/////// DIREÇÃO: JOÃO PEDRO COSTA; RODRIGO MARTINS | REVISÃO CIENTÍFICA: LUCÍLIA OLIVEIRA | EDIÇÃO ÚNICA | ESPECIAL 25 DE ABRIL – TRANSIÇÃO POLÍTICA ///////

EM

SINTRA, COMO FOI O 25 DE ABRIL?

(INÉDITO)

PREC:

O QUE AINDA

NÃO SABIAMOS

(EXCLUSIVO)

/////// TRABALHO ACREDITADO POR:///////

0

AGRADECIMENTOS

Queremos deixar um agradecimento especial a um conjunto de Pessoas e Entidades.

Aos Coronéis: Vasco Lourenço e Rodrigo Sousa e Castro – dois grandes “Capitães de Abril”; à Presidência da Associação 25 de Abril; à Presidência da Junta de Freguesia de Rio de Mouro – Presidente Bruno Parreira e Secretário Arménio Silva; à Direção do Agrupamento de Escolas Leal da Câmara; à equipa do Espaço Sintriana; à Biblioteca Municipal de ; à Câmara Municipal de Sintra; ao professor Álvaro Batista; à

professora Lucília Oliveira, por toda a ajuda prestada; e por fim, aos nossos pais, por

estarem sempre aqui para nos ajudar e apoiar! A todos eles, agradecemos a ajuda,

disponibilidade e interesse que nos facultaram, permitindo a realização deste projeto.

Não esquecendo também, um agradecimento especial a toda uma geração de homens e

mulheres que tiveram de enfrentar dificuldades profundas para que hoje possamos viver com direitos, e mais importante, sermos livres, vivendo numa democracia estável.

A todos vós, dedicamos o nosso trabalho.

Obrigado, 1

INDÍCE

Editorial – Página 4

Cronologia de (1928 a 2019) – Página 5

Capítulo I – Como chegámos ao PREC – Página 9

Capítulo II – O Período Revolucionário Em Curso (PREC): A Transição – Página 18

Capítulo III – O pré-Sintra e o pós-Sintra – Página 26

Capítulo IV – Rio de Mouro: o caminho da conquista – “Frutos de Abril” – Página 29

Capítulo V – Sintra e Rio de Mouro: Da transição à atualidade - Página 38

Capítulo VI – O passado e o futuro da transição política: perspetivas pessoais – Página 43

Conclusão – Página 47

Glossário – Página 49

Reflexões – Página 50

Bibliografia – Página 52

* todos os textos publicados neste trabalho, apresentam-se de acordo com o novo acrodo ortográfico da língua portuguesa

2

EPÍGRAFE

“Portugal passou de um lugar de escravos a uma pátria de cravos”

“Portugal pasó de un lugar de esclavos a una patria de claveles”

(autores anónimos)

3

EDITORIAL

Nascendo de um desafio da nossa professora contemporâneas dos factos, com especial de Ciência Política, lecionada no ano letivo de ênfase nos testemunhos orais de protagonistas 2018 -2019, na Escola Secundária Leal da dos acontecimentos bem como de atores Câmara, criamos o projeto Viragem Histórica, políticos atuais que experienciaram as um jornal-projeto totalmente relacionado com a mudanças provocadas pelas transformações história, integrando o tema “Transição Política”, políticas, económicas e sociais instituídas no promovido pelo décimo segundo concurso de nosso país. História do programa Eustory. Pretende-se com este trabalho contribuir para o

Neste trabalho-projeto procuramos integrar o aprofundar do conhecimento sobre o 25 de tema 25 de Abril no nosso concelho, Sintra. Abril de 1974, em particular os acontecimentos Não esquecendo, claro, a região de Lisboa. posteriores e do PREC que marcaram a transição para a democracia e que Ao longo de mais de 50 páginas, poderemos influenciaram decisivamente o nosso tempo e a constatar as várias perpetivas desta “Transição nossa vida enquanto jovens residentes na Política”, através de entrevistas feitas, pelos freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra. testemunhos arrecadados e pelos documentos históricos encontrados e analisados.

Todas as entrevistas surgem num contexto histórico, com o objetivo de poder descrever, com a máxima precisão, como decorreu um determinado acontecimento, numa linha temporal específica.

Esco lhemos, dentro do tema “25 de Abril”, um período importante na História de Portugal, o

PREC – Período Revolucionário em Curso, devido à nossa curiosidade em percorrer, de uma forma mais aprofundada, este acontecimento das vidas dos nossos antepassados.

Este trabalho assenta numa investigação de fontes bibliográficas e outras fontes 4 LLLLLLLLLLL

DE 1928 A 2019

1928: 1930:

27 DE ABRIL: OLIVEIRA 30 DE JULHO: LANÇAMENTO DAS SALAZAR, MINISTRO DAS “BASES DA UNIÃO NACIONAL”, FINANÇAS; PARTIDO ÚNICO DA DITADURA;

1930: 1932 8 DE JULHO: 5 DE JULHO: PROMULGAÇÃO DO ATO 1ºGOVERNO DO , COLONIAL; PRESIDIDO POR OLIVEIRA SALAZAR; 1926: 28 DE MAIO: GOLPE DE

ESTADO MILITAR, QUE DÁ ORIGEM À DITADURA MILITAR; 1963: 1933 23 DE JANEIRO: INÍCIO DA LUTA 29 DE AGOSTO: CRIAÇÃO DA POLÍCIA ARMADA NA GUINÉ, COM UM DE VIGILÂNCIA E DEFESA DO ESTADO, ATAQUE FEITO PELO PAIGC; ANTECESSORA DA PIDE;

1964: 1961: 25 DE SETEMBRO: INÍCIO DA LUITA 4 DE FEVEREIRO: REVOLTA E ATAQUES EM ARMADA EM MOÇAMBIQUE, LUANDA, AÇÃO CONSIDERADA COMO O CONDUZIDA PELA FRELIMO; INÍCIO DA LUTA ARMADA EM ANGOLA; 1933: 11 DE ABRIL: ENTRADA VEM VIGOR DA 1973: CONSTITUIÇÃO DE 1933; 25 DE AGOSTO: REUNIÃO DE 1973: OFICIAIS EM BISSAU, ONDE SE ELEGE 1 DE DEZEMBRO: REUNIÃO EM ÓBIDOS DO UMA COMISSÃO DO MOVIMENTO MOVIMENTO DOS CAPITÃES, EM QUE É ELEITA A DOS CAPITÃES; COMISSÃO COORDENADORA;

1973: 1973: 24 DE SETEMBRO: INDEPENDÊNCIA 5 DE DEZEMBRO: 1ª REUNIÃO, NA COSTA DA CAPARICA, UNILATERAL DA GUINÉ-BISSAU; DA COMISSÃO COORDENADORA DO MOVIMENTO DOS CAPITÃES, EM QUE SE ELEGE A DIREÇÃO DO 1968: MOVIMENTO: VASCO LOURENÇO, OTELO SARAIVA DE 26 DE SETEMBRO: ANÚNCIO, CARVALHO E VÍTOR ALVES; POR AMÉRICO TOMÁS, DA SUBSTITUIÇÃO DE SALAZAR POR MARCELO CAETANO;

1974: 1974: 25 DE ABRIL: REVOLUÇÃO DOS CRAVOS, CONDUZIDA 16 DE MARÇO: PRONUNCIAMENTO DO RI 5, DAS CALDAS PELO MFA; NOMEAÇÃO, PELO MFA DE UMA JUNTA DE DA RAINHA, 1ª TENTATIVA DE GOLPE MILITAR DO MFA, SALVAÇÃO NACIONAL; QUE CONDUZ À PRISÃO DE CERCA DE 200 MILITARES;

1974: 1974: 26 DE ABRIL: APRESENTAÇÃO PÚBLICA DO 24 DE ABRIL: ORGANIZAÇÃO DO POSTO DE PROGRAMA DO MOVIMENTO DAS FORÇAS COMANDO DO MFA NA PONTINHA; ARMADAS;

1974: 5 DE MARÇO: PLENÁRIO DE CASCAIS DO MOVIMENTO DE OFICIAIS DAS FORÇAS ARMADAS;

5

1974: 5 DE AGOSTO: CRIAÇÃO DA COMISSÃO NACIONAL DE DESCOLONIZAÇÃO; DA REPÚBLICA;

1974 28 DE SETEMBRO: GRANDE MANIFESTAÇÃO DE APOIO A SPÍNOLA E TENTATIVA DE GOLPE 1974: DE ESTADO, VENCIDO PELAS 13 DE SETEMBRO: FORÇAS DEMOCRÁTICAS; NACIONALIZAÇÃO DE GRANDES BANCOS, INCLUINDO O BANCO DE 1975: PORTUGAL; 4 DE MARÇO: ASSEMBLEIA DO MFA, ONDE ALGUNS SETORES MILITARES REVELARAM A SUA OPOSIÇÃO AO PLANO ECONÓMICO E SOCIAL;

