A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NO SETOR NAVAL NA

SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

E AS CONSEQÜÊNCIAS PARA A

Marinha do brasil*

ARMANDO AMORIM FERREIRA VIDIGAL

Vice-Almirante (ReP)

SUMÁRIO

Introdução

A propulsão mista: Da roda ao hélice A Guerra da Crimcia e suas lições A Guerra da Secessão Norte-Americana A Guerra da Tríplice Aliança A Guerra Austro-Prussiana - A Batalha de Lisa A Guerra da Tríplice Aliança Continua A Guerra Franco-Prussiana Acirra-se o duelo couraça x canhão As torpedeiras com tubos axiais A Guerra Chile-Peru Os Cruzadores

A evolução da pólvora Ação francesa contra chineses "Jeune A École" A Guerra Estados Unidos x Espanha O Submarino de casco duplo A Guerra Russo-Japonesa

A guerra de minas A Batalha do Mar Amarelo A Batalha de Tsushima O Aparecimento do

N-R.: O extenso uso do negrito foi para chamar atenção dos diversos tópicos analisados, c que não mereciam Um subtítulo.

KMB4ÜT72000131 INTRODUÇÃO armada com a do Chile e a da República da

Argentina. Um confronto há pouco esboça- fim da Guerra do Paraguai (1864-70), a do pelo jornal mais influente deste último Ao Marinha Brasil do era, sem nenhuma país,/4 Prensa, de Buenos Aires, opõe a cada

dúvida, significativa, só sendo superada, em um de nossos vasos de guerra hoje válidos

número de bocas de fogo, pelas Marinhas da um competidor formidável, deixando, ainda,

Inglaterra, Rússia, Estado Unidos e Itália, nas sombras, com que compor mais de uma

nessa ordem. Poucos anos mais tarde, a Esquadra, capaz de medir-se com nossa.

Marinha nacional não tinha ex- Deus nos as já qualquer dê por muitos anos paz com militar. pressão nações que nos cercam. Mas, se ela se rom-

As razões esta decadência são várias. é no oceano para per, que veremos jogar a sorte de O enorme esforço financeiro do Império nossa honra. E essa partida não será decidida do Brasil durante os anos pelo azar, mas pela pre-

em que se envolveu em vidência. A nulificação

guerras externas, muito de nossa Marinha é,

especialmente na Guerra "... um e e no oceano veremos portanto, projeto que da Tríplice Aliança con- começo de suicídio.'" a sorte de nossa tra Solano López, e du- jogar A Proclamação da

rante os anos de turbu- honra" (Ruy Barbosa) República tirou da Ma-

lência interna, após a In- l inha si- E essa não poder político, partida será dependência, deixou ar- tuação que se agravou decidida azar, mas pelo pela ruinada a economia do ainda mais com a Revol-

País, não havendo recur- previdência. A nulificação ta da Armada de 1893, e,

sos a manutenção sem a para de nossa Marinha é, poder político, de uma Esquadra adequa- Marinha perdeu acesso um e portanto, projeto da às necessidades de às verbas para a sua atu- começo de suicídio defesa que, ao longo do alização e renovação.

tempo, puderam ser Menos óbvio como

identificadas: nemaques- justificativa dessa

tão das Missões com a nulificação do Poder

Argentina nem o aumento das tensões no Naval brasileiro, mas tão ou mais importante

subcontinente sul-americano, devido às dis- que as anteriores, foi o fato de o Brasil não ter sensões entre a Argentina e o Chile sobre a podido acompanhar a verdadeira revolução Patagôniaeo Estreitode Magalhães, levaram tecnológica que ocorreu no setor marítimo, na o Brasil a um programa de reaparelhamento segunda metade do século XIX. A Revolução

naval significativo. Em Cartas da Inglaterra, Industrial, teve que início na Inglaterra a partir

Rui Barbosa, em 1896, retratou de forma dra- do final do século XVIII, só chegou aos

mática a situação de nossa Marinha, compa- navios de guerra na segunda metade do sécu-

rando-a, dentro da lógica da época, com as Io XIX, mas, então, as mudanças ocorreram

Marinhas dos demais do ABC em países (Argen- profundidade e se processaram muito tina-Brasil-Chile): rapidamente. "Acabo de ler com tristeza, em um opúscu- Não resta dúvida que a rapidez das mu- Io recente, o estudo comparativo de nossa danças se deveu, em grande parte, ao desafio

1. BARBOSA, Ruy. Cartas da Inglaterra, p. 7-8.

132RMB4"T/2000

I d° Poder - Naval francês ao Poder Naval de guerra mas esse esforço não teve conti- hegemônico da Inglaterra. Esse desafio per- nuidade, em parte pelas dificuldades finan- s,stiu, embora de intensidade decrescente, ceiras do País, mas, também, porque faltavam ate em que, 1886, a posse na pasta da Marinha as outras condições necessárias para a manu- da França do Almirante Théophile Aube, o tenção de um desenvolvimento industrial Cnador da Jeune École, afastou definitiva- auto-sustentável, como falta de pessoal ca- mente a França da disputa pela supremacia pacitado, em número suficiente, para absor- naval. ver as novas tecnologias, e dos insumos

Apesar de seu poder de fogo, a Esquadra indispensáveis para a industrialização do País brasileira de 1870 era tecnologicamente retar- (por exemplo, pelo fato de o Brasil não haver datária: a maioria dos navios, desenvolvidos descoberto carvão em todo o século XIX, que Para o cenário típico do Rio da Prata, eram veio substituir a lenha como principal com- '"adequados para operar no mar (pequena bustível e era um dos elementos essenciais borda livre); embora alguns dispusessem de para a fabricação do aço, ficou impossibilita- Propulsão a vapor, usavam ainda a roda em do de industrializar-se).2 'uBar do hélice, com todas as desvantagens Chegava ao fim, definitivamente, a época daí decorrentes; a grande maioria era de ma- em que uns poucos operários, dispondo de ^e'ra, apenas poucos levavam couraça; boa uma tecnologia tradicional, de aprendizado Parte da artilharia usada era de canhões de longo mas dependente apenas da prática, e de erro montados sobre carretas, atirando, atra- ferramentas simples, ao alcance de qualquer ves de aberturas feitas no casco, projetis um, podiam construir os maiores e mais sofis- s°'idos não-explosivos. Com a evolução ticados navios de guerra existentes. A partir tecnológica, sua obsolescência foi, pois, muito da revolução tecnológica, o país que não se rápida. industrializasse não teria mais condições de

A indústria naval brasileira - importante construir e mesmo de apenas manter Esqua- desde o período colonial, com a Ribeira das dra moderna e eficaz. A famosa Esquadra aus, em Salvador, e, já no período imperial, brasileira de 1910, conforme veremos, é um eom o Arsenal da Corte (hoje Arsenal de exemplo claro de que, mesmo existindo recur- arinha), no Rio de Janeiro, ambos capaci- sos para a aquisição de navios modernos e 'ados para a construção até mesmo de naus, sofisticados, não havendo uma base indus- °s niais poderosos navios de guerra da época trial capaz de mantê-los nem competência nao pôde acompanhar as mudanças para operá-los devidamente, eles muito pou- tecnológicas que se sucederam, e entrou em co significarão em termos de verdadeiro Po- Acelerada decadência. É bem verdade que derNaval. Urante a Guerra do Paraguai foi feito um Alguns fatos ocorridos na primeira meta- c°nsiderável esforço para a aquisição de de do século XIX serão aqui citados porque tecnologia moderna - o sucesso mais expres- eles foram etapas iniciais de processos que SIV° foi a construção de dois navios - tiveram conseqüências no setor naval na ®ncouraçados e três monitores encouraçados segunda metade desse século; a nossa rese- 0 total, foram construídos seis) que torna- nha estender-se-á até o início da Primeira Possível - a Passagem de Humaitá, o acon- Guerra Mundial (1914 18) eventos ^a,T1 porque Clrnento de maior significação estratégica importantes então decorridos provêm de des-

Os Estados Unidos, pelo contrário, descobriu importantes reservas de carvão quase à flor da terra, criando condições excepcionais para uma rápida industrialização.

HMB4UT/2««0 133 dobramentos tecnológicos verificados ante- imediata, só se tornaram de emprego comum riormente, enquadrando-se, portanto, no es- após 1850. A grande maioria dos navios de copo deste trabalho. guerra antes desta data era de construção toda em madeira, com propulsão apenas a A PROPULSÃO vela, armadacom canhões de ferro, montados MISTA: DA RODA sobre carretas, dispôs- AO HÉLICE= ~^~"^^^tos ao longo dos bor- dos do navio e atirando As transformações No início do século XIX, não projetis sólidos, das resultantes do desen- havia diferença sensível na variantes existentes.3 volvimento tecnológico dos navios Um bom exemplo de no setor naval ocorre- qualidade das navio típico do final da ram em todas as áreas: grandes potências e de países primeira metade do sé- na construção naval, na recém egressos do jugo culo XIX é o HMS propulsão dos navios, colonial Victoria, uma fragata nos seus equipamentos three-decker, isto é, e, finalmente, nos seus ²com três conveses, sistemas de armas. lançadaaomarem 1859 Embora os principais - que até 1867 foi o desenvolvimentos só viessem repercutir nos capitania da frota inglesa do Mediterrâneo; navios de guerra e nas formas de seu emprego era um navio construído de madeira, propul- na segunda metade do século XIX, eles tive- são exclusivamente a vela, armado com 121 ram origem nas cinco primeiras décadas do canhões distribuídos nos seus três conve- século; outros, ainda que tendo aplicaçãoses; uma bordada desses canhões era capaz

3. Até meados do século XIX, os projetis pouco mudaram, havendo quatro tipos principais: o tiro sólido, que consistia numa esfera de ferro fundido, do tamanho compatível com o calibre do canhão. Um tiro desse tipo, no caso de canhões de maior calibre, tinha um alcance de cerca de 4(K) jardas - para calibres - menores o alcance era da ordem de 2(K) jardas e podia atravessar, quando usado a queima-roupa, 4 a 5 pés de madeira maciça. Este tipo de tiro apresentava duas variantes: o "tiro com corrcnle". em duas esteias "tiro-harra", que sólidas eram ligadas por uma corrente, e o cm que duas semi-esferas sólidas eram unidas por uma barra de ferro soldada nelas; essas duas variantes eram usadas para avariar os mastros dos navios inimigos c o aparelho de velas. o tiro de estilhaços, que podia ser de dois lipos diferentes - 0 grape-slun ou 0 liro de metralha, que consistia cm diversas camadas de pequenas esferas sólidas de ferro dentro de um saco de lona grossa, amarradas juntas de modo a formar um cilindro de diâmclro compatível com o canhão; e o case-shot, em que a metralha era conseguida colocando-se grande número de tiros de mosqucle dentro de uma caixa cilíndrica metálica, de diâmetro adequado ao calibre do canhão (funcionava como o shrapnet). o "tiro liro iiucmliúrio, também de dois tipos - o hol-shol ou qucnlc". em que a esfera de ferro era aquecida até o rubro anles de ser colocada no canhão (para evitai a detonação prematura da pólvora propelente, o "carcaça" "esqueleto". projétil era isolado da pólvora por uma camada de palha úmida nu de argila); c a ou que consistia numa estrutura de ferro, assemelhada às costelas de um corpo humano, cheia de material combustível, de forma e tamanho compatível com o morteiro ou canhão a ser usado o liro explosivo ou granada explosiva que, a partir de IK.V), passou a ser de uso comum a bordo (pelo menos, alguns canhões de bordo podiam atirar esse tipo de granada); I esfera de ferro fundido era oca, sendo o espaço va/io cheio de pólvora; um pavio, uma vez aceso fazia a pólvora explodir. Inicialmente, 0 pavio era aceso antes de se colocar a granada no canhão, o que, obviamente, era muilo perigoso, razão pela qual a prática foi abandonada tão logo foi constatado que a detonação da pólvora propelente acendia automaticamente o pavio; este lipo de tiro era em geral usado em morteiros. O projétil moderno é uma evolução dessa granada explosiva.

1.14 RMH4"T/2l>00 ^ y '

Combate do Banco Santiago, 7 e 8/4/1827: Início do incêndio do Independência (Arg.) - - (Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho No.\sa Marinha p. 37)

liberar 3.016 libras inglesas de metal, en- Nesse confronto sul-americ mo, sendo o

Quanto Poder Naval dominante, o Brasil estabeleceu o peso total dos tiros de todos os canhões Prata, de menor chegava a 6.167 libras, ou seja, pou- o bloqueio do e a Argentina, Co menos de 3 toneladas. Poder Naval, decretou a guerra de corso*

A última marítimo O mais grande batalha naval envolvendo contra o comércio brasileiro. aPenas navios a vela ocorreu em 1827, na Baía importante combate naval da guerra-a Bata-

Navarino, lha de Santiago - embora uma vitória tática quando uma força naval combi- nada da Inglaterra, França e Rússia, destruiu argentina, cujas perdas foram inferiores às a Enquadra turco-egípcia, assegurando a in- brasileiras, foi uma vitóriaestratégica do Bra- ^Pendência da Grécia, liberada então do sil, que conseguiu manter o bloqueiodo Prata ^°Tiínio turco (Guerra da Independência da (semelhantemente ao que ocorreria na Primei- ^écia: 1821-27). ra Guerra Mundial, na Batalha da Jutlândia,

Na mesma época, as Esquadras argentina uma vitória tática da Alemanha, mas estraté- e brasileira da Inglaterra). Embora as argen- que se defrontavam na Guerra gica perdas Cisplatina (1825-28) muito pouco diferiam tinas tenham sido menores que as brasileiras, ern termos tecnológicos dos navios da Es- os argentinos tiveram o núcleo de sua força Quadra anglo-franco-turca. A revolução naval destruído, ficando ela, pois, a partir daí, tecnológica só teria lugar alguns anos mais com o seu valor militar muito reduzido. A ta'de, não havendo diferença sensível na independência da Cisplatina, com o nome de

Validade República Oriental do Uruguai, fim ao dos navios das grandes potências pôs c ^ o novo funcionando como países recém egressos do jugo colonial, conflito, com país diferenças "algodão do um tampão entre Argentinae Brasil, eram mais quantitativas que Qualitativas. entre dois cristais", no dizer de Lorde

N.R.: "O sobre o assunto, ver corso nas costas do Brasil", RMB Ia trim./2000, p. 53-78.

KMB4uT/2ooo 135 Ponsomby, embaixador inglês e mediador do dos canhões inimigos, ainda que estes fos- acordo de paz.4 sem bastantes primitivos, e tirava o espaço As o experiências para dotar os navios com destinado à própria artilharia, reduzindo a a vapor vinham propulsão sendo feitas des- poder de fogodo navio; umacerta hostilidade de os últimos anos do século XVIII, mas as do pessoal do convés para com os maquinis-

primeiras embarcações práticas a usar o va- tas e foguistas, homens rudes, sempre às

apareceram no início do XIX: voltas por século em com óleos e graxas.

1801, o engenheiro escocês Willian Symington A oposição britânica ao vapor fundamen-

construiu um rebocador a roda; em pequeno tava-se ainda na consciência de que a adoção 1803, Robert Fulton fez um barco pequeno a generalizada desse tipo de propulsão, espe- vapor navegou no Rio Sena, que e, em 1807, cialmente para os grandes navios de linha, de volta aos já Estados Unidos, construiu tornaria obsoleta, de um só golpe, toda a sua uma embarcação a vapor fez a viagem que de Esquadra, a mais poderosa do mundo, o trun- Nova Iorque para Albany a uma velocidade fo que lhe garantira a condição de nação de 4 nós. 1812, Em Fulton começou o projeto hegemônica. O Primeiro Lorde do Almiranta-

do primeiro navio de guerra a vapor, a Fragata do britânico, Lorde Merville, declarou em

USS Demologos, um catamarã com a roda 1828: "Os entre os seus dois cascos roda ficava mais lordes é (a do Almirantado sentem que

protegida, mas o navio tinha pouca o seu dever maior desencorajar, até o limite de manobrabilidade); ela tinha 156 pés de cum- sua capacidade, o emprego do navio a vapor, e era armada 24 primento com canhões 32- porque consideram que a introdução do va- a fragata só foi completada em 1815, foi na pounder, por planejada para dar um golpe fatal

após o fim da Segunda Guerra de Indepen- supremacia naval do império." [trad.nossa]5

dência dos Estados Unidos e a morte de Entretanto, o desafio naval francês, enca-

Fulton; em 1829 foi destruída por uma expio- beçado pelo brilhante oficial de artilharia Henri - a são no seu paiol. Paixhans que, desde 1822, antecipava As limitações novo do sistema de propul- revolução que seria criada com a adoção do

são eram, porém, ainda muito grandes. As vapor e das granadas explosivas (desde 1830

Marinhas de todo o mundo, principalmente a os franceses, com o Aviso Spliinx, adotaram

da Inglaterra, opunham-se à construção de o vapor) - levaria o Almirantado a ir revendo

navios de a vapor, só aceitando guerra este as suas posições. Assim é que em 1837 eles tipo de as propulsão para pequenas embarca- lançam o seu primeiro navio de guerra com auxiliares, ções como rebocadores, dragas, propulsão a vapor, a Chalupa HMS Gorgon,

etc. As razões para isso eram várias: a preca- com propulsão mista, a roda, armada com dois

riedadee pouca confiabilidade das máquinas canhões na linha longitudinal do navio, um

a vapor existentes; a dependência ao forneci- avante e outro a ré.

mento de carvão, nas viagens maiores, sendo Pouco tempo depois, cm 1839, aparece-

necessário instalar estações de reabasteci- ram as granadas explosivas, desenvolvidas

mento de carvão ao longo da rotas dos navi- Paixhans; de por os navios passaram a dispor os; o uso da roda - o único recurso então canhões que atiravam os projetis sólidos existente impulsionar o navio - convencionais as para tornava e de canhões que atiravam

os navios extremamente vulneráveis ao fogo granadas explosivas. Desde o final do século

4.CARDOSO, Efraim. El Império dei Brasil y El Rio de la Plata, pág. 19. Donakl 5.MCINTYRE, & liATHE, Basil W. Man of War-a Hislory of llie Combat Vessel, p. 75-76.

136 RMB4T/2000 ^ VIU que a França e a Inglater- ra faziam experiências com esse llP° de granadas mas, devido à at'tude do pessoal de Marinha c°ntra a - granada explosiva clUe consideravam tornaria a "pouco guerra cavalheiresca" "" os desenvolvimentos foram 'entos. À medida que os navios foram se tornando imunes à artilharia da época, esse pre- Aviso Corse, primeiro navio de guerra a utilizar hélice em sua onceito foi desaparecendo. propulsão. Lançado em 1842 como navio de passageiros, em 1850 foi Embora incorporado à Marinha francesa, onde serviu por quase 50 anos. ^ as primeiras experi- er,eias Superou 12 nós e, aos 29 anos de serviço, navegou 11.000 milhas com o hélice datassem sem avaria. (Foto: Procecdings) de 1825, só em 1842osfrance- ses 'ançaram o primeiro navio com hélice, o O primeiro navio de guerra de certo porte Aviso Corse, com propulsão mista, que al- a usar o hélice só surgiu em 1844: a Fragata CanÇ°u 12,4 nós de velocidade. No ano se- USS Princeton, com hélice Ericsson. êU|nte, os ingleses lançaram a Escuna HMS Na Inglaterra ganha força a idéia de que o Qttler, de propulsão mista, a hélice, já com hélice não deveria ainda ser usado em navios °s motores a vapor de dois cilindros (até de linha, acreditando-se que a roda era mais 839 "dúvidas", todos os motores eram de apenas um eficaz. Para dirimir as o Almiranta- c'ündro). do, 1845, fez em realizar uma série de provas No Brasil, o Arsenal da Corte construiu, entre a Escuna Rattler, a hélice, e a Escuna, de eni 1843, a primeira embarcação a vapor feita mesmo tamanho e potência, Alecto, a roda. país, a Barca Tetis, com deslocamento de As provas de velocidade, realizadas em di ver- u toneladas. . Os motores e caldeiras foram sas condições de tempo e de mar, foram todas "Aportadas da Inglaterra. vencidas pelo navio a hélice, assim como a "um Em 1843 - , as mudanças tecnológicas che- prova final cabo de guerra". S^am também às minas marítimas6. Samuel Enquanto os ingleses experimentavam, os t desenvolveu "minas um sistema de con- franceses inovaram: em 1845, colocavam em tr°'adas", em que as minas eram explodidas serviço a sua primeira fragata a hélice, a Pamo- P°r ação de um observador que acionava um ne, três anos antes que os ingleses adotas- sPositivo; uma corrente elétrica circulava sem o hélice para suas fragatas. A Pamone

ao longo de cabos submarinos, fazen- dispunha de motor horizontal de 2 cilindros a mina explodir quando o navio-al vo esta- de 22 HP, usava hélice Ericsson, e era capaz Va Próximo. Durante os testes, um navio a 5 de desenvolver 7 nós. Na época, as fragatas

de distância do posto de observação desempenhavam o mesmo papel que, bem filhas01destruído por uma dessas minas. mais tarde, os cruzadores desempenhariam.

