Universidade De Brasília Instituto De Relações Internacionais Programa De Pós-Graduação Em Relações Internacionais

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Universidade De Brasília Instituto De Relações Internacionais Programa De Pós-Graduação Em Relações Internacionais UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS RODOLFO ILÁRIO DA SILVA POVOS INDÍGENAS EM ISOLAMENTO VOLUNTÁRIO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: O SEXTO SÉCULO DE GENOCÍDIOS E DIÁSPORAS INDÍGENAS BRASÍLIA 2017 RODOLFO ILÁRIO DA SILVA POVOS INDÍGENAS EM ISOLAMENTO VOLUNTÁRIO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: O SEXTO SÉCULO DE GENOCÍDIOS E DIÁSPORAS INDÍGENAS Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Relações Internacionais. Área de Concentração: Política Internacional e Comparada Orientador: Prof. Dr. Alcides Costa Vaz BRASÍLIA 2017 RODOLFO ILÁRIO DA SILVA POVOS INDÍGENAS EM ISOLAMENTO VOLUNTÁRIO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: O SEXTO SÉCULO DE GENOCÍDIOS E DIÁSPORAS INDÍGENAS Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Relações Internacionais. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Presidente - Prof. Dr. Alcides Costa Vaz (Orientador) Universidade de Brasília (UnB) __________________________________________________ Profª. Drª. Cristina Yumie Aoki Inoue (Examinadora) Universidade de Brasília (UnB) __________________________________________________ Prof. Dr. João Nackle Urt (Examinador) Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) __________________________________________________ Prof. Dr. Cristhian Teófilo da Silva (Examinador) Universidade de Brasília (ELA-UnB) __________________________________________________ Prof. Drª. Ana Flávia Granja e Barros (Suplente) Universidade de Brasília (UnB) Brasília – DF, 07 de Dezembro de 2017. À minha família, com amor. Aos povos indígenas e ancestrais, com respeito. A Raimundo Irineu Serra, José Gabriel da Costa, e Daniel Pereira de Matos, com gratidão. AGRADECIMENTOS De todo coração, agradeço primeiramente à minha mãe, Luciane, e ao meu pai, Carlos, pelo amor que me deram, pelas oportunidades que me ofereceram e por todas as sementes que plantaram em minha vida. Agradeço ao meu irmão Carlos pelo exemplo de seriedade, trabalho e pela amizade que desenvolvemos. Agradeço à minha irmã Bárbara por tudo que eu pude aprender sendo seu irmão e amigo. Eu amo vocês. Aos muitos amigos com que a vida me presenteou eu também agradeço com alegria. Irmãos que também foram e são fundamentais para mim. Um abraço a toda nossa turma de Bebedouro-SP: Patrick, Carnero, Cássio, Fábio, Bim, Vitão, Guilherme, Thiago, meu primo Paulão. Aos irmãos e companheiros na bela jornada por Marília-SP: Lucas, Matheus, Hermes, Neto, Caio, Bebeto, Du, Léo Lessin, Carlitos Aurélio, Henricão e Léozito. Ao Alejandro, pela amizade e parceria ao longo de todo o período do doutorado. Agradeço especialmente ao amigo Antenor Vaz, pelo diálogo, pelos incentivos e pela imensa contribuição que teve para esta pesquisa, renovando meu interesse pelo tema a cada conversa que tivemos e oferecendo muito mais livros, artigos, documentos, dados e conhecimentos do que eu pude analisar, por enquanto. Agradeço ao meu orientador, Alcides Costa Vaz, pela confiança em meu trabalho, por ouvir as minhas ideias e as minhas dificuldades ao longo dessa jornada de doutoramento acadêmico, acompanhada de outras provas e mudanças da vida. Sua serenidade, orientação e incentivo foram fundamentais, professor. Assim agradeço também aos demais professores, funcionários e colegas do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade de Brasília, bem como a esta instituição que acolheu o presente trabalho. Agradeço também à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa recebida entre Março de 2014 e Setembro de 2015 para a realização desta pesquisa. Um agradecimento especial também à Universidade Federal do Tocantins (UFT), instituição na qual tive a felicidade de ingressar como professor efetivo do curso de Relações Internacionais no ano de 2015, e que me concedeu afastamento para qualificação ao longo do ano de 2017, tornando viável e muito mais produtiva a fase final de redação desta tese. Também aos alunos, pela inspiração e pelos desafios que despertam. Assim agradeço também a todos os amigos e amigas que tornaram minha chegada ao Tocantins ainda mais alegre, especialmente a Emerson Jorge, Ângelo e Vaídes Borges, na pessoa de quem agradeço a toda irmandade do Céu do Cerrado, que me acolheu, me alegrou, e foi também fundamental para que eu conseguisse levar a cabo este trabalho. Por fim, esta parte do trabalho também é dedicada a agradecer a todos e todas que defenderam e que seguem defendendo a Floresta Amazônica e seus povos, principalmente àqueles que o fazem a partir de dentro, lá, nas linhas de