1975: 1974: 7 DE FEVEREIRO: GRANDE 30 DE SETEMBRO: RENÚNCIA DE ANTÓNIO MANIFESTÇÃO DE TRABALHADORES DE SPÍNOLA E INVESTIDURA DE COSTA DE VÁRIOS SETORES, CONTRA OS GOMES NO CARGO DE PRESIDENTE DA DESPEDIMENTOS E O REPÚBLICA; DESEMPREGO;

1975: 11 DE MARÇO: TENTATIVA DE GOLPE DE 1975: ESTADO DOMINADA PELAS FORÇAS 17 DE MARÇO: PUBLICAÇÃO DA DEMOCRÁTICAS; INÍCIO DOS TEMPOS COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DA DO PREC; REVOLUÇÃO;

1975: 1975: 15 DE MARÇO: NACIONALIZAÇÃO DAS 14 DE ABRIL: DECRETO SOBRE A COMPANHIAS DE SEGURO; OCUPAÇÃO DE CASAS, CONTESTADO PELAS ORGANIZAÇÕES DE MORADORES;

1975: 16 DE ABRIL: NACIONALIZAÇÃO DAS SOCIEDADES PETROLÍFERAS, DE TRANSPORTE E OUTRAS SOCIEDADES DE SERVIÇOS PÚBLICOS; 1975: 25 DE ABRIL: ELEIÇÕES PARA A ASSEMBLEIA CONSTITUINTE;

1975: 25 DE JUNHO: INDEPENDÊNCIA DE MOÇAMBIQUE;

1975: 5 DE JULHO: 6 INDEPENDÊNCIA DE CABO VERDE;

1975: 1975: 1975: 1975: 12 DE JULHO: 13 DE JULHO: ASSALTO E 22 DE JULHO: 13 DE AGOSTO: INÍCIO INDEPENDÊNCIA DE DESTRUIÇÃO DAS SEDES DO CONTINUAÇÃO DE DE UMA SÉRIE DE S.TOMÉ E PRÍNCIPE; PARTIDO COMUNISTA ASSALTOS ÀS SEDES REUNIÕES ENTRE O PORTUGUÊS; DO PCP; GRUPO DOS NOVE E OTELO S. CARVALHO, QUE LEVA À APROVAÇÃO, PELAS 1975: DUAS PARTES DE UM 1975: 27 DE SETEMBRO: ASSALTO À PROGRAMA DE AÇÃO; EMBAIXADA E CONSULADO DE 18 DE SETEMBRO: PARALIZAÇÃO GERAL NO ESPANHA EM LISBOA POR GRUPOS ALENTEJO, EM PROTESTO CONTRA AS RADICAIS; DIFICULDADES DA REFORMA AGRÁRIA;

1975: 1975: 21 DE SETEMBRO: MANIFESTAÇÃO EM LISBOA QUE LEVA À 8 DE SETEMBRO: REUNIÃO OCUPAÇÃO DA EMISSORA NACIONAL E AO CERCO DO PASLÁCIO DO CONSELHO DE DE BELÉM, ONDE ESTAVA REUNIDO O CONSELHO DE REVOLUÇÃO, ONDE SE MINISTROS; DECIDE IMPOR A CENSURA À IMPRENSA SOBRE ASSUNTOS MILITARES; 1975: 1 DE OUTUBRO: MANIFESTAÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS DO ALENTEJO E DO RIBATEJO;

1975: 10 DE NOVEMBRO: REBELIÃO DAS FORÇAS PÁRAQUEDISTAS DE TANCOS;

1975: 15 DE NOVEMBRO: ÚLTIMA REUNIÃO DOS MODERADOS 1975: LIGADOS AO 11 DE NOVEMBRO: INDEPENDÊNCIA DE GRUPO DOS ANGOLA; NOVE, ANTES DO 25 DE

NOVEMBRO;

1975: 1975: 25 DE NOVEMBRO: TENTATIVA DE 23 DE NOVEMBRO: CHEGADA A LISBOA GOLPE DE ESTADO DAS FORÇAS DAS ÚLTIMAS TROPAS DA GUERRA RADICIAIS, COM OCUPAÇÃO MILITAR DE COLONIAL, REGRESSADAS DE ANGOLA; BASES DA FORÇA AÉREA E DA TELEVISÃO;

1975: 27 DE NOVEMBRO: RENDIÇÃO DAS TROPAS PÁRAQUEDISTAS REVOLTADAS; DISSOLUÇÃO DO COPCON E RECOMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE 7 REVOLUÇÃO;

1976: 2 DE ABRIL: PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1976;

1976: 25 DE ABRIL: PRIMEIRAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS; 1976:

3 DE JUNHO: PRIMEIRA SESSÃO DA 1976: ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA; 23 DE JULHO: POSSE DO I GOVERNO CONSTITUCIONAL, CHEFIADO POR MÁRIO SOARES;

1976: 1976: 27 DE JUNHO: ELEIÇÕES PARA A 12 DE DEZEMBRO: PRIMEIRAS ELEIÇÕES PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, COM AUTÁRQUICAS EM DEMOCRACIA; VITÓRIA DE RAMALHO EANES;

1986: 1 DE JANEIRO: ENTRADA OFICIAL DE PORTUGAL E ESPANHA NA CEE.

2002: 1 DE JANEIRO: CIRCULAÇÃO DO EURO EM PORTUGAL .

1977: 28 DE MARÇO: FORMALIZAÇÃO DO PEDIDO DE ADESÃO DE PORTUGAL À CEE; 2019:

25 DE ABRIL: COMEMORAÇÕES DO 45º ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL EM PORTUGAL .

8

CAPÍTULO I

COMO CHEGÁMOS AO PREC

O 25 de Abril de 1974 foi o dia

oficial, em que Portugal voltou a

abrir as portas ao mundo exterior. Saíamos de uma ditadura de quase

meio século, onde a única coisa

ganha foi morte, sofrimento,

isolamento e atraso (económico e

social).

Neste período, pós-revolucionário,

Portugal não voltou a ser o mesmo.

Mudámos. Vieram ventos de

mudança e esperança que levaram

a uma nação estável e convicta na sua liberdade e democracia.

Apesar dos percalços, fruto do

PREC, Portugal sobreviveu a

tentativas de Golpe de Estado – de

imposição de projetos de governação e poder pessoal – e às várias confrontações militares que se viveram no tenso e quente ano de 1975.

Vasco Lourenço, um “Capitão de Abril”, relata o que para ele, foi o Estado Novo e, mais importante, o que foi viver Abril em 1974. O

Viragem Histórica entrevistou-o,

com o intuito de saber mais sobre

este episódio importante na História de Portugal e do Mundo. 9

CAPÍTULO I ENTREVISTA COM O CORONEL VASCO LOURENÇO c

COMO CHEGÁMOS AO PREC

1) Senhor Coronel, o que foi o 25 a Guerra Colonial, que era estabelecer de Abril? a paz e depois criar condições para que

CORONEL VASCO LOURENÇO o Estado Democrático fosse mais justo,

(CVL): O 25 de Abril…, eu encaro- pois havia uma desigualdade social o como uma ação de libertação, enorme na sociedade portuguesa. levada a cabo por um conjunto de O 25 de Abril acaba por ser, dado as militares dentro das Forças suas características, um caso único na

Armadas. Pode-se considerar que História Universal. Pode-se andar à

é um pronunciamento militar mas procura em toda a História, e não se que rapidamente se transforma encontra ato algum como o 25 de Abril. num processo revolucionário com a Tínhamos uma ditadura que era adesão popular que logo no próprio suportada, por última instância, pelas dia 25 de Abril existe. O pano de Forças Armadas, foram estas, que no “O 25 de Abril…, eu encaro-o fundo era resolver o problema da seu seio, que criaram condições para como uma ação guerra colonial, foi o que alimentou derrubar a ditadura e depois os de libertação, digamos assim, as atitudes, as militares, contrariamente ao que é levada a cabo por um conjunto de expetativas, os anseios dos normal no resto do mundo, não militares dentro intervenientes…mas tive a noção quiseram ficar com o poder, entregaram das Forças Armadas.” de que a solução do problema o poder rapidamente à população e à colonial só era possível alterando o sociedade através de eleições livres, e regime e acabando a ditadura e isso é que faz do 25 de Abril um coisa criando um Estado democrático. única em todo o mundo.