As m'nas, com o nome de torpedos, foram inicialmente desenvolvidas no século XVIII pelo norte-americano av'd Bushncll, com a sua mina flutuante que explodia ao se chocar contra o navio-alvo. Esta mina é a ancestral das minas modernas, pois só explodia quando em contato com o alvo. Em 1777, foi usada com sucesso pelos norte-americanos contra a frota britânica no Rio Connecticut; ela foi lançada contra a Fragata Cerberus, não a acertando, mas atingindo e afundando uma escuna ancorada nas suas proximidades. KMB4UT/200() 137 Em 1846 são construídos e testados os cidade, foi necessário colocar entre o motor e dois primeiros canhões com alma raiada e o hélice desse navio uma engrenagem redu- carregamento culatra pela (o engrazamento tora, para conciliar o melhor rendimento do do projétil cilíndrico nas ranhuras do tubo motor (alta velocidade) com o melhor rendi- alma tornava complicado o carregamento pela mento do hélice (baixa velocidade); com isso boca, daí a necessidade do carregamento foi pela possível usar caldeiras com maior pressão, culatra, além, é claro, da maior rapidez de tiro dando mais eficiência ao sistema propulsor o propiciada pelo carregamento pela culatra. como um todo; em termos estruturais,

Voltaremos a falar sobre isso). Estes canhões, Agamemnon era um three-decker-navio de

- produzidos pelo Major Cavalli, oficial da arti- três conveses armado com 91 canhões lharia da Sardenha, e pelo Barão Wahrendorf, (contra 90 do Napoléon). mestre ferreiro sueco, não foram adotados Na América do Sul, em meados do século

nenhuma Marinha de expressão, apesar XIX, as tentativas por argentinas para fazerre viver de terem alcançado excelentes resultados nos o Vice-Reinado do Prata- a Argentina consi- testes. derava-se herdeira da Espanha - e a forte

Os franceses, mais uma vez, se adiantam oposição do Império do Brasil a essa preten- aos ingleses, lançando ao mar, em 1848, o são, mantinham vivas as tensões no sul do

navio de linha a hélice, de continente. Em virtude primeiro propulsão disso, o Brasil procu- mista, o Napoléon, projeto do grande Dupuy rou fortalecer o seu Poder Naval, não só de Lôme; usando apenas o vapor, o Napoléon construindo em estaleiros nacionais alguns alcançou a velocidade de 14 nós. Só nesse navios com propulsão mista, a roda-em 1850 ano, três anos após os franceses, os ingleses e 1851 são construídos três vapores nos - lançaram suas primeiras fragatas a hélice. estaleiros da Ponta da Areia* e da Saúde7

Os alemães, em 1848, desenvolveram uma , mas, também colocando encomendas no série de testes na universidade de Kiel visan- exterior - 1848 em é incorporado o primeiro do a melhorar as minas existentes. As minas navio de guerra a vapor, a Fragata DomAfon- controladas, por eles aperfeiçoadas, foram so, a roda, construída na Inglaterra. usadas na guerra de emancipação de O apoio ostensivo de Rosas, ditador ar-

Schleswig-Holstein com o de a Oribe em oposição propósito pro- gentino, que, ao governo teger o Porto de Kiel da frota holandesa; legal do Uruguai, pela pretendia assumir o poder "associação vez, primeira portanto, é usado um campo de para unir-se à Argentina, numa minas em caráter defensivo e não, como era de iguais" (sic), levou a Argentina e o Brasil usual até -conhecida então, em caráter ofensivo. à guerra entre nós como a Guerra

Em 1850, com dois anos de atraso em Contra Oribe e Rosas (1851-52). Sob o ponto relação aos franceses, os ingleses lançam o de vista naval, o fato mais importante do seu navio de linha a hélice, o HMS foi Passagem primeiro condito a de Tonelero pela Agamemnon; usando motores de maior velo- Esquadra brasileira. A passagem havia sido

* N.R.: Sobre os estaleiros da Ponla da Areia, ver A fábrica da Ponta da Areia, RMH 2" trim./1997, p. 61 a 69. 7. Na Ponta da Areia, foram construídos os Vapores Recife (1849), Pedro II (1850) e Paraense (1851); na Saúde, o Vapor Golfinho O desenvolvimento (1851). do estaleiro da Ponta da Areia teve início em 1846 quando Irincu Evangelista de Souza (o futuro Visconde de Mauá) adquiriu o Estabelecimento de Fundição e Companhia Estaleiros da Ponla da Areia. Em 1848, o estaleiro contava com cerca de 300 operários, incluindo engenheiros

e operários europeus, dando início à construção de grande números de navios (em 11 anos foram construídos 72 navios, inclusive os vapores mencionados). "A Ver também história (N.R.: da construção naval no Brasil" na RMH 2" trim/1998, pág. 159 e 160.)

RMB4"T/2000 fortificada com 16 pe- Çasdeartilhariae2mil hoi mens; para que as * ^ forÇas L94 +w%4£k-æi, ¦> m5m m^^*\W^*\\\\\Amgm brasileiras, pro- |L.,. , y I^^l <*^F ^H venientes da Colônia de Sacramento, pudes- sem chegar a Diaman- te-no Rio Paraná, e daí atacar as forças de Ro- Sas, seria necessário transportá-las além de T°nelero. Os vapores brasileiros Dom Afon- •So- - capitania de Gren- NAPOLEÃO LEVEL CARLOS BRACONNOT fe,UmaisoPeí/ro//,o (Fotos SDM) Rec'fe e o D. Pedro, chocando duas corvetas e um brigue, estes Sinope, na guerra entre a Rússia e a Turquia, res a vela, tiveram êxito nessa passagem e as a frota russa -cujos navios, na maioria, eram r°pas brasileiras puderam atacar e derrotar, armados com canhões Paixhans, ainda de etT> Monte Caseros, as tropas de Rosas, pon- alma lisa, mas já fazendo uso das granadas do fim ao conflito. explosivas -, sob o comando do Almirante Com isso, cessaram todas as restrições Nakhimov, atacou e destruiu um esquadrão Mue se faziam no Brasi I ao emprego do vapor; naval turco, sob o comando do OsmanPasha, 111 eertas circunstâncias, ficara comprovado, cujos navios não dispunham de canhões a '"dependência em relação ao vento era capazes de atirar as explosivas. ,undamental granadas para a Marinha de Guerra. O Apesar de esmagadora superioridade naval Ministro da Marinha, Conselheiro Vieira Tos- russa - que alinhava seis navios de linha, tia> em seu relatório de 1852, insiste na neces- duas fragatas e três vapores - contra os 'dade do aumento de número de navios a turcos - que dispunham de sete fragatas, três *Por para a Esquadra, apoiando a sua argu- corvetas e dois vapores - o rápido massacre cntação na experiência de Tonelero. dos turcos foi atribuído pelos analistas ao Em 1852, começam a chegar do exterior os terrível efeito das granadas explosivas sobre asi'eiros enviados pelo governo para se os navios de madeira. sPecializarem em estaleiros europeus nas A Batalha da Baía de Sinope não só de- 0vas tecnologias ligadas à construção mili- monstrou a eficácia das granadas explosivas, ar- Napoleão Levei e Carlos Braconnot eram mas deixou claro dali frente, impu- Clvis que, para que trabalhavam no Arsenal da Corte e nha-se os navios usando couraças. "Ue proteger se especializaram, respectivamente, em Ofistrução naval e máquinas. Com eles che- Wrarn ao Brasil técnicos estrangeiros para A GUERRA DA CRIMEIA E SUAS arjalhar nas oficinas do Arsenal. As conse- LIÇÕES MUericias dessas medidas logo se fariam sen- ""' conforme veremos. AGuerra da Criméia(l 854-56) trariaalguns Em 1853, há o primeiro teste real das importantes ensinamentos para a guerra no danadas explosivas. Na Batalha Naval de mar. *MB4Or/2000 139 Ela representou excelente oportunidade do forte e depois de 4 horas de bombardeio,

uma reavaliação dos para confrontos, tão o forte russo, que usara contra as baterias freqüentes à época, entre navios e fortalezas flutuantes tanto projetis sólidos como grana- de terra; até então, esse confronto era franca- das explosivas, foi forçado a se render (45 mente favorável às fortalezas, não só devido mortos e 130 feridos), enquanto as três embar-

à fragilidade de navios de madeira sem coura- cações encouraçadas sofreram apenas avari-

ça mesmo em face dos projetis sólidos, mas, as insignificantes: os tiros sólidos do forte também, à eficácia dos canhões navais ricocheteavam na pouca couraça e as granadas ex- contra as poderosas defesas das fortalezas. plosivas, explodindo contra a couraça, não

Os franceses foram os a reagir às nenhum primeiros produziam dano. A partir daí não lições de Sinope. Em 1855, desenvolveram mais se podia duvidar da eficácia da couraça um tipo especial de embarcações enfren- navios a para para os de guerra e ficava claro que "ba- tar os fortes de terra; conhecidas como voltaria tecnologia se para o melhoramento terias flutuantes" eram embarcações fun- de dos canhões e dos projetis usados. Ficou do chato, operar em águas rasas, para próxi- fácil perceber que a granada explosiva só mas à terra, construídas de madeira mas seria eficaz pro- contra a couraça se pudesse tegidas com couraças de ferro forjado de 4,5 perfurá-la e explodir na parte vulnerável dos de espessura, montadas sobre navios; polegadas pia- para isso, o projétil deveria ser cilín- cas de madeira de 18 (teca) polegadas de drico e ter ponta (ogiva); com os canhões de espessura8; esta couraça fora planejada para alma lisa, o projétil ao deixar o tubo alma do resistir aos canhões típicos da época, os 68- canhão tinha uma trajetória muito instável pounder9 de alma lisa. Nesse mesmo ano, as (dando verdadeiras cambalhotas), não se três Baterias Flutuantes Dévastacion, Lave e podendo garantir que ele acertaria aonde se

Tonnante, dispunham de a muito mesmo que propulsão queria e que ele bateria de ponta vapor capaz de deslocá-las a uma velocidade no alvo; a alma raiada, já testada e aprovada de 2 a 3 nós, foram rebocadas o Mar para desde 1846, conforme já vimos, seria a solu- Negro fragatas de mista, por propulsão a ção para este problema. roda, e, compondo um esquadrão anglo-fran- Ainda nesse mesmo ano, o bombardeio de cês com outros navios tradicionais, ti veram a Sebastapol por um esquadrão inglês, do qual missão de neutral izar o forte russo de Kinburn, fazia parte o Agamemnon e outro navio da na foz do Dnieper. Enquanto os navios de mesma classe, mostrou o valor da propulsão madeira, sem davam apenas fogo a vapor, os dois proteção, já que navios de propulsão de apoio e engajavam algumas baterias peri- mista, diferentemente dos navios a vela, po- féricas do forte, os navios com couraça fica- diam se posicionar convenientemente em re- ram estacionados a algumas milhares dejardas lação aos pontos a serem atacados, dando

8.A idéia de empregar couraça nos navios é muito antiga. Já no século XVI, numa guerra entre a Coréia e o Japão, "navio surgiu o navio, ainda a remo, primeiro protegido eom couraça; conhecido como tartaruga", pelo seu aspecto exterior, dispunha de um convés em forma de domo, feito de chapas de ferro, às quais foram soldados verdadeiros espigões de ferro; o navio era praticamente invulnerável às armas da época e a sua abordagem pelo inimigo era quase impossível. 9.Antes de os canhões serem designados pelo calibre, o que só acorreria na segunda metade do século XIX, eles eram designados do usavam: pelo peso projétil que um canhão inglês 68-pounder era um canhão que atirava um 68 libras inglesas. projétil pesando Devido à diferença de padrão de pesos havia uma dificuldade de comparar canhões de diferentes; exemplo, um procedências por 36-pounder francês atirava projetis que pesavam, aproximadamente, 39 libras inglesas; um 4R-pounder sueco, - projetis de 45 libras inglesas; um 42 pounder russo, projetis de cerca de 30 libras inglesas.

140 RMB4uT/2000 il J ;

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Fragata - Amazonas. (Aquarela do Almirante Trajano Augusto Gonçalves Nossa Marinha, p. 57) mais eficácia ao bombardeio, indiferentes à consistiam em tubos de vidro cheios de ácido ^'reção do vento. sulfúrico; quando quebrados pelo casco de No que se refere à guerra de minas, os um navio, liberavam o ácido que então se rUí>sos usaram de a minagem defensiva para a misturava com clorato potássio e açúcar, Pr°teção e chamas suficientes dos portos de Sebastopol, Sveaborg gerando calor para pro- e Kronstadt, usando minas de contato, isto é, vocar a explosão da mina.

^Ue explodiam casco Já apontamos durante a Guerra da quando atingidas pelo que um navio. navios Os fusíveis dessas minas, pro- Cisplatina os argentinos e brasileiros Vavelmente muito semelhantes contempo- desenvolvidos por Alfred Nobel, eram aos seus

Canhoneira Ipiranga. Primeiro navio de guerra a htílice construído no Brasil (Arsenal de Marinha da Corte). Projetado e construído por Napoleào Levei - - (Aquarela do Almirante Trajano Augusto de Carvalho Nossa Marinha. p 53) râneos que lutaram em Navarino. Agora, pelo Ainda cm 1856 os ingleses desenvolvem contrário, os navios de linha da frota anglo- o canhão A rmstrong, com carregamento pela franco-turca na Criméia eram tecnologicamen- culatra, alma raiada, capaz dedispararprojetis te muito superiores aos navios de Navarino, cilíndricos com ogiva, providos com cinta de embora muito pouco afastados no tempo. chumbo para que pudessem engrazar nas O Brasil procurava compensar o seu atra- ranhuras do tubo alma. O canhão Armstrong, so tecnológico tanto adquirindo navios no que só seria usado a bordo alguns anos mais exterior-em 1852, chega ao Brasil a Fragata tarde (1860), consistia num tubo alma no qual de propulsão mista, a roda, Amazonas; em um número de jaquetas eram vestidas a quen- 1854, recebeda Inglaterra os primeiros navios tee, após o resfriamento, elas encolhiam e for- a hélice (quatro canhoneiras); em 1856, mais mavam uma unidade sólida com o tubo alma. três - como construindo no Brasil - em 1854 Desta forma, o canhão ia tendo sua resistên- inicia a construção da Canhoneira Ipiranga, cia aumentada, da boca para a culatra. O tubo que seria o primeiro navio a hélice construído alma era raiado internamente no sistema de no País (projeto de Napoleão Levei, executa- múltiplas ranhuras (grande número de ranhu- do no Arsenal da Corte; as máquinas e as ras rasas). O bloco de culatra, uma peça sólida caldeiras, sob a supervisão de Carlos de ferro forjado, furada e com ranhura, era en- Braconnot, foram construídas também no caixado a quente na parte oposta à boca; um Arsenal) A Ipiranga participaria da Batalha rasgo aberto através dela e da jaqueta acima Naval do Riachuelo. permitia que uma cunha fosse inserida, fe- O agravamento das relações do Brasil chando esta extremidade do tubo alma; a eu- com o Paraguai, conseqüência das di vergên- nha era mantida no lugar por um parafuso va- cias quanto a questões de fronteiras e livre zado que antes da colocação da cunha permi- navegação nos rios da região (houve ruptura tia o carregamento do canhão. Este sistema das relações diplomáticas entre os dois pai- mostrar-se-ia propenso a causar acidentes. sesem 1853),estimulou maiores invcstimcn- Dois anos mais tarde, a Marinha francesa tos noPoderNaval brasileiro, principalmente adota o sistema de culatra com ranhura inter- em termos de preparação de mão-de-obra rompida (quatro seções separadas): a alavan- qualificada. ca de operação primeiro levava o bloco para Os ingleses não tardaram a copiar os dentro da culatra e depois girava-o 1/8 de navios encouraçados franceses que tão bom volta, fazendo com que as ranhuras do bloco desempenho haviam tido contra os fortes de engrazassem com as da culatra, ficando 0 Kinburn, mas logodepois procuraram supera- bloco assim travado. los, lançando ao mar quatro navios com cou- Também na Alemanha o carregamento raça-o 1 IMS Thunderbolt, o Terror, o Aetna pela culatra mereceu a atenção dos técnicos, e o Erebus — todos em 1856; embora não se começando o desenvolvimento do sistema possa dizer que esses navios fossem de linha, Krupp, usando, como o Armstrong, um siste- eles foram os precursores dos modernos na- ma de cunha, mas sem os inconvenientes do vios de guerra, sendo os primeiros navios a sistema inglês. combinar casco de ferro, couraça e propulsão Com o fracasso da missão diplomática do a vapor.10 Almirante Pedro Ferreira de Oliveira, enviado

10. O tradicionalismo naval fez com que as Marinhas de (iuerra custassem a adotar o casco de ferro; desde 1832, o engenheiro inglês Bruncl já lançara mão desle recurso na construção de um grande transatlântico: o Greal Brilain.

142 RMB4°T/2000 a Assunção inspirou-se no pelo governo brasileiro, logo bombardeio do Kinburn pelas aPós a interrupção das relações diplomáticas baterias flutuantes francesas. entre os dois países (1853), um novo impulso Os franceses, em 1859, lançam ao mar o

Para a renovação do Poder Naval brasileiro Gloire, uma fragata de 5.600 toneladas, a

teve lugar. Em 1857, é iniciada no Arsenal da primeira de uma classe de três navios Corte a construção da Corveta Niterói, até construídos de madeira mas dotados de cou- então vapor raça, o maior navio de propulsão a projetadas por Dupuy de Lôme. Eram construído Brasil; navio dotado no o seria navios de propulsão mista a hélice (inicial- c°m canhões de alma raiada. Por dificuldades mente o Gloire só dispunha de mastro de tecnicas a construção arrastou-se até 1863. sinais mas depois recebeu toda a aparelha-

A luz da experiência adquirida quando da gem para vela), capaz de desenvolver, só com fissão diplomática enviada à Assunção - o vapor, 13,5 nós. A mais significativa mudan- c°m exceção vapor de um pequeno em que ça no Gloire estava na sua artilharia, toda ela yiajou o chefe da missão, todos os navios da concentrada numa única fileira de poderosos força naval brasileira não puderam subir o Rio canhões (pelo fato de todos os canhões es- Paraguai porque calavam muito-Tamandaré tarem num único convés do navio, apesar de ¦"ecebeu o encargo de adquirir na Europa seu tamanho, foi classificado como fragata). canhoneiras navegar no Prata que pudessem A economia de peso assim conseguida permi- e dispusessem de couraça em face da existên- tiu que o navio recebesse uma cinta couraçada C]a de muitos fortes nas margens do Rio de 4,7 polegadas de espessura, fabricada por Paraguai; como resultado, são recebidas, no Creusot. O armamento do Gloire consistia em alo de 1858, duas canhoneiras construídas 36 canhões de um novo modelo 66-pounder,

na França e sete na Inglaterra, todas a vapor carregamento pela culatra, alma raiada, atiran- e a hélice, com pequeno calado para operarem do projetis explosivos, 34 deles ao longo da nos rios do Prata. seu borda do navio Conforme aponta em e dois montados em pivôs. Um relatório para o Ministro da Marinha, dos três navios da mesma classe tinha casco ^amandaré, no que diz respeito à couraça, de ferro, o Couronne, lançado em 1860.

