A Casa Como Reflexo Da Sociedade. Lisboa No Século Xx
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A CASA COMO REFLEXO DA SOCIEDADE. LISBOA NO SÉCULO XX Romana Margarida Veiga dos Reis Caldeira e Silva (Licenciada) Dissertação de Natureza Científica para a obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura Orientação Científica: José Luís Crespo, Professor Auxiliar Carlos Lameiro, Professor Associado Júri: Presidente: Filipa Serpa, Professora Auxiliar Vogal: Teresa Sá, Professora Auxiliar Vogal: José Luís Crespo, Professor Auxiliar DOCUMENTO DEFINITIVO Lisboa, FA-ULisboa, Dezembro, 2016 Resumo Na presente dissertação procurou-se encontrar elos de ligação na evolução paralela da sociedade e da habitação, durante o século XX em Portugal. Analisámos as alterações e as evoluções da sociedade, da casa, da apropriação do espaço doméstico e das políticas habitacionais em Lisboa. Baseámos a análise em 18 casos de estudo, de tipologias habitacionais diferentes, entre os anos 10 e os anos 90 do século XX, em Lisboa, que permitiram refletir sobre os princípios ordenadores de cada tipologia, os que foram suprimidos, e os que se mantiveram ao longo do tempo. Sobre a família, também foram abordadas as questões das alterações verificadas, com destaque para a “libertação” da mulher, tanto na sociedade como na família, assim como a redução da dimensão dos agregados familiares, ligando-se estas temáticas com a apropriação do espaço doméstico. Constatámos com o presente estudo as consequências e a influência do RGEU na dicotomia sociedade-casa: numa primeira fase obrigou a uma mudança significativa através de uma inversão entre quartos/sala e a uma distinção concreta entre sala/quartos; e uma segunda fase onde a normalização se tornou num obstáculo à diversidade tipológica. Assim, concluímos que até ao RGEU houve uma transposição dos valores sociais e familiares para a habitação e após o RGEU houve uma evolução e características sociais e familiares sem relação direta com a evolução das tipologias habitacionais. Palavras-chave: Casa | Habitação | Família | Sociedade | Lisboa I II Abstract In the present dissertation it was aimed to find connecting elements between parallel evolution of society and social accommodation in the 20th century, in Portugal. We have done proper research on the changes and evolution processes of society, of the accommodation object itself –the house; of the housing space appropriation and the accommodation policies in Lisbon. This analysis was based on 18 case studies, about different accommodation typologies, between the 1st decade and the 9th of the 21st century, in Lisbon, which has allowed us to reflect on the guidelines of each typology, and ultimately to identify which ones had been supressed and the ones that had remained until nowadays. Regarding the family dynamics, the topics of the verified changes have also come up, with proper highlight to the female emancipation, either socially speaking and also within the familiar circle; the decreasing tendency of the family household; connecting these themes to the housing space appropriation issue. Hereby we are able to determine the RGEU consequences and its influence on the dichotomy “society – household”: the first phase is related to the significant change through the inversion between bedrooms/living room and the concrete distinction between living room/bedrooms; and the second phase held on the normalization process becoming an obstacle to creativity, resulting ultimately in crystalized ideals.Therefore, we may conclude with the present study that, until the RGEU there has been a transposition of values, socially and familiarly speaking, to accommodation; and after the RGEU there has been an evolution regarding social and family-related aspects that have found no direct link to the accommodation typologies’ evolution of their own. Keywords: House | Housing | Family | Society | Lisbon III IV Agradecimentos Em primeiro lugar, aos professores Carlos Lameiro e José Luís Crespo, por todo o acompanhamento incansável. A todos os restantes professores desta instituição, pela partilha de conhecimentos ao longo do curso. Aos colegas, que influenciaram de alguma forma o meu caminho, e principalmente aos que partilharam estes últimos meses de curso. Aos que estiveram presentes desde o primeiro ano, Inês, Maria e Miguel, e aos que chegaram depois, Henrique e Armando. À Rita. Aos Amigos e Amigas. Aos Avós e aos Tios. Por fim e principalmente, à Mãe e Mana, que só querem o melhor para mim. V VI As fachadas das casas nada nos podem dizer, nada revelando senão uma conformidade arquitectónica aos gostos de algum grupo ou classe que talvez nem já habite sequer naquela rua. Por trás das fachadas escondem-se os mistérios sociais (Nunes, 1984:27). VII VIII Índice Geral Resumo I Abstract III Agradecimentos V Índice Geral IX Índice de Figuras XI Listagem de abreviaturas XIV 1 Introdução 1 1.1 Tema e motivação 1 1.2 Objetivos e questões de trabalho 2 1.3 Metodologia 2 1.4 Estrutura da dissertação 3 2 Da Primeira República à Adesão à União Europeia 5 2.1 Introdução 5 2.2 Enquadramento Histórico: breve síntese 5 2.3 Desenvolvimento da habitação em Lisboa 8 2.3.1 Expansão dos limites da cidade 8 2.3.2 O Estado Novo, a Câmara Municipal de Lisboa e os programas habitacionais. 