Tinha como 1ºobjetivo, “libertar a 2) Como era o Portugal do Estado liberdade” como costumamos Novo? dizer, e o 25 de Abril tem essa CVL: Eu diria que era muito atrasado e característica, tem como pano de analfabeto. O Salazar manteve aquela fundo, a liberdade. Depois, criar máxima de que ao “português basta condições para haver uma saber ler e escrever o seu nome”, democracia, com medidas como a porque quanto mais souber mais decisão de se fazer eleições para a problemas ele vai dar. Estávamos 10 Assembleia Constituinte num prazo completamente isolados do resto do dum ano, haver uma solução para mundo, apenas tínhamos o Eusébio e a a Guerra Colonial, que era Amália Rodrigues no mundo. As

COM O CORONEL VASCO LOURENÇO ENTREVISTA CAPÍTULO I c

COMO CHEGÁMOS AO PREC

Amália Rodrigues no mundo. As havia uma unidade muito

populações da Europa olhavam para grande em relação aos

nós como se fossemos os responsáveis objetivos fundamentais, a

pela ditadura que tínhamos e pelo liberdade, a democracia, a

atraso que cá havia. Éramos um povo paz, o fim da guerra colonial e “O processo que estava sujeito a uma guerra, uma sociedade mais justa. No transforma-se num processo durante 13 anos, em três frentes, e está seu seio tinha um grupo que à revolucionário, e estudado por especialistas americanos volta do seu chefe, o General o General Spínola e os seus que o esforço que Portugal fez em Spínola, tinham um projeto de apoiantes relação à Guerra Colonial foi superior poder pessoal que não começaram a ao esforço que os EUA fizeram na concidia com o do MFA. ficar muito incomodados Guerra do Vietname, em termos A seguir ao 25 de Abril, por com as relativos evidentemente. Havia razões diversas, quem ficou liberdades, e de situações aberrantes neste país: se como Presidente da República facto, a seguir ao 25 de Abril a queriam beber uma “Coca-Cola” só foi o General Spínola e não o população mesmo em Espanha porque em General Costa Gomes como portuguesa entrou numa Portugal era proibido; o direito da tínhamos previsto. O processo “bebedeira mulher não existia praticamente; e transforma-se num processo coletiva”!” havia , de modo geral, uma sensação revolucionário, e o General

de medo, até da própria sombra as Spínola e os seus apoiantes

pessoas tinham medo pois vivia-se num começaram a ficar muito

país amordaçado. incomodados com as 3) O que foi o 28 de Setembro e o 11 liberdades, e de facto, a seguir

de Março? ao 25 de Abril a população

CVL: Para compreender o 28 de portuguesa entrou numa

Setembro e o 11 de Março, e tudo o “bebedeira coletiva”!

resto, é preciso caracterizar o que era o Dessa forma os spinolistas

Movimento das Forças Armdas. O tentaram criar condições para

Movimento das Forças Armadas, que anular o programa do MFA na

se constituiu primeiro no Movimento componente democrática, que 11 dos Capitães no Exército e depois se foi eram as eleições para a 11 alargando à Marinha e à Força Aérea, Asesembleia Constituinte, e havia uma unidade muito grande em tentaram promover eleições

ENTREVISTA CAPÍTULO I COM O CORONEL VASCO LOURENÇO c COMO CHEGÁMOS AO PREC tentaram promover eleições fizeram uma tentativa de golpe , o antecipadas para a Presidência golpe do 11 de Março de 1975. da República, garantindo que o Falharam mais uma vez, e isso

Costa Gomes não ia, e por isso o acabou por trazer o chamado PREC, Spínola ganharia de caras. Nós, o Processo Revolucionário em no MFA, entrámos em conflito Curso, que lançou-nos para um com ele…eu tenho a noção de processo de revolução acentuada e que fui a “besta negra” do exagerada. No entanto conseguimos General Spínola, pois liderei a impôr que as eleições se fizessem constestação a isso, até que o como estava previsto, foram feitas “No entanto conseguimos Spínola faz uma tentativa de no dia 25 de Abril de 1975, portanto impôr que as apelar àquilo que ele chamou a 1 ano depois. O processo das eleições se fizessem como “Maioria Silenciosa”, para fazer eleições foi extraordinário, e basta estava previsto, um golpe palaciano, onde queria ter presente o seguinte: em outubro foram feitas no impôr o seu poder, e através do dia 25 de Abril de de 1973 tinha havido “eleições” para 1975, portanto 1 apoio duma grande manifestação a Assembleia Nacional e os ano depois.” nacional, ele ganharia poder para cadernos eleitorais não chegavam a impôr ao MFA o seu projeto 1 milhão e 500 mil eleitores, na pessoal, mas perdeu, e demitiu- eleição para a Assembleia se, e o processo revolucionário Constituinte em 75, os cadernos avança. A certa altura os eleitorais ultrapassaram os 5 spínolistas, alegando que o MFA milhões e meio! Depois durante o tinha dito que não queriam as PREC, onde foi posta de lado a linha eleições para a AC, que iria-se spínolista, dentro do MFA cria-se pela chamada vanguarda uma tendência que defende que a revolucionária, onde se realizaria solução seria a vanguarda a “Matança da Páscoa”, que foi revolucionária e não a solução uma “espécie de fake news” de democrática, e é essa “guerra” que que os comunistas matariam um vai ser feita durante o PREC. grupo de pessoas conectados 4) Então basicamente o PREC com o General Spínola, incluindo acaba por ser uma luta dentro da 12 ele próprio, e devido a isso, esquerda? fizeram uma tentativa de golpe , CVL: Em grande medida é. No

COM O CORONEL VASCO LOURENÇO ENTREVISTA CAPÍTULO I c COMO CHEGÁMOS AO PREC

CVL: Em grande medida é. No ultramarinas no período do pós 25

PREC, em termos do MFA de Abril?

constítuiram-se 3 tendências: os CVL: Esse é um problema que esteve

moderados que são o “Grupo dos 9”, na base da maior luta entre o MFA e

do qual sou suspeito pois dela fiz o grupo spínolista. Nós

parte e em certa medida liderei-a; considerávamos, e considerámos

depois a linha ligada ao PCP, os isso, numa reunião feita no dia 5 de

gonçalvistas, por causa do Vasco Março, em Cascais de 1974, que os Gonçalves; e depois uma linha povos tinham direito à ligada ao Otelo Saraiva de Carvalho, autodeterminação e independência e os otelistas ou os do COPCON. São portanto, quando nós avançámos estas três tendências que vão lutar para resolver o problema colonial durante o PREC, uns pela avançámos dentro dessa perspetiva, consumação do programa do MFA, que os povos tinham direito à sua “Uma e as outras 2, que se degladiavam autodeterminação…No programa do democracia um pouco, pois sendo ambas de acima de tudo. MFA isso constava. No entanto, no esquerda, começaram a ver qual Nós quando dia 25 à noite, na Pontinha, o General avançámos delas era mais de esquerda, Spínola conseguiu impôr, na tínhamos a defendiam a vanguarda perspetiva de discussão à comissão coordenadora um país melhor, revolucionária, impondo-a ao povo. do MFA da altura, a alteração e a um país com liberdade , onde 5) O que se esperava para o país supressão dessa expressão do houvesse programa e substituiu-lo por “política após o 25 de Abril? democracia, que ultramarina que conduza à paz”. Isso não estivesse CVL : Uma democracia acima de em guerra… um provocou reações, como não podia tudo. Nós quando avançámos país mais deixar de ser, dos movimentos justo…” tínhamos a perspetiva de um país independentistas, que intensificaram melhor, um país com liberdade , o esforço de guerra e, entre o 25 de onde houvesse democracia, que não Abril e os acordos de paz, morreram estivesse em guerra… um país mais mais de 400 soldados portugueses justo… nas três frentes de combate, que 6) Como é que se encarou a teriam sido evitadas se o programa do13 13 autodeterminação das províncias MFA dissesse logo isso, portanto ultramarinas no período do pós 25 essa é a maior luta que acontece logo 1

CAPÍTULO I ENTREVISTA COM O CORONEL VASCO LOURENÇO c

COMO CHEGÁMOS AO PREC

essa é a maior luta que acontece logo logo em junho/julho pertenderam Tudo foi a seguir ao 25 de Abril, entre nós e o aumentar o salário dos trabalhadores diferente, Spínola. Com episódios diversos, que para um balúrdio! Que o país não estávamos terminam no dia 27 de Julho, quando comportava! Um país onde não há em o Spínola faz uma declaração, em vencimento mínimo,de repente, tão a mudança… que diz que os povos têm direito à ver o que era criar ali um núcleo de trabalhadores que ganhavam duas, autodeterminação e independência. três vezes o que outros trabalhadores Portanto foi um processo que o MFA ganhavam! Foi complicado… Foi a assumiu desde o início, que é os luta contra o Spínola, depois povos têm direito à autodeterminação entrámos na Dinamização Cultural e independencia, e os povos vão ser que foi uma ideia com resultados independentes. muitos positivios, mas que depois

7) Após a queda do Estado Novo também começou a descambar, até à instauração dos tempos do depois há o problema com a

PREC, quais acha que foram as Sindical…de maneira que enfim, principais dificuldades políticas e aqueles meses até ao 11 de março sociais que se viveram? foram meses intensos (…).

CVL: Depois do 25 de Abril, as A seguir ao 25 de Abril verificou-se o pessoas acordaram de repente livres desaparecimento da autoridade Os e começaram a perceber que não militares serviam para tudo, um tipo tinham só deveres, começaram a que tivesse uma farda em cima era perceber que tinham direitos… bem e um Deus…havia um conflito qualquer depois “embebedaram-se no trabalho chamava-se um militar coletivamente”, com exageros, mas para lá ir… (…). só quem não põe a mão na massa é Tudo foi diferente, estávamos em que não comete exageros… Eu mudança… lembro -me de uma das primeiras dificuldades que tivemos foi logo o contra-ataque do grande capital 14 porque, não sei qual era a empresa, logo em junho/julho pertenderam

CAPÍTULO I GALERIA

COMO CHEGÁMOS AO PREC

Esta fotografia (digitalizada) do Jornal “O Século” do dia 25 de Abril de 1974, o dia da revolução, teve tanta saída que às 11:00h da manhã já ia na 3ª edição! E claro, a notícia da

1ª página era o golpe militar que tinha por objetivo depor o regime político da ditadura do Estado Novo – a esta hora ainda não se sabia qual seria o seu desfecho. 15

CAPÍTULO I GALERIA

COMO CHEGÁMOS AO PREC

Esta fotografia (digitalizada) do “Jornal de Sintra”, datado de 5 de Outubro de 1974, faz referência ao 28 de Setembro de 1974, que foi uma tentativa do General Spínola em apelar a uma maiorira silenciosa, de maneira a impor o seu poder. O MFA travou o seu projeto pessoal, que resultou na demissão deste, e na subida ao poder do General Costa 16 Gomes, como nos diz o Coronel Vasco Lourenço.

