Caminhos Da Politecnia
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Caminhos da politecnia XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX ½ 1 Fundação Oswaldo Cruz Presidente Paulo Ernani Gadelha Vieira Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Diretor Paulo César de Castro Ribeiro Vice-diretora de Ensino e Informação Páulea Zaquini Monteiro Lima Vice-diretor de Gestão e Desenvolvimento Institucional José Orbilio de Souza Abreu Vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Caminhos da politecnia: Marcela Alejandra Pronko 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Rio de Janeiro Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz 2016 2 ½ Caminhos da politecnia: 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Caminhos da politecnia: 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Rio de Janeiro Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz 2016 XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX ½ 3 Copyright © 2016 dos organizadores Todos os direitos desta edição reservados à Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fundação Oswaldo Cruz Edição de texto Lisa Stuart Projeto gráfico e diagramação Marcelo Paixão Capa Maycon Gomes Catalogação na fonte Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Biblioteca Emília Bustamante E74c Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Caminhos da politecnia: 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio / Organização Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. – Rio de Janeiro: EPSJV, 2016. 464 p. : il. ISBN: 978-85-98768-83-0 1. Educação Profissionalizante. 2. Politecnia. 3. Choque Teórico. I. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. II. Título. CDD 370.113 Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz Av. Brasil, 4.365 21040-360 – Manguinhos Rio de Janeiro – RJ www.epsjv.fiocruz.br (21)3865-9797 4 ½ Caminhos da politecnia: 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio “Caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar” Antonio Machado, Cantares XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX ½ 5 6 ½ Caminhos da politecnia: 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Sumário 8 Apresentação 12 Escola Politécnica de Saúde: uma utopia em construção 40 Choque Teórico I 206 Choque Teórico II 354 Debates atuais para uma educação emancipadora XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX ½ 7 Apresentação A história é objeto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogêneo e vazio, mas um tempo saturado de “agoras”. Walter Benjamin, Sobre o conceito de história Em dia de aniversário, é comum se dar presente. Comum também é, com o presente, se representar alguma identidade do presenteado. E por isso mesmo, igualmente comum mas menos visível é, através do presente, ocorrer o encontro entre quem dá e quem o recebe. O presente é, então, menos um objeto que passa de uma mão para outra, e mais um lugar, uma experiência de encontro. E isso de tal forma que, quanto maior o encontro, menor a relevância de quem dá e de quem recebe; quanto maior o encontro, mais é por ele a festa: a festa pela e da presença! Presentear é uma oportunidade de homenagear menos a algo ou a alguém e mais ao lugar em que é possível ocorrer o encontro. Assim, a alegria pelo aniversário é pela existência, pelo brinde de uma presença nos ter acontecido e continuar a acontecer, uma renovação de encontro, uma remissão e rememoração de origem; mas, pelo mesmo motivo, será uma celebração de todos os que se encontram presentes, um presente de todos para todos. Assim a festa toma conta do tempo, do humor, e marca a memória; mesmo se por breve duração, este será um dia de festa. Qual o presente que cabe ser dado a uma escola? O melhor presente, por ser escola, há de ser o encontro com o que a provoca, que há muito se diz sem se ouvir: o ócio. Em outros termos, encontrar-se com uma escola é encontrar-se com a hora humana do homem, o que o define enquanto tal. Decerto que uma vetusta tradição ocidental entende que ao ocioso cabe a contemplação, a vida teorética, à revelia e à margem da prática. Decerto também que uma outra, há muito revisitando as 8 ½ Caminhos da politecnia: 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio referências desta mesma tradição, reivindica um mais fundamental caminho de compreensão do momento ocioso humano: se ser racional é a única forma de o homem ser o que é, deve-se entender, sim, essa plena realização como felicidade; mas, ela lembra, só na política pode o homem ser feliz. Escola, o lugar do ócio, é e deve ser o lugar social de ensinar a pensar e a fazer política, a pensar e fazer-se desde uma totalidade teórico-prática! E deve sê-lo sobretudo hoje, quando a cul- tura epigonal da tradição que cinde teoria e prática produz os mais extremos indivi- dualismo e subjetivismo relativista, que, pela substituição de um propósito de felici- dade