A Incomparável De 15 Anos Desligou-Se Da Empresa Passando Para O Segundo Caderno Do Jornal O Globo Exercendo Também O Papel De Crítica De Shows E Discos
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MUSICA MUSICA COLECAO COLECAO Zegoli Diana Aragão Bacharel em Jornalismo e Comunicação pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, 1973) estagiando em seguida no Jornal do Brasil atuando no Caderno de Turimo e, em seguida, no Caderno B nas funções de repórter, crítica de shows, discos e TV. Depois A Incomparável de 15 anos desligou-se da empresa passando para o Segundo Caderno do jornal O Globo exercendo também o papel de crítica de shows e discos. Mesmas funções no jornal O Dia e na Revista Visão, sucursal Rio de Janeiro, assim como no Jornal da Tarde, de São Paulo, sucursal Rio, na área de cultura. Trabalhou Marlene ainda como assistente de direção dos shows Memória do Samba realizados no final de 1993 no Teatro Gonzaguinha, do Centro de Artes Calouste Gulbenkain. Co-autora do vídeo Thereza Aragão-Memória do Samba realizado em 1995. Diretora dos seguintes shows realizados na Sala Funarte Sidney DIANA ARAGÃO Miller e no Projeto Pixinguinha, no Teatro Carlos Gomes, em 1995: Velha Guarda da Portela e convidados, Marcos de Pina e conjunto Vibrações; Alaíde Costa, João Carlos Assis Brasil e Renato Borghetti, Velha Guarda da Mangueira e convidados. Diretora e Produtora do show reunindo Nelson Sargento e Família Roitman para o Projeto Pixinguinha de 1997. Trabalhou ainda com a cantora e compositora Telma Tavares no Teatro Rival Rio, além de escrever textos dos seus discos para artistas como Alcione, Maria Bethânia, Tunai e Nana Caymmi, entre outros. Autora ainda da série de fascículos/CDs Grandes nomes da MPB, da Editora Del Prado. Colabora atualmente com os blogs CPC Aracy de Almeida e Curabula Livro Clube. A Incomparável Marlene DIANA ARAGÃO 12083455 capa pb.indd 1 22/03/13 16:16 MarleneA Incomparável DIANA ARAGÃO 1 2 MarleneA Incomparável DIANA ARAGÃO 3 4 5 Fazendo pose em 1960 6 Os auditórios sempre lotados, os sucessos de carnaval, o canto e a dança brejeiros e irreverentes. Para muita gente esta é, até hoje, a imagem que permanece de mim, Marlene alegria e festa. Só que esta é apenas uma meia verdade, não explica na totalidade quem eu sou, não reflete as mudanças, os caminhos e descaminhos; as descobertas que fiz ao longo da vida princi- palmente durante as duas últimas décadas em que me vi distante do mercado fonográfico. Por isso, não me espanta mais quando, após um dos muitos shows que faço Brasil afora, alguém chega ao meu camarim boquiaberto diante do que viu. Somente quem acompanhou minha carreira pelos palcos sabe das minhas mudanças, das minhas escolhas. Viver com plenitude é participar de um processo, um caminhar que precisa estar refletido na música que se canta. Mas não só isso: meu canto também pretende retratar os dramas cotidianos, induzir a reflexão. É a forma que tenho de me emocionar e me solidarizar diante da miséria e da solidão. (Trecho, escrito por Marlene, na contracapa do CD Estrela da Vida) 7 8 Dedico o livro ao meu querido Manoel Barcelos, a toda a imprensa e essa querida família “marlenista” que me acompanha há sete décadas. Marlene Este livro é dedicado às cantoras do rádio, minha mãe e minha irmã e aos meninos da minha vida: Luciana, Pedro, Julia, Joana, Marcos, Lucas, Marcelo, João, Luisa, Lis, Matheus, Marina e José, também amantes da música. E a Érico de Freitas, Maria Helena Dutra e Thereza Aragão In memoriam Diana Aragão Na década de 60 9 Sumário Apresentação 12 Cap I – O começo de Vitorinha 14 Cap II – O Começo de Marlene 29 Cap III – A Rainha do Rádio 45 Cap IV – Marlene: a Estrela 67 Cap V – O Primeiro Casamento 72 Cap VI – O Segundo Casamento 99 Cap VII – Marlene no Olympia com Edith Piaf 101 Cap VIII – A Grande Volta de Marlene nos Shows Carnavália e É a Maior 124 Cap IX – Show mais Teatro e Escola de Samba Império Serrano 134 Cap X – Cinquenta Anos de Carreira e Shows na Década de 1990 154 Cap XI – Marlene e seus Figurinos 160 Cap XII – Marlene Compositora 170 Cap XIII – Marlene versus Emilinha 176 Cap XIV – Marlene e os Fãs-Clubes Mais a Amar 183 Cap XV – Final 190 Cronologia 196 Discografia 208 Filmografia 237 10 11 Apresentação Victoria de Martino Bonaiute somente na pia batismal porque o Brasil inteiro a conheceu – gritando Incomparável ou É a maior – como Marlene. Desde que chegou ao Rio de Janeiro e atravessou a baía rumo a Niterói como con- tratada do Cassino Icaraí passando em seguida para os palcos do Cassino da Urca, Boate Casablanca e Copacabana Palace. Pra depois aportar, gloriosa- mente, no palco-auditório mais famoso do País, o da Rádio Nacional. Do seu palco e plateia de 570 