CAPÍTULO I GALERIA

COMO CHEGÁMOS AO PREC

Esta fotografia (digitalizada) do “Jornal de Sintra”, datado de 15 de Março de 1975, relata- nos um Golpe de Estado, realizado pelos Spinolistas. Estes insurgiram-se devido à alusão de um documento onde constavam cerca de 1500 pessoas associadas ao General Spínola, que seriam mortas (incluindo o próprio)! O “bonapartismo Spínolista” fracassou, devido à fortíssima resposta militar por parte das forças do MFA, afetas ao seu programa. Foi o ponto final para os Spinolistas, que resultou na ida para o exílio de Spínola e entrando-se numa nova página da revolução portuguesa. Verificar-se-ia um grande salto político e social nesta nova fase da revolução, onde se verificou o crescimento e a 17 intensificação dos movimentos esquerdistas.

CAPÍTULO II

O PERÍODO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO (PREC): A TRANSIÇÃO

Em Sintra, local onde nascemos, Sintra antes e depois do 25 de Abril de 1974, crescemos e continuamos a viver, o 25 o Viragem Histórica entrevistou o Coronel de Abril também teve efeitos. Num lado, Rodrigo Sousa e Castro, outro Capitão de existia um concelho rural e conservador. Abril, que tanto contribuiu para a democracia Noutro lado, existia um concelho semi- portuguesa. Sousa e Castro, residente em

urbano e liberal. No primeiro, verificou-se Sintra desde 1975, abordou as questões uma resistência às mudanças verificadas fulcrais para o desenvolvimento da Revolução no país e na região. Convém salientar no país e, nomeadamente, em Sintra, que as populações desta zona viviam da apontando as dificuldades, as diferenças e o

agricultura e de outras atividades do setor que era ser um militar e cidadão português,

primário, razão pela qual o no meio de um período de transição.

conservadorismo se verificou. No

segundo, observou-se uma abertura ao

pensamento revolucionário, fruto das conquistas do MFA. Nesta zona, a acessibilidade já era existente, resultado da mão de obra (operariado) que

circulava para outras localidades de

Sintra, ou para o centro da Capital, através do eixo rodoviário (atual Itinerário

Complementar 19 – IC19) ou através da

rede ferroviária Sintra – Lisboa Rossio.

Estas acessibilidades existentes são uma

das causas para que a malha urbana do

concelho de Sintra tivesse maior conhecimento, interesse e participação nas situações que se verificavam no país e particularmente em Lisboa, durante os tempos do PREC.

Constatando estes factos, de forma a confirmar na vertente pessoal como era 18

Sintra antes e depois do 25 de abril de 1974, o Viragem Histórica entrevistou o

CAPÍTULO II ENTREVISTA COM O CORONEL SOUSA E CASTRO c O PERÍODO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO (PREC): A TRANSIÇÃO

1) Enquanto militar ativo durante toda uma nova ordem que só vai os tempos do PREC, quais acha ser efetivamente implementada a que foram as principais partir de 25 de Abril de 75, que é dificuldades enfrentadas? quando se realizam as eleições para a Assembleia Constituinte. CORONEL RODRIGO SOUSA E Então, tendo os militares ficado CASTRO (CRSC): Então, com o poder, poder personificado cronologicamente há a revolução e no Conselho da Revolução, órgão depois há um período que do ponto de vista histórico, relativamente pacífico porque as provavelmente nunca houve um pessoas estavam a experimentar órgão de soberania com poderes algo de novo, e aqueles meses que tão ilimitados como o Conselho da se seguiram, exceptuando a Revolução, isto em ambiente problemática ligada às colónias, democrático e dentro da liberdade, porque aí houve efetivamente e então esse vazio que é criado, desde logo muitas fricções, são os militares que respondem aqueles primeiros meses foram aos conflitos que surgem no relativamente pacíficos; as terreno… essa questão colocou pessoas estiveram pura e depois uma série de problemas e simplesmente a gozar a liberdade, levou também a lutas políticas, que era uma coisa que porque as pessoas, desde o desconheciam há 50 anos e como

indivíduo a quem ocupavam as era uma liberdade completamente

propriedades, a fábrica onde os “irrestrita”, porque todo o aparelho

trabalhadores entraram em conflito da ditadura foi demolido, as com o patrão, uma simples pessoas passaram a viver em discussão de bairro, iam todos ter liberdade em contraste com aquilo com os militares, com os quartéis que existia antes e então surge aí que estavam mais perto (…) e a primeira grande dificuldade que portanto as pessoas afluíam onde enfrentámos. A dificuldade para estavam os militares e iam 19 nós militares é que se criou esse

apresentar aí os seus problemas. vazio governamental, porque há Ora os militares não estavam toda uma nova ordem que só vai

ENTREVISTA COM O CORONEL SOUSA E CASTRO CAPÍTULO II c O PERÍODO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO (PREC): A TRANSIÇÃO

Ora os militares não estavam visão muito mais aberta na minimamente preparados para economia, que nós não tínhamos. responder a esse tipo de questões Essas dificuldades eram múltiplas e e isso causou uma situação centravam-se neste caso único de inesperada bastante caótica. O que os militares, perante o seu povo, COPCON, o Comando como responsáveis pelo derrube da “A componente Operacional do Continente, que ditadura, ficaram responsáveis de demográfica do era o comando das tropas do ocorrerem a tudo o que acontecia, o concelho é a da existência de continente e que depois teve um que criou depois dificuldades para dois concelhos desempenho de altos e baixos, foi lidar com essas situações. distintos alvo de muitas críticas, mas no dentro de 2) Tendo vindo residir para Sintra Sintra: temos conjunto, digamos, aparou toda logo após o 25 de Abril, quais um concelho aquela pressão social, os urbano (…)” eram as principais reações que problemas que surgiram…acredito sentia por parte da população que não devem imaginar o que é sintrense em relação ao PREC? sair de uma ditadura de quase 50

anos, e ainda com a agravante de CRSC: A componente demográfica

que o ditador e o que lhe sucedeu do concelho é a da existência de dois

eram ditadores pouco esclarecidos concelhos distintos dentro de Sintra:

em relação ao progresso. Por temos um concelho urbano, junto ao

exemplo na vizinha Espanha, eixo rodo-ferroviário, onde havia

Franco foi um homem que teve uma massa urbana, que hoje é muito

uma visão mais progressista no maior, mas que naquela altura sentido económico, portanto há existia, com zonas industriais, e uma diferença grande entre o portanto essa composição estado de desenvolvimento demográfica era muito mais a favor económico de Portugal quando daquilo que eram as perspetivas inicia a sua transição para a revolucionárias dos movimentos democracia e em Espanha, e essa mais à esquerda, portanto o Partido

diferença foi feita por Franco, pois Comunista como os outros partidos20

20 desenvolveu a Espanha com uma de esquerda na altura tinham visão muito mais aberta na proliferado imenso nesta zona urbana; enquanto a zona rural do

ENTREVISTA CAPÍTULO II COM O CORONEL SOUSA E CASTRO c O PERÍODO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO (PREC): A TRANSIÇÃO

proliferado imenso nesta zona revolução para a frente. urbana; enquanto a zona rural do 3) O que achou das decisões concelho de Sintra é extremamente tomadas durante o PREC, em conservadora, aliás ainda hoje se especial, as grandes nota pelos resultados eleitorais, nacionalizações que se portanto há uma atitude, e eu senti verificaram? Sabe se tais medidas isso porque comprei a minha casa existiram aqui em Sintra? em 75 aqui no concelho e recordo- CRSC: A questão das me até de uma vez um retornado nacionalizações ainda hoje é uma mandar-me uma boca lá num café a questão muito encoberta do que dizer que ia ocupar a casa do capitão aconteceu. O que se passa no e eu disse-lhe “está bem, eu por acaso até trouxe uma kalashnikov de modelo de transição português é que

África portanto...”, (risos), mas os militares que tomam conta do também nunca aconteceu nada, poder, mas tomam conta deste com nunca senti nenhuma hostilidade por um programa político, que era o “O que se passa parte da população. As pessoas da célebre programa dos “3 Ds: no modelo de zona urbana viveram com grande Democratizar, Descolonizar e transição entusiasmo a mudança política, a Desenvolver”, tomaram sempre uma português é que os militares que atitude relativamente moderada no zona conservadora do concelho viu tomam conta do a mudança política com muito mais sentido de que a planificação poder, mas tomam conta reserva e com muita preocupação económica do Estado não podia ser deste com um porque na altura havia movimentos mais estatizada, para isso bastavam programa que pronunciavam certas atitudes os Planos de Fomento que a político, que era o célebre ditadura lançou, onde a iniciativa que não eram muito adequadas à programa dos “3 mentalidade dessas pessoas, e privada estava muito condicionada, Ds: Democratizar, portanto Sintra é o exemplo típico do primeiro porque havia o Descolonizar e concelho que vive “duas condicionamento industrial e depois Desenvolver”(…) revoluções”, de um lado de uma havia uma interferência muito aguda ” forma muito reservada e cautelosa, e do Estado ditatorial, portanto era 21 do outro lado empurrando a tudo menos uma economia liberal, revolução para a frente. logo os militares não tinham intenção nenhuma em reforçar estes aspetos.