frente, enfrentando a violência covarde dos invasores, antigos e contemporâneos. O primeiro agradecimento é devido, portanto, aos povos indígenas, que resistiram e continuam resistindo bravamente à invasão e à destruição de seus territórios, culturas, cosmologias, da natureza e de suas diversas formas de vida. Muitos outros povos e pessoas se somam a essa luta, de distintas formas. E fazem isto mesmo sabendo dos incontáveis e frequentes assassinatos, historicamente impunes e que continuam a ocorrer com frequência e em quantidades inaceitáveis. “Cipó Caboclo tá subindo na virola Chegou a hora do Pinheiro balançar Sentir o cheiro do mato, da Imburana Descansar, morrer de sono na sombra da Barriguda De nada vale tanto esforço do meu canto Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar Tal Mata Atlântica e a próxima Amazônica Arvoredos seculares impossível replantar Que triste sina teve o Cedro, nosso primo Desde de menino que eu nem gosto de falar Depois de tanto sofrimento seu destino Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar Quem por acaso ouviu falar da Sucupira Parece até mentira que o Jacarandá Antes de virar poltrona, porta, armário Mora no dicionário, vida eterna, milenar Quem hoje é vivo corre perigo E os inimigos do verde dá sombra ao ar Que se respira e a clorofila Das matas virgens destruídas vão lembrar Que quando chegar a hora É certo que não demora Não chame Nossa Senhora Só quem pode nos salvar é Caviúna, Cerejeira, Baraúna Imbuia, Pau-d'arco, Solva Juazeiro e Jatobá Gonçalo-Alves, Paraíba, Itaúba Louro, Ipê, Paracaúba Peroba, Massaranduba Carvalho, Mogno, Canela, Imbuzeiro Catuaba, Janaúba, Aroeira, Araribá Pau-Ferro, Angico, Amargoso, Gameleira Andiroba, Copaíba, Pau-Brasil, Jequitibá Música: Matança, Letra: Jatobá Ínterprete: Xangai Álbum: Cantoria 1 RESUMO Esta pesquisa é dedicada ao estudo macro-histórico sobre os povos indígenas em isolamento e recente contato (PIIRC) presentes na Amazônia brasileira. Segundo a Organização das Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos, existem aproximadamente 200 grupos indígenas vivendo em situações de isolamento na América do Sul. No Brasil, o Estado reconhece a existência de 103 grupos em isolamento e 18 grupos de recente contato, praticamente todos localizados na região amazônica. O objetivo geral da pesquisa é compreender como a situação contemporânea destes povos está relacionada com as dinâmicas de expansão política, territorial e econômica dos processos de colonização e de colonialismo interno no país. A hipótese trabalhada é a de que esta situação pode ser descrita como o sexto século de genocídios e de diásporas indígenas, verificada a continuidade das práticas de violências, usurpações territoriais e violações de direitos dos povos indígenas, bem como os processos de fuga sistemática a que estão submetidos os grupos que se recusam a manter relações com a sociedade envolvente. Ambos os processos, de genocídios e diásporas, se iniciaram com a colonização, prosseguiram através do colonialismo interno, e seguem em curso atualmente por meio da apropriação dos recursos e dos territórios amazônicos para serem incorporados aos mercados nacional/global. Logo, a dimensão cronológica desta caracterização não pretende representar um processo absoluto e linear, mas dinâmicas que passaram por momentos de maior e de menor intensidade, com mudanças dos agentes históricos envolvidos, mas que, até esta segunda década do século XXI, ainda não foram abolidas. Tampouco se trata de promover uma perspectiva de vitimização histórica dos povos indígenas, visto que as diásporas e o isolamento voluntário são estratégias indígenas de resistência e de busca pela autodeterminação. Palavras-chave: Amazônia; Povos indígenas; Isolamento Voluntário. ABSTRACT According to the United Nations and the Organization of American States there are approximately 200 indigenous groups living in isolation or recent contact (PIIRC) in South America. In Brazil, the government recognizes 103 groups in isolation and 18 groups in recent contact. From a macro-historical perspective, the main objective is to identify how the contemporary situation of these peoples is related to the political, territorial and economic expansion dynamics of the colonization and internal colonialism processes in Brazil. Our hypothesis is that this situation can be described as the sixth century of indigenous genocides and diasporas, due to the continuity of practices of violence, territorial usurpations and violations of the rights of indigenous peoples, besides the processes of systematic run away imposed to the groups that refuse to maintain relations with the surrounding society. Both processes of genocide and diaspora began with colonization, were succeeded by internal colonialism, and they currently
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