As Transformações Espaciais Da Cidade Do Rio De Janeiro a Partir Dos Investimentos Em Infraestrutura Para a Copa Do Mundo De 2014 E As Olimpíadas De 2016

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As Transformações Espaciais Da Cidade Do Rio De Janeiro a Partir Dos Investimentos Em Infraestrutura Para a Copa Do Mundo De 2014 E As Olimpíadas De 2016 Departamento de Geografia As Transformações espaciais da cidade do Rio de Janeiro a partir dos investimentos em infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 Aluno: Iata Anderson Silva Mendonça Orientador: Regina Célia de Mattos Introdução A Copa do Mundo de Futebol de 2014 realizada em diversas cidades do Brasil, e os Jogos Olímpicos de 2016 que será realizado exclusivamente na cidade do Rio de Janeiro, obrigou o poder público a efetuar diversas obras infraestruturais que visam à adaptação da cidade a estes mega eventos. Esses investimentos são orientados por diretrizes que emanam principalmente do Banco Mundial e do BIRD e, portanto, moldam a cidade de acordo com interesses externos. Sendo assim, foram projetadas quatro vias expressas: Transoeste, Transcarioca, Transolímpica e TranBrasil que tem por objetivo facilitar a circulação de pessoas e capital através da cidade do Rio de Janeiro, e cujo financiamento é, em sua maior parte, pelo governo federal através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da Mobilidade Urbana e o restante pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. O nosso trabalho de pesquisa é focado nas transformações espaciais que estão ocorrendo no bairro de Deodoro e em suas adjacências, por conta da construção dos corredores expressos Transolímpico e TransBrasil. O corredor expresso Transolímpico fará a ligação do bairro de Deodoro ao bairro da Barra da Tijuca, ou seja, tem a função de conectar dois polos esportivos das Olimpíadas de 2016, visto que Deodoro e Barra da Tijuca serão dois dos principais centros onde serão realizadas as competições Olímpicas. O corredor expresso TransBrasil ligará o aeroporto Santos Dumont localizado no centro da cidade, ao bairro de Deodoro localizado na zona oeste, e será construído através do alargamento da própria Avenida Brasil, via expressa de extrema importância para a população que mora na cidade do Rio de Janeiro e nos munícipios da Baixada Fluminense. Neste sentido, observa-se que o bairro de Deodoro e adjacências, por conta tanto do corredor expresso TransBrasil quanto do Transolímpico, serão duplamente afetados por tais essas intervenções. Com efeito, pode-se observar que a reconfiguração da Avenida Brasil em TransBrasil (nos locais por onde passarão os BRT’S- Bus Rapid Transit) e a abertura da Transolímpica, são obras que atendem as exigências de organismos internacionais tais como o COI e o BIRD (Banco Interamericano para Reconstrução e Desenvolvimento), responsáveis por financiamentos em cidades que buscam se modernizar e se capacitar para competir internacionalmente, em termos de candidaturas para sediar quaisquer tipo de mega eventos. Ocorre que enquanto o corredor Transoeste já está em funcionamento, o Transcarioca já foi inaugurado (mesmo que ainda inacabado) e as obras do Transolímpico tenham sido iniciadas em 2012 e já estejam avançadas, o corredor expresso TransBrasil, que mais beneficiaria a população da cidade do Rio de Janeiro, ainda não teve o seu projeto licitado e suas obras não tem previsão de início. Nesse sentido, comparando-se os resultados preliminares da pesquisa obtidos no ano passado, com os resultados atuais, vê-se que o projeto do corredor expresso TransBrasil ainda não saiu do papel e, portanto, o andamento da própria pesquisa fica comprometido. Apesar dito, nosso trabalho de pesquisa busca analisar as transformações espaciais que estão ocorrendo em Deodoro e nos bairros adjacentes, por conta da construção dos corredores expressos Transolímpico e TransBrasil. O foco no bairro de Departamento de Geografia Deodoro se dá por conta deste bairro se configurar como uma das pontas destes dois corredores expressos, além de ser o lugar onde ocorrerá a integração entre o BRT (Transolímpico ou TransBrasil) e a Supervia (estação ferroviária de Deodoro). Dessa forma, nossa análise busca compreender as transformações espaciais que estão ocorrendo, no que tange, por exemplo, às desapropriações feitas pela prefeitura da cidade para viabilizar a abertura ou reconfiguração dessas vias, e ao aumento no valor do solo urbano dessas áreas devido à especulação imobiliária. Metodologia A fundamentação teórica deste trabalho de pesquisa repousa na ideia de espaço socialmente produzido desenvolvida por Henri Lefebvre e posteriormente trabalhada por Ana Fani Alessandri Carlos, autora que também estrutura o arcabouço teórico deste trabalho de pesquisa [1]. Neste sentido, entende-se que o homem em cada momento histórico, produz o espaço em que vive tanto através das técnicas que desenvolve, como através das relações sociais e de produção que estabelece. Portanto, pensamos o espaço geográfico como o produto das relações sociais e de produção que nele se estabelecem e se reproduzem. Da mesma maneira, o espaço geográfico é o meio e condição para que essas relações possam ser estabelecidas. “A sociedade está inteira na criação de seu espaço. Aqui ela emprega todos os meios de ação que seu estágio civilizatório coloca a sua disposição, a força de trabalho de seus homens, a engenhosidade de suas técnicas, o suporte de suas crenças, de seu espírito, de suas ambições. Sociedade e espaço obedecem à mesma racionalidade [...]