ENTREVISTA COM O CORONEL SOUSA E CASTRO CAPÍTULO II c

O PERÍODO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO (PREC): A TRANSIÇÃO

logo os militares não tinham intenção esteve eminente em Portugal

nenhuma em reforçar estes aspetos. durante o PREC, como muitos

O que aconteceu entretanto foi que o afirmavam? Conselho da Revolução, do qual eu CRSC: Nós tivemos ao longo da fiz parte, viu-se confrontado com a nossa história uma guerra civil, no opinião da maior parte dos século XIX, mas na altura do 25 de economistas da época. Os “gurus” Abril, em 1975, as coisas do ponto da economia, todos eles chegaram de vista de tudo o que existia, desde junto do Conselho da Revolução e o sistema de armas, à organização, disseram “vocês ou nacionalizam a à população em Portugal, eu acho banca ou ficam com as que em Portugal não havia paredes”…foi assim, portanto não condições nem objetivos para haver houve aqui senda de direita, nem de uma guerra civil, havia era condições esquerda, nem de centro, houve foi para existirem confrontações uma realidade. E ao nacionalizar a armadas, como houve, mas parou- banca e os seguros, que era também se por aí. Do meu ponto de vista a toda a área financeira, exceptuando história da guerra civil foi um bocado algumas pequenas empresas um enredo que muita gente privadas de câmbio, acabou por construiu e um dos elementos nacionalizar grande parte da essenciais para que não pudesse economia porque os bancos e os haver guerra civil mas apenas seguros tinham empresas e as confrontações militares é que (…) empresas tinham outras empresas, Lisboa era o centro político e portanto há ali uma emergência de “ (…) Lisboa era portanto dominava a situação quem tomar uma atitude, pois não havia o centro político dominasse a capital. e portanto outra opção. Sendo assim, as dominava a nacionalizações dão-se pois a situação quem dominasse a evolução no terreno era aquela, não capital.” havia outra alternativa para enfrentar a fuga dos capitais para o estrangeiro! 22

4) Acredita que uma guerra civil esteve eminente em Portugal durante o PREC, como muitos afirmavam?

CAPÍTULO II GALERIA

O PERÍODO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO (PREC): A TRANSIÇÃO

Esta foto retrata a Sintra rural, uma Sintra antiga e refém da tradicional agricultura. Em 1965, ainda em pleno Estado . Novo, a Sintra Rural, mais conservadora, era constituída apenas por casas, do estilo rurais ou moradias, fruto do favorecimento económico das famílias residentes nesta localidade, donos das “grandes“ quintas agrícolas.

Casa de estilo rural (Mucifal) – (c.1965)

Esta foto retrata a Sintra urbana, uma Sintra “nova”, liberal e recetiva da mudança portuguesa. Nesta região, vários prédios foram construídos em locais de antigas quintas – fruto da pressão demográfica na zona metropolitana de Lisboa. Este é um exemplo de vários prédios a

circundar a antiga Quinta da Presa, erguida no século XVIII.

© JOÃO PEDRO COSTA /

RODRIGO MARTINS 23

Sintra Urbana (Serra das Minas) – (2019)

GALERIA CAPÍTULO II

O PERÍODO REVOLUCIONÁRIO EM CURSO (PREC): A TRANSIÇÃO

Esta era a situação da nossa freguesia, bem como em muitas outras localidades do concelho e do país: falta de infraestruturas e habitações condignas, proliferando os bairros de lata. Uma realidade que felizmente mudou e continua a mudar, de maneira a realojar as pessoas para que possam viver com dignidade. É sem dúvida uma herança de Abril, a importância que se dá à questão social.

Sintra Urbana (Rio de Mouro) – (1980)

Este é o fontanário edificado no ano de 1975

em pleno PREC e período de transição em Portugal. É um bom exemplo das

muitas construções feitas por comissões de moradores em muitas

localidades.

Sintra Rural (Sintra) – (1975) 24

CAPÍTULO III

O PRÉ-SINTRA E O PÓS-SINTRA

Paço Real de Sintra – (c.1970)

Estamos em pleno ano de 1975, dentro do Novo, que se realizaram as tão desejadas e

PREC, a viver o Verão Quente, que tanto prometidas eleições para a Assembleia

caracteriza este período. Os Constituinte, onde se verificou a vitória do

acontecimentos do 11 de Março, e a Partido Socialista (resultado esse que

consequente subida da esquerda nos surpreendeu o Partido Comunista, e que de setores político e militar, trazem as políticas certa forma justificará os seus que caracterizaram este louco e quente ano comportamentos ultra-revolucionários de 1975, e os sucessivos governos liderados durante o PREC), e o compromisso da por Vasco Gonçalves e os seus elaboração de uma Constituição, companheiros gonçalvistas, ou seja, a democrática e multipartidária, deixando grande vaga de nacionalizações em todos dessa forma no passado, o fantasma da os setores da economia (“de maneira a Constituição de 1933, pedra angular do evitar que mais capitalistas e empresários regime ditatorial. Facto importante da nossa

abandonassem o país, em especial os seus História, e que não deve ser esquecido, é

capitais”), as propostas de tentativas de que este ato eleitoral foi o mais participado

reformas económicas e as transformações em todas as eleições alguma vez realizadas sociais no seio da população portuguesa. em Portugal! Foi um sinal da abertura à Realça-se também que foi em 1975, no mês mudança que o povo lusitano tanto desejava de Abril, passado um ano da deposição do e da qual tanto tempo esteve privado. 25 regime do Estado 25 LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL Apesar da grande maioria dos

CAPÍTULO III

O PRÉ-SINTRA E O PÓS-SINTRA

Apesar da grande maioria dos ver inscrito na sua base o ano em que foi acontecimentos pós-revolução se terem construída, 1975. passado em Lisboa (os casos do 28 de Tal situação permite mostrar o quão débil e Setembro e do 11 de Março), outras regiões atrasada Sintra estava! É algo que hoje do país sentiram e viveram a experiência consideramos impossível, termos um país, um revo lucionária. concelho, sem água canalizada, potável e

Sintra, como já apresentámos, não foi ilimitada para o nosso dia a dia. O período de exceção. Uma “nova” Sintra “vinha” a transição português marca isto, mais que as caminho. Aquela que por tantos anos esteve questões económicas, a questão social foi a de atrasada, esquecida e degradada, precisava maior impacto direto nas vidas das da mudança que se pedia e que se esperava. populações, que passaram, aos poucos, a

viver com a dignidade que não tinham. Colocando o foco no nosso belo e único concelho, como aconteceu em todo o país, Dando continuação ao rol de entrevistas já também aqui se verificaram nacionalizações apresentadas, o Viragem Histórica falou com de fábricas, empresas, propriedades uma cidadã, que quis manter o seu anonimato. agrícolas, e teve início o investimento em Nascida, criada e residente na Vila de Sintra, infraestruturas consideradas básicas, como o conta-nos, aquilo que ela própria vivenciou abastecimento de luz, água e esgostos. nos tempos do Período Revolucionário Em

Curso – as mudanças, as diferenças e a sua Um exemplo destes investimentos que se alegria pela liberdade! e xecutou foi a construção, por parte de uma comissão de moradores da freguesia da

Terrugem, no nosso concelho, de um fontanário público. No concelho, e em particular na zona, o abastecimento de água era pouco ou nenhum, de tal modo que se apresentava como um problema grave e de rápida resolução. Dessa forma ergueu-se esse fontanário, acabando assim com o abastecimento em outras fontes, sem qualquer segurança para a saúde das 26 populações. Ainda hoje ao visitá-la podemos ver inscrito na sua base o ano em que foi