Corveta Niterói. (1862). Construído no AMRJ sob pia ;>s do Engenheiro Napoleão Levei; casco de madeira e Almirante Trajam - - propulsão mista. (Aquarela do Augusto de Carvalho Nussci Marinha p. 88)

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bordos dos navios, como os

navios mais antigos do perío-

do da vela. A época das bar-

betas e torres ainda não havia

chegado, embora, já nessa épo-

ca (1860) o canhão Armstrong

tivesse sido introduzido a bor-

do dos navios britânicos.

A insistência das Marinhas

na propulsão mista, mantendo

ainda nos navios toda a apare-

Gloire (1859). Primeira fragata encouraçada francesa I hagem para a propulsão a vela, - (Foto: Rivisla Maritlima Itália) como no Gloire e no Warrior,

decorria de uma série de cir-

No ano de 1859 tem início a construção cunstâncias. Esses navios eram destinados dos primeiros navios de linha dotados de aríete às grandes viagens marítimas, com extensos que, breve, seria uma característica de todos cruzeiros abrangendo áreas onde os pontos os da encouraçados época; projetados por para reabastecimento de carvão eram pou-

Dupuy de Lôme, são lançados em 1861 o cos, ficando muito afastados um dos outros,

Magenta e o Soferino, bastante semelhantes e, além disso, as máquinas então disponíveis ao Gloire. A ineficiência dos canhões da eram deficientesequebravam freqüentemente,

época os navios encouraçados valo- contra daí o conservadorismo dos que não queriam "Chaminés rizou o aríete que, se supunha, podia atingir abrir mão da vela. A ordem para os navios inimigos abaixo da linha d'água, na baixo; hélice para cima" ("Downjunnel; up não Voltaremos parte protegida pela couraça. screw"), que assinalava numa viagem a pas- ao assunto mais adiante. sagem da propulsão a vapor para a vela, tão

Os ingleses reagiram ao desafio francês freqüente à época, refletia uma situação bas- do Gloire lançando ao mar, em 1860, o HMS tante comum: os navios mistos eram essenci-

Warrior, que é o primeiro navio de linha com almente navios a vela que, ocasionalmente, casco de ferro. Embora fosse lançado um usavam o vapor. No B rasi I, por exemplo, que antes do este foi incorpo- pouco Couronne, importava todo o carvão consumido pelos rado E um navio de ainda primeiro. propulsão navios de Cardiff, na Inglaterra, era o próprio mista, mas vapor a propulsão a é agora a Ministro da Marinha que autorizava os tre- e não apenas um viagem principal, complemento à chos da em que a propulsão a vapor a vela. O Warrior propulsão deslocava 9.210 podia ser usada. toneladas e dispunha de couraça de 4,5 pole- A medida que as estações de reabasteci-

de espessura. Inicialmente, navio foram o gadas o era mento sendo instaladas por todo dotado com canhões de alma lisa, em carrega- mundo e as máquinas a vapor ganhavam mento pela boca, montados sobre carretas, desempenho e confiabilidade, a situação co- mas o eles foram sendo substituídos por ca- meçou a mudar. Entretanto, foi só quando nhões de alma raiada. aumento do peso dos armamentos e das cou-

Neste ponto da evolução dos navios de raças comprometeu a estabilidade dos navi- guerra, duas considerações são importantes. os, reduzindo a borda livre de tal modo que

Tanto o Gloire como o Warriorcram ainda eles não mais podiam levar, sem risco, o peso armados fixos, com canhões alinhados nos alto representado pelos mastros e seus apa-

144 RMB4T/2000 —m "i|ii»jiJ jWiWv' KK iJ i -j- '•3B. ²j j I"r L^!* . _ jJ .. »*

O inglesinglês Warrior (I860).(1860). PrimciroPrimeiro navio dode linha com casco dcde ferro (Folo(Foio USNIP)(,'SNIP)

re'hos, ou suportar o momento de aderna- armamento consistia em três canhões de 9 mento vento provocado pela pressão do so- polegadas, de alma lisa, e de um canhão de 6, ^reo velame do navio, a vela foi finalmen- de alma raiada, que montado em pivô, todos os te abandonada. Um acidente trágico, do qual canhões passando através de aberturas exis- daremos adiante, contribuiu um tentes na para por casamata e atirando granadas ex- P°nto final na a vela. propulsão plosivas; ainda na casamata, existiam dois

canhões de 7 polegadas, um atirando para vante e outro para ré; o navio dispunha de batalhas de hampton aríete, de ferro, que se projetava 2 pés abaixo roads e lissa* da linha d'água. A velocidade era muito baixa,

de apenas 2 ou 3 nós. Em 1861 , teve início a Guerra de Secessão Por sua vez, a União desenvolveu o Moni- Estados Unidos, que se até tor, de Ericsson, verdadeiramente re- 1°s prolongaria projeto esta guerra foi rica de ensinamentos volucionário; tinha casco de madeira revesti- relativos à guerra no mar, em especial os do de couraça; a meia nau foi instalada uma ^correntes da Batalha de Hampton Roads torre rotativa, a primeira a ser instalada num "62), onde, pela primeira vez, dois navios navio, com dois canhões de 11", à época o Ct1couraçadosa vapor sedefrontaram-sur- maior calibre embarcado; o seu convés, exceto tendentemente a época os dois navios para pela torre e por uma capuchana onde se abri- eram exclusivamente acionados a vapor, muito a responsável gava pessoa pelo governo do avunçados quando comparados com os de- navio, era totalmente desimpedido; devido mai« navios do ao o período. peso da torre navio tinha pequena borda Recuperando uma fragata havia sofri- livre, não que sendo, pois, projetado para operar 0 UtTi grave i ncêndio, os confederados trans- em alto-mar mas apenas em águas f protegidas; - num navio encouraçado o sua velocidade era da ordem de 5 nós. ^¦"Tiaram-na'/gmia que, entretanto, passaria para a his- Inicialmente, o Merrimack atacou os na- r'a com o seu antigo nome Merrimack. O vios da União que bloqueavam o Rio na vio era dotado de uma casamata, construída Chesapeake, afundando a Fragata a vela C(>tn traves de carvalho revestidas com trilhos Congress a tiros de artilharia e a Chalupa Qa estrada de ferro e placas metálicas; seu Cumberland com o seu aríete; os três navios

* Kl N-R-: "Os Mais sobre essas batalhas, ver em encouraçados", RMB 1" ao 4" trim/1996. ,

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B--a A GUERRA DA SECESSÃO

NORTE-AMERICANA

11 Fotos reproduzidas de nI I mf [If 1'roceedings

^ Virgínia (Merrimack)

t- - a guarnição cm período de descans"

4* Monitor

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^ *>¦ remanescentes fugiram, abrigando-se em quase nenhum armamento, para serem usa- águas rasas onde o Merrimack não podia ir. dos como verdadeiros aríetes contra os navi- Na manhã seguinte, com a chegada do Monitor os inimigos; os resultados foram excelentes ao local, iniciou-se duelo de artilharia em termos de custo-benefício. É um possível que entre os dois encouraçados; após cerca de 7 Barroso, em Riachuelo, tenha levado em con- horas de ta as experiências combate, a situação permanecia bem sucedidas no conflito mdecisa, norte-americano. um navio não conseguindo perfurar a couraça do outro. A retirada do Merrimack As lições de Hampton Roads repercutiram

Para Norfolk em todo o mundo, pôs um ponto final à batalha. inclusive no Brasil: no Duas tentativas relatório de 1862, posteriores foram feitas pelo o Ministro da Marinha, navio confederado Almirante Joaquim para enfrentar o Monitor, Raimundo de Lamarefaz mas este, obedecendo instruções do Con- uma análise sobre o futuro desenvolvimento gresso, recusou sempre o combate: temia-se da força naval brasileira apoiado na evolução

9ue uma avaria mais séria no tecnológica em curso, ba- Moniíor deixasse o caminho seando-se, em especial, na livre para o Merrimack subir experiência de Hampton 0 Potomac até Washington. Roads. As couraças usadas O combate demonstrou Na Guerra de Secessão que as couraças usadas eram eram invulneráveis os dois lados lançaram mão ¦nvulneráveis da tanto aos aos guerra de minas. O inci- tanto projetis Projetis sólidos dente mais dramático como às gra- ocor- sólidos como às nadas explosivas, reu quer dis- quando do ataque de Parados explosivas, por canhões de alma granadas Farragut a Mobile, em 1862. 'isa quer de alma raiada. Era disparados O esquadrão de Farragut, quer por claro que chegava ao fim a com os navios em coluna, canhões de alma lisa construção de navios de ma- forçava a entrada na Baía de alma raiada deira sem quer proteção de coura- de Mobile sob o intenso e Ça que seria necessário de- fogo, tanto do Forte senvolversistemas de armas Morgan como dos navios mais eficazes. A ineficácia confederados no interior da dos canhões empregados chamou a atenção baía, o Monitor quando Tecumseh que ia a Para a importância atingir frente da do aríete, que podia coluna atingiu uma mina, explodiu, os navios abaixo da linha d'água, onde não afundando imediatamente; os demais navios chegava a couraça (o afundamento da Chalupa pararam e estabeleceu-se a desordem na co- Cumberland refor- luna, com pelo aríete do Merrimack os navios se embaralhando e um Çava a idéia), mormente o advento do bloqueando a linha porque de tiro do outro. Ao grito vapor "torpedos" facilitava o dos vigias muito as manobras para de (até, aproximada- abalroamento. mente, 1870, as minas eram chamadas de

Durante toda a Guerra de Secessão, am- torpedos), Farragut salvou o dia, mandando bos os partidos lançaram mão do aríete e, que todos os navios avançassem apesar das "Danem-se quando os navios não dispunham deste re- minas: os torpedos. Toda a velo- curso, do abalroamento. Houve algumas de- cidade adiante". Desta forma, e graças ao zenas de encontros desse tipo, nem sempre deficiente sistema de disparo das minas usa- °s maiores danos sendo do navio das, ele abalroado. pôde forçar a estratégica passagem, f'oram construídos navios encouraçados, com apesar da oposição de uma força naval sob a

RMB4"T/2000 147 proteção de fortaleza de terra, como já ocor- dispunha de um cilindro de AP descarregan- rera na Guerra da Cri méia, e, ainda, existência do para dois cilindros de BP, com de campo minado." reaquecimento entre o cilindro de AP e os de

Foi também na Guerra de Secessão que o BP (motor denominado de composto).

navio de de o Em 1863, construído primeiro guerra porte, é na Inglaterra, para Encouraçado USS Cairo, foi afundado, em a Holanda, o Navio de Defesa Costeira Rolf dezembro de 1862, por ação de mina. Krake, armado com duas torres com canhões

Conforme apontamos, o canhão de 8 polegadas, de acordo com projeto do Armstrong tinha logo a oficial da Marinha inglesa problemas que prá- Cowper Coles, que tica mostraria: não existia nada evitasse é o navio que primeiro de guerra a usar torre o canhão fosse disparado que se a culatra não construído para operar em mar aberto (o estivesse adequadamente fechada. Em 1862, Monitor, conforme já apontado, não tinha durante o bombardeio de Kagoshima, no Ja- condições isso). É importante para notar que "torre" pão, por uma força naval inglesa, uma série de à época o termo tinha um significado acidentes com o canhão Armstrong a bordo diferente do atual: significava uma casamata, do capitânia HMS Euryalus, determinou a na se abrigava qual o canhão, que era monta- retirada desses canhões de todos os navios do numa placa rotativa no convés do navio ingleses, que, então, retornaram aos canhões (exatamente como no Monitor). de carregamento boca, apesar de seus Tem início uma controvérsia, pela que se pro- inconvenientes. Este retrocesso tecnológico longaria até 1879, entre duas escolas: a dos só foi possível porque a pólvora na época que defendiam a torre ou torreta, como a do usada como propelente era a pólvora negra Monitor, e a dos que defendiam a barbeta,

sendo de rápida, os nome se dava ao sistema que, queima permitia que que em que os tubos alma dos canhões fossem curtos, tor- eram instalados canhões em plataformas nando possível o carregamento pela boca, rotativas montadas no topo de uma torre apesar das dificuldades fazer o ou barbeta, para projétil encouraçada aberta na parte de engrazar nas ranhuras do tubo alma. Somente cima (sistema preferido pelos franceses). muito mais tarde, como adiante veremos, a A vantagem da barbeta sobre a torreta era

Marinha britânica, resolvidas as dificuldades que o canhão, sendo montado mais alto, com a culatra, havendo e necessidade de permitia à guarnição ter uma melhor visada (o aumentar velocidade a inicial dos projetis dos único dispositivo de direção de tiro disponí- canhões, retornaria ao canhão Armstrong. vel era apenas a luneta) impedia e que o A propulsão a vapor também evoluía: é canhão fosse lavado pela água do mar (devi- lançada ao mar, em 1862, a Escuna francesa do ao grande peso da torreta, a borda livre do Actif,com máquina a vapor com dupla expan- navio era muito pequena); não sendo total- são (cilindro de alta pressão e de baixa pres- mente fechada como a torre, a barbeta deixava são); no ano seguinte, é lançado o Navio- a guarnição do canhão livre do ambiente

Transporte francês Loiret, com uma variante enfumaçado do interior da torre. Suas des- da máquina de dupla expansão: a sua máquina vantagens eram a dificuldade de carregar o

11. No período que vai da Guerra de Secessão até a Primeira Guerra Mundial, o maior desenvolvimento das minas "chifre foi o de um sistema independente de disparo, conhecido com o de Herz". Consistia em frascos de

vidro com solução ácida; quando o vidro se quebrava pela choque com o casco do navio alvo, a solução ácida liberada tornava-se o eletrólito de uma bateria assim primária, produzindo uma corrente elétrica que acionava o detonador da mina. Este foi um passo extremamente importante pois, como a mina continuava inerte até ser quebrado o vidro, a sua vida era ilimitada.

14S RMB4T/2000 canhão pela boca e a exposição da guarnição nós); sua guarnição era de oito homens; do canhão ao tiro inimigo, principalmente dispunha de tanques de lastro e sistema de durante o recarregamento. Ambas as dificul- respiro com dois tubos; era armado com tor-

dades foram sanadas com a adoção dos sis- pedo-lança (spar-torpedo), uma carga expio- temas hidráulicos, que permitiam que o ca- siva colocada na extremidade de uma lança nhão fosse rebaixado trás da da a embarcação de modo para proteção (manobrava-se que a couraça da barbeta quando recarregando. carga explosiva fosse de encontro ao casco

A evolução levou à combinação dos dois do navio inimigo, explodindo — por impacto llPos, fazerido-se a casamata montada sobre algumas vezes disparo elétrico). por É o pri- a barbeta, meiro dando origem ao que foi inicialmen- submarino a obter um êxito militar, ten- te "torre-barbeta", chamado de e, do afundado o navio posterior- de guerra federalista niente, simplesmente torre ou torreta. Housatonic, o submarino, porém, também Por outro lado, havia ainda os que acredi- afundou, com toda a sua tripulação; ao se tavam afastar no princípio da bordada, com os ca- do local, com as escotilhas abertas, o nhões alinhados ao longo dos bordos do submarino embarcou água e foi a pique (an- navio do Na teriormente (caso Gloire e do Warrior). julgava-se que ele tinha sido al- fedida, cançado porém, em que os canhões aumenta- pela explosão); o ataque foi feito vam de tamanho, este sistema teve de ser com o submarino imerso. "bateria modificado, transformando-se na A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA central", com os canhões situados dentro de uma cidadela encouraçada ou casamata, co- Na América do Sul, o ano de 1864 fica locada a meio-na vio. A bateria central, com marcado pelo começo da Guerra da Tríplice °s canhões Al iança atirando principalmente pelos (1864-1870), envolvendo, de um lado, bordos com os Argentina, Brasil do navio, foi muito popular e Uruguai, e do outro o navios nesses Paraguai. Coube de propulsão mista, já que quase que exclusivamente navios a vela ao Brasil a responsabilidade a aparelhagem para a propulsão pela condução impedia a operação da torre ou da barbeta, das operações navais. limitando muito o arco de tiro dos seus ca- Em 1865, é travada entre brasileiros e nhões (apesar disso, só em 1865 seria lançado paraguaios a Batalha Naval do Riachuelo, o primeiro navio com bateria central). uma batalha fluvial de caráter decisivo já que Em 1863, os franceses lançam ao mar o a Esquadra paraguaia foi praticamente dizi- Submarino Le Plongeur; ele usava arcompri- mada. Embora a Fragata Amazonas, capitânia

mido tanto o brasileira, para a propulsão como para de propulsão mista a roda, não sistema dispusesse de mergulho. Tinha grandedificulda- de aríete, o almirante brasileiro de em obstá- adotou manter a profundidade (o maior a tática de abalroar os navios culo inicial sub- para o desenvolvimento do paraguaios, e decidiu a sorte da batalha, ao marino) sistema afundar e não dispunha de qualquer dessa forma três dos navios de armas. O projeto foi logo abandonado. paraguaios e uma das chatas.

Nos Estados Unidos, ainda na Guerra de A força brasileira era composta de nove

Secessão, os confederados construíram em navios de casco de madeira e propulsão mis- 1864, o Submarino Hunley, nada mais ta, enquanto a que força paraguaia compunha-se era também do que uma caldeira cilíndrica de ferro, de nove navios rebocando chatas

com tampas cônicas em ambas as extremida- artilhadas; na verdade, do lado paraguaio des; tinha 40 de comprimento, sua apenas o Taquari pés propul- era um navio de guerra, são era a 2,5 sendo a mão (a velocidade podia chegar os demais navios adaptados.

RMB4T/2000 149 As canhoneiras construídas na França e desestimulou guerra os esforços que se fazi- na Inglaterra, chegadas ao Brasil como vimos am; seria necessário uma nova crise para que, em 185 8, com mista a hélice, cons- propulsão embora precariamente, se retornasse a cons-

tituíam o núcleo da Esquadra brasileira, com trução na década de 1880).12 os navios de maior e calado e menor O investimento porte feito na preparação de capacidade de manobra reservados para a pessoal no início da década de 50 dava assim proteção do tráfego marítimo ao longo das os seus melhores frutos. costas do Brasil, inadequados que eram para O Arsenal de Mato Grosso, situado na operações fluviais. área próxima ao conflito, também contribuiu A Batalha Naval do Riachuelo, embora para o esforço de guerra: em 1863, construiu eliminasse a ameaça representada pela Es- uma canhoneira a vapor, de rodas; em 1864, quadra paraguaia e assegurasse o bloqueio um vapor fluvial de rodas13. O estaleiro da do Paraguai pela vitoriosa força naval brasi- Ponta da Areia, em 1865 construiu duas leira, não teve as conseqüências estratégicas canhoneiras14.

se esperar de uma batalha que poderia deci- Na Europa, prosseguiu arevolução naval- siva. Graças às fortalezas que os paraguaios militar, com o lançamento, em 1865, do HMS fizeram construir nas margens do RioParaguai, Belleroplion, primeiro navio de linha com "inexpugnável" em especial a Humaitá, a Es- bateria central; sua bateria compreendia dez

brasileira teve o seu acesso quadra barrado canhões de 9 polegadas, além de dois ca- rio acima, não dispor da mais nhões de 7", montados numa podendo, pois, bateria na popa, importante via de acesso logístico, numa re- e três canhões de 7", sem proteção, dos quais alagada onde as comunicações terres- gião dois poderiam atirar pela proa; o navio dispu- tres eram extremamente precárias. nha de aríete e sua couraça de ferro tinha 6

A de 1865, o desafio criado partir pela polegadas de espessura. guerra iria ser a causa de um novo surto de desenvolvimento da construção naval no A GUERRA AUSTRO-PRUSSIANA -

País, especialmente no Arsenal da Corte: em A BATALHA DE USSA

1865, foram lançados ao mar uma canhoneira a vapor e dois navios encouraçados; 1866, em A Guerra Austro-Prussiana (1866), embo- um navio encouraçado e duas bombardeiras; ra decidida em terra, ensejou a Batalha Naval em 1867, uma corveta e três monitores de Lissa, objeto de inúmeras discussões. - encouraçados; em 1868, três monitores A Esquadra italiana a Itália era aliada da -, encouraçados, além do início da construção Prússia sob o comando do Almirante Con- da Corveta Encouraçada Sete de Setembro, Persano, de Cario di quando escoltava um com casco de madeira e couraça de 4 polega- comboio de tropas que atacariam a Ilha de das (só seria concluída em 1874: o fim da Lissa, no Mar Adriático, avistou a Esquadra

12.Os navios lançados ao mar no Arsenal da Corlc foram: em 1865, a Canhoneira Taquari e os Encouraçados Tamandaré e Barroso-, em 66, o Encouraçado Riachuelo c as Bombardeiras Pedro AJbnso c Forte de Coimbra; cm 67, a Corveta Vilal de Oliveira c os Monitores Encouraçados Pará, Rio Grande e Magoas-, cm 68, os Monitores Encouraçados Piauí, Ceará e Santa. Catarina, além do pequeno Vapor Levei e do Rebocador La/nego. Alguns dos encouraçados c dos monitores encouraçados seriam usados cm Humaitá. 13.Os navios construídos no Arsenal de Mato Grosso foram: cm 1863, a Canhoneira Cuiabá-, em 64, o Vapor Fluvial Paraná.

