Casa De Oswaldo Cruz – FIOCRUZ Programa De Pós-Graduação Em História Das Ciências E Da Saúde
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Casa de Oswaldo Cruz – FIOCRUZ Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde CÉSAR GUERRA CHEVRAND DOUTORES DA DITADURA: MÉDICOS, REPRESSÃO POLÍTICA E VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL (1964-1985) Rio de Janeiro 2021 II CÉSAR GUERRA CHEVRAND DOUTORES DA DITADURA: MÉDICOS, REPRESSÃO POLÍTICA E VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL (1964-1985) Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: História das Ciências. Orientador: Prof. Dr. Gilberto Hochman Rio de Janeiro 2021 III CÉSAR GUERRA CHEVRAND DOUTORES DA DITADURA: MÉDICOS, REPRESSÃO POLÍTICA E VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL (1964-1985) Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: História das Ciências. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Gilberto Hochman (Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz) – Orientador Prof. Dra. Samantha Viz Quadrat (Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense) Prof. Dr. Romulo de Paula Andrade (Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz) Suplentes: Prof. Dra. Tamara Rangel Vieira (Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz-Fiocruz) Prof. Dr. Érico Silva Alves Muniz (Faculdade de História da Universidade Federal do Pará) Rio de Janeiro 2021 IV V Aos mortos e desaparecidos na ditadura militar e às vítimas da Covid-19 no Brasil. VI AGRADECIMENTOS Esta pesquisa é e realização de um sonho. Assim como um grande desafio. Antes mesmo de ingressar na graduação em História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ, em 2000, eu já tinha o desejo de investigar a ditadura militar brasileira e fazer parte da luta por Memória, Justiça, Verdade e Reparação no país. Cumprir esta missão no âmbito da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e contribuir com novas interseções entre História Política e História da Saúde me enchem de orgulho. Agradeço a meus pais Jorge Chevrand e Lucia Maria Guerra Chevrand, que me ensinaram o amor pelo belo, pelo justo, pelo bom e pelo verdadeiro. A minha querida tia Leila, professora de História, e a todos os educadores da família. Agradeço a Fernanda Soares, meu amor, companheira de vida, presença indispensável nos melhores e piores momentos desta caminhada. Agradeço aos professores do Colégio Pedro II – Humaitá, da Faculdade de Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e do IFCS/UFRJ, que cultivaram em mim a paixão pelo saber e a consciência da minha responsabilidade social. Agradeço à Fundação Oswaldo Cruz e à Casa de Oswaldo Cruz pela oportunidade desta pesquisa, com a alegria e a satisfação de ser um servidor público e um trabalhador do Sistema Único de Saúde (SUS). Agradeço aos colegas e professores do PPGHCS, com quem aprendi e aprendo muito nesta jornada e no dia a dia. Saúdo especialmente os professores André Felipe Cândido da Silva, Simone Kropf, Lorelai Kury, Ricardo Cabral, Keila Carvalho e Gilberto Hochman, pelos cursos ministrados. Agradeço a Gisele Sanglard e à coordenação do programa. Ao apoio de Sandro Hilário, Paulo Chagas e dos colegas da secretaria. Deixo uma saudação, em particular, ao professor Romulo Andrade, que incentivou desde o primeiro momento este projeto e também fez parte da minha banca. Agradeço, mais uma vez, ao professor e orientador Gilberto Hochman, que, mesmo à distância, acompanhou de perto esta pesquisa em nossos encontros virtuais pelo Zoom. Sua parceria e sua experiência fizeram a diferença ao longo desta trajetória. Estendo também meus cumprimentos à professora Samantha Quadrat, pelas valiosas contribuições sobre repressão política e lugares de memória em minha banca. Agradeço, muito, aos entrevistados Ivan Seixas, Paulo Gadelha, Mauro Brandão, Laerte Vaz de Melo e Cecília Coimbra. Foi uma honra conhecer cada um de vocês e um privilégio contar com suas contribuições neste trabalho. Mauro Brandão e Cecília Coimbra foram interlocutores e incentivadores de primeira hora do projeto. Muito obrigado. VII Agradeço a todas as pessoas que contribuíram direta e indiretamente com esta pesquisa. A Paulo Elian e à diretoria da COC/Fiocruz. A Rodrigo Murtinho, diretor do Icict/Fiocruz. A Aline Lopes de Lacerda e Regina Marques da COC/Fiocruz. Aos queridos colegas da Fundação Renata Moehlecke, Graça Portela e Eduardo Müller e aos amigos da Assessoria de Comunicação da Casa de Oswaldo Cruz. A Ana Maria Tambelini, pela generosidade com que sempre me atendeu. A Maria do Carmo e à equipe