CAPÍTULO III ENTREVISTA ANÓNIMA*

O PRÉ-SINTRA E O PÓS-SINTRA

1) Que mudanças é que sentiram com o 25 de Abril de 1974? diferenças da Sintra que tínhamos e * A entrevistada, no âmbito deste trabalho, considera- CIDADÃ ANÓNIMA (CA): Houve da Sintra que passámos a ter: como se anónima, para proteção dos seus dados e da sua disse a nível cultural verificou-se identidade a nível nacional grandes mudanças, sem dúvida. As e internacional, conforme a Regulamentação Geral de principais foram, como é óbvio, a uma maior preocupação com a Proteção de Dados, instaurada e aplicada pela liberdade que passou a existir, uma preservação de todo o património União Europeia, em maio de 2018. melhoria progressiva da vida das histórico, investiu-se nas grandes pessoas, pois durante o regime não necessidades que a vila sofria, como havia quase nada! Passou a haver por exemplo a iluminação pública, o mais escolas, pois existiam poucas, saneamento básico, o deixou de haver a exploração dos abastecimento de água, entre trabalhadores e começou a existir outras. proteção laboral que garantia a sua 3) Pode-se considerar que depois segurança. Foram estas as do 25 de Abril de 1974 houve uma principais mudanças que se luta pelo poder aqui em Sintra? verificaram aqui em Sintra. CA: Lutas pelo poder político há

2) Quais são as diferenças entre a sempre, e Sintra não foi vila de Sintra antiga e a Sintra exceção…vivíamos tempos de atual? mudança… Assim o que me lembro

CA: De maneira geral não mudou melhor, e que serve de exemplo é muito… Onde se nota a maior mesmo a tentativa dos partidos de diferença é mesmo na questão esquerda quererem estabelecer-se cultural. Com a mudança de regime aqui, tanto nas freguesias, como na e com a maior abertura que Sintra câmara municipal, mas isso nunca “ Lutas pelo teve para o mundo, mesmo durante veio a acontecer pois Sintra nunca poder político os tempos do PREC e já com a foi, e ainda hoje não é, um concelho há sempre, e Sintra não foi de esquerda e como tal apesar da democracia estabelecida, quando exceção…vivía recebemos a designação de existência de lutas de interesses mos tempos de mudança (…)” Património Mundial pela UNESCO é políticos não foi algo assim de que se viu a maior mudança, mas grande impacto no dia a dia dos 27 mesmo antes começou-se a verificar cidadãos. diferenças da Sintra que tínhamos e

GALERIA CAPÍTULO III

O PRÉ-SINTRA E O PÓS-SINTRA

Manifestação no Paço Real de Sintra – (c.1974)

Ao observarmos estas fotos vemos as diferenças do que foi Sintra, e do que agora é na atualidade. Na primeira, uma Sintra onde não há preservação do património histórico, onde se vive uma liberdade que foi desconhecida durante 48 anos. A faixa que na fotografia existe caracteriza aquela altura: “Viva a liberdade”! Na segunda foto a principal diferença é mesmo na questão cultural, a preocupação pela preservação, indispensável para que Sintra continue o seu rumo: ponto turístico, reconhecida internacionalmente pelo seu património arquitectónico e paisagístico que lhe mereceu a designação de Património Mundial da UNESCO.

28 Paço Real de Sintra – 2019 (atualmente)

CAPÍTULO IV RIO DE MOURO: O CAMINHO DA CONQUISTA – “FRUTOS DE ABRIL”

A “nossa” Sintra transforma-se e, seguindo o seu “limpos” das recordações negativas da exemplo, também as suas freguesias. ditadura, e democraticamente representando

os cidadãos portugueses. Somos naturais, criados e residentes, da freguesia de Rio de Mouro. Uma vila histórica, Mais uma vez, de maneira a enriquecer este protagonista em diversos momentos, pioneira em trabalho, o Viragem Histórica, entrevistou a diversos assuntos da nossa História nacional, Presidência da nossa Junta de Freguesia, incluindo, claro, a bonita página do 25 de Abril e constituída por Bruno Parreira e Arménio do seu processo de transição. Silva. Dois testemunhos do que foi Rio de

Mouro no período revolucionário e o anseio À imagem do concelho, também Rio de Mouro democrático que existia na nossa Vila, um soube o que foi viver as nacionalizações e anseio por liberdade e democracia, para com ocupações de fábricas e empresas, as as populações legitimamente representadas mudanças sociais e políticas da época. Com a pelo poder. investigação que levámos a cabo, olhamos Rio de Mouro com outros olhos. Vemos o salto gigantesco que demos, para a frente, de maneira a que hoje possamos orgulhosamente dizer que vivemos com condições, que vivemos com acesso à educação e saúde, e, que vivemos em liberdade!

O conturbado período de tempo dos anos de

1974 e 1975, deram a chegada ao ansioso, desejado e democrático ano de 1976. Foi esse ano, que verdadeiramente abriu as portas ao poder local. Em abril de 1976 houve sufrágio universal secreto para as eleições legislativas e, em dezembro, pela primeira vez de forma democrática para as eleições autárquicas.

Com este ato eleitoral, os poderes locais e 29 centrais de governação encontravam-se agora “limpos” das recordações negativas da ditadura, e democraticamente representados pelos

CAPÍTULO IV ENTREVISTA À PRESIDÊNCIA DA JUNTA F. RIO DE MOURO RIO DE MOURO: O CAMINHO DA CONQUISTA – “FRUTOS DE ABRIL”

1) Sabe se aqui em Rio de Mouro, tanto na freguesia? parte urbana da freguesia como na parte PJFRM: Durante o PREC aquilo que mais rural, se verificavam diferentes se fala na freguesia foi a ocupação de expetativas em relação ao PREC? algumas empresas, movimentos de PRESIDÊNCIA DA JUNTA DE FREGUESIA trabalhadores, a criação de algumas DE RIO DE MOURO (PJFRM): Muito cooperativas, quer de habitação quer de diferentes. Nós estamos numa freguesia que ensino, a criação de infraestruturas de rede foi pioneira em vários momentos da História. social que não existiam antes do 25 de Abril

Logo pela altura da instauração da República, e que passam a existir, nomeadamente a sentiu -se aqui em Rio de Mouro uma grande Creche Popular de Rio de Mouro, ef ervescência de movimentos progressistas e ocupações de casas abandonadas e de esquerda, que desejavam de facto a devolutas por pessoas ligadas a instauração de uma república em Portugal. movimentos político-partidários, e portanto,

Também no 25 de Abril e no PREC há em Rio de Mouro isso também se vive tudo, movimentos de esquerda muito acentuados, incluindo também movimentos populares dos mais diversos quadrantes, desde os mais armados para patrulha de situações ligadas anárquicos, aos movimentos comunistas a movimentos políticos. tradicionais, aos movimentos revolucionários 3) Qual era o principal anseio da puros e duros, aos da esquerda população da nossa freguesia em democrática…portanto pode-se afirmar que relação às mudanças que se estavam a Rio de Mouro na altura do PREC foi uma verificar? freguesia que o viveu intensamente, com ocupações de algumas fábricas, de algumas PJFRM: A primeira de todas era a liberdade. casas, ao mesmo tempo que os movimentos Atenção, eu já sou “filho” do 25 de Abril, mas de esquerda se afirmaram politicamente na tenho a curiosidade de estudar, ouvir e freguesia, uma freguesia de esquerda. aprender a História da nossa localidade e do país. Eu acho que, como em todo o país, o 2) Tem conhecimento de alguma medida que as pessoas de Rio de Mouro mais política do período revolucionário que queriam era liberdade, poder exprimir a sua 30 tenha causado maior impacto aqui na opinião, poder contar e influenciar as LLLLL tomadas de decisão. Rio de Mouro tinha PJFRM: Durante o PREC aquilo que mais se movimentos importantes de contestação ao

ENTREVISTA À PRESIDÊNCIA DA JUNTA F. RIO DE MOURO CAPÍTULO IV RIO DE MOURO: O CAMINHO DA CONQUISTA – “FRUTOS DE ABRIL” opinião, poder contar e influenciar as infantil feito com a colaboração de todos lá no tomadas de decisão. Rio de Mouro tinha bairro, esta visão comunitária coletiva é o 25 de movimentos importantes de contestação ao Abril! É com o poder local democrático, regime, houve pessoas que foram conquista de Abril, que depois o poder vai perseguidas em Rio de Mouro, havia verdadeiramente transformar a vida das agentes e informadores da PIDE em Rio de pessoas, com a água canalizada, a luz elétrica

Mouro, portanto, tanto aqui como no resto nas ruas, o saneamento básico, mas mais do do país, havia uma grande sede de que obras concretas, discutem-se princípios: liberdade. Havia filhos de Rio de Mouro a ir democracia, liberdade, participação, poder local

à Guerra do Ultramar, onde a única coisa democrático, permitiram sem dúvida nenhuma que se podia ganhar era tragédia e morte, chegarmos ao desenvolvimento da nossa portanto Rio de Mouro foi fortemente comunidade. influenciado por este tipo de realidade e não 5) De alguma maneira consegue-nos dizer tenho dúvidas nenhumas em afirmar que a qual o sentimento dos cidadãos de Rio de maior ambição das populações era mesmo Mouro ao poderem votar livremente em abril a liberdade. de 1975 e para a sua freguesia em dezembro

4) Consegue apontar uma diferença de 1976? política e social que mudou com o após PJFRM: Foram as eleições mais participadas 25 de Abril, durante o período de de sempre, as do após 25 de Abril. Vamos ver: transição? eu estou como presidente da junta de freguesia

PJFRM: Liberdade. De repente o povo porque vivemos em liberdade e democracia, passa a decidir, a tomar decisões sobre o porque durante a ditadura era impossível um seu futuro coletivo. As associações e filho de proletários alguma vez chegar a um coletividades que aparecem, com este viver cargo de administração ligado ao poder do coletivo, em comunhão, é fruto do 25 de Estado e portanto o 25 de Abril é isto, é a

Abril. O 25 de Abril dá-nos, enquanto abertura das portas do poder ao povo, seja o sociedade, a possibilidade de em conjunto, poder local, central ou qualquer outro, pois a traçarmos o nosso futuro comum. As República sonhou, mas foi o 25 de Abril que o pequenas obras e conquistas, o parque conquistou. 31 infantil feito com a colaboração de todos lá no bairro, esta visão comunitária coletiva é

CAPÍTULO IV GALERIA RIO DE MOURO: O CAMINHO DA CONQUISTA – “FRUTOS DE ABRIL”

FÁBRICA DA TABAQUEIRA SARL – (2006)

A empresa Tabaqueira SA. Foi uma das muitas empresas na freguesia de Rio de Mouro, que foram alvo das nacionalizações durante o PREC. Atualmente é uma empresa privada, mas que tem um papel muito importante na zona pois dá 300 postos de trabalho na freguesia.