14.Os navios construídos no estaleiro da Ponta da Areia em 1865 foram as Canhoneiras Greenlialgli e Mart ílio Dias.

ISO RMB4uT/2000 (

I

BRASILEIROS CONSTRUÍDOS NO BRASIL

\'iuil|^/r, Mveini''|K<>7•'

- Alagoas (1867), 1 H Ar moniior-cncourafado' 4 Sele de Setembro (1874). fragala brasileira (no texto ela c classificada como corveta) (Foto: SDM)

liellerophion (1865). inglês (Foto: JFS-1898)

Affoiuliilore (1865), italiano (Foto: JFS-1898)

152 RMB4uT/2(>00 austríaca, sob o comando do Almirante Von Com o lançamento ao mar em 1866 da

Tegetthoff, Ambas as Fragata HMS Pallas, a máquina vindo para o ataque. a vapor de Esquadras eram constituídas de navios com dupla expansão é usada em navios de maior canhões na obso- anteriormente borda, que já se tornavam porte; (1862) ela fora usada 'etos, sendo a única exceção o navio italiano numa escuna.

com No ano de 1867, Affondatore, que dispunha de torreta o oficial de Marinha dois canhões de alma raiada de 9,75" e, tam- austríaco Johann Luppis e o inglês Robert bém, de - Whitehead desenvolvem aríete sem dúvida, o mais poderoso o projeto do primei- navio ro torpedo autopropulsado, que participou da batalha (recém-saído arma que, após do estaleiro construtor na Inglaterra, o navio uma série de aperfeiçoamentos, iria revoluci- não tinha A onar a no mar, reais condições para o combate). guerra como adiante veremos. frota austríaca, numericamente superior, ti- O primeiro torpedo tinha um motor de ar nha comprimido a maioria de seus navios com propulsão que lhe imprimia uma velocidade a hélice, mas sem couraça; seus navios de 6 nós, e dava-lhe um alcance de apenas 300 encouraçados Erzherzog Ferd.ina.nd Max e jardas; transportava uma carga de dinamite

Hcibsburg ainda não tinham recebido os no- de 18 libras no nariz. vos canhões Krupp, tendo A partir de 1867 o vapor c°mo e ser usado armamento principal os passa a bordo velhos canhões na borda, para ac ionamento de máqui-

56-pounder, nas auxiliares, de alma lisa, como, por exemplo, Praticamente inúteis contra Navios de madeira da para a geração de as couraças italianas; os energia elétrica, movimen- Esquadra brasileira, não outros tação de cinco navios da frota guindastes, paus enfrentar só podiam dispunham de canhões de carga e cabrestantes, ti- -pounder, 64 de carregamen- fortalezas equipadas com ragem forçada das caldeiras topelaculatraeraiados,e56- maiores a artilharia da época (o que permitia ra- Pounder zões de combustão) de alma lisa. A arti- e para 'haria da frota italiana era uma melhor ventilação dos muito superior à da austría- compartimentos habitáveis ca; embora seus canhões do navio. Uma verdadeira fossem de alma raiada. revolução, também na borda, eram que quase não é percebida na

Inferiorizados na artilharia, os austríacos re- atualidade. solveram fazer uso da tática de aríete. O

Encouraçado italiano Re d'Italia foi afunda- A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA do dessa maneira; o Palestro, atingido por CONTINUA uma granada na popa, explodiu. No mente, Na América momento em que, incontestável do Sul, prosseguia a Guerra a couraça mostrava-se decididamente supe- da Tríplice Aliança contra o Paraguai. Apesar rior ao canhão e se atribuía ao aríete enorme daesmagadora vitória brasileira em Riachuelo, valor, a Esquadra impunha-se que o maior número possí- não pôde prosseguir rio acima vel de antes canhões da bateria principal pudesse porque, do conflito, os paraguaios ha- atirar tentava viam feito pela proa, já que o navio que construir modernas fortalezas, en- alcançar tre as o outro com aríete tinha que avançar quais Humaitá, nas margens do Rio de o Paraguai; proa para o inimigo e era importante que numa região alagadiça como aque- fizesse la, o rio com os seus canhões atirando. era a única via disponível para o apoio

RMB4°T/2000 153 logístico das forças em operação e o livre canhão era de 120 mm; nos outros, o canhão acesso a ele era, pois, indispensável. Com os era de 70 mm. navios em 1865, compunham aEsquadra que, O projeto desses monitores era totalmente brasileira a neutralização das fortalezas era, baseado no projeto do seu ilustre antecessor porém, impossível: navios de madeira, con- da Guerra de Secessão, o Monitor. forme foi aqui apontado, não en- Em fevereiro de 1868, já podiam a passagem foi frentar fortalezas equipadas com a artilharia forçada pelos navios encouraçados da época. (ironclad) Barroso, Bahia e Tamandaré, cada

Foi assim necessário o Arsenal da um levando a contrabordo, que por bombordo, Corte desenvolvesse a tecnologia adequada um monitor couraçado, respectivamente, o e construísse os navios com couraça que Rio Grande, o Alagoas e o Para; as conseqü- pudessem forçar a passagem da Esquadra ências da rendição da fortaleza de Humaitá

além de Humaitá, conforme as lições da depois, em para pouco julho, foram quase imedia- Guerra da Criméia bombardeio (o do forte de tas: em janeiro de 1869 as tropas aliadas Kinburn e de Sebastopol já ocupam a capital inimiga;a comentados) e, as mais re- guerra ainda prosseguiu centes, da Guerra de Seces- mais um tempo, até março Os dos são nos Estados Unidos projetos de 1870, mas já decidida,

(David Farragutt em Mobi- encouraçados e dos com as tropas da Tríplice le). Já vimos a de Aliança que partir monitores encouraçados perseguindo im- 1865 a Marinha construiu placavelmente, através do eram de Napoleão Levei, e um número considerável de território paraguaio, as de- as máquinas instaladas navios. sorganizadas mas aguerri-

Os projetos dos encou- foram de das tropas de Solano projeto e raçados e dos monitores López. construção nacionais, a encouraçados, conforme Durante o conflito da cargo de Carlos Braconnot apontado anteriormente, Tríplice Aliança, os eram de Napoleão Levei, e paraguaios lançaram mão as máquinas instaladas fo- da guerra de minas, sob ram de projeto e construção nacionais, a inspiração da Guerra da Secessão. Para tanto, cargo de Carlos Braconnot. (Ver fotos na contrataram um ex-oficial da Marinha dos

139) Estados Unidos, Thomas pág. H. Bell, que produ-

Os monitores encouraçados eram de ziu minas no Arsenal de Assunção. As minas construção mista de madeira e ferro (os vaus ali desenvolvidas consistiam num recipiente eram de ferro) e levaram couraça de ferro; vedado, cheio de pólvora, preso a um sua única propulsão era a vapor; dispunham flutuador, com um sistema mecânico de dis- de um canhão montado em torre giratória, paro. As minas eram lançadas rio abaixo con- na linha de centro do navio, na forma de tra os navios brasileiros. um retangular com duas faces Para se contra prisma prevenir este tipo de guerra, circulares (menor peso); tinham pequeno o Brasil contratou por sua vez um engenheiro calado e ótima manobrabilidade aos norte-americano graças que, durante a guerra civil, dois eixos propulsores. Em três monitores servira à Marinha dos Estados Confedera- - Ceará, Piauí e o Santa Catarina - o dos: James Hamilton Tomb*. Para proteção

* "Diário N.R.: Sobre esse engenheiro, ver do Captain Tomb", RM1I 1" trim./2000, p. 137-156.

154 RMB4T/2000 -t*^*"< '—¦²4SL^mmmmmmmnrlt*itmm*ékm - '" '*—^—^4ttaid^"¦¦ . '.. I

/ííi/i/í/ e Tamandaré (IS6S1. Encouraçados brasileiros

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Pará (1868). Monitor encouraçado brasileiro

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RM B4T/2OO0 155 dos navios contra as minas derivantes, ele na batalha de Sedan; a incontrastável supe-

rioridade naval francesa - a França era o adotou redes de proteção, colocadas junto aos navios fundeados, e estabeleceu um sis- Poder Naval de desafiava o Poder Naval

hegemônico da Inglaterra - não teve nenhu- tema de escaleres tripulados para a patrulha ma influência na Pode-se tirar disso dos rios, com o propósito de encontrar e guerra. desviar as minas lançadas. uma importante 1 ição: para que o Poder Naval é Apesar dessas medidas, durante o bom- possa exercer todas as suas capacidades indispensável a tenha certa dura- bardeio de Curuzu pelas forças navais brasi- que guerra na Austro- leiras (1866), o Encouraçado brasileiro Rio de ção, conforme já ficara claro Guerra Prussiana, a derrota no mar dos itali- Janeiro foi atingido por uma mina e afundou, quando anos, aliados da Prússia, não teve conseqü- com boa parte de sua tripulação.

O reconhecimento do valor da couraça ências significativas para o desfecho do con-

decisiva Batalha de Sadowa definiu a aumentava em toda a parte; com a evolução flito (a sorte da dos canhões e dos projetis impunha-se o uso guerra). as experiências torpe- de couraças cada vez mais espessas: a partir Continuavam com o

de 1868 as couraças dos navios de linha do Whitehead. Após algumas experiências

realizadas Esquadra passaram a ter até 9 pole- pela britânica do Mediterrâ- gadas de espessura, ain-

da de ferro. neo,em 1870, alnglater-

ra comprou o direito de A preocupação com Para o Poder Naval o uso dc aríete levou, que fabricação desses torpe-

conforme aqui assina- exercer todas as suas dos; ou- já possa posteriormente,

lado, a esforços dar tros países, como aFran- para capacidades é aos navios uma clara li- ça, a Alemanha, a Aus- indispensável a que guerra tria, a Itália, a Rússia e a nha de tiro pela proa:

dentro desse espírito, é tenha certa duração Suécia fizeram o mesmo.

lançado ao mar, em 1868, Estava aberta a porta para

o HMS Hércules, arma- que essa arma tivesse

do com uma bateria cen- adoção geral embora ain-

levasse algum tempo ela demons- trai de oito canhões de 10 polegadas, quatro da para que trasse toda sua eficácia e viesse revolucionar dos quais instalados sobre plataformas no mar. rotativas nos cantos da cidadela avante, per- a arte da guerra

um arco de mitindo que eles pudessem cobrir o navio dispu- ACIRRA-SE O DUELO tiro indo da proa até a alheta; x CANHÃO nha ainda de dois canhões de 9" e quatro de COURAÇA

7", metade deles atirando para vante, metade Um importante acontecimento tem lugar para ré. em 1871. O HMS Captain, navio de

mista e armado com torreta, A GUERRA FRANCO-PRUSSIANA propulsão

emborca e afunda. O navio era projeto do

No ano de 1870 tem lugar a Guerra Franco- oficial da Marinha britânica Cowper Coles.

Durante a construção do navio, Coles Prussiana, última etapa do processo de unifi-

caçãoda Alemanha, soba liderançada Prússia estava doente e, por isso, não a supervisio- a de Bismarck. Foi um conflito exclusivamente nou; os pesos que foram sendo colocados

terrestre, sendo decidido muito rapidamente bordo deixaram de ser controlados, de forma

156 RMB4T/2000 "*hrt M- ! *^__ I f í—fc

i I>*P^i-» _ r-lilnir. Dreadnoughl (1875). Encouraçado inglês (Ambas folos: CAB)

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K que o deslocamento do navio, que fora pro- A resposta não se fez tardar: ainda em jetado para 6.963 toneladas., alcançou 7.767, 1871 foi lançado ao màxoHMS Devastation,

e a borda livre de projeto, que era de 8 Vi pés, primeiro navio de linha com propulsão exclu- lA caiu para apenas 6 pés na ocasião da si vãmente a vapor, só dispondo de um peque-

entrega. no mastro para sinais. Era Algumas importantes li-— dotado de torres a vante e

foram tiradas tra- ções desta A torreta, com seu enorme a ré da superestrutura, com

gédia: tornava-se evidente canhões de 12", com mostrava-se peso, que a propulsão mista, im- conteira ainda manual; sua totalmente incompatível plicando no uso de mastros, couraça atingia 12" de es-

vergas e toda a aparelhagem com extraordinária a propulsão a vela pessura,

necessária para a propulsão para a época. Essa combi- e a vela, era incompatível com nação de grande couraça

o emprego das couraças, cada vez mais pesa- de torres com grandes canhões só foi possí-

das; a torreta, com seu enorme peso, mostra- vel porque o navio não dispunha de velas.

va-se totalmente incompatível com a propul- Em 1871, um importante acontecimento vela. a são a teve lugar no que concerne à propulsão

(

¦ Ambas fotos: Iniinaerer LWMM ¦*CA" (1872)._ Encoura^ado

' '' ' vapor: o oficial da Marinha francesa F. du dois canhões de 11" montados em barbeta. Temple inventa a caldeira aquatubalar de Em 1875, foi lançado o navio da mesma classe tubos finos, tornando obsoletas as antigas Vice-Almirante Popov, só que seus canhões caldeiras flamatubulares. Posteriormente, os eram de 12". Embora esses navios fossem, mgleses Thornycroft e Yarrow e o francês como projetado, plataformas estáveis, mes- Normand mo em desenvolvem outros modelos des- condições de mar em que outros navi- te tipo de de os muito, o fundo chato caldeiras, que, assim, se torna jogavam em forma de uso "batessem" universal. disco fazia com que muito com o

Em HMS mar e o seu convés 1872, é lançado ao mar o que estivesse quase Thunderer, imerso da mesma classe que o permanentemente quando em viagem. Devastation, O em virtude mas com os canhões de vante projeto, desse problema, foi de 12,5" , operados hidraulicamente c com definitivamente abandonado. c°nteiraavapor. Em mais uma etapa do duelo entre a cou-

No Brasil, é lançada ao mar, no Arsenal da raça e o canhão, é lançado ao mar em 1875 o

Corte, HMS Dreadnought - em 1873, a Corveta Trajano, que assi- homônimo do navio nala o início de um novo ciclo de construção que se tornaria famoso três décadas mais naval - no País, embora a situação econômica tarde o primeiro encouraçado a usar couraça

do País muito de 14" de espessura. foto na fizesse com que ele fosse de (Ver pág. 157) menor expressão sob A Guerra de Secessão mostrara que a do ciclo anterior, que pe- motivação da Guerra do Paraguai. Dois navi- quenos navios, embora armados com os tipos

°s encouraçados, foram mais de torpedos - o torpedo- de propulsão mista, primitivos 'ançados no mesmo Arsenal ao longo da lança ou o torpedo Harvey (uma carga expio- década de 70; eram cruzadores de casco de si va rebocada que era levada a explodir contra

madeira, o costado do navio inimigo)15 - de muito baixa velocidade e de pe- podia ter

queno valor militar. sucesso contra um na vio maior e melhor arma-

Uma curiosa tentativa teve lugar na do: pequenas embarcações conhecidas como "Davids" Rússia, navios as se opunham em 1873. Para dar aos (porque aos grandes "Golias" características de tiro, da força federal) realizaram de uma boa plataforma ataques e. ao des- com êxito - inclusive mesmo tempo, conciliar um grande contra o navio USS 'ocamento nesse ano Albermale, afundando-o — com pequeno calado, embora algumas 0s russos o Navio vezes sendo vítimas das lançaram ao mar explosões que pro- Encouraçado Novgorocl, vocaram. Em 1875, para defesa costeira coube aos noruegueses de casco circular, semelhante lançar ao mar a Torpedeira com o formato Rap, para defesa ao de três costeira, uma frigideira. O navio dispunha de uma pequena embarcação de 7 a 8

conjuntos seis toneladas, com de máquinas acionando pro- 55 pés de comprimento, capaz Pulsores, de desenvolver que lhe davam uma velocidade uma velocidade de 15 nós; máximade8,5 barcos semelhantes nós; sua artilharia compreendia foram construídos para a

'5. O torpedo Ilarvcy, uma invenção do oficial da Marinha inglesa Harvey, consistia basicamente numa carga explosiva explodir debaixo d'água (à época, qualquer dispositivo para era chamado de torpedo), que era lançada um fio; pela popa da embarcação atacante presa por quando rebocada em alta velocidade tendia, a se afastar da esteira da embarcação atacante formando com ela um ângulo de 45° (um dispositivo semelhante ao usado na ser pesca ajudava essa tendência); a carga podia preparada para explodir quando se chocasse contra o casco do explodir acionando-se navio alvo ou podia ser preparada para eletricamente um dispositivo quando a carga estivesse ao alvo. O em posição conveniente em relação torpedo-lança consistia numa carga explosiva "lança" colocada na extremidade de uma longa presa à proa da embarcação atacante.

