Corpo-Em-Fluxo
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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO Centro de Letras e Artes – CLA Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas - PPGAC CLÁUDIA REGINA GARCIA MILLÁS Corpo-em-fluxo Dança e escalada como práticas de emancipação para o artista da cena Rio de Janeiro - RJ 2019 CLÁUDIA REGINA GARCIA MILLÁS Corpo-em-fluxo Dança e escalada como práticas de emancipação para o artista da cena Tese apresentada ao Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas do Centro de Artes e Letras da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro para obtenção do título de Doutora em Artes Cênicas. Área de concentração: Artes Cênicas Orientador: Prof. Dr. Adilson Florentino Rio de Janeiro - RJ 2019 Catalogação informatizada pelo(a) autor(a) Millás, Cláudia Regina Garcia M645 Corpo-em-fluxo: dança e escalada como práticas de emancipação para o artista da cena / Cláudia Regina Garcia Millás. -- Rio de Janeiro, 2019. 243 p. Orientador: Adilson Florentino da Silva. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, 2019. 1. dança. 2. escalada. 3. cura. 4. emancipação . 5. criação. I. Silva, Adilson Florentino da , orient. II. Título. Aos meus alunos, parceiros de travessia. AGRADECIMENTOS Vê-se necessária esta lista de agradecimentos a todos aqueles que fizeram parte da pesquisa, direta ou indiretamente, contribuindo para sua realização. Sabe-se que insuficientes são as palavras e grande o risco em não dar conta de todos os envolvidos. No entanto, torna-se uma ação imprescindível reconhecer seus esforços e engajamento, já que esta pesquisa se fez a muitas mãos. Agradeço, então: À minha mãe, leitora assídua e interlocutora desta pesquisa. Aos alunos, sempre, por me ensinarem e se disporem nas diversas práticas. Aos professores do PPGAC (Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), em especial Tatiana Motta Lima, pelas ricas trocas de experiência e acolhida generosa. Aos colegas de doutorado, em especial Kátia Maffi, pela escuta e companheirismo, e Paola Vasconcelos pela parceria no momento de defesa de tese. À Casa 69, por me receber no Rio de Janeiro e propiciar um ambiente de criação. À Camila Fersi por suas aulas de dança e ao Guilherme Mattos, por suas propostas acrobáticas e por adentrar como diretor no trabalho “Sobre o que desaba e que não sei dizer”. Ao CEB (Centro Excursionista Brasileiro), por abrir seu acervo de consulta e espaço de pesquisa, em especial ao membro Celso Perin, pelos materiais cedidos e pelas conversas generosas. Aos parceiros de escalada, Adílio Santos, Marcus, Letícia Ramos, Dani, e Emerson Gaier Rosa. E aos professores da Cia da Escalada do Rio de Janeiro. Fernando Barcelos pelas conversas; Leandro Rivieri pela revisão do texto e parceria em diversas salas de ensaio; e Daniel Santos pelos laboratórios de criação e escuta. Adilson Florentino, orientador desta pesquisa, por impulsionar o trabalho e torná-lo palpável e findo. Aos membros das bancas de defesa e qualificação, em especial à Jacyan Castilho, por sua leitura cuidadosa e atenta, com apontamentos detalhados. E ao Tadeu de Oliveira, pelo amor, escuta e parceria, nas alturas e no chão. RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo defender a tese de que a prática da escalada tradicional brasileira (DAFLON, 2016), como uma atividade na natureza (MARINHO, 2008, 2004, 2001), pode ser relevante para pensar e entender conceitos-chave das artes da cena, por possibilitar uma experiência de fluxo ao praticante (CSIKSZENTMIHALYI, 2002), que ao se dispor por inteiro no momento presente, concentrado, engajado e íntegro com seu corpo e mente na ação, sentindo-se conectado consigo, com o outro e com o meio, numa dinâmica ecológica (GUATTARI, 2012), com sensação de pertencimento ao mundo, promove um aumento da potência de vida, de sua complexidade, como uma possibilidade de cura (CANGUILHEM, 2009), considerada como emancipatória (SANTOS, 2007) e na qual o ser, desafixado, quando desaparece aquilo que o define e o paralisa como sujeito (SAFATLE, 2015) volta ao movimento da vida, transformando e se recriando ao longo do percurso (DUNKER 2015, 2008). Para isso, a autora se utiliza de uma abordagem qualitativa, da prática como pesquisa (BARRET; BOLT, 2007), por meio do método cartográfico (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2010; ROLNIK, 2011), investigando de que forma a experiência com a escalada influenciou e complexificou suas ações como docente, pesquisadora e artista, numa tríade dinâmica, utilizando a narrativa, os diários de campo, depoimentos de alunos, imagens, vídeos, criações artísticas e diálogo com autores. Busca-se criar uma proposta de Dança Acrobática, a partir da perspectiva de que a acrobacia não se define por uma forma, mas por uma prática que lida com o extremo, o risco e com o que está no limite, por meio de uma qualidade e relação com o espaço incomum, fazendo com que o acrobata reconfigure a si mesmo, sem padrões enrijecidos, retificados e mecânicos (SOARES, 2017; SOARES; FRAGA, 