José De Alencar E a Escravidão: Suas Peças Teatrais E O Pensamento Sobre O Processo Abolicionista

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José De Alencar E a Escravidão: Suas Peças Teatrais E O Pensamento Sobre O Processo Abolicionista 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE LITERATURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS MESTRADO EM LITERATURA COMPARADA NATHAN MATOS MAGALHÃES JOSÉ DE ALENCAR E A ESCRAVIDÃO: SUAS PEÇAS TEATRAIS E O PENSAMENTO SOBRE O PROCESSO ABOLICIONISTA FORTALEZA – CEARÁ 2015 2 NATHAN MATOS MAGALHÃES JOSÉ DE ALENCAR E A ESCRAVIDÃO: SUAS PEÇAS TEATRAIS E O PENSAMENTO SOBRE O PROCESSO ABOLICIONISTA Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará, como requisito à obtenção do título de Mestre em Letras. Área de Concentração: Literatura Comparada. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Almeida Peloggio. FORTALEZA – CEARÁ 2015 3 4 NATHAN MATOS MAGALHÃES JOSÉ DE ALENCAR E A ESCRAVIDÃO: SUAS PEÇAS TEATRAIS E O PENSAMENTO SOBRE O PROCESSO ABOLICIONISTA Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará, como requisito à obtenção do título de mestre em letras. Área de Concentração: Literatura Comparada. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Almeida Peloggio. Aprovada em: ___/___/______. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Almeida Peloggio (Orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC) ___________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Magalhães Leitão Universidade Federal do Ceará (UFC) ___________________________________________ Prof. Drª. Sarah Diva Ipiranga Universidade Estadual do Ceará (UECE) 5 AGRADECIMENTOS Dedico este trabalho aos meus pais, que primaram pela minha educação. Sem ela eu não seria o que sou. A Camila Araujo, minha noiva, que garantiu que eu mantivesse a consciência sã e o espírito sempre alegre para que eu chegasse onde cheguei e pretendo chegar, sem o seu apoio, provavelmente, eu não estaria aqui. A toda a minha família, principalmente meus irmãos, Renan e Matheus, a quem eu espero poder ser um ponto de referência para que consigam sonhar o melhor pra si e que consigam atingir esses sonhos e que ninguém os impeça de realizá-los. Ao Marcelo Peloggio, meu orientador, por ter aberto os braços para que eu pudesse caminhar ao seu lado para apreender e aprender conhecimentos que provavelmente eu deixaria de lado durante a vida e por ter sido um dos responsáveis diretos em minha caminhada acadêmica. Ao Rodolpho Teles, meu amigo, meu irmão, que me ajudou a revisar questões importantes sobre a abolição e os momentos históricos do nosso país para uma melhor análise do meu trabalho e por toda a sua vida conversar comigo sobre assuntos fundamentais. Ao Madjer Pontes, grande amigo, que sempre esteve disposto a ouvir meus comentários sobre a literatura e pelas longas conversas que tivemos em todos esses anos de academia. Ao Rodrigo de Agrela, por me apoiar, incentivar e acalmar os meus ânimos enquanto eu escrevia a dissertação e por ter, durante todo esse tempo de amizade, ter contribuído para a minha formação intelectual e acadêmica. Ao Klauber Renan, que contribuíram diretamente na escrita desse texto, tornando- o mais legível aos olhares dos leitores. Ao Grupo de Estudos de Estética, Literatura e Filosofia – GEELF – Arlene Vasconcelos, Dariana Gadelha, Sandra Mara, Gabriele Teixeira – que sem dúvidas proporcionou um crescimento intelectual aos meus estudos, aos quais eu sou imensamente grato. A CAPES, pelo apoio financeiro com a manutenção da bolsa de auxílio. 6 “O pensamento é a arma mais poderosa que Deus deu ao homem, e que com ela se abatem os inimigos, se quebra o ferro, se doma o fogo, e se vence por essa força irresistível e providencial que manda ao espírito dominar a matéria.” (José de Alencar, em O Guarani) 7 RESUMO José de Alencar foi taxado de escravagista pelo fato de acreditar que a abolição não deveria ser realizada de maneira imediata, como desejava a maioria dos abolicionistas. Nossa pesquisa investiga, a partir de duas obras da dramaturgia alencarina – O demônio familiar (1857) e Mãe (1860) –, o entendimento do autor cearense sobre o regime escravista no Brasil. Além das peças, ponto de partida de nosso estudo, fazemos uso das cartas intituladas Novas cartas políticas de Erasmo, ao Imperador (1867), pois sua leitura, em comparação com outros textos do autor, pôde nos proporcionar uma nova perspectiva de análise acerca do pensamento crítico de José de Alencar. Podemos afirmar que a visão de alguns pesquisadores sobre o pensamento alencarino acerca da escravidão está incompleta, destarte a necessidade de se preencher algumas lacunas, tendo como corpus, também, os Discursos parlamentares de José de Alencar (1977) – obra que reúne os discursos políticos do autor cearense sobre o elemento servil –, obras importantes de críticos como Raimundo