FÁBRICA DA TABAQUEIRA SA – (2019) 32

GALERIA CAPÍTULO IV RIO DE MOURO: O CAMINHO DA CONQUISTA – “FRUTOS DE ABRIL”

ESCOLA SECUNDÁRIA LEAL DA CÂMARA – (c.1986)

ESCOLA SECUNDÁRIA LEAL DA CÂMARA – (2019)

Tanto em Rio de Mouro, como em Sintra e no resto do país, havia um défice enorme de instituições de ensino (primário, básico e secundário). Importa salientar que Portugal tinha uma taxa de analfabetismo enorme, razão pela qual durante o PREC houve tanta preocupação em colmatá-la.

Aqui observamos a Escola Secundária Leal da Câmara, escola onde passámos todo o nosso ensino secundário, 33 que foi construída no pós 25 de Abril de 1974, em 1986.

CAPÍTULO IV GALERIA RIO DE MOURO: O CAMINHO DA CONQUISTA – “FRUTOS DE ABRIL”

RIO DE MOURO – 1987 | 2019

As acessibilidades em Rio de Mouro eram, na sua grande maioria, poucas e más. Nesta fotografia vemos como era o acesso que os alunos, professores e funcionários tinham de fazer para se deslocarem para a escola, numa estrada de terra batida, com péssimas condições. Hoje, felizmente, e graças à democracia, temos uma estrada digna, no qual já se implanta uma rede de ciclovia, que passa à entrada deste estabelecimento de ensino.

34

CAPÍTULO IV GALERIA

RIO DE MOURO: O CAMINHO DA CONQUISTA –

“FRUTOS DE ABRIL”

RIO DE MOURO – 2019 | 1987

35

GALERIA CAPÍTULO IV RIO DE MOURO: O CAMINHO DA CONQUISTA – “FRUTOS DE ABRIL”

IC 19 (c.1970)

Principal eixo rodoviário de ligação entre Sintra e Lisboa (Itinerário

Complementar 19 – IC19), na década de 70 e na atualidade.

36

IC 19 (2019) © RODRIGO MARTINS

CAPÍTULO IV GALERIA

RIO DE MOURO: O CAMINHO DA CONQUISTA – “FRUTOS DE ABRIL”

Esta era a antiga sede da junta de freguesia de Rio de Mouro, e foi aqui, que durante largos anos, funcionou o executivo do poder local. Mais tarde, com o crescimento da freguesia e o desenvolvimento urbano no pós 25 de Abril, e já depois também da transição política para a democracia em Portugal, a sede da Junta de freguesia deslocou se, para a zona onde havia uma maior concentração populacional, estando atualmente no “seio” da freguesia, junto à Igreja Paroquial, perto das Escolas, da Estação Ferroviária e das vias rodoviárias de acesso a Sintra e Lisboa.

JF-RIO DE MOURO (1970)

JF-RIO DE MOURO (2019)

37

CAPÍTULO V

SINTRA E RIO DE MOURO: DA TRANSIÇÃO À ATUALIDADE

Hoje vivemos numa freguesia, num Cascais, Loures, Braga, Matosinhos, concelho e num país onde as palavras , Almada e Oeiras”. liberdade, democracia, multipartidarismo Depois do 25 de abril de 1975, após a são comuns, e às quais, muitas vezes, não damos a devida importância. consolidação de 76, Sintra sofreu o mesmo investimento interno que o resto

Vivemos numa Europa e num Mundo do país. onde, infelizmente, o crescimento de Em 2002, Sintra preparava o projeto regimes contra os valores anteriormente PÓLIS (parcialmente financiado por mencionados vai aumentando. No entanto, Portugal mantém a sua posição fundos da União Europeia) no Cacém, que visava a restituição do urbanismo ao no mundo livre e democrático, o que nem Cacém, após o surto de construção sempre foi assim, como verificámos ao longo do nosso trabalho. desenfreada e a existência descontrolada de “bairros clandestinos” após a A nossa região, Sintra, mudou! E muito! A “Revolução dos Cravos”. cultura mudou, a arquitetura mudou. O Uma das renovações atuais, é o projeto da urbanismo mudou e a demografia mudou. Ciclovia em Sintra, um projeto de Em 2015, a população de Sintra ascendia mobilidade sustentável, também a 377 835 residentes. E a de Rio de Mouro, a 47 311 habitantes. Na região de financiado por fundos comunitários da União Europeia. Trata-se de uma rede Sintra, entre 1970 e 1981 era de 124 893 pedonável e de ciclovia com um e 226 428 residentes, respetivamente. Em investimento global de cerca de 2,2 Rio de Mouro, no mesmo período, eram de milhões de euros. 10410 e 22 597, respetivamente. Em 1864 eram apenas 1301! Em suma, podemos afirmar que em 45 anos de democracia, Sintra evoluiu, fruto Atualmente, segundo dados da Câmara do investimento, de medidas políticas Municipal de Sintra: “No quadro nacional e progressistas e de bem-estar social. regional o Município de Sintra equivale a: - 4% da população total nacional (10 562 178 habitantes); - 13% dos habitantes de toda a Área Metropolitana de Lisboa (2 821 876); - 20% da população total dos 8 municípios do setor Norte da AML, incluindo o Município de Lisboa (1 905 591

habitantes) ”.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, publicado no site da CMS: “Sintra, com 377 835 habitantes é, logo após Lisboa (547 733 hab.), o segundo município mais populoso de Portugal. 38 Sucedem-se Vila Nova de Gaia, Porto, Cascais, Loures, Braga, Matosinhos, Amadora, Almada e Oeiras”.

GALERIA CAPÍTULO V

SINTRA E RIO DE MOURO: DA TRANSIÇÃO À ATUALIDADE

O projeto POLIS, criado com fundos da União Europeia, implementou várias mudanças no urbanismo do Cacém, essenciais à

melhor qualidade de vida da

população a esta região e uma melhor mobilidade em todo o concelho de Sintra.

SINTRA REVISTA MUNICIPAL (out-dez 2002) 39

CAPÍTULO V GALERIA

SINTRA E RIO DE MOURO: DA TRANSIÇÃO À ATUALIDADE

PLANO DE CONSTRUÇÃO DAS CICLOVIAS NO CONCELHO DE SINTRA (2018)

Mais uma vez, utilizando os fundos comunitários cedidos pela União Europeia, o concelho de Sintra aplica-os na sua mobilidade interna. Desta vez, numa ciclovia de quase 30 km de extensão, englobando cerca de 2,2 milhões de euros de investimento. A nossa freguesia está

situada na zona amarela, representando cerca de 10 km desta via ciclável e também pedonável.

40

GALERIA CAPÍTULO V

SINTRA E RIO DE MOURO: DA TRANSIÇÃO À ATUALIDADE

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA (c.1976) – PARTE 1 (CÓPIA)

Este excerto da Constituição Portuguesa, de 1976, mostra-nos e comprova as medidas de nacionalização das fábricas e empresas, anteriormente privadas. Demonstrando assim, as políticas de intervenção estatal implementadas durante o PREC. 41

GALERIA CAPÍTULO V SINTRA E RIO DE MOURO: DA TRANSIÇÃO À ATUALIDADE

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA (c.1976) – PARTE 2 (CÓPIA)

Este excerto da Constituição Portuguesa, de 1976, mostra-nos e comprova as medidas de nacionalização das fábricas e empresas. Sendo de facto fiscalizadas, 42 todas as partes privadas existentes no país.