KMB4"'1720<>0 159 a Suécia, Dinamarca, Áustria e Argentina; em- reduzida a pedaços. Os italianos decidiram bora o torpedo auto-propulsado já tivesse favor do aço. aprovado, como vimos, em testes realizados Os canhões de 17,7", porque na época não em 1870, nenhum desses navios dispunha existia nenhum sistema de carregamento ca- dessa arma; dispunham apenas dos primiti- paz de carregá-los e operá-los com eficiência, vos torpedos. logo se mostraram inadequados, apresentan-

Em 1875, surge um novo tipo de navio, do uma cadência de tiro muito baixa; mostra- com o lançamento ao mar do Cruzador ram-se menos eficazes que os canhões de 12"

Encouraçado ou Encouraçado de 2a classe que, por isso, tornaram-se o armamento pa-

HMS Shannon, que se pretendia pudesse drão nos encouraçados de todo o mundo. realizar tanto as tarefas do encouraçado, for- Com o Duilio foi iniciada a prática da mando na linha de batalha, como as de cruza- cidadela central e torretas nos cantos opos- dor, na proteção ou ataque ao tráfego maríti- tos da cidadela. mo; foi o primeiro navio a ter convés Como o aumento da espessura das coura- encouraçado, além da cinta-couraça até a ças passou a comprometer a velocidade dos linha d'água, esta introduzida para dar prote- navios (havia limites para a potência instala-

ção aos novos motores de propulsão verti- da), tornou-se importante desenvolver cou- cais; deslocava 6.000 toneladas e atingia a raças de outros materiais que, por terem me- velocidade de 14 nós; seu armamento era do lhor resistência, poderiam ter menor espessu- tipo bateria central. ra e peso. Os esforços nesse sentido não

Com o crescente aumento da espessura tardaram. Tanto na França (Marselha) como das couraças, canhões cada vez maiores fo- na Inglaterra (Sheffield) foi desenvolvida a ram sendo usados a bordo. Em 1876 foi couraça composta: umaplacade açoera sol- lançado ao mar o Encouraçado italiano Duilio, dada sobre uma de ferro. Os testes realizados de 12.000 toneladas (outro, da mesma classe nos dois países com esta couraça foram um seria lançado em 1878, o Dandolo), armado enorme sucesso, de modo que nos dez anos com quatro canhões gigantescos de 17,7" que se seguiram elas foram de uso obrigató- 100 Marinhas (cada canhão pesando toneladas), de rio, em todas as do mundo, para os carregamento pela boca; o navio dispunha de grandes encouraçados. uma couraça de aço de 22", e desenvolvia a Em 1876, foi lançado ao mar o HMS "sanduíche", velocidade máxima de 15 nós. Injlexible, ainda com couraça

Para a escolha da melhor couraça, os de ferro forjado, com 24" de espessura, o italianos realizaram testes entre uma couraça limite a que se podia chegar com couraças de "sanduíche" de ferro forjado (como usual até então) de ferro; o tipo compreendia duas

22", fabricada em Sheffield e em Marselha, chapas de ferro de 12", com madeira entre e uma couraça de aço desenvolvida por elas. Deslocando 11.000toneladas,eraomaior

Schneider, de igual espessura, ambas navio até então construído; dispunha de montadas sobre placas de madeira (teca) de quatro canhões de 16" (peso unitário de 80

19"; sabia-se de antemão que o aço oferecia toneladas), carregamento pela boca; seu com- maior resistência que o ferro mas, por outro primento era de 320 pés e a boca moldada de

lado, ele se mostrava mais quebradiço. 75 pés. Para determinar as melhores caracte-

Ambos os materiais não foram perfurados rísticas para os seus hélices, foram realizados, pelos tiros dos canhões de 10"e 12"; quando por William Froude, testes hidrodinâmicos foram testados com o canhão de 17,7", a em tanques de prova e, graças a isso, apesar ferro couraça de foi perfurada e a de aço foi do seu enorme tamanho, o navio podia desen-

160 RMB4T/2000 volver 15 nós. Dispunha de tanques anti- na foz do Rio Danúbio, duas canhoneiras rolamento - e de luz elétrica. Levava a bordo turcas ancoradas; as lanchas, quando arma- uma concepção arrojada! - dois torpedeiras das, só eram capazes de desenvolver 5 nós e, de 60 de torpedo como o torpedo tinha ser levado de pés, com os primeiros tubos que submersos. Devido à sua complexidade, o encontro ao casco inimigo, elas ficaram muito navio só foi comissionado em 1881. tempo sob o pesado fogo do inimigo, mas

Em 1876, foi lançado ao mar o HMS apesar disso, o ataque foi um sucesso: a

Lightning, turca foi uma torpedeira de 19 toneladas, Canhoneira Seife a pique sem que a fabricado velocidade lancha a atacou tivesse sofrido pela Thornycroft, com que qualquer de 18 nós. A importância dessa embarcação baixa. está no fato dela ter servido de modelo para um AS TORPEDEIRAS grande número de embarcações seme- COM TUBOS 'hantes AXIAIS construídas pela própria Thornycroft e pela Yarro w, em face do enorme sucesso do

Lightning, algum Nesse ano, é lançada a Torpedeira france- depois que ela recebeu, tempo sa Embarcação Torpedeira depois do lançamento, um dispositivo Na 1 que, antes de lançamento torpedo do Lightning, é a embarcação pela popa do primeira prepa- autopropulsado não rada lançar os torpedos Whitehead, (como logo veremos, para por 'água, foi, de tubos axiais, situados abaixo da linha d porém a primeira embarcação a dispor tubo um avante e outro a ré, para lançar o torpedo Whitehead). entre os dois eixos. É

Novos melhoramentos foram introduzi- uma embarcação de 101 toneladas, acionada dos na construção naval: em 1876, é lançado por duas máquinas alternativas de três cilin- ao mar o Encouraçado francês Rédoutable, dros, que lhe imprimiam uma velocidade de navio com casco de aço e couraça de aço de 14,25 nós. Embora não tenha sido um suces-

22 so, devido à sua baixa velocidade, polegadas (como se vê, a couraça compos- seu projeto ta custou navio a ter as serviu de base um novo tipo de navio a ser usada); primeiro para cavernas de aço, conipartinientagem estan- que, anos mais tarde, seria conhecido como flue com duplo fundo e anteparas estanques navio contra os torpedeiros ou transversais e longitudinais. contratorpedeiro.

Em 1877, numa das recorrentes guerras O emprego operacional do torpedo entre russos russas, autopropulsado deu um novo e turcos, quatro lanchas e extraordiná- armadas com torpedos-lança, atacam à noite, rio impulso à tática naval. Os dispositivos

Rédoutable (1876). Encouraçado francês (Foto: JFS 1898) I/ncscar (1865). Monitor chileno

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Almirante Corhranc. Cruzador chileno

_— (Ambas fotos: JFS-1898)

para lançamento dos torpedos Whitehead, podia ser lançada uma torpedeira, alojada

quer os instalados no convés quer em tubos nesse compartimento; duas outras torpedeiras

axiais submersos, tornaram-se comuns em eram transportadas no convés superior. As

quase todos os navios de combate, mas, pequenas torpedeiras transportadas nos gran-

especialmente, valorizou as pequenas des encouraçados seriam, algum tempo de-

torpedeiras. pois, designadas torpedeiras de 2" classe, 1" O sucesso do Lightning, após as modifi- para distingui-las das maiores, ditas de

cações que o capacitaram a lançar os novos classe, que operavam independentemente.

torpedos, deu origem, confor-

mejá tivemos ocasião de sali- A GUERRA CIIILE PERU

entar, a uma série de torpedei- O emprego operacional ras, de construção inglesa, mas Um incidente no mar, ocor- do torpedo adquiridas pelas pequenas rido cm 1877, foi importante Marinhas as de todo o mundo. autopropulsado deu um porque pôs em evidência

As torpedeiras Thorny- limitações dos cruzadores da novo e extraordinário croft deslocavam 13 tonela- época. Tendo o Monitor pe- impulso à tática naval dasedesenvolviam 14 nós; as ruano Huescar se envolvido

Y ele arrow, 27 toneladas e 17 nós;— em atos de pirataria, foi

ambos os tipos podiam lançar interceptado pelo Cruzador

dois torpedos Whitehead. Inicialmente, es- inglês HMS Shah\ apesar da enorme superi-

sas embarcações eram projetadas para serem oridade do cruzador sobre o monitor no que

levadas a bordo dos navios de linha, operan- diz respeito à artilharia-o cruzador dispunha

e do a partir deles; o Dtiilio, conformejá foi dito, de 18 canhões, sendo dois de 10 polegadas - transportava torpedeiras: ele dispunha de um 16 de 6 polegadas o encontro não foi con-

grande compartimento a ré, na altura da linha clusivo; devido à baixa velocidade inicial dos

d'água, fechado na extremidade posterior por canhões do Shali, que usavam pólvora negra

pesadas portas estanques, através das quais como propelente, seus projetis não conse-

162 RMB4T/2000

. de ferro mais do um canhão funcionando, estava guiram penetrar a couraça de 4Vi que forjado com tiros sem leme e estavam fora de combate cerca de do navio peruano, mesmo disparados duelo entre três de sua tripulação. Depois de à queima-roupa. Nesse quartos a couraça trabalho de reparas o Huescar, agora e o canhão, a tendência era para extenso canhões arvorando o chileno, enfrentou em cada vez maiores (veja-se o caso do pavilhão

Duílio) mais resis- 1880 o Monitor Manco Capac numa e para couraças cada vez peruano tentes batalha sem resultado um e espessas (veja-se o caso do qualquer para dos Inflexible). lados.

O confronto entre o Huescar e o Sliali O primeiro êxito em combate de um torpe- ficou também foi a do autopropulsado não tardaria a chegar. Na marcado porque primeira vez extremidade mais remota que um torpedo Whitehead foi lançado do Mar Negro, em ern combate; Batoum, enfrentavam-se russos o torpedo lançado pelo cruzador e turcos; o falhou, comandante russo, Almirante Makharof, possivelmente porque o navio peru- vi- ano nha tentando atacar os turcos pôde se esquivar (mais provavelmente usando devido às deficiências ainda existentes no torpedeiras armadas com o torpedo Harvey, torpedo). sem nenhum resultado. Somente com a che-

O Huescar, de volta mais tarde ao controle gada dos torpedos Whitehead, a situação iria do mudar; os torpedos governo do Peru, representou um papel e seus dispositivos de relevante na Guerra do Chile contra o Peru e lançamento foram colocados em dois barcos aBolívia( Naval foi especialmente isso;em 1878, 1879-82), em que o Poder preparados para usado de maneira intensa. Em 1879, o eles atacaram e afundaram um vapor turco de

Huescar e o Encouraçado Independência, da 2.000 toneladas lançando os torpedos a uma t' ota distância de apenas peruana, enfrentaram a Chalupa chilena 80 jardas. Esmeralda Os motores compostos e a Chalupa Cavadonga; o Inde- que, como vimos, Pendência vinham foi levado a encalhar pelo sendo usados desde 1863, atingem o Cavadonga e bombardeado até se transfor- seu máximo desenvolvimento em 1878, com

^ar num casco soçobrado e o Huescar afun- o lançamento ao mar dos Navios de Despa- dou - o Esmeralda; com o resultado de ação, cho correspondente aos avisos franceses - foi suspenso temporariamente o bloqueio de da Marinha britânica, o íris e o Mercury, que Iquique do mes- atingem a velocidade pelos chilenos. Em outubro recorde de 18,5 nós. ¦no ano, dois Em 1879, mais um acidente o Huescar foi atacado por grave na Ma- navios chilenos, o Blanco Escalada eoAImi- rinha britânica traz conseqüências importan- ''cinte Cochrane e, depois de uma batalha tes: explode um dos canhões de 12", carrega- heróica, dispunha de mento boca, rendeu-se, quando não pela do HMS Thunderer. Depois

Iris c Mercury (1896). Navio de Despacho inglês (Foto: JFS-1898) de uma nega de fogo, o canhão foi inadverti- das abaixo da linha - d'água do navio praças damente carregado com um segundo tiro de máquinas, (pro- de caldeiras e os paióis de e carga) e, feito o novo disparo, munição - jetil quando eram protegidas por um convés de explodiu. A análise do acidente indicou 3á" que aço, com espessuras que iam desde até 6". esse tipo de acidente só pôde ocorrer porque Eram dotados de compartimentagem estan-

o carregamento do canhão era boca. pela que e, como proteção adicional, suas Conforme veremos, o acidente do carvoeiras foram colocadas junto ao costado Thunderer contribuiu para que os ingleses do navio. voltassem a usar o carregamento pela culatra. Os cruzadores encouraçados dispunham

A verdade, é mesmo nesses ca- de couraça lateral, o porém, que que lhes dava uma pro- nhões, continuavam a ocorrer acidentes; isso teção superior a dos protegidos. O primeiro

só acabaria quando, mais tarde, o tubo alma destes navios apareceu, conforme menciona-

dos canhões, que era de ferro forjado, fosse do anteriormente, em 1875, o Cruzador

feito de aço. Encouraçado HMS Shannon. Eram também

Em 1879, é lançado o submarino HMS chamados de encouraçados de 2a classe.

Resurgam, do da igreja projeto padre A tendência para a adoção nos cruzadores

anglicana Garrett. O navio tinha a de couraça lateral foi propulsão muito persistente apesar vapor: na superfície, uma caldeira de alguns analistas navais quando julgarem que, mais vapor era descarregado num do produzia que que poderosas couraças e grandes ca-

tanque de água quente; o calor latente assim nhões, a melhor característica dos cruzadores

armazenado era usado a era a velocidade para propulsão quan- superior, própria dos cruza- do o submarino estava imerso; este por pro- dores protegidos, e maior rapidez de tiro; o li- cesso, o navio operar mergulhado mite da podia por couraça seria aquele que não sacrifi-

ou 5 horas, com velocidade em torno de 3 casse a velocidade ou o raio de ação do navio.

nós. Usava tanques de lastro que lhe davam No final da década surgiria uma novaconcep-

uma reserva de flutuabilidade. Mer- pequena ção, sobre o qual falaremos mais adiante.

com auxílio de hidroplanos. Foi um No ano de 1880, é lançada gulhava a primeira total fracasso, tendo afundado durante as torpedeira que seria classificada como de 1"

provas de mar. classe, a Torpedeira russa Batoum. Era uma

A de 1880, começam asepopulari- embarcação 40 partir de toneladas, 100 pés de com- zar os navios construídos com casco - de aço pri mento, motor de 500 HP e velocidade de 22

vimos o navio com casco de nós. Foi construída na Inglaterra já que primeiro pela Yarrow.

aço foi o Rédoutable, lançado ao mar em 1876 Em 1880, é lançado ao mar o Cruzador de

- o representava que um grande avanço pois Batalha Itália, concepção de Benedetto Brin

o aço era mais leve, mais resistente e de menor o Duilio). (como Optando pela manutenção do o ferro. dos canhões de e preço que grandes 17,7 polegadas

acreditando que a velocidade seria um fator

05CRUZADORES fundamental esse tipo para de navio, o proje-

tista optou por sacrificar completamente a

Na década de 80 também estavam em de- cinta-couraça; somente as bases das duas

senvolvimento duas concepções diferentes torretas, os elevadores de munição e a base

de cruzadores: os cruzadores e os das chaminés protegidos eram protegidas por couraças, cruzadores encouraçados. constituindoacidadelacentral.Paracompen-

Os cruzadores protegidos não dispunham sar esta vulnerabilidade, em toda a extensão de couraça lateral; suas partes vitais, situa- do navio foi usado um sistema celular de

164 RMB4°T/2000 Proteção, que correspondia à divisão do cas- A bateria secundária, constituída por ca- co em grande número de pequenos compar- nhões de tiro rápido, é instalada, a partir de «mentos estanques, cheios de carvão ou de 1882, a bordo dos encouraçados, de modo cortiça; a economia de peso resultante permi- que eles pudessem repelir o ataque das tlu que atingisse a velocidade de 18 nós, torpedeiras. São canhões de 6 polegadas, ou admirável na época para um navio desse menores, de carregamento pela culatra, gran- Porte. O Itália e o Lepanto, da mesma classe, de rapidez de tiro, instalados em grande nú- lançado em 1883, são os precursores dos mero ao longo dos bordos do navio. cruzadores de batalha da era dos . Esta arrojada concepção - o A EVOLUÇÃO DA PÓLVORA abandono da couraça e a adoção dos ca- nhões gigantes - não iria persistir, porém, O aparecimento desses canhões está as- mesmo na Itália. A maior proteção dada por sociado à evolução da pólvora. A pólvora couraças mais leves, mas mais resistentes e as inicialmente usada como propelente era a dificuldades operacionais dos grandes ca- pólvora negra, constituída de grãos peque- nhões iriam contribuir para isso; os canhões nos, e cuja principal característica é liberar de 12 se tornar toda a energia imediatamente "padrão".polegadas caminhavam para após a ignição. Como a precisão, o poder de impacto e o Em 1881, Schneider introduz o processo alcance do canhão dependem da velocidade de tempera do aço mergulhando-o em óleo do projétil ao deixar a boca do canhão (velo- após o forjamento. As couraças feitas com cidade inicial), foi desenvolvida uma pólvora, este novo aço mostraram-se mais resistentes feita com grãos maiores (pelotas) e, mais aos tiros dos canhões de 17,7 polegadas do tarde, em forma de prismas de seis lados, de que as couraças compostas. Logo, a França modo a ela queimar mais lentamente, exercen- e a Itália as adotariam para todos os navios. do sua ação sobre o projétil por mais tempo, Conforme havíamos antecipado, em 1881 e, portanto, imprimindo-lhe maior velocidade a Inglaterra voltou a usar os canhões inicial. O tubo alma dos canhões teve que ser Armstrong, de carregamento pela culatra. feito mais longo ou, do contrário, não haveria Em 1881, é introduzido o projétil de aço tempo para que toda a pólvora queimasse «indido. (uma certa quantidade dela em chamas sairia

Cruzadores de batalha italianos Lepanto (1882) e Itália (1880) (Foto: JFS-1898) só pela boca do canhão). Com isso, evidente- julgando o Almirantado que esse conceito

mente ficava mais difícil o carregamento pela era válido para pequenas Marinhas. As

boca, o que tornava o carregamento pela cu- torpedeiras foram projetadas para combater o latra praticamente obrigatório. Acresce que navios bloqueando portos; como, à época,

a alma raiada ia se tornando mandatória, pois, bloqueio era muito usado, as torpedeiras as-

ela dava maior estabilidade ao projétil na tra- sumiram considerável importância. jetória e, portanto, menos dispersão (mais Um conflito ocorrido nesse mesmo ano

acerto), e, com o advento da ogiva, era impres- contribuiu ainda mais para a valorização das

cindível que o projétil batesse de ponta, o torpedeiras. Para forçar os chineses a aceita-

que, sem al ma raiada, era i mpossível. O engra- rem as reivindicações da França na Indonésia,

zamento do projétil nas ranhuras do tubo alma uma força naval francesa, sob o comando do a era muito difícil com o carregamento pela boca Almirante André Coubert, foi enviada com

e, assim, impunha-se a alma raiada. missão de atacar os chineses em Foochow,

A pólvora de queima mais lenta, resultante situada Rio Min acima; para alcançar seu

da redução da quantidade de enxofre e au- objetivo, os navios franceses teriam que for-

mento da de salitre e carvão, é a pólvora çar a passagem em partes estreitas do rio,

marrom (ou chocolate); com o seu uso a bastante fortificadas pelos chineses. Como

velocidade inicial do projétil passou de 1.600 os maiores cruzadores franceses não tinham

pés/segundo para mais de 2.000. calado adequado para subir o rio, Coubert

O próximo desenvolvimento levou à pól- passou o seu pavilhão para o pequeno Vapor

vora sem fumaça, uma mistura de nitroglice- Volta, de 1.200 toneladas, e, com cinco pe-

rina e algodão-pólvora, feita em longos cor- quenos cruzadores sem couraça, três

dões (cordite) que desenvolve muito mais canhoneiras e duas torpedeiras, rumou para

energia que as pólvoras comuns, permitindo Foochow, tendo que vencer não só as forti-

o uso de menores cargas para um dado alcan- ficações nas margens do rio mas ainda uma

ce (isso iria permitir, lá para o fim do século, força naval de 11 navios de guerra, dos quais -o que os canhões de tiro rápido de 6 polegadas seis tinham mais de 1.000 toneladas maior - e maiores tivessem a carga propelente alojada tinha 1.600 além de nove juncos armados em estojos de latão; em caso de calibres com canhões de 47, alma lisa, antigos, e dois

menores, o estojo e o projétil foram ligados canhões de 10 polegadas.

numa única peça (munição engastada). O ataque foi tão exitoso quanto ousado.

Em 1884, teve lugar um importantedesen- Uma das torpedeiras francesas, de 32 tonela-

volvi mento na área da propulsão, que traria das, 92 pés, com a sua aproximação bem

com o tempo mudanças expressivas nesta coberta pelo fogo dos navios maiores, atacou

área: Charles Parsons patenteia a primeira com sucesso o Yanou, capitania chinês, dei-

turbina a vapor. xando-oem chamas e lançando a confusão na

frota chinesa; a outra torpedeira, idêntica à AÇÃO FRANCESA CONTRA primeira, destruiu a Canhoneira Foo Sing¦ CHINESES Tendo reduzido a frota chinesa a destroços,

E a partir de 1884 que as torpedeiras de Coubert desceu o rio; no caminho aniquilan- 1" classe tornam-se importantes elementos do os fortes dos estreitos graças à hábil

de algumas das principais Marinhas, como a manobra de seus navios.

da Rússia e da França. A Inglaterra, embora Em 1885, patenteado por Hadfield, surge

uma das maiores construtoras desse tipo de o projétil de aço fundido, com ponta endure-

embarcações, como vimos, é uma exceção, cida e corpo de material macio.

