit, 1992 Presente trabalho Gayenna moreirae Mello-Leitão, 1915 Mello-Leitão, 1915 Hibana discolor (Mello-Leitão, 1929) Mello-Leitão, 1929 Jessica itatiaia Brescovit, 1999 Brescovit, 1999 Jessica osoriana (Mello-Leitão, 1922) Mello-Leitão, 1922 Patrera cita (Keyserling, 1891) (Fig. 23) Presente trabalho Teudis angusticeps (Keyserling, 1891) Keyserling, 1891 Teudis itatiayae Mello-Leitão, 1915 Mello-Leitão, 1915 Wulfilopsis tripunctata (Mello-Leitão, 1947) Mello-Leitão, 1947 Araneidae Alpaida grayi (Blackwall, 1863) Presente trabalho Alpaida itapua Levi, 1988 (Fig. 24) X Presente trabalho Araneus bogotensis (Keyserling, 1863) Presente trabalho Araneus omnicolor (Keyserling, 1893) Keyserling, 1893 Araneus uniformis (Keyserling, 1879) Presente trabalho Argiope argentata (Fabricius, 1775) (Fig. 25) X Presente trabalho Cyclosa sp. 1 Presente trabalho Cyclosa sp. 2 Presente trabalho Eustala sp. 1 Presente trabalho Eustala sp. 2 Presente trabalho Gasteracantha cancriformis (Linnaeus, 1758) X Presente trabalho Kaira altiventer O. P.-Cambridge, 1889 Presente trabalho Eustala fuscovittata (Keyserling, 1864) Presente trabalho Mangora itatiaia Levi, 2007 Levi, 2007 Mangora melanocephala (Taczanowski, 1874) Levi, 2007 Micrathena jundiai Levi, 1985 Presente trabalho Micrathena ruschii (Mello-Leitão, 1945) Magalhães & Santos, 2012 Micrathena sanctispiritus Brignoli, 1983 Presente trabalho Micrathena spitzi Mello-Leitão, 1932 Levi, 1985

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Micrathena teresopolis Levi, 1985 Levi, 1985 Ocrepeira venustula (Keyserling, 1879) Presente trabalho Parawixia audax (Blackwall, 1863) X Presente trabalho Verrucosa sp. Presente trabalho Wagneriana iguape Levi, 1991 Presente trabalho Wagneriana taim Levi, 1991 Presente trabalho Corinnidae Corinna alticeps (Keyserling, 1891) Presente trabalho Castianeira sp. Presente trabalho Falconina sp. Presente trabalho Ianduba sp. Presente trabalho Myrmecium itatiaiae Mello-Leitão, 1932 (Fig. 27) Mello-Leitão, 1932 Paradiestus aurantiacus Mello-Leitão, 1915 (Fig. 26) Mello-Leitão, 1915; Bonaldo, 2000 Tupirinna sp. Presente trabalho Xeropigo tridentiger (O. P.-Cambridge, 1869) X Presente trabalho Ctenidae Ancylometes concolor Perty, 1833 Presente trabalho Ctenus medius (Keyserling, 1891) (Figs 28 e 29) Brescovit & Simó, 2007 Ctenus ornatus (Keyserling, 1877) (Fig. 30) X Brescovit & Simó, 2007 Enoploctenus cyclothorax (Bertkau, 1880) (Fig. 31) X Presente trabalho Isoctenus janeirus (Walckenaer, 1837) Presente trabalho Isoctenus sp. 1 Presente trabalho Isoctenus sp. 2 Presente trabalho Phoneutria keyserlingi (F.O.P. -Cambridge, 1897) (Fig. 32) X Azevedo, 2012 Phoneutria nigriventer (Keyserling, 1891) (Fig. 33) X Azevedo, 2012 Deinopidae Deinopis sp. Presente trabalho Filistatidae Misionella mendensis (Mello-Leitão, 1920) X Presente trabalho Gnaphosidae