. A sociedade e seu espaço constituem um todo indissociável no sistema de interações onde a sociedade se cria criando o espaço” [2]. As sociedades humanas sempre produziram seu espaço, porém, o que ocorre no atual momento de desenvolvimento das relações capitalistas de produção é que “no capitalismo essa produção assume contornos e conteúdos diferenciados dos momentos históricos anteriores, expande-se territorial e socialmente (no sentido em que penetra em todos os lugares do mundo e em toda a sociedade) incorporando as atividades do homem, redefinindo- se sob a lógica do processo de valorização do capital. Nesse contexto, o próprio espaço assume a condição de mercadoria como todos os produtos dessa sociedade” [3]. Nesse sentido, o espaço como mercadoria é altamente valorizado em um centro urbano, ao mesmo tempo em que vão se tornando escassos (espaço raridade) e, portanto, seu valor de troca se eleva, condicionando e viabilizando a ação de especuladores imobiliários. Além da mercantilização do espaço, per se, na atual fase de desenvolvimento das relações capitalistas de produção, os espaços urbanos, isto é, as cidades, têm de modernizar sua rede viária, com o intuito de facilitar a circulação do capital. Portanto, a produção do espaço está intimamente ligada à produção de mercadorias e nesse sentido, a circulação é chave para a modernização de uma cidade. A “inserção competitiva” de uma cidade no âmbito internacional depende das condições que esta cidade oferece para a eficiente reprodução do capital, à medida que “... a atual fase do capitalismo só se realiza produzindo um novo espaço, pressionado pelas novas exigências da acumulação mediante suas lógicas e estratégias na escala mundial” [4]. Sendo assim, pode-se observar que os corredores expressos Transolímpico e TransBrasil estão sendo construídos para agilizar o deslocamento de pessoas e de capital durante os jogos Olímpicos de 2016, e não para beneficiar a população da cidade. Esta ideia se confirma na medida em que a TransBrasil, via expressa que iria facilitar sobremaneira o deslocamento de milhares de trabalhadores que moram na Baixada Fluminense e trabalham no centro do Rio de Janeiro, nem sequer teve suas obras iniciadas. A prioridade se fez sobre a construção dos corredores expressos Transcarioca e Transolímpico, que por sinal tem suas obras em ritmo acelerado. Deve-se ressaltar que este último fará a ligação entre Deodoro e Barra da Tijuca, isto é, conectará dois centros esportivos das Olimpíadas de 2016, o que é imprescindível para a realização bem sucedida dos jogos, além de ser uma exigência do COI. Departamento de Geografia De acordo com a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, “A TransOlímpica vai ligar os dois principais polos de competições da cidade, Deodoro e Barra da Tijuca, onde acontecerá a maior parte das provas dos Jogos Olímpicos de 2016. Um dos compromissos assumidos com o Comitê Olímpico Internacional (COI), ela terá duas pistas de três faixas cada, sendo uma delas exclusiva para o BRT”[5]. Nesta perspectiva, pode-se afirmar como dito anteriormente, que essas vias expressas não estão sendo construídas baseadas nas reivindicações da população que mora na região metropolitana do Rio de Janeiro, mas segundo as exigências feitas por organismos internacionais, sobretudo o COI, que visam preparar a cidade do Rio de Janeiro para receber os Jogos Olímpicos de 2016. De acordo com a descrição do projeto, o corredor expresso Transbrasil será feito sobre a base viária da Avenida Brasil. Esta Avenida inaugurada em 1946 é de suma importância para o estado do Rio de Janeiro. Tem 58,5 km de extensão e corta 27 bairros. A Avenida Brasil é o maior trecho urbano da BR101, rodovia federal longitudinal que liga o Rio Grande Norte ao Rio Grande do Sul, passando por 12 estados brasileiros, e no município do Rio de Janeiro a Avenida Brasil faz a ligação de seu trecho norte com seu trecho sul (Rio-Santos). Essa Avenida faz também parte do percurso da BR040, rodovia federal radial, com início em Brasília, que passa pelos estados de Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Além dessas rodovias, a Avenida Brasil está no percurso da BR116, rodovia longitudinal de extrema importância para a economia do país em termos de escoamento de mercadorias em direção aos diferentes portos e/ou aeroportos do país, que se inicia em Fortaleza e se estende até o Rio Grande do Sul. Além disso, a Avenida Brasil é a base do movimento pendular de milhares de pessoas que moram na Baixada Fluminense e trabalham no centro da cidade do Rio de Janeiro e vice-versa. Devido ao intenso crescimento populacional ocorrido na cidade do Rio de Janeiro entre os anos 30 e 50 do século XX, acontecido basicamente pela chegada de imigrantes atraídos pelo forte projeto industrial que ocorria na cidade, as áreas suburbanas afastadas do centro, tiveram um grande adensamento populacional.
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