166 RMB4uT/2000 Em 1885, Nordenfeld, empregando o mes- encouraçados, afetando a sua estabilidade, o m° princípio do Resurgam, constrói, na Sué- que seria fatal para eles, pois, no entender do cia um submarino de 60 toneladas e 64 pés de pai da jeune école, eram navios fáceis de comprimento. eles emborcar acidente A principal diferença entre (o com o HMS Capstain era que o barco de Nordenfeld mantinha a certamente contribuiu para o fortalecimento Profundidade verti- desse conceito); por meio de dois hélices para os teorizadores da es- cais, acionados a cola, a no mar por máquinas auxiliares guerra seria principalmente Vapor, de HP, uma válvula voltada contra o tráfego marítimo - 6 comandadas por a guerra hidrostática de corso - o atuando em função da profundi- para que os cruzadores (e, mais dade. tarde, os submarinos É o primeiro submarino a levar o torpedo e, bem mais tarde ainda, Whitehead, num tubo no lado de fora do os aviões embarcados e os baseados em casco tinha terra) eram os meios na popa do submarino; o torpedo mais adequados; ao enfatizar a defesa - Propulsão a vapor. dos portos afinal, à época,

o bloqueio de portos era uma tática muito A JEUNE ÉCOLE - freqüente a jeune école valorizava ainda "poeira A assunção do Almirante Téophile Aube mais a naval". °a pasta da Marinha da França, em 1886, criou Coerente com suas idéias, Aube, na sua a oportunidade na na da Marinha, para a aplicação prática gestão pasta parou com a das teorias As construção dos encouraçados, de jeune école, por ele criada. e mandou dificuldades advindas da derrota da França construir 14 cruzadores e 34 torpedeiras. Para

alguns analistas, Para a Prússia em 1870 e o desgaste provoca- por essa razão, ao ter início do feito a Primeira Guerra Mundial, pelo esforço que vinha sendo para a Esquadra france-

Porem cheque a hegemonia naval da Inglater- sa era inferior às Esquadras tanto da Inglater- ra através da ra como da Alemanha, (sem sucesso), em especial países onde ainda inovação tecnológica, levaram o Almirante predom i na va o conceito clássico de confron-

Aube a repensar a estratégia naval do seu to entre as linhas de batalha das Esquadras

cuja oponentes. País; para ele, os grandes encouraçados, missão estavam Como seria de era compor a linha de batalha, esperar, na gestão de Aube condenados foi (na verdade, a França já não criada na França uma escola de torpedos tinha como construí-los c mantê-los), já que para preparar o pessoal para o emprego cor- as torpedeiras, armadas com os novos torpe- reto das torpedeiras e de seus torpedos. dos uma Conforme autopropulsados, representavam já adiantamos, uma das mais ameaça espetaculares significativa a eles: tão grandequeos conseqüências do risco repre- encouraçados com uma sentado passaram a contar pela proliferação das torpedeiras foi forte bateria secundária, com canhões de tiro o aparecimento, em 1886, de um navio espe- rápido, com o específico de i mpedir cialmente destinado propósito a enfrentar essas peque- a aproximação nas embarcações das temíveis torpedeiras (mais (hoje seriam os tarde, como logo adiante veremos, surgiram contratorpedeiros): construído na Inglaterra os contratorpedeiros, a navios projetados para para Espanha, é lançado ao mar o Destructor, enfrentar estapoussière navale); Aube, navio de 386 para toneladas que, usando dois era também cruzadores rápidos, motores de tripla possível que expansão, pela primeira vez armados com os novos canhões de tiro rápi- usados a bordo - em seqüência, cilindros de do, empregando explosivas carre- alta, média e - granadas baixa pressão podia desenvol- com alto explosivo, fossem capazes de ver 22,5 gadas nós. Na prática, apresentou muito atingir as não dos defeitos, razão partes protegidas pela qual não teve sucesso.

HMB4üT/20«0 167 Destructor

(1886), contratorpedeiro espanhol

(Folo: JFS 1898)

Em 1886, é lançado ao mar o navio de do Preocupados com o grande aumento defesa costeira dinamarquês Ivar Hvifeld, número de torpedeiras francesas, os ingleses especialmente projetado para levar a bordo lançam ao mar, em 1887, o HMS Grasshopper, duas torpedeiras. A idéia, porém, não vinga- chamado de torpedo gun boat ou torpedo ria, mas o registro é feito mostrar o para catcher, uma tentativa mais feliz que a ante- enorme prestígio, na ocasião, dessas rior para desenvolver um navio capaz de "contrator- torpedeiras. destruir as torpedeiras, um navio

As idéias da école levaram os fran- Essa jeune pedeiro". classe foi seguida pela classe ceses, com o apoio de Aube, a desenvolver o Spcinker (1889) e Jason (1892), navios com

projeto de um pequeno submarino para ser velocidade abaixo de 20 nós, deslocando de levado e a bordo dos grandes navios, como se 700 a 800 toneladas; sua baixa velocidade

fosse uma torpedeira de 2a classe. Em 1886, manobrabil idade pouca fizeram com que eles

é lançado ao mar o Goubert, de apenas 16,5 não tivessem sucesso contra as torpedeiras,

de comprimento, deslocando 10 tonela- ncipalmente pés pri quando estas, como era praxe,

das, acionado por motor elétrico, com tripula- faziam ataques noturnos.

de dois homens. O ção controle da profundi- Uma série de melhoramentos nos projetis dade a vante e a ré era garantido por um pên- surgiu em 1887: aparece o projétil encapsu- dulo: variação em uma delas deslo- lado qualquer (slieatliedprojectilé): o corpo do projétil, cava o no sentido da mais mer- feito de material macio, pêndulo ponta é envolvido por uma e esse movimento acionava uma gulhada pe- capa de material duro; aparecem os primeiros bomba rotativa e quena que, então, transferia projetis fabricados de aço-cromo (França) lastro do tanque da ponta mais pesada para a os perfurantes, em que o aço fundido é subs- mais leve, até se igualarem as profundidades. tituído pelo aço forjado (Inglaterra).

Apesar de engenhoso, o sistema mostrou-se O material das couraças também evoluiu.

insatisfatório quando em funcionamento. Ainda em 1887, é aprovado nos Estados

Ivnr Hvifeld

(1886), navio <? dc defesa costeira dinamarquês

(Foto: JFS 1898) 榦•'¦"• - ' • .. , . I * ‡1' , '** f*

Grasshoppert (1887), Spanker (1889) e Jastm (1892), os primeiros "contratorpcdciros" ingleses (Fotos: JFS-1898)

Unidos, a mesma forma de após uma série de testes, a couraça charuto que o torpedo fabricada de aço niquelado (5%), de Whitehead. Sua velocidade na superfície era

Schneider; tanto à de 7 nós e submerso 5 nós. ela se mostra superior O projeto, mais uma couraça composta Schneider vez, era de Dupuy de Lôme, e foi executado como à couraça por sem níquel. A Inglaterra, não dispondo de Gustave Zédé. Realizou mais de 2.000 mergu-

tecnologia nique- lhos com êxito. Era, para fabricar chapas de aço pleno porém, uma embar- lado (5%) na espessura desejada, atrasa-se cação experimental, não se destinando a ser

nesse setor; vencida a usado como embarcação de só a partir de 1892 ela, guerra. dificuldade, adota esta couraça. Ainda em 1888, é lançado ao mar na Ingla-

O de dois terra o Cruzador Dogali, construído ano de 1888 vê o surgimento para a submarinos, represen- Itália. Dotado de convés encouraçado, sendo que um deles deslo- tou um cava 2.088 toneladas, sendo o importante passo no desenvolvimen- primeiro navio to dessa a adotar os canhões embarcação. de 6 polegadas de tiro

Com construído rápido outros de menor calibre). Dispunha projeto de Isaac Peral, é (e na de tubos Espanha um submarino com propulsão quatro de torpedo. elétrica: dois motores elétricos, de 30 HP Em 1888, é lançado ao mar o Cruzador cada, são elétri- dinamarquês Valkyriam, transportava alimentados por 420 células que a cas. Motores auxiliares movimentam as bom- bordo duas torpedeiras de 2" classe. São os bas de lastro hélices verticais, usados, dinamarqueses insistindo numa solução e os que, como contra- conforme dissemos, no Submarino Nordenfeld, para já não aprovaria. 'e da de Embora profundidade. O submarino dispunha de certa forma seja surpreenden-

uma torre central do te, até a época ótica, projetada da parte que estamos tratando os cru- casco o contra- zadores todos eram cerca de 6 pés, onde ficava de propulsão mista. Como •ador, apenas da torre eram navios destinados quando a parte superior ao serviço de contra- ficava de le do tráfego acima da superfície do mar; através marítimo (policiamento) e às vigias de vidro existentes na torre era feito o missões de mostra da bandeira nas regiões controle do navio espécie de mais remotas do mundo, (uma periscó- serviços que impli- P'o). Este submarino, todos os seus cavam em longos como cruzeiros e permanência antecessores, em tinha grande dificuldade prolongada em áreas afastadas, eles levaram Manter a muito mais tempo profundidade. que os outros tipos de O navios a abandonar grande passo para o desenvolvimento a vela. Somente em 1889, do submarino com o foi lançado foi dado pelos franceses, ao mar o HMS Blake o primeiro lançamento foto na cruzador sem ao mar do Gynmote, (ver mastros para velas.

Pág. 179) uma embarcação de 31 toneladas, Para o Brasil, adécada de 80 foi de tensão, com alimentado devido às propulsão por motor elétrico divergências com a Argentina so- Por bateria. tinha bre o Território Com 60 pés de comprimento, das Missões; conseqüente-

HMB4"T/20Ü0 169 Acima, Dogali (1888). cruzador italiano: logo abaixo. Valkxrien (1888). cruzador dinamarquês (Folos: JFS

IXW) c. abaixo, Hlciiliciin (IXX9). irmão do liltikc. eru/adores ingleses, os primeiros sem mastros para velas. (Foto: CAI!)



17»RMB4T/2000 mente, apesar das limitações financeiras do batidas as quilhas de dois monitores, sendo País, houve um certo estímulo para a constru- que o Pernambuco só seria comissionado 20 Ção naval. No Arsenal da Corte, foram anos mais tarde e o Paraguassu, após 48 construídos dois cruzadores de propulsão anos! Terminava melancolicamente a luta para mista, idênticos aos construídos na década implantar a construção naval no País; só na de 70; uma canhoneira a vapor -a Iniciadora administraçãodo Almirante AristidesGuilhem ~" que foi o primeiro navio construído no na pasta da Marinha, já na década de 1930, Brasil com casco deferro; quatro canhoneiras seria reiniciada a construção naval (o a vapor com casco de aço.16 Paraguassu foi terminado justamente com o Como todos os países de pequena Mari- propósito de preparar o pessoal do Arsenal nha, o Brasil, nesta década, voltou-se para as para as novas construções). torpedeiras e, a sua principal arma, o torpedo Em 1890, o engenheiro norte-americano autopropulsado. Foram criadas oficinas de Harvey patenteou um novo método para o torpedos, tanto no Arsenal da Corte como no endurecimento externo das chapas destina- de Mato Grosso. As conse- das à fabricação de coura- ^~*^"^^ qüências dessa preocupa- ^¦^¦^¦^¦^^ ças:istoeraconseguido pela Ção vistas apl icação de carbono, puderam ser Em 1887 é iniciada a a tem- quando da Revolta da Ar- peraturas muito elevadas, mada (1893-5) contra construção do Cruzador por longo tempo, em chapas Floriano Peixoto*. Em 1894, Tamandaré, de 4.537 de aço níquel, seguindo-se a Torpedeira Gustavo toneladas, até hoje o a tempera por imersão em Sampaio, das forças que água. Mais tarde este pro- apoiavam Floriano, atacou maior navio de guerra cesso foi aperfeiçoado por e afundou num ataque no- construído no Brasil Krupp. As couraças turno o Encouraçado, das— ^^^^^^^ fabricadas com estas cha- forças rebeladas,/!quidabã, pas tinham tal resistência Que estava fundeado; o navio foi posterior- que as couraças puderam ser feitas com muito mente retlutuado, reparadoe modernizado.17 menor espessura, o que representava uma Outras construções foram feitas no Arse- grande economia de peso, com todas as van- naldaCortenofinaldadécadade80:eml887 tagens decorrentes. Navios de tonelagem é iniciada a construção do Cruzador Taman- moderada puderam usar couraça sem sacrifí- daré, de 4.537 toneladas, até hoje o maior cio de sua velocidade ou do seu raio de ação. navio de guerra construído no Brasil; em O primeiro navio a usar esta couraça foi o virlude de problemas financeiros e das difí- Cruzador francês Dupuyde Lôme, lançado ao eu Idades decorrentes de um atraso tecno- mar em 1890. Ele dispunha de uma cinta lógico que já se fazia sentir, o navio só foi encouraçada ao longo de todo o casco, de 'ançado ao mar em 90ecompletadoem93,seis apenas 4 polegadas de espessura, mas de anos após o início da construção; em 90, são resistência superior à das couraças anterio-

•<>¦ Os cruzadores foram o Almirante Barroso e o Primeiro de Março; as canhoneiras, a Carioca, a Camocim. a Cabedelo e a Cananéia. Foram feitas, também, aquisições no estrangeiro em 1883, o Couraçado Riachuelo; em 84, cinco pequenas torpedeiras de porto; cm 85, o Encouraçado Aquidabã. 17. No livro de inúmeros autores, The Encyclopidia of Sea Warfare -from the first ironclads to the present day, página 22, é dito erradamente que o Aquidabã afundou como resultado do ataque. Como o local era raso, o navio apenas sentou no fundo. * "Os N.R.: Ver militares e a política durante a República", RMB todos os números de 1999 e 1" trim/2000. RMll4"T/2000171 ' L^.

Aqiiidalxl (1885), cncouraçado (Foto: SDM) e Primeiro de Março (1881), cruzador

Minas Gerais (1908), cncouraçado e Bahia (1908), cruzador, na DNOG

(Ambas, quadro a óleo de Balieslcr)

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& v: . r> rv- .

"Quando nan se podi* fazer U#tudo o que so deve, devc-sc • tudo o Wfazer que so pode" iV/

" Iniciadora (1870), canhoneira a vapor I I.'. (Foto: SDM)

Gustavo Sampaio (1894), torpedeira

(Foto: SDM)

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OS

BRASILEIROS

Taniandciré (1887), cruzador,

em seu projeto original. (Foto: JFS 1898) Abaixo, o mesmo navio após sua transformação.

(Foto: SDM)

! * -i_ — ^£*i~.n>I ...

. k.- c\t _ J\§¦} ésvwfi^íL fâ-in i i p*fi ir íXmTi^J^**; § ^ ¦ ¦ -

Acima. Dupuy cie L/mie (1890), cruzador trances: (Foto: JFS 1898) Abaixo. Pernambuco e Paraguassu (1X90). monitores brasileiros. O segundo leve sua construção concluída cm 1938 (!) (Folos: SDM)

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174 KMIUT/2 res, de espessura borda inferior arrastando a mina muito maior; a até que a poita toque o da cinta mina iigava-se a um convés protetor fundo: a estará numa profundidade igual abobadado, ao do comprimento de 1,5 polegada de espessura; da chumbada." abaixo deste No sistema hidrostático, convés, protegendo as praças a poita e a mina de máquinas, vinha um outro convés à prova são lançadas juntas, indo ambas até o fundo de estilhaços, os dois o tambor do sendo o espaço entre porque cabo que as une está conveses uma travado um solúvel cheio de carvão, como prote- por pino ou por um retém Ção adicional. será acionado O espaço por trás da couraça que por um dispositivo de era ocupado uma estrutura estanque, de tempo isso dá-se um certo tempo por (com para o navio mineiro pés de largura, dividida em pequenos que possa se afastar em c°mpartimentos cheios de celulose. Este sis- segurança da área); ao se dissolver o pino (ou "defesa tema, o dispositivo conhecido como de em profun- atuar de tempo), a mina flutuan- didade", seria extensivamente usado, com te sobe à superfície ao presa cabo que a liga variantes, em navios com couraça. àpoita;elacarrega um dispositivo hidrostático

Em 1890, as minas flutuantes são num cabo ao cabo piloto preso da poita; na Mantidas fixa- à profundidade desejada pela profundidade para a qual o dispositivo Ção do à hidrostático foi regulado, tamanho do cabo que liga a poita ele atua, dando um roina flutuante. tranco no cabo liga Era essencial que se conhe- que a mina à poita, acio- Cesse com do nando o freio do tambor certa precisão a profundidade desse cabo, ficando '°cal onde subtraindo- a mina na desejada, a mina seria lançada: profundidade para a qual Se dessa do se ajustou o dispositivo hidrostático. profundidade o comprimento cabo a Em 1891, o Congresso que ligava a poita à mina, tinha-se do Chile se volta Profundidade A contra o impopular e ditatorial em que ficaria a mina. partir Presidente de 1890, no- Balmaceda, dando inícioa porém, são desenvolvidos dois umaguerra civil em v«s sistemas da mais uma vez, para regulara profundidade que, as torpedeiras mostram o nina de co- seu valor. Embora que dispensam a necessidade as forças navais do Cor- nhecer onde será sob o comando a profundidade do local gresso, de George Montt, lançada a mina: o sistema de chumbada de mantivessem sempre a iniciativa das ações no

Prumo e o sistema hidrostático. mar e, ao fim, lograssem a vitória, as forças

No sistema de chumbada, esta é liberada navais que permaneceram fiéis a Balmaceda da poita imediatamente após o lançamento; o realizaram, pelo menos, uma ação espetacu- comprimento da chumbada deve ser igual à lar: uma torpedeira, armada com o torpedo

Profundidade ficar; lança- Whitehead de 14 em que a mina deve polegadas, atacou e afun- Se a mina em dou o Encouraçado e a poita juntas e à medida que Blanco Encalada, de e'as vão cabo 3.500 toneladas; mergulhando vai sendo pago o é o primeiro sucesso do "automóvel" une de um torpedo ^e a mina à poita, desenrolado contra um navio de tambor o tambor bem armado. situado dentro da poita; guerra P°de ser mola, Rudolt Diesel, travado por um retém com que, em 1892, inventa o entretanto, é mantido afastado da de motor de combustão posição interna, que ficaria travamento "motor da chumbada; conhecido com o pelo peso quando diesel"; tanto para esta atinge de atuar a o fundo, o seu peso deixa propulsão como para os serviços auxiliares eo retém fica liberado, levando a mola a travar de bordo, este motor teria, no futuro, enorme

0 tambor; afunda a partir deste ponto, a poita popularidade.

* - N.R.: Esse sistema era o usado nas minas brasileiras MD - da década de 1930.