política por uma satisfação pessoal imediata, combina-se com um liberalismo neutro, no qual Estado e governo devem apenas garantir, pela delegação desinteres- sada de poder segundo o protocolar calendário do civismo democrático, as condições selvagens para as obstinadas “autorrealizações” dos mais fortes consumidores. Celebrar os 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio implica, entre outras coisas, revisitar sua história, entendida não como a sucessão dos “grandes fatos”, mas a partir de questões e urgências do presente. Este livro tem esse propósito, trazer para o leitor algumas reflexões que estiveram na sua origem, que ajudaram a moldar um projeto de escola e de formação de trabalhadores da saúde articulado a um projeto de país substancialmente democrático, que hoje precisa ser repensado à luz do nosso tempo histórico, e precisamente por isso sem abandonar o caráter utópico e emancipatório que conduziu seus passos até agora. Há trinta anos a EPSJV nascia, no âmbito da Fundação Oswaldo Cruz, num contexto de importantes lutas por direitos no Brasil. Lutas por uma educação capaz de alcançar o conjunto da população e oferecer a ela princípios e fundamentos dos conhecimentos produzidos pela humanidade, sem cercear ou instrumentalizar unilateralmente os futuros trabalhadores. Lutas por saúde que incluíssem a universalidade e a integralidade da atenção, mas contemplando a produção social da saúde e da vida. Lutas por formas de trabalho que não fossem pura opressão, mas que pudessem configurar espaços de organização, criação e liberdade. Como resultado dessas lutas, algumas conquistas foram alcançadas e se estenderam como Apresentação ½ 9 promessa para o conjunto da população brasileira. Em todos os casos, essas lutas configuraram um horizonte a ser alcançado. Hoje, passados trinta anos, vivemos um contexto bastante diferente em nível nacional e internacional. Temos vivenciado, ao longo destas décadas, profundos processos de demolição de direitos, particularmente daqueles que inspiravam as lutas. Alguns desses horizontes ficaram escondidos por trás da “névoa neoliberal” que, teimosamente, tende a encurtar nosso olhar e nossas perspectivas, enclausu- radas cada vez mais no imediato, no curto prazo, no utilitário, no individual. Em tempos de “tédio pós-moderno”, revisitar a história é um desafio: o desafio de revisitar projetos e lutas que podem nos inspirar para a construção do futuro. Assim o entendemos e por isso propomos, neste livro, um olhar possível sobre o nosso passado como instituição pública que articula, na sua atuação, uma reflexão e uma ação sobre trabalho, educação e saúde numa perspectiva de emancipação. O livro se compõe de quatro partes. Na primeira, republicamos o texto “Escola Politécnica de Saúde: uma utopia em construção”, de autoria de André Paulo da Silva Malhão, Bianca Antunes Cortes e Júlio César França Lima, que serviu de base para as discussões do seminário Choque Teórico I, realizado em dezembro de 1987. Na segunda parte, publicamos na íntegra as transcrições do seminário Choque Teórico I, incluindo as falas de Dermeval Saviani, Mirian Jorge Warde, Nilda Alves e Zaia Brandão, com os seus respectivos debates. A terceira parte reproduz a publicação dos textos apresentados no seminário Choque Teórico II, realizado em 1989. Contém contribuições de Maria Cecília Minayo, Hésio de Albuquerque Cordeiro, Joaquim Alberto Cardoso de Melo, Roberto Passos Nogueira, Maria Umbelina Caiafa Salgado, Alina Maria de Almeida Souza, Marília Bernardes Marques e Rogério Valle, sob a organização de Antenor Amâncio Filho e Maria Cecília G. B. Moreira. A última parte, “Debates atuais para uma educação emancipadora”, diferencia-se das anteriores porque, partindo das urgências do presente, recoloca os debates que permearam essa rica história de 10 ½ Caminhos da politecnia: 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio reflexão que caracterizou a EPSJV em chave contemporânea. Para isso, contamos com a colaboração de dois educadores brasileiros – Paulo Sérgio Tumolo e José Rodrigues – que, em textos inéditos, se propõem a discutir os desafios da construção de uma educação sob a perspectiva da classe trabalhadora. Entendemos que os textos recolhidos neste volume podem contribuir para recuperar a experiência histórica coletiva destes trinta anos de existência da EPSJV, atualizando horizontes de luta, desnaturalizando percepções, recolocando problemas, desafios e propostas, inspirando construções coletivas, alimentando debates e expandindo nossa capacidade de ler o mundo para transformá-lo. Dedicamos este livro a todos os trabalhadores e estudantes que, ao longo destes trinta anos, fizeram a EPSJV/Fiocruz, dia após dia. Boa leitura! Apresentação ½ 11 12 ½ Caminhos da politecnia: 30 anos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Escola Politécnica de Saúde: uma utopia em construção André Paulo Malhão Bianca Antunes