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Eilica rufithorax (Simon, 1893) Presente trabalho Hersiliidae Ypypuera crucifera (Vellard, 1924) Presente trabalho Exocora phoenix Lemos & Brescovit, 2013 Presente trabalho Scolecura parilis Millidge, 1891 Presente trabalho Sphecozone sp. Presente trabalho Lycosidae Aglaoctenus castaneus (Mello-Leitão, 1942) Mello-Leitão, 1942 Hogna pardalina (Bertkau, 1880) Presente trabalho Lycosa erythrognatha Lucas, 1836 (Fig. 34) X Presente trabalho Mimetidae Gelanor sp. Presente trabalho Miturgidae Radulphius camacan Bonaldo, 1994 Bonaldo, 1994 Strotarchus tropicus (Mello-Leitão, 1917) Presente trabalho Nephilidae Nephila clavipes (Linnaeus, 1767) (Fig. 35) X Presente trabalho Nephilengys cruentata (Fabricius, 1775) (Fig. 36) X Presente trabalho Oecobiidae Oecobius navus Blackwall, 1859 X Presente trabalho

Predatoroonops sp. Presente trabalho Oxyopidae Oxyopes salticus Hentz, 1845 Presente trabalho Palpimanidae Fernandezina sp. (Fig. 37) Presente trabalho Otiothops fulvus (Mello-Leitão, 1932) Presente trabalho Pholcidae Mesabolivar cyaneotaeniatus (Keyserling, 1891) (Fig. 38) Presente trabalho Mesabolivar sp. Presente trabalho Micropholcus fauroti (Simon, 1887) X Presente trabalho Pholcus phalangioides (Fuesslin, 1775) (Fig. 39) X Presente trabalho Pisauridae

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Archits brasiliensis (Mello-Leitão, 1940) Presente trabalho Salticidae Menemerus bivittatus (Dufour, 1831) (Fig. 40) X Presente trabalho Hasarius adamsoni (Audouin, 1826) X Presente trabalho Lyssomanes sp. Presente trabalho Scytodidae Scytodes itapevi Brescovit & Rheims, 2000 (Fig. 41) X Presente trabalho Scytodes fusca Walckenaer, 1837 X Presente trabalho Scytodes globula Nicolet, 1849 X Presente trabalho Scytodes maromba Rheims & Brescovit, 2009 Rheims & Brescovit, 2009 Segestridae Ariadna crassipalpa (Blackwall, 1863) (Figs 42-43) X Presente trabalho Selenopidae Selenops cocheleti Simon, 1880 X Presente trabalho Senoculidae Senoculus monastoides (O.P. -Cambridge, 1873) Baptista, 1992 Sicariidae Loxosceles sp. (Fig. 45) X Presente trabalho Sparassidae Caayguara cupepemassu Rheims, 2010 Rheims, 2010 Caayguara pinda Rheims, 2010 Rheims, 2010 Caayguara sp. (Fig. 44) Presente trabalho Tetragnathidae Chrysometa sp. 1 Presente trabalho Chrysometa sp. 2 Presente trabalho Glenognatha sp. J. Cabra-Garcia, com. pessoal Leucauge sp. Presente trabalho Tetragnatha sp. Presente trabalho Theridiidae Achaearanea cinnabarina Levi, 1963 Presente trabalho Achaearanea hieroglyphica (Mello-Leitão, 1940) Mello-Leitão, 1940 Achaearanea hirta (Taczanowski, 1873) X Presente trabalho Achaearanea tingo Levi, 1963 Levi, 1963