de Menezes, R. Magalhães Júnior, Raymond Sayers, Décio de Almeida Prado e Luiz Fernando Valente, que se debruçaram sobre a obra alencarina, e a leitura de alguns textos literários que nos ajudaram na crítica aqui desenvolvida, entre eles está As vítimas-algozes: quadros da escravidão (2010), de Joaquim Manuel de Macedo. Assim sendo, no primeiro capítulo, é mostrado o modo pelo qual Alencar marca presença na dramaturgia brasileira, abordando um tema espinhoso para sua época: a escravidão e a importância de suas peças para o avanço da emancipação. No segundo capítulo, analisamos a obra O demônio familiar, que até hoje suscita debates sobre o fato de ser ou não uma obra de caráter abolicionista, e, no terceiro capítulo, realizamos uma abordagem sobre a obra Mãe, onde evidenciamos as relações existentes entre senhor e escravo e qual a importância da obra para a luta contra a escravidão no país ou para a sua permanência naquela época. Dessa maneira, elencamos pontos que mostram as razões que levaram a crítica a denominar José de Alencar como um escravagista, assim como argumentos que fizeram com que alguns críticos vissem em suas obras posicionamentos em que levantava a bandeira da abolição, mas considerando apenas a emancipação gradual como melhor solução para toda a sociedade. Palavras-Chave: José de Alencar. Abolição. Escravidão. Mãe. O demônio familiar. 8 ABSTRACT José de Alencar was called a slaver for believing that the abolition should not happen immediately, as it was the wish of most abolitionists. Our research investigates the understanding of the Cearence author about the slave regime in Brazil from two of his dramaturgy works – O demônio familiar (1857) and Mãe (1860). Besides these plays, which are the starting point of our study, we use the letters entitled Novas cartas políticas de Erasmo, ao Imperador (1867), for its reading, in comparison with other texts from the author, could provide us with a new perspective of analyses about José de Alencar’s critical thinking. We can affirm that the vision of some researchers about Alencar’s thoughts about slavery is incomplete, thus the necessity of feeling some blanks, having as corpus the Discursos parlamentares de José de Alencar (1977) as well – a work that gathers the political speeches of the Cearence author about the servile element; important works of critics such as Raimundo de Menezes, R. Magalhães Júnior, Raymond Sayers, Décio de Almeida Prado and Luiz Fernando Valente, that address the work of Alencar, as well as the reading of some literary texts that helped us with the critic developed here, among which we have As vítimas- algozes: quadros da escravidão (2010), by Joaquim Manoel de Macedo. Therefore, in the first chapter, we show the way Alencar makes himself present in the Brazilian dramaturgy, approaching a thorny theme for his time: the slavery and the importance of his plays for the progress of emancipation. In the second chapter, we analyze O demônio familiar, which until today arises discussion about being an abolitionist work or not. At last, in the third chapter, we conduct an approach about Mãe, where we highlight the existing relationship between lord and slave and what is the importance of the work for the battle against slavery in the country or for its stay in that time. Thereby, we enlist the points that show the reasons that took the critic to classify José de Alencar as a slaver, as well as the arguments that made some critics see in his works that he encouraged the abolition, but considering the gradual emancipation as the best solution for the society as a whole. Key words: José de Alencar. Abolition. Slavery. Mãe. O demônio familiar. 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10 2 JOSÉ DE ALENCAR PARA ALÉM DO ROMANCE .......................................... 21 2.1 O teatro alencarino e o tema da escravidão ......................................................... 32 2.2 O negro na obra alencarina ................................................................................... 36 2.3 A crítica que empobreceu a imagem de José de Alencar .................................... 46 3 “O DEMÔNIO FAMILIAR”, UM LIBELO CONTRA A ESCRAVIDÃO ........ 59 3.1 A escravidão como elo das obras O demônio familiar e As vítimas algozes........ 60 3.1.1 Pedro e Simeão, uma inocência que se perde ........................................................ 62 3.1.2 A escravidão como condição para a perpetuação de um mal ................................ 65 3.2 José de Alencar e a discordância à Lei do Ventre Livre ..................................... 72 3.3 Joaquim Nabuco e a crítica sobre o escravagismo de José de Alencar ............. 81 4 “MÃE” E A RELAÇÃO SENHOR-ESCRAVO......................................................... 92 4.1 Joana, a heroína negra em situação-limite
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