do Centro de Pesquisa e Documentação (CPDOC) do Cremerj, Aos amigos do Núcleo Memória de São Paulo. Aos meus gatos Ziggy, Nico e Ramona, meus amuletos. Ao Clube de Regatas do Flamengo, nossa glória é lutar! Conduzir um projeto de pesquisa, entre 2018 e 2021, sobre médicos, ditadura, repressão política e violações de direitos humanos em meio a ameaças e bravatas de um novo golpe e envolto na tragédia da pandemia de Covid-19 não foi nada simples. Por outro lado, todas as dificuldades também serviram de estímulo ao atestar a relevância e a validade dos debates sobre médicos, ética e repressão política não somente nos ambientes acadêmicos, mas também na opinião pública. O sonho ousado deste projeto de pesquisa valeu a pena. Obrigado à vida. Obrigado aos camaradas. Até a vitória. Sempre! VIII Esse silêncio enlouquece se houvesse mais alguém seria mais fácil Hoje veio o médico falou pro coronel que ainda dá prá bater nas minhas costas. (ALEX POLARI DE ALVERGA, 1978) Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça. (JURAMENTO DE HIPÓCRATES) IX RESUMO Esta dissertação tem como objetivo principal analisar a participação estratégica e sistemática de médicos brasileiros no aparato repressivo da ditadura militar (1964-1985). Tendo como base inicial os documentos do projeto Brasil Nunca Mais e da Comissão Nacional da Verdade (CNV), esta dissertação busca identificar e compreender de que diferentes maneiras estes profissionais de saúde contribuíram com seus conhecimentos técnico-científicos para o funcionamento e o aperfeiçoamento da repressão, em contrariedade ao Juramento de Hipócrates e ao código de ética profissional. A partir de visão ampliada do impacto da violência da ditadura sobre a categoria médica, a análise também descreve a perseguição a médicos, estudantes de medicina e cientistas da área da Saúde e aponta como médicos progressistas, organizados no Movimento Médico, integraram-se às lutas pela redemocratização do país, incorporando questões de direitos humanos a sua agenda corporativa. Apoiada também em entrevistas com Cecília Coimbra, Ivan Seixas, Laerte Vaz de Melo, Mauro Brandão e Paulo Gadelha, esta dissertação reconstitui como a conquista da direção das entidades médicas brasileiras possibilitou e impulsionou, nos conselhos de medicina, a abertura de processos ético-profissionais contra médicos acusados de envolvimentos em graves violações de direitos humanos durante a ditadura. Destacando a aliança entre médicos progressistas e vítimas e familiares de mortos e desaparecidos na denúncia dos “doutores da ditadura”, ainda durante o chamado processo de abertura política, a dissertação descreve a atuação do médico dentro do aparelho repressivo, detalhando as tipologias mais comuns, do médico da tortura e do médico legista, e revelando a complexidade das relações entre medicina e violência política na ditadura militar. X ABSTRACT This dissertation has as main objective to analyze the strategic and systematic participation of Brazilian doctors in the repressive apparatus of the military dictatorship (1964-1985). Based on the documents of Brasil Nunca Mais project and the National Truth Commission (CNV), this dissertation seeks to identify and understand the different ways that these health professionals contributed with their technical and scientific knowledge to the functioning and improvement of the repression, contrary to the Hippocratic Oath and the professional code of ethics. From an expanded view of the impact of dictatorship's violence on the medical category, the analysis also describes the persecution of doctors, medical students and health scientists and points out how progressive doctors, organized in the Medical Movement, joined the struggles for the redemocratization of the country, incorporating human rights issues into its corporate agenda. Also supported by interviews with Cecília Coimbra, Ivan Seixas, Laerte Vaz de Melo, Mauro Brandão and Paulo Gadelha, this dissertation reconstitutes how the conquest of the direction of Brazilian medical entities made possible and boosted, in the medical councils, the opening of ethical-professional processes against doctors accused of involvement in serious human rights violations during the dictatorship. Highlighting the alliance between progressive doctors and victims and relatives of the dead and missing in the denunciation of the “doctors of the dictatorship”, even during the so-called political opening process, the dissertation describes the doctor's performance within the repressive apparatus, detailing the most common types from the torture doctor and the coroner, and