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Anelosimus sp. Presente trabalho Argyrodes elevatus Taczanowski, 1873 X Presente trabalho Ariamnes longissimus (Keyserling, 1891) Presente trabalho Cryptachaea digitus (Buckup & Marques, 2006) Buckup & Marques, 2006 Cryptachaea triguttata (Keyserling, 1891) Keyserling, 1891 Episinus sp. Presente trabalho Latrodectus geometricus C.L. Koch, 1841 X Presente trabalho Neopisinus fiapo Marques et al., 2012 Marques et al., 2012 Nesticodes rufipes (Lucas, 1846) (Fig. 46) X Presente trabalho Parasteatoda tepidariorum (C.L.Koch, 1841) (Fig. 47) X Presente trabalho Spintharussp. presente trabalho Theridion biezankoi Levi, 1963 (Fig. 48) Presente trabalho Theridion evexum Keyserling, 1884 Presente trabalho Theridion sp. Presente trabalho Thwaitesia sp. Presente trabalho Thomisidae Titidius brasiliensis Mello-Leitão, 1915 Mello-Leitão, 1915 Misumenops sp. Presente trabalho Tmarus sp. 1 Presente trabalho Tmarus sp. 2 Presente trabalho Trechaleidae Trechaleoides biocellata (Mello-Leitão, 1926) (Fig. 49) Presente trabalho Uloboridae Miagrammops sp. Presente trabalho Zodaridae Tenedos sp. 1 Presente trabalho Tenedos sp. 2 Presente trabalho Zoridae Gênero n. sp. n. (Fig. 50) Presente trabalho Zoropsidae Mello-Leitão, 1915; Polotow & Brescovit, Itatiaya modesta Mello-Leitão, 1915 (Fig. 51) 2006; Polotow & Brescovit, 2011 Total = 40 famílias e 145 espécies 30

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ARANHAS URBANAS (SINANTRÓPICAS) E ESPÉCIES EXÓTICAS

O PNI é visitado por mais de 100 mil pessoas por ano. Com esse fluxo de pessoas de vários estados e países, isso sem falar em termos históricos, com visitas de turistas e pesquisadores estrangeiros à séculos. Muitos animais foram introduzidos no parque, entre eles estão as aranhas. Devido a alguns destes fatores, foram encontrados registros de 30 espécies que geralmente habitam áreas antropizadas, áreas peridomiciliares e mesmo o interior de residências e áreas públicas (Tabela 1). Mesmo com todas estas mudanças no ambiente, muitas espécies de aranhas possuem alta plasticidade, e conseguem viver entre os seres humanos (SANTOS et al., 2007). Geralmente utilizam os recursos oriundos da própria presença humana. Algumas são restritas à domicílios ou a áreas fortemente antropizadas (CUTLER, 1973). Apesar de comuns e abundantes nas áreas urbanas, estudos sobre as aranhas que vivem nas cidades ainda são incipientes no Brasil e as poucas informações existentes são ainda preliminares (BRESCOVIT, 2002a, 2002b, JAPYASSÚ, 2002, SANTOS et al., 2007; INDICATTI & BRESCOVIT, 2008). As espécies mais comuns nas áreas construídas são: Pholcus phalangioides (Fuesslin, 1775), Pholcidae (Fig. 39), Nesticodes rufipes (Lucas, 1846), Theridiidae (Fig. 46), Scytodes itapevi Brescovit & Rheims, 2000, Scytodidae (Fig. 41), Lycosa erythrognatha Lucas, 1836, Lycosidae (Fig. 34), Loxosceles sp., Sicariidae (Fig. 45). Estas estão também entre as mais encontradas, em um inventário realizado no município de São Paulo, onde foram coletadas 240 espécies distribuídas em 36 famílias, sendo que 56 ocorreram em comum nas matas e na área urbana e 61 apenas na área urbana. Destas, 25 pertencem a oito famílias, que também ocorreram em quintais de residências e apenas sete no interior delas (INDICATTI & BRESCOVIT, 2008). O sucesso da maioria das espécies, talvez esteja relacionado à discrição destes animais, pois são pequenos e pouco visíveis aos leigos. Além disso, muitas foram encontradas em locais tipicamente urbanos como: muros, portões, pilhas de tijolos ou em jardins próximos as casas. Entre as espécies mais comuns encontradas nos domicílios, podemos citar Pholcus phalangioides (Fig. 39), Nesticodes rufipes (Fig. 46), Loxosceles sp. (Fig. 45) e Scytodes itapevi (Fig. 41), Menemerus bivittatus (Figura 40). Entre as aranhas sinantrópicas, algumas se destacam por serem espécies oriundas de outros continentes e introduzidas no país. Muitas destas introduções

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parecem ser bem antigas, pois para algumas espécies é difícil precisar sua origem, de tão distribuídas que se encontram pelo mundo. São registradas 22 espécies introduzidas no país, todas ocorrendo em áreas urbanas. Neste levantamento, detectamos apenas quatro espécies, Menemerus bivittatus e Hasarius adansoni, originárias da Ásia. Nephilengys cruentata, introduzida da África e Pholcus phalangioides da Europa. Com certeza um aumento do número de amostragens, principalmente nas áreas construídas do Parque, os registros de espécies exóticas seriam consideravelmente ampliados.

ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO

Apenas três espécies pertencentes a dois gêneros e duas famílias, de um total de 145 espécies e 40 famílias registradas para o PNI, foram consideradas de importância médica, estando relacionadas a acidentes em humanos ou animais domésticos. O primeiro gênero pertence a Loxosceles Heineken & Lowe (Sicariidae), e são conhecidas popularmente por aranhas-marrom, representadas aqui por apenas uma espécie (Fig. 45). Já as aranhas do gênero Phoneutria Perty são conhecidas como armadeiras, representadas no PNI, por duas espécies, P. nigriventer (Keyserling, 1891) (Fig. 33) e P. keyserling (F.O.P.-Cambridge, 1897) (Fig. 32), ambas de Ctenidae. As três foram encontradas no PNI em áreas construídas, como residências ou prédios públicos. Maiores detalhes a respeito da ação do veneno ou biologia destas espécies podem ser obtidas em CARDOSO et al. (2003).

GUIA DE ARANHAS

Nesta parte é apresentado um guia de identificação para as aranhas mais conspícuas, sinantrópicas (ocorrem em áreas urbanas), importância médica ou que apresentam alguma curiosidade, como forma, hábitos e coloração. A ordem das famílias, gêneros e espécies seguem a Tabela 1. Maiores detalhes foram fornecidos somente as Mygalomorphae, no qual é apresentado um breve resumo sobre a biologia, estruturas, etc.

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MYGALOMORPHAE

Figuras 8-13. Mygalomorphae. 8-9. Actinopodidade, Actinopus sp. (aranha-de- alçapão), fêmea (3 cm de comprimento de corpo); 10. Dipluridae, Diplura sp., macho (3 cm); 11. Dipluridae, Linothele sp. (aranha-tecedora-de-teia-em-lençol), fêmea (3 cm); 12-13. Idiopidae, Idiops camelus (aranha-de-alçapão), fêmea (1 a 3 cm).

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Actinopodidae. São aranhas fossoriais que constroem tocas do tipo alçapão, com tampas fortes e espessas (Fig. 8), com profundidade que pode variar entre 10 e 30 cm. São migalomórfas que possuem um conjunto de espinhos nas quelíceras chamado de rastelo, que as auxiliam a cavar suas tocas. Os machos ao contrário das fêmeas são delgados e apresentam as pernas alongadas, e deixam as suas tocas na época da reprodução para ir ao encontra de fêmeas (VELLARD, 1945). A família está representada no PNI, apenas pelo gênero Actinopus, que é caracterizado pelos olhos estarem fora de um cômoro ocular (Fig. 9) (RAVEN, 1985). Apenas uma espécie foi registrada até o momento, e foram amostradas apenas no método manual, diurno e noturno.

Dipluridae. Caracterizam-se pela presença de fiandeiras laterais posteriores muito desenvolvidas, longas e espaçadas entre si. Espécies de três gêneros são comumente encontrados na Mata Atlântica, mas no PNI foram registrados apenas dois, cada um com uma espécie, Diplura sp., não descrita (D.R. Pedroso, com. pessoal) e Linothele sp. As aranhas do gênero Diplura recobrem espaços sob troncos caídos, buracos no chão ou rochas e as Linothele constroem um lençol de seda, servindo de armadilha para suas presas (BRESCOVIT et al., 2004).

Idiopidae. São aranhas fossoriais que constroem tocas do tipo alçapão, com tampas relativamente frágeis (Fig. 12) (COYLE & DELLINGER, 1992). São migalomórfas que também apresentam rastelo para cavar. A família está representada no PNI, apenas pelo gênero Idiops, que é caracterizado pelos olhos laterais anteriores próximos ao clípeo, afastados dos outros olhos (RAVEN, 1985). Duas espécies foram registradas até o momento, e foram amostradas tanto em armadilhas de queda, como no método manual.