12 2.4 Casa, sociedade e a apropriação do espaço doméstico 15 2.4.1 Habitar a casa 15 2.4.2 Sociedade e família 18 2.5 Síntese 23 3 Casos de Estudo 27 3.1 Processo de escolha dos casos de estudo 27 3.2 Prédios de Rendimento 27 3.2.1 Caso de Estudo 1 – Avenida Visconde Valmor, 35 (1913) 29 3.2.2 Caso de Estudo 2 – Avenida Duque de Ávila, 28-30ª (1920) 32 3.2.3 Caso de Estudo 3 – Avenida 5 de Outubro, 134 (1920) 35 3.2.4 Caso de Estudo 4 – Rua Castilho, 65 (1937) 38 3.3 Rabo de Bacalhau 41 3.3.1 Caso de Estudo 5 – Rua Joaquim António de Aguiar, 35 (1937) 42 3.3.2 Caso de Estudo 6 – Rua Almeida e Sousa, 63 (1939) 45 3.3.3 Caso de Estudo 7 – Avenida António Augusto Aguiar, 9 (1942-47) 48 3.3.4 Caso de Estudo 8 – Rua Cervantes, 4 (1947-48). 52 3.4 Mudança de Paradigma 55 3.4.1 Caso de Estudo 9 – Bairro das Estacas – Célula 8 (1949-55) 56 3.4.2 Caso de Estudo 10 – Av. Estados Unidos da América (1953) 59 3.4.3 Caso de Estudo 11 – Bloco das Águas Livres (1953-55) 63 3.4.4 Caso de Estudo 12 – Avenida Infante Santo, 57 (1956) 66 3.5 Novos Bairros 69 3.5.1 Caso de Estudo 13 – Olivais Norte, categoria II (1955-58) 70 IX 3.5.2 Caso de Estudo 14 – Olivais Sul, categoria II (1960-61) 73 3.5.3 Caso de Estudo 15 – Olivais Sul, categoria III (1960-61) 77 3.5.4 Caso de Estudo 16 – Olivais Sul, categoria IV (1960-61) 80 3.6 1970/1990- Pós-Modernismo 83 3.6.1 Caso de Estudo 17 – Torres de Alfragide (1968/1973). 84 3.6.2 Caso de Estudo 18 – Complexo Habitacional Olaias (1982) 87 3.7 Síntese 90 4 Conclusão 91 4.1 Concretização dos objetivos 91 4.2 Perspetivas futuras 92 Bibliografia 93 Anexos 97 X Índice de Figuras fig 1. Planta do Fava. Cartografia de Lisboa séculos XVIII a XX in Salgado e Lourenço, 2006: 35 8 Fig. 2. Fotografia aérea de Lisboa, da autora. 9 Fig. 3. Plano Urbanização Alvalade, João Faria da Costa, 1945, in Salgado e Lourenço, 2006: 25. 10 Fig. 4. Plano de Urbanização da Zona de Intervenção da EXPO'98, planta síntese, 1994, in Salgado e Lourenço, 2006: 28. 12 Fig. 5. Anúncio ao empreendedorismo urbanístico Santo António dos Cavaleiros, in Donas de Casa, nº 53, 1966:55. 15 Fig. 6. Unite d' Habitation, Le Corbusier, in Archdaily © Rik Moran. 16 Fig. 7. Portas e as suas utilizações, in Monteys e Fuertes, 2011: 13. 17 Fig. 8. Anúncios de eletrodomésticos, in Donas de Casa, nº 53, 1966: 23. 18 Fig. 9. Anúncios dirigidos às mulheres, in Donas de Casa, nº 53, 1966:31. 21 Fig. 10. Anúncios dirigidos a homens e mulheres, respetivamente, in Donas de Casa, nº 53, 1966:53. 25 Fig. 11. Anúncio de tabaco dirigido às mulheres, in Donas de Casa, nº 53, 1966: 41. 25 Fig. 12. Av. Visconde Valmor, 35. Fachada, e pormenor de fachada, fotografias da autora. 29 Fig. 13. (à esquerda) Av. Visconde Valmor, 35 planta tipo. Fonte: CML, tratada pela autora. (à direita) Análises realizadas pela autora utilizando a mesma planta. 30 Fig. 14. Av. Duque de Ávila, 28-30. Fachada e pormenor de fachada, fotografias da autora. 32 Fig. 15. Av. Duque de Ávila, 28-30 planta tipo, fonte: CML, tratada pela autora. 33 Fig. 16. Análises realizadas pela autora utilizando a fig. 15 33 Fig. 17. Av. 5 de Outubro, 134. Fachada e pormenor de fachada, fotografias da autora. 35 Fig. 18. Av. 5 de Outubro, 134 planta tipo, in Reis, 2009: 174. 36 Fig. 19. Análises realizadas pela autora utilizando a fig. 18. 36 fig 20. Rua Castilho, 65. Fachada e pormenor de fachada, fotografias da autora 38 Fig. 21. R. Castilho, 65 planta tipo, Fonte: CML, tratada pela autora. 39 Fig. 22. Análises realizadas pela autora utilizando a fig. 21. 39 XI fig 23. R. Joaquim António de Aguiar, 35. Fachada e pormenor de fachada, fotografias da autora 42 Fig. 24. (à esquerda). R. Joaquim António de Aguiar, 35 planta tipo, in AAP 1987:158 tratada pela autora. (à direita) Análises realizadas pela autora utilizando a mesma planta. 43 Fig. 25. R. Almeida e Sousa, 63. Fachada principal e traseiras, fotografias da autora. 45 Fig. 26. (à esquerda). R. Almeida e Sousa, 63, planta tipo, fonte: CML, tratada pela autora. (à direita) Análises realizadas pela autora utilizando a mesma planta.