KMH4UT/2000 175 Em 1892, os franceses desenvolvem o A BATALHA DO RIO YALU aço cromo-níquel que teria largo emprego e se mostraria muito adequado para uso nas O ano de 1894 ficou marcado por um couraças. combate naval - a Batalha do Rio Yalu - que O primeiro navio realmente eficaz no daria margem para grandes discussões sobre combate aos torpedeiros foi lançado ao mar o duelo perene entre a couraça e o canhão, a em 1893, o HMS Havock; suplantando as defesa e o ataque. A batalha, envolvendo as limitações dos seus antecessores - o Esquadras chinesa e japonesa, travou-se no Destructor e o Grasshopper - foi verdadei- estuário do Rio Yalu; a Esquadra chinesa ramente o primeiro contratorpedeiro. Pro- tinha como núcleo dois encouraçados de duzido pela Yarrow era, realmente, uma fabricação alemã, lançados ao mar 12 anos torpedeira de grande porte, deslocando 240 antes, e dispunha de alguns cruzadores; a toneladas; com seus motores de tríplice Esquadra japonesa, em termos de compara- expansão, desenvolvia 27 nós; seu arma- ção de poderes combatentes a mais fraca, era "esquadrão mento compreendia uma bateria de tiro formada por um voador", de cru- rápido - um canhão de 3 polegadas, um 12- zadores protegidos, relativamente novos e pounder e três 6-pounder - e três tubos sobretudo rápidos (daí o seu nome), dispon- de torpedo. do de um grande número de canhões de tiro Em 1893, os franceses lançam ao mar rápido de 6 e de 4,7 polegadas. A Esquadra o Submarino chinesa tentou Gustave Zédé usar a mesma táti- (ver foto pág. 179) causadaemLissa que, com razão, por Tegetthoff, assinala o nasci- itproandoàEsqua- mento do subma- dia inimiga com a rino moderno. intenção de Deslocava 266 O inglês Havock (1893), primeiro contratorpedeiro eficaz abalroar os seus toneladas Dispu- (Foto: JFS-1898) navios. nha de propul- A vitória japo- são elétrica alimentada por baterias, o que nesa deve ser atribuída principalmente à in- lhe permitia desenvolver, quando mergulha- competência dos chineses e aos defeitos do, a velocidade de 9,5 nós; na superfície, apresentados pela sua munição, que se con- sua velocidade máxima era de 12 nós; seu trapunham ao alto estado de eficiência e dis- raio de ação era de 75 milhas marítimas à ciplina dos japoneses; os navios japoneses velocidade de 5 nós. Seu comprimento era usaram a sua superioridade para impedir que de 148 pés. Levava a bordo três torpedos: os chineses pudessem usar os seus torpedos um no tubo de popa e dois como com sucesso, e alcançaram a vitória; os chi- sobrcssalentes. O Gustave Zédé foi o neses derrotados retiraram-se para a Baía de responsável pelo primeiro lançamento de Wei-Hai-Wei. torpedo feito de um submarino. Após uma Em torno desta batalha estabeleceu-se série de modificações - aperfeiçoamento na uma grande polêmica envolvendo couraça, bateria e adição de novos hidroplanos que velocidade dos navios, número e tamanho melhoraram o controle de profundidade a dos canhões. Os defensores do conceito de vante e a ré - tornou-se um sucesso, tendo que era me I hor uma força de navios de boa ve- realizado mais de 2.500 mergulhos. locidade, fraca proteção e de muitoscanhões,

176 RMB4"T72000 I y I

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Majestic (1895). encouraçado inglês (Foto: CAB) ainda afirmavam Posteriormente, os atacaram que de pequeno calibre, que japoneses a vitória razão, ela duas vezes os navios chineses na Baía japonesa dava-lhes pois, por "esquadrão tinha sido voa- Wei-Hai-Wei afundando cinco deles, repe- obtida graças ao d°r" tindo o sucesso de Coubert em Foochow. (que tinha todas essas características). Por 1 outro lado, os defensores da couraça Em 1895, é ançado ao mar o Encouraçado

aPontavam HMS Majestic, o de uma classe o fato de que os inúmeros peque- primeiro que nos canhões tinham causado se tornou no uso da torreta barbeta japoneses não pioneira vimos, mais tarde qualquer avaria significativa nos dois velhos (como o nome foi simplifi- encouraçados, só tendo conseguido afundar cado para torreta). O navio dispunha de uma Urr> dos dois cruzadores encouraçados chine- torreta com dois canhões de 12 polegadas a

Ses; capitania vante e outra igual a ré; o armamento secun- argumentavam, ainda, que o

Japonês, sem couraça, ficou fora de combate dário todo em casamatas encouraçadas. Esta aPesar navios de só ter recebido três impactos dos classe de representa o mais avançado

estágio do desenvolvimento dos grandes canhões chineses, sendo que um encoura-

^°s impactos sólido, antes do aparecimento do revolucio- foi de um projétil que çados atravessou o casco do navio sem causar nário Dreadnoughf, esses navios, bem como

Maiores tinha carga outros semelhantes, essa razão danos, e o outro, que não por passaram explosiva, a ser conhecidos como desmanchou-se contra o navio, encouraçados pré- revelando o seu lastro de cimento. dreadnought.

Como as Os têm, em 1895, desenvol vimen- acontece com quase todas polê- projetis micas, mas tos importantes: os dois lados tinham suas razões, surge o projétil com uma

o de capa de aço-cromo envolvendo núcleo de que parece verdadeiro, sem sombra qual- um

quer dúvida, Rio Yal u é um material macio; é desenvolvido nos Estados é que a Batalha do teste des- Unidos um semiperfurantecom carga pouco significativo para a solução projétil sas explosiva questões: a batalha foi decidida pelas com capacidade de 5% (mais tarde 'áticas e o aumentada equivocadas do almirante chinês para 6,5%), capaz de perfurar cou-

total despreparo de seus na- raças Harvey de espessura igual a 2/3 do das guarnições v'os, aliados da muni- calibre do à qualidade duvidosa projétil. Ção usada, lado duas linhas de batalha se enfren- ainda mais quando do japo- Quando °ês a situação era oposta, conforme já foi tavam, a distância de combate era determina- 'ndicado. não da só pelo alcance dos canhões mas pela

RiMB4"T/2000 177 qualidade do sistema de direção de tiro dispo- dial, com novas responsabilidades, e, como nível. a Em 1896, na França, os exercícios de preconizado por Mahan, que iriam exigir batalha passaram a ser feitos na distância de criação de um considerável Poder Marítimo,

5.500jardas, o que só se tornou possível pelo com uma componente naval forte o bastante aumento do alcance dos canhões, evidente- para operar em dois oceanos. mente, mas, principalmente, graças ao desen- No Pacífico, o Comodoro George Dewey

volvimento dos primeiros sistemas de dire- destruiu a frota espanhola fundeada em

ção de tiro, simples ainda mas mais avança- Manila, do que resultou a tomada das Filipi- dos do que existia anteriormente: um arranjo nas pelos norte-americanos; no Atlântico, ao envolvendo pequenos telêmetros e visores longo de Cuba, o Almirante Sampson des-

telescópicos. truiu totalmente a frota espanhola que tenta- O navio primeiro a ter propulsão a turbina, va deixar Santiago, cuja queda era iminente o HMS Turbinia, é lançado ao mar em 1897. (como de fato ocorreu logo após o combate), "independência" E um pequeno navio deslocando 44 tonela- o que levou à de Cuba.

das, capaz de desenvolver com a sua turbina Com o desenvolvimento do telégrafo sem

Parsons fio, foi transmitir composta (diversas rodas de diâme- possível em 1899, para um

tros crescentes) 34 nós de velocidade. Navi- navio à distância de 56 milhas, as notícias do

os de guerra teriam de esperar um pouco mais dia, permitindo que o navio editasse um pe-

por esse notável sistema. queno jornal.

A primeira transmissão com o telégrafo

sem fio foi feita em 1897 da estação Needles, O SUBMARINO DE CASCO DUPLO

montada por Marconi na Ilha de Wight (Ingla-

terra); foi feita a comunicação por este meio É lançado ao mar, no ano de 1899, o Sub-

com um rebocador situado a 18 milhas de marino francês Narval, uma embarcação de

distância. 200 toneladas projetada por Maxime Labeuf.

Em 1898, surge uma importante contribui- Os antecessores dele e do Gustave Zéclé

ção para o aperfeiçoamento dos torpedos: o podiam ser classificados como submersíveis,

austríaco Orby inventa um equipamento para isto é, embarcações que, eventualmente, po-

aumentar a precisão do torpedo, usando um diam mergulhar, enquanto que esses dois

giroseópio para o controle da sua direção. assinalam o aparecimento dos submarinos,

embarcações destinadas a navegar imersas.

A GUERRA O surgimento do submarino de propulsão

ESTADOS UNIDOS x ESPANHA nuclear, muitos anos mais tarde daria margem

a um raciocínio semelhante, designando-se

A Guerra dos Estados Unidos com a todos os seus predecessores como submer-

Espanha (1898) envolve dois oceanos e põe síveis. em destaque Poder inovação o Naval. Para Mahan, a A grande trazida pelo Narval era

guerra representou uma excelente oportuni- o casco duplo: um casco interno, ou casco

dade para demonstrar a importância, para os resistente, em forma de charuto, que abrigava

Estados Unidos.de um Poder Naval bastante todos os equipamentos vitais; o casco exter-

expressivo de modo a se poder projetar nos no, de chapa mais fina, tinha o formato seme- de dois oceanos que o banham. Embora as bata- lhante ao de uma torpedeira. Os tanques

lhas navais ocorridas não trouxessem novos lastro ficavam entre os dois cascos, dando ao

ensinamentos sobre táticas navais, a guerra submarino um coeficiente de flutuabilidade

mostrou que surgia uma nova potência mun- de 42% (os anteriores tinham um coeficiente

178 RMB4ÜT/2000 No alto. Gynmotc (1888). 30 toneladas;

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Acima, /.c Guslave Zede (1895) (ver pág. 176). 200 toneladas, o primeiro submarino a alirar torpedos em alvo em movimento c; nós. o a ficar submerso 12 horas Abaixo, Narrai (1899), velocidade de 12/8 primeiro por consecutivas (Folos Pmccedings)

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llenri IV (1899), cncouraçado francês (Foto: JFS-1B98)

de apenas 2 ou 3%). Na superfície, suas tempo para isso era de cerca de 21 minutos; características eram semelhantes às de uma mais tarde reduzido para 12 minutos. torpedeira. O Narval dispunha de quatro Foi o primeiro submarino a ter vela (torreta) tubos externos de torpedos. e um verdadeiro periscópio. Sua aparência era Uma outra inovação do Narval era um grande a de submarino moderno, exceto pela o sistema de propulsão: embora a propulsão chaminé por ante a ré da vela. em imersão fosse feita com motores elétricos A partir do Narval, os submarinos de alimentados por bateria, que lhe davam uma casco duplo passaram a ser considerados "ofensivos" velocidade máxima mergulhado de 6,5 nós, a como (ou de ataque, na nomen- propulsão na superfície compreendia um clatura moderna), enquanto os de casco sin- motor de de HP, tríplice expansão, 250 al i men- gelo, projetados para operar em águas "defensi- tado uma caldeira aquatubular por a óleo (o abrigadas (defesa de portos), como motor servia também para carregar as bate- vos", dentro do espírito da jeune école. rias), o que lhe dava um raio de ação de 500 Dois anos após o lançamentodo Turbinia, milhas marítimas a 6,5 nós e uma velocidade é lançado, em 1899, o primeiro navio de máxima de lOnós. o guerra a usar turbinas para a propulsão, Agrandelimitaçãodo Narval era a neces- HMS Viper, um contratorpedeiro que atingiu sidade de, antes de poder mergulhar, ter de a velocidade recorde de 36,6 nós. Para obter esperar até que todo o vapor fosse expelido essa velocidade o navio foi construído com da caldeira e que ela esfriasse; inicial mente, o uma estrutura muito leve, com a chapa lateral

Vittorio Emmaiutele (1904), irmão do Regina Eleita (1904), cncouraçados italianos (Folo: CAli)

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4 do costado com apenas 0,5 de es- conceito desenvolvido na polegada França por Émile Pessura; apesar de construído com aço de Bertin: o do Encouraçado-Cruzador alta-tensão, "- seu casco era extremamente frá- ("cuirassé croiseur" ou

S'l para operações em alto-mar. O acidente cruiser"), nome usado em oposição ao do com o HMS Cobra, idêntico ao Viper exceto cruzador encouraçado do qual já tratamos.

Pelo fato de desenvolver 1 nó a menos de Era uma tentativa de corrigir o defeito deste Velocidade - último: mesmo quando saía do estaleiro cons- os maiores não eram adequa- trutor para receber o seu armamento, o navio dos para tomar o seu lugar na linha de batalha

Partiu-se e afundou - causou uma enorme nem, serem muito lentos, por para desempe- reação na Inglaterra contra a turbina e as altas nhar as funções típicas dos cruzadores, de velocidades repercu- fazer escolta e que ela proporcionava, proteger/atacar o tráfego ma- hndo noutros e, assim, retardando o rítimo. Já o Almirante Fisher países fizera pouco caso Uso da turbina e o dos contratorpedeiros, até dos cruzadores encouraçados, dizendo que cIUe o lançamento do Dreadnouglit um eles eram inadequados pôs tanto para lutar como fim a mais esta manifestação de para fugir. conservadorismo. Os couraçados-cruzadores eram navios

Em 1899, mar o sacrificando é lançado ao pequeno que, partes da proteção da cou- Encouraçado francês IV,ác9.000 tone- raça, levar canhões Henri podiam de grande calibre 'adas, e foi o de 12 projetado por Émile Bertin, que (em geral, polegadas) econseguiam uma "antepara Primeiro navio a usar uma elásti- velocidade cerca de 2 nós acima da dos Ca", isto é, uma antepara longitudinal curva encouraçados da sua época. Nenhuma outra

Para absorver subma- Marinha, além da italianae o choque de explosões da japonesa, ado- r,nas, causadas, choque tou esse conceito. por exemplo, pelo c°m uma mina ou a explosão de um torpedo. O Regina Elena deslocava 12.500 tonela- Posteriormente, os alemães desenvolveram das e desenvolvia uma velocidade de 22 nós; este sistema de antitorpédico, o era armado com dois canhões de proteção 12 polega- Rue deu aos seus navios de linha uma das e 12 canhões de 8. Somente os japoneses notável capacidade de resistir a explosões seguiram o exemplo italiano, lançando ao mar, submarinas, como a Primeira Guerra Mundial em 1904, dois desses cruzadores, o lkoma e ""ia demonstrar. Sendo os navios ingleses o Tsukuba, de 13.000 toneladas, velocidade dotados de menor - limitada devido à de 21 nós, armados boca com quatro canhões de 12 'argura dos diques secos existentes na Ingla- polegadas em torretas duplas, 12 de 6", 12 de 'erra! - em 4" e 12 de 3"; não podiam adotar a defesa pro- sua cinta couraça variava de 7 fundidade, ficando mais vulneráveis às ex- a 4 polegadas de espessura. Na verdade, Plosões submarinas. esses navios, com toda a engenhosidade do

E a da década dei 900 as caldei- seu não partir que projeto, passavam de pequenos ras marítimas carvão come- encouraçados que queimavam pvé-dreadnought.

Çam a ser substituídas caldeiras a óleo. Os O telégrafo sem por fio, em 1901, passa a ter contratorpedeiros ingleses classe River, lan- um alcance de 200 milhas; o contínuo aumen-

Çadosaomarde 1903 a 1905, são os to desse alcance primeiros desde então tornou possível navios a usar essas caldeiras, embora, pelas o uso comercial desse equipamento, tornan- razões já apontadas, voltassem a usar máqui- do rotineiras as comunicações entre navios e nas alternativas no lugar da turbina. entre esses e as estações de terra. Em 1914, Com o lançamento em 1901 do Cruzador quando do inícioda Primeira Guerra Mundial, 'taliano Regina Elena, é em um o uso do telégrafo posto prática era generalizado (foi atra-

RMB4"T/2000 181 vés do telégrafo "a// sem fio que os navios ale- to do big-gun ship", do navio só com

mães foram informados do início das hostili- grandes canhões.

dades, imediatamente Para procurando portos Fisher, porém, isso não era o bastan- neutros escapar à destruição, sendo, te: para para que o navio pudesse escolher a dis-

porém, internados; as forças navais britâni- tância ideal de combate ele deveria ter supe-

cas, espalhadas por todo mundo, foram infor- rioridade de velocidade sobre os seus opo- madas da existência do estado de guerra com nentes e a capacidade de manter esta veloci- a Alemanha através do telégrafo). dade por longos períodos de tempo. Eviden-

Em 1903, os ingleses desenvolveram um temente, a máquina alternati vajá tinha atingi-

com 2,5 de do o limite da sua projétil perfurante polegadas potência e, portanto, da capacidade, capaz de couraças de perfurar velocidade que podia dar aos navios, no espessura igual ao calibre do projétil, uma espaço disponível a bordo. Diferentemente evolução do semiperfurante. projétil do que ocorria com um navio mercante, onde, No início do século, os canhões não limite grandes por haver para a altura da máquina, instalados nos navios tinham um alcance a máquina alternativa podia ter um curso do

muito superior às distâncias usuais de embolo muito longo e, assim, desenvolver

combate, oscilavam entre 3.000 que e 5.000 grandes potências com baixa rotação, as limi-

no máximo. Conforme vimos, isto tações de espaço de um jardas já navio de guerra se devia à dos sistemas de precariedade obrigavam a que as máquinas trabalhassem a

direção de tiro mas, também, à dificuldade rotações muito altas; nessas condições, o

de fazer a espotagem dos tiros de canhões desgaste e as quebras eram muito acentua- de diferentes calibres; causa disso, por dos e freqüentes, pois, o choque e os esfor- tornou-se necessário todas as armas que ços induzidos pela mudança de direção do

usadas numa salva fossem de mesmo movimento de enormes êmbolos, haste e

calibre, tendo, portanto, os seus projetis o conectoras, a cada revolução do eixo, eram

mesmo tempo de vôo; era ainda causa de freqüentes avarias preciso que e, é claro, provo- a salva fosse dada menos cavam um desgaste acentuado pelo por quatro das partes

canhões de modo que a coluna d'água feita móveis da máquina.

pelo projétil ao cair no mar fosse visível e, A turbina a vapor, com todas as suas

também, a razão de tiro que (velocidade de partes móveis rotativas, era a resposta ade-

tiro) fosse suficientemente elevada, de a esses quada problemas, permitindo o de- modo a distância entre os dois navios senvolvimento das que altas potências necessá- não variasse muito entre as salvas em riascomelevadíssimograudeconfiabilidade,

virtude das mudanças de rumo do alvo. sem as freqüentes quebras de máquinas, prin- Nessas condições, o combate poderia ser cipalmente quando era necessário desenvol-

travado eficazmente a maiores distâncias, ver, um tempo razoável, por a potência máxima

tornando praticamente inúteis os canhões do navio.

de calibre menor. Assim, esses canhões

menores ser dispensados podiam e o peso e o espaço deixado ganho aproveitado para A GUERRA RUSSO-JAPONESA aumentar o número de grandes canhões.

Obrilhanteprojetista naval italiano Vittorio Enquanto esses conceitos iam se conso-

Cuniberti é o pioneiro em advogar as vanta- lidando, acontece, eni 1904, a Guerra Russo-

de um encouraçado gens armado apenas com Japonesa (1904-05), cuja repercussão seria

grandes canhões de mesmo calibre: o concei- enorme, em todo o mundo.