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Figuras 14-19. Mygalomorphae. Nemesiidae (aranhas-de-buraco), 14-15. Hermachura luederwaldti, 14. macho (1 cm) e 15. fêmea (1,4 cm), foi a primeira aranha, parente das caranguejeiras a ser descrita para o PNI, no ano de 1923, mas antes disso o exemplar tinha sido coletado em 1906, por H. Luederwaldt, mais de 100 anos atrás; 16. Hermacha itatiayae, fêmea (1,5 a 2 cm); 17. Stenoterommata sp. 3, fêmea (0,5 cm), menor Mygalomorphae que ocorre no PNI; 18-19. Stenoterommata sp. 2, fêmea (2 a 2,5 cm).

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Nemesiidae. São aranhas fossoriais que constroem tocas em forma de tubo, com pequenas projeções e sem proteção, como ocorre nos gêneros Hermacha, Hermachura, Rachias e Stenoterommata (GOLOBOFF, 1995) ou do tipo alçapão, como no gênero Prorachias (LUCAS et al., 2005). A família está representada no PNI por seis gêneros, sendo um deles não descrito e por 10 espécies (Tabela 1), destas sete não são descritas. Na parte alta ocorrem até o momento duas espécies, Hermacha itatiayae e Hermachura luederwaldti, entre 2200 e 2500 metros de altitude, e até o momento são as duas únicas consideradas endêmicas para o PNI. Neste projeto coletou-se as primeiras fêmeas de H. luederwaldti, fora os exemplares-tipo, no qual não eram encontradas a mais de 107 anos. Através delas verificou-se que os exemplares utilizados na descrição original estavam adultos, hipótese que foi descartada por diversos pesquisadores que examinaram o tipo. Além delas, coletou-se também o macho não descrito. Em uma recente revisão, INDICATTI (2011), constatou que as duas espécies que ocorrem no planalto deveriam ser transferidas para o gênero Stenoterommata, ampliando ainda mais o número de espécies deste grupo para o PNI.

Figuras 20-21. Mygalomorphae. Theraphosidae, conhecidas popularmente como caranguejeiras. 20. Homoeomma montanum, macho (2, 5 cm), coletada apenas na parte alta do PNI, entre 2200 e 2500 m. 21. Prohapalopus anomalus, fêmea (6 cm), foi coletada na parte baixa, cerca de 750 m de altitude.

Theraphosidae. Apresenta a maior riqueza de espécies de toda a Infra-ordem Mygalomorphae. Nesta família estão as espécies de maior porte, como Theraphosa

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blondi (Latreille, 1804), que alcança até nove centímetros de corpo, sendo considerada uma das maiores caranguejeiras do mundo, cuja distribuição é restrita para a Floresta Amazônica (SCHIAPELLI & GERSCHMAN, 1967). No PNI foram encontrados apenas quatro gêneros, com uma espécie cada (Tabela 1). Em Itatiaia, fora dos limites do PNI ocorre o registro de uma espécie de grande porte ainda não encontrada, Vitalius sorocabae (Mello-Leitão, 1923) (Bertani, 2001), sendo mais um indício de como a araneofauna está subamostrada. Em áreas próximas também ocorrem outros gêneros, como é o caso de Magulla Simon, 1892, com duas espécies podendo ainda ser registradas (INDICATTI et al., 2008) e de Grammostola actaeon (Pocock, 1903), outra espécie de grande porte, atingindo cerca de sete centímetros de corpo. As aranhas desta família normalmente vivem em tocas naturais recobertas de seda em troncos de árvores, barrancos (Fig. 21) ou no solo. Todas as quatros espécies foram obtidos em coletas manuais nas trilhas. Duas espécies descritas para o planalto, não foram inclusas na lista, pois futuramente serão transferidas e/ou sinonimizadas.