lugares, sentados, Aquela que não perde a majestade dividiu com sua arqui-inimiga Emilinha, em público, por mais de dez anos o reinado da MPB. Reinado partilhado entre rumbas escandalosas e marchinhas falando do coitadinho do papai. Reinado dividido somente quando cantavam juntas no programa de Paulo Gracindo. Aonde? ao microfone da Nacional. A mesma rádio ouvida do Oiapoque ao Chuí unificando o Brasil e transfor- mando a rivalidade Marlene versus Emilinha em fato histórico e nacional. Até mesmo quando desciam do avião que as levava país afora, eram sepa- radas por conta dos fãs mais afoitos, mesmo na hora do desembarque. Toda desavença provocada por conta da eleição da Rainha do Rádio de 1949 que Emilinha dava como certa. Mas Marlene, bancada pela Companhia Antarctica Paulista – que queria um rosto inédito para associar ao Guaraná Caçula, seu novo lançamento –, ganhou disparado a eleição. Explica-se: os votos eram vendidos para a construção do Hospital dos Radialistas, e a companhia deu um cheque em branco garantindo a vitória de Marlene e o começo da real rivalidade entre as duas cantoras. Enfim, histórias de bastidores da nossa MPB desfiadas ao longo do depoimento de Marlene,a que canta diferente. Foram muitos os encontros iniciados em meados de outubro de 2009 em seu amplo apartamento de Copacabana, trocado depois por um menor, mas na mesma Copacabana. Entrevistas regadas a suco de uva integral e água de coco para amenizar os efeitos do calor do pior verão no Rio de Janeiro nos últimos anos. Encontros interrompidos apenas pelas festas de fim de ano e pela mudança de endereço, além da festa de aniversário de seus 87 anos promovida por seus eternos admiradores. Entrevistas que tiveram em Cezar Sepulveda, pesquisador, admirador de Marlene desde os 10 anos de idade quando fugia de casa para vê-la na Nacional nem que fosse somente 12 na calçada da praça Mauá (endereço da rádio até hoje), valioso colaborador. Amigo de Marlene há 50 anos (foi seu maquiador nos anos 1960) ele é, além de fiel amigo e escudeiro, guardião do acervo da cantora como diretor da Amar (Associação Marlenista) ao lado de outra amiga e colaboradora, Antonieta Carvalho, a Nieta, presidente da Amar. Este depoimento é uma viagem pela MPB detalhada por quem viveu suas entranhas, de uma cantora que completou 70 anos de carreira querendo mais. De uma cantora que foi a primeira a se apresentar no Olympia, de Paris, convidada pela própria Edith Piaf que se encantou pela mulher elegante e exótica. Dona de uma beleza realmente diferente, ela sempre esteve entre as dez mais elegantes, seja de Jacinto de Thormes ou Ibrahim Sued, além da lista da Revista do Rádio, claro. Ao ponto de assinar uma coluna sobre moda e participar de concurso para revelar novos talentos. Pois o vencedor de tal concurso foi Clodovil, conhecido de todos, falecido em 2009. Marlene ainda exibe outras faces como a de compositora de A Grande Verdade, em parceria com Luís Bittencourt, gravada com sucesso pela amiga Dalva de Oliveira em 1951. Ou de atriz premiada ao lado do primeiro marido, o ator Luiz Delfino, na década de 1950 ou emBotequim , na década de 1970. Ou de shows antológicos como Carnavália e É a Maior, além da série Carnavalesca. E que pode ser vista no seu primeiro DVD/CD lançado em 2009, o Marlene, a Rainha e os Artistas do Rádio. Espero que todos gostem de viajar com Marlene, A Maior ou a Incomparável como era anunciada na Nacional no programa Manoel Barcelos dando título ao seu depoimento. Pois é como ela própria admite: o rádio foi uma das minhas faculdades. Diana Aragão Rio de Janeiro, abril e maio de 2010 13 Capítulo I O Começo de Vitorinha O papai estava tuberculoso. Tudo isso que eu vou contar agora eu soube pela minha mãe Antonieta. Meu pai morreu sete dias antes do meu nascimento. Eu não existia ainda, estava sendo gerada. Nasci no Hospital São Paulo, no bairro Bela Vista, Rua Frei Caneca. Somos de uma família italiana, mamãe conheceu o papai aqui. Victorio. Nascido na Itália, a família toda. A mamãe é calabresa, o papai é romano. Nós somos descendentes de Galileu Galilei. É verdade. Uma sobrinha minha, a Liliana, tem um livro que dá o sobrenome nosso junto com o Galileu Bonaiutti Galilei. Eu nunca disse isso a ninguém. Mas não me incomodo com isso não. Nós éramos sete. Eu sou a caçula. O que sei do papai é através da minha mãe, claro. Através da minha mamãe e de amigos que eu ainda peguei menina, que falavam muito do meu pai. Ele fez todo o trabalho de ferro do Teatro Municipal de São Paulo e o do Rio de Janeiro além de um cinema também, que não me lembro qual foi. Eu soube conversando com um colega dele, já era um senhor e eu pequeni- ninha, mas guardei. Victorio, eu tenho o nome do meu pai, Vitorinha.