2003). Pretende-se trabalhar em direção a um corpo-em- fluxo, utilizando saberes diversos, numa forma ecológica (SANTOS 2007, 2006, 2003, 2000), em que é acionada a dança (LOUPPE, 2012) e os fundamentos da educação somática (BERTAZZO, 2010, 2012; MULLER, 2007; VIANNA, 2005; CHAMPIGNION, 2003; GODELIEVE, 1995) para criação de um treinamento nas artes da cena (ARTAUD, 1993; FERRACINI, 2006, 2009, 2012; BURNIER, 2009), em diálogo com o circo, a escalada, o teatro, a música e o que mais for necessário para tal. Percebe-se a aproximação entre arte e vida e a necessidade de nos colocarmos como sujeitos da ação, passíveis à transformação. Palavras-chave: dança, escalada, corpo-em-fluxo, cura, emancipação, criação. ABSTRACT This research aims to defend the thesis about the traditional Brazilian rock climbing practices (DAFLON, 2016) as an activity in nature (MARINHO, 2008, 2004, 2001) that has become relevant to understand key concepts of the Arts of the Scene. As climbing enables the practitioner to experience flow (CSIKSZENTMIHALYI, 2002), which by being fully aware at the present moment, concentrated, engaged and intact with the body and mind in action, will feel connected with itself, with the other and with the environment, within an ecological dynamic (GUATTARI, 2012), that gives a sense of belonging to the world. This promotes an increased Power of Life, in its complexity, that has healing potential. (CANGUILHEM, 2009). These practices can be considered emancipatory (SANTOS, 2007), when leading the being that feels unattached from what defines it and hence feels the self paralyzed (SAFATLE, 2015) to return to the movement of life, by transforming and recreating itself along the way (DUNKER 2015, 2008). The author uses a qualitative approach for practice and research (BARRET; BOLT, 2007), through the cartographic method (PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2010; ROLNIK, 2011), investigating how the climbing experience influenced and enriched her actions as a teacher, researcher and artist, using narrative, field diaries, student statements, images, videos, artistic creations and dialogue with authors. This work seeks to create an Acrobatic Dance proposal, from the perspective that acrobatics are not defined by a form, but by a practice that deals with the extreme, the risk and the limits therein, through a relation with an unusual space, provoking the acrobat to reconfigure itself, without rigid, rectified and mechanical patterns (SOARES, 2017; SOARES; FRAGA, 2003). Working towards a state of flow as a body-in-flow, through various means, entwined with the environment with an ecological form (SANTOS 2007, 2006, 2003, 2000), in which dance is triggered (LOUPPE, 2012) and founds a somatic education(BERTAZZO, 2010, 2012; MULLER, 2007); VIANNA, 2005; CHAMPIGNION, 2003; GODELIEVE, 1995), which aims to create a training method in the Arts of the Scene (ARTAUD, 1993; FERRACINI, 2006, 2009, 2012; BURNIER, 2009), that dialogue with the acrobatics, climbing, theater and music. We perceive the approximation between art and life and the need to place ourselves as action subjects, susceptible to transformation. Keywords: dance, climbing, body-in-flow, healing, emancipation, creation. LISTA DE IMAGENS (Quando aparecem ao longo do texto, na ordem de cima para baixo e da esquerda para a direita) Página 69 Via Passagem dos Olhos – Pedra da Gávea, Rio de Janeiro – RJ, 2019. Foto: Tadeu de Oliveira Página 70 Via (nome desconhecido) - Cantagalo, Rio de Janeiro – RJ, 2018. Foto: Adílio Santos Via dos Italianos - Pão de Açúcar, Rio de Janeiro – RJ, 2017. Foto: Andre Kuhner Via El Paseo - Sítio do Rod, Lapinha – MG, 2019. Foto: Maurício Página 71 Via Antônio Calado - face norte, morro da Urca, Rio de Janeiro – RJ, 2018. Foto: Adílio Santos Via (nome desconhecido) - Arcos – MG, 2018. Foto: Isabel Ramos Morro Boa Vista, face nordeste, Rio de Janeiro – RJ, 2018. Foto: Letícia Ramos Morro São João, Chacrinha, Rio de Janeiro – RJ, 2018. Foto: Marcos Babu Grauzinho, Urca, Rio de Janeiro – RJ, 2018. Foto: Emerson Gaier Rosa Página 72 Via Madame Satã - Aderência Sumaré, Jardim Botânico, Rio de Janeiro – RJ, 2018. Foto: Adílio Santos Página 73 Via dos Italianos - Pão de Açúcar, Rio de Janeiro – RJ, 2017. Foto: Andre Kuhner Via Cúmulus – Pedra do Elefante, Andradas – MG, 2019. Foto: Tadeu de Oliveira Página 74 Via Linha Vermelha - Pedreira do Garcia, Campinas – SP, 2019. Foto: Paulo Jardine Kikumoto Página 75 Via K2 – Corcovado, Rio de Janeiro – RJ, 2019. Foto: Flávio Leone Página 84 Curso de Guia de Cordada da Cia da Escalada, Rio de Janeiro – RJ, 2017. Foto: autor desconhecido. Página 85 Treino de escalada indoor. Vertical Escalada, Uberlândia – MG, 2018. Foto: Beatriz Freire Página 94 Visão panorâmica da Urca e Botafogo a partir da Via Luiz Arnaud – Morro da Babilônica, Rio de Janeiro – RJ, 2017. Foto: autora Visão panorâmica da praia Vermelha a partir da Via Luiz Arnaud – Morro da babilônia, Rio de Janeiro – RJ, 2017. Foto: autora Página 126-128 Espetáculo “Ao Vestir Vertigens”, Campinas – SP, 2012.