CAPÍTULO VI O PASSADO E O FUTURO DA TRANSIÇÃO POLÍTICA: PERSPETIVAS PESSOAIS

A grande maioria dos portugueses tem destino outros países da Europa, em particular a França. O meu avô foi pais, tios e avós que viveram durante estes quentes anos da transição política um dos muitos que tiveram de do após 25 de Abril. Nós não somos emigrar, ilegalmente, a salto, para exceção. fora do país, demorando cerca de 10

dias a chegar ao seu destino, tudo Eu, Rodrigo Martins, tenho família que isto para que pudesse ter um viveu e experienciou o 25 de Abril e o trabalho, um salário, para poder longo caminho para a instauração da sustentar a sua família. E foi o que democracia em Portugal. As pessoas que aconteceu durante uns longos 20 mais sabem sobre este assunto, e com anos. Foi esta a realidade da minha os quais tenho muito gosto em falar, são família e de muitas outras neste os meus avós. A minha família paterna país! tem as suas origens numa pequena aldeia do interior de Portugal, pelo menos Após o 25 de Abril vieram as desde o início do século XIX. A principal aspirações pessoais das pessoas, mudança que eles me retratam com a que fizeram muitos deslocarem-se transição vivida no nosso país é mesmo do interior de Portugal para as a liberdade. Eles sempre viveram da grandes cidades como Lisboa. exploração da terra, da agricultura e da Também na minha família tenho o floresta. Em pleno século XX viviam sem exemplo do meu pai e tios que assim RODRIGO luz, sem água canalizada, sem fizeram em busca de melhores MARTINS rendimentos fixos, estando dependentes condições de vida, inicialmente para do seu árduo trabalho, pois a ditadura, si próprios, e depois para as suas para além de pouco se preocupar, famílias, para que o futuro fosse desvalorizava esta realidade social do mais risonho e prometedor para os mundo rural português, um Portugal seus filhos! pobre e subdesenvolvido. Devido à crise que se vivia em Portugal, desde o início da década de 60, e até 1974, muitos 43 portugueses emigraram tendo como destino outros países da Europa, em

CAPÍTULO VI O PASSADO E O FUTURO DA TRANSIÇÃO POLÍTICA: PERSPETIVAS PESSOAIS

A minha perspetiva sobre o 25 de seja, que tem mais jovens por cada Abril é diferente devido a ser, em 100 idosos. Isto quer dizer que

linguagem histórica, um momento também será dos concelhos com

“recente”. No contexto familiar uma maior taxa de natalidade do

eram poucos os que estavam na país nos próximos anos, logo a

região de Lisboa na época e por seguir a Lisboa.

isso não vivenciaram a transição Os subúrbios de Lisboa, a

política de perto. chamada linha de Sintra, que liga o

No entanto, não posso de deixar de concelho por via-férrea a Lisboa

realçar um aspeto importantíssimo. (Rossio e Oriente) são muito

Na época do 25 de Abril, Sintra não diversificados em termos

era dos concelhos mais populosos demográficos, populosos e com

do país. Aliás, isso está grande afluência de tráfico

comprovado pelas fontes que automóvel, o que torna o IC19 na

JOÃO PEDRO consultámos para a realização estrada mais movimentada da COSTA deste trabalho. Em Sintra, o grande Europa.

boom da habitação, começou após Sintra enquanto concelho evoluiu.

o 25 de Abril mas o seu “pico” Mas tem de evoluir mais, melhor e

aconteceu nos anos 80 do século mais rápido. E isso depende de passado (XX). Anteriormente a todos e, principalmente, de nós essa data, Sintra não tinha uma mesmos. Juntos, fazemos a das freguesias mais populosas da diferença. Europa, Mem-Martins. Este boom

foi-se criando com a chegada de

pessoas provenientes de vários

pontos do país. Isso aconteceu

com a minha família, mas mais tarde, já na década de 90. 44 Sintra é, neste momento, o concelho mais “jovem” do país, ou seja, que tem mais jovens por cada

CAPÍTULO VI GALERIA

O PASSADO E O FUTURO DA TRANSIÇÃO POLÍTICA: PERSPETIVAS PESSOAIS

ESTAÇÃO DOS COMBOIOS DE MEM-MARTINS/ALGUEIRÃO (1980|2019)

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GALERIA CAPÍTULO VI

O PASSADO E O FUTURO DA TRANSIÇÃO POLÍTICA:

PERSPETIVAS PESSOAIS

IGREJA/CAPELA DE NOSSA SENHORA DA NATIVIDADE (1960|2019)

46

CONCLUSÃO

Este trabalho, mais do que uma investigação entrar em contacto com grandes “Capitães diversificada a nível local, é um testemunho, de Abril “, conhecê-los pessoalmente, estar uma marca do que foi Portugal, das e falar com eles, e claro, recolher os seus transformações vividas e do país que temos testemunhos que cremos que enriqueceram

hoje. o nosso trabalho! Levámos igualmente a cabo uma pesquisa exaustiva abarcando Hoje, Portugal é livre. É uma democracia. É variadíssimas fontess desde obras um país que está em paz. É um país historiográficas a periódicos, que tanto desenvolvido. É um país com cidadãos, mostram o tenso e quente ano de 1975 cidadãos que contam e que têm direitos. como o Período Revolucionário Em Curso. Vivemos numa Europa onde estes ideais continuam presentes e têm a obrigação de O 25 de Abril e os tempos do PREC viveram- continuarem, pois é através desta Europa se em todo o país. que continuamos a viver Abril. Pode-se Ao longo destas semanas ficámos considerar que Abril não se viveu apenas em estupefactos com a intensidade do PREC no Portugal mas sim em toda a Europa e em nosso concelho e freguesia, pois apesar da todo o mundo ocidental e, claro, em todo o sua localização nos subúrbios de Lisboa, mundo lusófono. esta viveu fortemente o pós 25 de Abril. As conquistas de Abril foram conseguidas A partir de hoje olharemos para a nossa vila com muito sacrifício, dos milhares e milhares com outros olhos, conhecendo aqueles de portugueses que viveram nos tempos da locais, por onde passamos todos os dias, ditadura, dos que foram obrigados por um onde se viveu o período revolucionário, regime a combater nas três frentes da aquelas empresas, já tão antigas, que foram Guerra do Ultramar, dos milhares que nacionalizadas no período de transição, as tiveram de fugir do nosso país, ilegalmente, transformações urbanas e de infraestruturas a salto, para poderem ter uma vida digna, e que se verificaram, e não esquecer, as terem rendimentos para sustentar as suas pessoas, as pessoas que fizeram Abril e famílias. Foi este o preço para que com que tivemos o gosto de falar e passar possamos celebrar Abril, para que tenhamos belas tardes. Passámos a olhar Sintra e Rio um Portugal democrático! de Mouro com um outro olhar, o olhar do

Logo desde o princípio que tomámos a conhecimento, e com um pensamento decisão de tornar este trabalho em algo crítico, de forma a notarmos que Sintra e Rio 47 diferente. De tal forma que conseguimos de Mouro mudaram mas que a mudança LLLLL continua, dependendo de nós próprios.

CONCLUSÃO

Este foi o propósito deste projeto que abraçámos: contribuir para o aprofundar dos conhecimentos sobre a nossa História, local e nacional, que tanto contribuiu e contribui para o presente e futuro das nossas vidas!

“25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!”

“O povo unido jamais será vencido!”

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GLOSSÁRIO

AC: Assembleia Constituinte

AML: Área Metropolitana de Lisboa

C.: Cerca de

CEE: Comunidade Económica Europeia

CMS: Câmara Municipal de Sintra

COPCON: Comando Operacional do Continente

DR.: Doutor

EUA: Estados Unidos da América

FRELIMO: Frente de Libertação de Moçambique

IC19: Itinerário Complementar 19

MFA: Movimento das Forças Armadas

PAIGC: Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde

PCP: Partido Comunista Português

PIDE: Polícia Internacional e de Defesa do Estado PREC: Período Revolucionário Em Curso

UNESCO: em inglês: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization; em português: Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

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REFLEXÕES

O 25 de Abril está bastante presente nas mentes e vidas dos cidadãos portugueses. Nós, que somos já “netos" de Abril, temos, vemos, sentimos e vivemos num país democrático, livre, com todas as liberdades individuais, desde a de expressão à de voto, e olhando para o passado, e para os nossos próprios antepassados, em particular os nossos avós, reparamos que eles não tinham há 45 anos o país que temos hoje. Abril não pode cair jamais em esquecimento devido a toda essa geração de homens e mulheres, que lutaram por esta democracia.

O que apresentamos abaixo retrata mais que uma letra, mas um pensamento e um desejo

comum, um bem de todos, um objetivo nacional, que tanto se viveu no período de transição em Portugal, e que hoje, todos os dias, continua a ser vivido, que é a liberdade.

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“Uma gaivota voava, voava, asas de vento, REFLEXÕES coração de mar. Como ela, somos livres,

somos livres de voar!

Uma papoila crescia, crescia, grito vermelho num campo qualquer. Como ela somos livres, somos livres de crescer!

Uma criança dizia, dizia "quando for grande

não vou combater". Como ela, somos livres, somos livres de dizer!

Somos um povo que cerra

fileiras, parte à conquista

do pão e da paz. Somos livres, somos livres, não voltaremos atrás!...”

“Somos Livres” é uma canção datada de 1974 interpretada por Ermelinda Duarte.

Também conhecida como “A Gaivota Voava, Voava”, a canção celebra a liberdade

conquistada, tendo sido, pelo seu simbolismo, um dos temas mais populares a seguir ao derrube da ditadura do Estado Novo e o fim da censura pela Revolução de 25 de Abril. 51

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As histórias da História Las historias de la Historia

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