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ARANEOMORPHAE

Figuras 22-27. Araneomorphae. 22. Amaurobiidae, Retiro maculatus, fêmea (0,5 cm), esta é a primeira aranha descrita para o PNI, em 1915, mas o exemplar-tipo foi coletado em 1903 por Carlos Moreira. Pode ser encontrada na área externa de áreas construídas e troncos de árvores; 23. Anyphaenidae, Patrera cita (aranha-fantasma), fêmea (0,7 cm); 24-25. Araneidae. 24. Alpaida itapua (aranha-de-teia-orbicular), fêmea (0,7 cm), pode ser encontrada em jardins, e outras áreas antropizadas; 25. Argiope argentata (aranha- prateada), fêmea (1,5 cm), idem a espécie anterior; 26-27. Corinnidae, 26. Paradiestus aurantiacus, fêmea (2,5 cm); 27. Myrmecium itatiaiae (aranha-formiga), fêmea (0,9 cm).

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Figuras 28-33. Araneomorphae, Ctenidae. 28-29. Ctenus medius. 28. Fêmea (3,8 cm). 29. Macho (4 cm); 30. Ctenus ornatus, fêmea (3,5 cm); 31. Enoploctenus cyclothorax, fêmea (3,8 cm); 32. Phoneutria keyserlingi (aranha-armadeira), fêmea (5,5 cm), pode ser encontrada ao redor de residências, e até mesmo dentro delas; 33. Phoneutria nigriventer (aranha-armadeira), macho (5 cm), em posição de defesa, o qual origina seu nome popular.

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Figuras 34-39. Araneomorphae. 19. Lycosidae, Lycosa erythrognatha (aranha-de-grama ou tarântula), fêmea (3,5 cm) se alimentando de uma outra aranha; 35-36. Nephilidae. 35. Nephila clavipes (aranha-de-teia-de-fios-de-ouro), fêmea (3,5 cm) se alimentando de um inseto, enquanto o macho, bem menor que ela, tenta copular, aproveitando que ela está ocupada; 36. Nephilengys cruentata (Maria-gorda), fêmea (3 cm) em repouso ao lado de seu refúgio; 37. Palpimanidae, Fernandezina sp., macho (0,3 cm), note o encurtamento do abdomên, característica dificilmente vista em aranhas; 38-39. Pholcidae. 38. Mesabolivar cyaneotaeniatus, fêmea (0,5 cm de corpo, mais pernas); 39. Pholcus phalangioides (aranha-treme-treme), fêmea em sua teia (0,5 cm de corpo, mais pernas). Essa espécie foi introduzida no Brasil, sendo originária da Europa.

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Figuras 40-45. Araneomorphae. 40. Menemerus bivitattus, fêmea (0,5 cm), andando pela parede de uma das casas dentro do PNI; 41. Scytodidae, Scytodes itapevi (aranha- cuspideira), fêmea (0,5 cm); 42-43. Segestridae, Ariadna crassipalpa (1 cm), fêmea em sua toca, e após ser retirada de dentro dela. 44. Sparassidae, Caayguara sp., macho (1,5 cm), repousando em cima de uma folha. 45. Sicariidae, Loxosceles sp. (aranha-marrom), fêmea (0,9 cm), pode ser encontrada dentro e fora de prédios públicos e abrigos do PNI.

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Figuras 46-51. Araneomorphae. 46-48. Theridiidae. 46. Nesticodes rufipes (aranha-de- canto-de-parede), fêmea (0,4 cm), somente é encontrada no interior e na área externa de residências e prédios públicos. 47. Parasteatoda tepidariorum (0,8 cm), fêmea ao lado do seu saco de ovos (ooteca), idem a espécie anterior. 48. Theridion biezankoi, fêmea (0,3 cm), a espreita da sua presa; 49. Trechaleidae, Trechaleoides biocellata (aranha-d’água), fêmea (3,5 cm), encontrada ao lado de praticamente todos os córregos e rios do PNI, em pontes e em cima de pedras; 50. Zoridae, Gênero e espécie novos, macho (0,3 cm), frequentemente encontrado na serapilheira de áreas florestadas e abertas. 51. Zoropsidae, Itatiaya modesta, fêmea (1,2 cm), ocorre em praticamente todas as áreas florestadas do PNI.

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