182 RMB4QT/2000 O ataque das torpedeiras japonesas ram os tiros dos inúmeros canhões de tiro

rápido da frota russa, sem, contudo, sofrerem

A guerra teve início com um ataque de maiores danos. O fracasso desta operação, surpresa- sem a formalidade de uma declara- em que todas as condições eram favoráveis, de Ção guerra, como ocorreria cerca de quatro deveu-se, especialmente, à ineficácia dos décadas mais tarde no ataque a Pearl Harbour torpedos então existentes (fracasso ainda ~ deslanchado dez torpedeiros maior por japoneses ocorreria noutra ocasião, quando 40 contra a Esquadra russa fundeada em Port torpedeiras japonesas não acertaram um úni- Arthur, em fevereiro de 1904. A frota russa co alvo). A medida que o desenvolvimento estava em regime normal de apenas tecnológico porto, melhorasse a qualidade dos tor- com o vapor disponível para as auxiliares, sem pedos, sua influência seria cada vez mais

Precauções especiais contra um ataque de relevante na evolução da tática naval. surpresa, exceto por uma rede de proteção Combate ao largo do Porto Arthur antitorpédica e de dois navios selecionados

Para manter uma busca com holofotes duran- Na manhã seguinte a este ataque, o Almi- te a noite e dois destróieres usados como rante Togo, comandante das forças navais do

piquetes, cerca de 20 milhas o lado do Japão, para levou a Esquadra japonesa para os mar. acessos de Port Arthur, esperando encontrar

As torpedeiras tinham sido a frota russa japonesas ainda desarvorada pelo ataque construídas em 1899 Thornycrofte das torpedeiras. Não pela pela teve sucesso, porém. Yarrow; eram navios pequenos de cerca de As duas Esquadras passaram, em rumos opos- 300 toneladas, capazes de se deslocar a uma tos, à distância de cerca de 7.000 jardas, velocidade de até 30 nós, armados com dois canhoneando-se. Era de se esperar que gran- tubos de torpedos Whitehead de 18 polega- des danos recíprocos ocorressem, mas os

das e um canhão 12-pounder e cinco 6- defeitos dos navios pre-dreadnought torna-

Pounder, todos de tiro rápido. As torpedeiras ram-se evidentes: as baterias com canhões de haviam sido desenvolvidas exatamente para calibres diferentes tornaram difícil a

este tipo de ataque e foram a causa da insta- espotagem e a precariedade dos primitivos 'ação de um grande número de canhões de tiro sistemas de direção de tiro tornavam o tiro rápido nos grandes navios de 1 inha, conforme muito errático. Após o desengajamento, os já vimos. cruzadores russos, que tinham sido os navios O ataque das torpedeiras japonesas foi próximos do inimigo, e, portanto, tinham rece- feito a noite e, a despeito de certa confusão bido o seu fogo concentrado, sofreram uma entre os japoneses devido à escuridão e a série de impactos, mas nenhum ficou fora de

interferência dos navios de cujaexis- piquete, ação por isso; também os encouraçados rus- 'ência - a força japonesa não suspeitava, ata- sos foram atingidos inúmeras vezes um caram os encouraçados e os cruzadores rus- deles, o Pobieda, 15 vezes - mas como a

sos muito de atirando 19 torpedos perto, maioria dos tiros provinha da bateria secun- contra os alvos estacionários, a distâncias dária dos navios japoneses, as couraças não variavam 1.600 lue de 700 a jardas; só três foram perfuradas e, em conseqüência, os torpedos atingiram o alvo, avariando dois danos foram pequenos; as perdas russas encouraçados e um cruzador russos; as totalizaram 21 mortos e 101 feridos. Do lado

torpedeiras a divisão japonesas, exceto que japonês, quatro encouraçados foram atingi- 'iderou o ataque três torpedos, - e acertou dos o Mikasa três vezes por projetis de foram - apanhadas pelos holofotes e recebe- grosso calibre mas os danos sofridos foram

RMB4"T/2000 183 apenas superficiais e as baixas ainda menores A guerra de minas que as russas. As Esquadras oponentes eram assim A Guerra Russo-Japonesa foi plena de constituídas: ensinamentos no que se refere à guerra de -a linha de batalha japonesa era liderada minas. As minas foram amplamente usadas por seis encouraçados, que constituíam a pelos dois contendores e com muita eficácia. Primeira Divisão, com o Mikasa como Os campos minados foram usados mesmo em capitania, todos típicos encouraçados da era mar aberto, com o propósitode influenciar as pré-dreadnought, cada um com quatro ca- manobras da Esquadra inimiga, o que, ganha- nhões de 12 polegadas, montados em duas ria uma enorme dimensão na Primeira Guerra torres barbetas, e 14 canhões de 6 polegadas Mundial. montados em casamatas ao longo dos bordos Em abril de 1904, a Esquadra russa con- dos navios; seguia-se um esquadrão homo- tinuava concentrada em Port Arthur, mas gêneo de cruzadores encouraçados, cinco agora protegida contra incursões japonesas navios ao todo, com quatro canhões de 8 em por vários campos minados defensivos, com barbetas duplas minas controla- e 12 ou 14 ca- das. Osjapone- nhõesdeópole- ses por sua vez gadas; na reta- lançaram um guarda, um es- campo minado quadrãodequa- ofensivo ao lon- tro cruzadores go da entrada protegidos, três do porto: ten- dos quais com (ando ocultar dois canhões de esta operação, 8 e dez de 4,7 po- realizaram simul- legadas de tiro taneamente um rápido, e o quar- novo ataque to com quatro Mikasa (1904), encouraçado japonê !, aqui visto transformado em torpédico, a ti- canhões de 6 e monumento nacional na cidade de Yokosuka (Foto: Proceedings) tulo diversio- oitode4,7pole- nário, mas sem gadas de tiro rápido. êxito. No dia seguinte, um esquadrão de -a linha de batalha russa, desfalcada dos cruzadores japoneses deslocou-se até a dois encouraçados e do cruzador avariados entrada da baía, procurando atrair as forças no ataque a torpedo feito anteriormente, for- russas para um combate que, na aparência, mou com cinco encouraçados, liderados pelo seria fácil para elas (que ignoravam a capitania Petropavlovsk, com armamento presença, logo além do alcance visual, do semelhante ao dos encouraçados japoneses, grosso das forças japonesas e, pensavam e um esquadrão misto de cruzadores, que os japoneses, também, a existência dos comprecndiaoCruzador Encouraçado Bayan, campos minados). O Almirante Makharov com dois canhões de 8 e oito de 6 polegadas, aceitou o desafio dos cruzadores e saiu em e três cruzadores protegidos, cada um com sua perseguição, evitando os campos oito ou doze canhões de 6 polegadas de tiro minados; ao perceber, porém, a aproxima- rápido e dois cruzadores ligeiros com ca- ção das demais forças japonesas procurou nhões de 4,7" de tiro rápido. voltar para o porto, mas uma hábil manobra

184 RMB4T/2000 ¦^ ,';U4\¦¦

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Pelropavlov.skPclropavlov.sk (1900), cncoura^adoencouraçado russo (Folo: A Marinha autigaamiga e a moderna)

Japonesa levou-o a atravessar o campo A Batalha do Mar Amarelo binado, com trágicas conseqüências: o Capitânia Petropalovsk afundou, com 600 As idéias de Cumiberti e Fisher iam assim homens da sua tripulação, e o Poblieda foi sendo confirmadas no teste real de batalha, severamente danificado. conforme vimos no ataque a Port Arthur em

Um mês mais tarde, os russos deram fevereiro, e o seriam ainda mais no combate 0 troco. O Navio Mineiro Amur, após em alto-mar entre as duas Esquadras, em minuciosa observação dos movimentos agosto de 1904, no que seria conhecido como dos navios efetuavam o japoneses que a Batalha do Mar Amarelo, quando ficou bloqueio, conseguiu lançar um campo claramente demonstrado que o tiro dos ca- binado na rota da inimiga. Os nhões patrulha de 12 polegadas, nas distâncias em que Encouraçados Hatsuse e Yashima bate- só eles podiam alcançar, era mais eficaz do ram em minas: o afundou e o primeiro que o fogo indiscriminado de todos os ca- Segundo, quando regressando para o Japão nhões nas distâncias menores, dentro do a fim de fazer reparos, teve de ser alcance de todos. Também ficou claro que, abandonado. tentaram Os japoneses varrer numa batalha envolvendo navios com coura- a área minada, mas antes o conseguis- que ça, o único canhão que produzia resultados Sern três cruzadores bateram em minas (os era o de 12", sem que os canhões menores russos mudaram de lugar as bóias deixadas provocassem dano significativo. Pelos japoneses para indicar as áreas Logo no começo da ação, o Mikasa, atin- '¦mpas). gido por dois tiros de canhões de 12 polega- As lados perdas de ambos os por ação das, sofreu extensivos danos e teve muitas de minas foram impressionantes. Os russos baixas; quando os japoneses, mais tarde,

Perderam um encouraçado, um cruzador, tiveram oportunidade de usar todos os seus d°is destróieres e duas embarcações me- canhões de mais de 6 polegadas contra a frota n°res; os dois encouraçados, japoneses, russa, esta praticamente nada sofreu. Após

luatro cruzadores, dois destróieres, uma diversas horas de canhoneio, com o Mikasa torpedeira e um navio mineiro (o Yenisei, repetidamente atingido, seus danos e suas

guando operando em um campo minado baixas crescendo sempre, e a batalha parecia 'ançado pelos próprios japoneses). chegar a termo com o que seria uma vitória

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IX- cima para baixo, '"5? '' * llalsuse e Yashiina, ^—pmf^ ¦?-'¦ ,, ^:*m^\ Ç^^t_\v encouraçados japoneses. (Fotos: CAB) Ttarevkh (1901) e Osslybia (1899). encouraçados russos t ‡¦ :'^i7 •.- (Fotos: ,-t Marinha anliü" e (/ moderna)

¦ríÁ IV».. 18f.-RMl'4""'

*" " V^ mmWi^mTr i^^mmm^L*"T*Q^^^t^K^^^^^^~^S^LC^y r ^s^ff-^^aasBffl^sMsl^^B. russa, a explosão de duas granadas de 12 três cruzadores e destróieres, para seguir Polegadas viagem via no capitânia russo, mudou a situ- Suez, enquanto a força principal aÇão: com o navio fora de controle, estabele- seguiria a rota do Cabo. Os dois grupos cendo-se a confusão na linha russa que foi, voltaram a se reunir na Ilha de Madagascar, então, obrigada a uma retirada ignominiosa. O rumando então juntos com destino a

Almirante russo Witheft, a bordo do Vladivostock.

Tzarevitch uma morreu atingido por granada. As forças russas e japonesas encontra- Como dessa batalha, a Ia de conseqüência ram-se no ponto mais ao sul da Ilha de

Janeiro de 1905, Port Arthur estava nas-mãos Tsushima; os russos em duas colunas tinham dos japoneses. os japoneses a boreste; graças a superior

velocidade dos japoneses, pôde Togo cortar A Batalha de Tsushima o"T"dos russos-uma manobra que permitia

que todos os navios japoneses usassem os A grande e decisiva batalha estava, po- seus canhões numa bordada contra os rus- rem, ainda por vir. Em maio sos, enquanto esses fica- de 1905, nos Estreitos de vam limitados ao uso ape- Tsushima, a Esquadra ja- nas dos poucos canhões

Ponesa aniquilou a Esqua- atirar Só três navios russos que podiam pela proa. dra russa vinda do Báltico Tão grande era a superiori- sobreviveram e> e ainda desta vez, foi o tiro dade de velocidade dos dos canhões de 12", atiran- alcançar navios puderam de Togo, que ele do próximo ao limite do seu Vladivostock. pôde ainda guinar com os alcance, que determinou o seus navios e pela segun- Nenhum navio de linha resultado da batalha. davezcortaro"T"daforça foi A frota russa do Báltico japonês perdido russa. A 6.000 jardas de teve de fazer uma viagem de distância, os japoneses cercade 18.000milhasmarí- concentraram seu fogo

tunas - para vir de sua base em Kronstadt até à contra os líderes das duas divisões russas "ha de Tsushima, onde encontraria o seu fim. o Suvaroff, com o pavi lhão de Rojdestvensky, Como ao longo de todo o percurso não havia e o Osslyabia ,comopavilhãodeFalkersam18; uma única base onde esta Esquadra logo, pudesse o Osslyabia estava em chamas e pouco Procurar apoio, ela foi reabastecida em via- depois afundou; o Suvaroff com o leme ava-

gem por navios carvoeiros ingleses (colliers). riado deixou a linha, estabelecendo-se a con- Somente em outubro de 1904, quando a Ba- fusão nas forças russas e teve início o verda- •alha do Rio Amarelo já tinha selado a sorte deiro massacre dessas forças. Num combate dos navios Port Arthur, russos de pôde o que durou cerca de 20 minutos, um a um foram Almirante Rojdestvensky sair com a sua for- sendo postos fora de combate os Ça, constituída por 45 navios, incluindo os encouraçados russos. O Suvaroffdurou até o navios "trem hoje chamaríamos de que de dia seguinte, quando foi abandonado por Esquadra"; sob o comando do Almirante Rojdestvensky, que se transferiu para um Falkersam foi força, composta destacada uma destróier que, pouco depois, foi aprisionado Pe'os três menores navios de linha da força, pelos japoneses.

'8- Falkersam havia falecido dois dias antes, mas Rojdestivensky não queria que os demais navios tomassem conhecimento do fato.

R.MB4"T/2000 187 "'J 'r'T _ -TTTrT 71T ilrTt 1] ^ -o:-a:

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Dreadnought (1906). o revolucionario cncoura^ado ingles (Folos: CAB e USNIP)

Só três navios russos sobreviveram e A concretização das expectativas de - puderam alcançar Vladivostock dois CunibertieFisheremTsushimalogo tiveram destróieres e o Cruzador Ligeiro Almaz\ seis conseqüências práticas. navios pequenos chegaram a portos neu- tros e foram internados; dois encouraçados O APARECIMENTO DO que não afundaram foram aprisionados, DREADNOUGIIT reparados e mais tarde incorporados à

Marinha japonesa (prática que tinha sido Em 1906, os ingleses lançaram ao mar o comum na era da Marinha a vela). Encouraçado 11MS Dreadnougth, um navio

Nenhum navio de linha foi tão revolucionário japonês perdi- que os navios do; apenas três torpedeiras foram afundadas. encouraçados antes dele seriam conhecidos "pré-dreadnoughts" Sofreram avarias de diferentes três cru- como graus e os que o suce- zadores e seis destróieres. deram como dreadnoughts. Ele incorporava

É incontestável que a vitória de Tsushina todos os ensinamentos recentes: era um na- foi tão decisiva quanto a de Trafalgar. vio de 18.000 toneladas, armado com dez

Em 1904 são lançados ao mar os canhões de 12 polegadas (na era precedente, Submarinos franceses Aigrette e um encouraçado não teria mais de quatro Cigone-, são navios de 175 toneladas, canhões desse calibre), em torres duplas, e flutuabilidade de 29%; são os uma bateria segundária - primeiros cuja principal fina- navios a usar os novos motores de lidade era repelir o ataque das torpedeiras combustão interna óleos cada vez mais que queimam temidas à medida que se aper- - pesados. feiçoava o torpedo constituída de canhões

188 RMB4uT/2000 12-pounder e de 3 polegadas de tiro rápido Em 1906, tendo em vista as lições de (liais tarde substituídos por canhões de 4 Tsushima, o novo Ministro da Marinha,

Polegadas); dispunha ainda de cinco tubos Alexandrino de Alencar, fez modificações no

de torpedo - de 18 polegadas quatro nos Plano anterior, estabelecendo o Plano Naval lados e um a ré, abai xo da 1 i nha d' água. Graças de 1906 que foi o efetivamente realizado, as turbinas de 23.000 HP, acionando seus dando origem à Esquadra de 1910, nucleada quatro eixos, desenvolvia 21 nós. em dois dreadnoughts.20 Esses navios repre-

A confiabilidade das turbinas como siste- sentavam um enorme desafio tecnológico,

Ha de propulsão ficou demonstrada na práti- face ao nível industrial do País e o nível de Ca o Dreadnought realizou uma via- quando preparo profissional de todo o pessoal. É §em de 17.000 marítimas, numa milhas excep- verdade que sob alguns aspectos os navios c'onal velocidade mantida de 17,5 nós, sem não representavam o que havia de mais mo- aPresentar avaria, um feito impen- qualquer derno: por exemplo, a propulsão do encou- savel na época das máquinas alternativas. raçados era com máquina alternativa quando,

Também no Brasil, a Ba- à época, a maioria dos encou- talha de Tsushima teve im- ? raçados e cruzadores já usa- P°rtantes desdobramentos. E importante o Brasil va a turbina; os contratorpe- Depois de um longo deiros ingleses lançados em perí- desenvolver um Poder od° sem se investisse na que 1903 já usavam caldeiras a •"enovação Naval consentâneo com da frota naval, óleo. E inegável, porém, que Pelas razões apontadas, o as suas aspirações, um os dois encouraçados, dois Plano Naval de 1904, do Al- verdadeiro instrumento cruzadores protegidos e dez mirante Júliode Noronha, foi contratorpedeiros constituí- de apoio à aPro política vado e foram alocadas as am uma força de expressão V£rbas externa do País para a sua implanta- mundial. Çao. Isto se devia à melhoria De lamentar, éque, (Barão do Rio Branco) porém, das condições financeiras do devido à falta de recursos, ^a*s Compromisso de (o não foi possível construir, Taubaté relativamente ao café e a exploração conforme previsto tanto no Plano de 1904 ^a borracha natural na Amazônia para aten- como no de 1906, o estaleiro de Jacuacanga, der à demanda criada indústria pela jovem para o apoio de manutenção desses navios, automobilística) mas, também, ao apoio do nem se investiu na preparação do pessoal ^arão do Rio Branco, chanceler no período de para operação, manutenção e reparo dessa 1902 a 1912 , que, com sua visão esclarecida, frota. Mal conduzidos, mal mantidos, esses defendia a importância de o Brasil desenvol- navios, ao invés de terem servido como uma Ver um Poder Naval consentâneocom as suas base sólida para a construção de uma nova asPirações, um verdadeiro instrumento de Marinha, logo se transformariam em fator de aPoio à política externa do País.19 frustração. A defasagem tecnológica entre a

'9. A defesa de Laurindo Pitta das verbas da Marinha no Congresso Nacional foram importantes para a sua aprovação.

A nova Esquadra compreendia os dois dreadnouglils, Minas Gerais e São Paulo, de 19.500 toneladas, velocidade 21 nós, armados de 12 canhões de 305 mm (12 polegadas) e 14 canhões de 120 mm (4,5"); dois cruzadores protegidos, o Bahia e o Rio Grande do Sul, de 3.150 toneladas, velocidade de 27 nós, propulsão a turbina, armados com dez canhões de 120 mm; dez contratorpedeiros, de 560 toneladas, velocidade 28 nós e armados com dois canhões de 101,6 mm (4") e dois tubos lança-torpedos.

RMB43T/2000189 Esquadra e o parque industrial do País seria outra torreta, de tal forma que apenas algumas "poderosa" logo, fatal e, esta Esquadrajá não torres podiam atirar pelos dois bordos do valor tinha um expressivo militar (embora isso navio; além disso, como as torres e os paióis não fosse na considerado época, provável- ficavam espalhados por todo o navio, havia mente ela tinha as uma capacidade dissuasória muita dificuldade para um projeto bom para considerável). praças de máquinas. Com o novo sistema, Após Tsushima, os ingleses, de que não todo o armamento principal ficava na linha os acompanharam os italianos e japoneses no centro do navio, podendo, assim, todos desenvolvimento de encouraçados-cruzado- canhões disparar por qualquer bordo, num

res, definiram a configuração dos seus cruza- arco de 160° a partir da proa ou da popa. Antes

dores de batalha, lançando ao mar, em 1907, os da adoção das torretas superpostas foi ne-

as HMS Inflexible, Indomitable e Invincible, cessário resolver um problema: como

navios de 17.250toneladas, torretas tinham na parte de 25 ^— — de capazes desenvolver superior uma janela

nós, graças a turbina observação, o sopro do

Parsons de 41.000 HP, aci- disparo da torre superior Mal conduzidos, mal

onando quatro eixos do prejudicava a observação mantidos, esses navios, da navio; eram armados com na torre inferior; a difieul-

oito canhões de 12 e 16 de Esquadra de 1910, ao dade foi resolvida remo-

4 de tiro rápido vendo-se polegadas invés de terem servido a janela de ob-

(bateria secundária); eram servação da parte superi- como uma base sólida dotados de couraça lateral or da torreta, substituin- a construção de uma leve. Sem dúvida, navios para do-a por visores com tela, incorporavam que as lições nova Marinha, logo se projetados das paredes

de Tsushima (grandes ca- laterais da torreta. As tor- transformariam em fator nhões em grande número, retas superpostas torna- de frustração velocidade ram-se alta e couraça prática comum em

leve). todos os navios de linha. " BQ Embora as experiências aCJVento Jqj gran-

com radiotclefonia datas- des canhões, cujo alcan-

sem do início do século XX, somentecni 1907 ce era de 10 ou mais m i lhas, tornou necessário

foi feita experimentalmente uma transmissão o aperfeiçoamento dos sistemas de direção

de música e voz, recebida nas estações rádio de tiro para que o tiro a estas grandes distân- ser de diversas navios que estavam no mar. A cias pudesse eficaz.

partir daí, seu desenvolvimento foi rápido. As primeiras medidas tomadas foram sim-

Uma importante contribuição para o pro- pies: os navios foram dotados de telêmetros de jeto da artilharia dos navios veio, nessa épo- colocados na parte mais alta do mastro

ca, dos Estados Unidos: foi adotado um sis- vante; através de uma rede de tubos acústi-

tema de torretas superpostas, uma atirando cos até os canhões, eram transmitidas as

- por sobre a outra sistema conhecido como distâncias (alcances) que deveriam ser ajus- ca- superfiring. O propósito dessa inovação era tadas nos visores individuais de cada

eliminaro problema, existente após a adoção nhão; o oficial de controle de fogo, na posição

da torreta, de alguns canhões terem o seu arco elevada, dava a ordem de fogo para todos

de tiro reduzido pela obstrução causada pela canhões, de modo que o tiro fosse simultâ-

superestrutura do navio ou até mesmo por neo, ou seja, por salva; estudando as colunas

190 RMB4"T/2000 Invinrible (1903). cruzador de batalha inglês (Foto: Proceedings)

^ água formadas o controlador pelos projetis, ção generalizada dos dreadnoughts. Assim, Passava as correções simultâneas para a ajus- em 1909, tem início na França a construção do tagem da distância. Posteriormente, o sistema Encouraçado Danton, primeiro de uma série f°i eletri ficado: uma luneta ou alça diretora era de seis, acionados a turbina, com armamento 'nstalada no topo do mastro; ela era de canhões de 12 12 quando quatro e de 9,4 polega- Movimentada para visar o alvo, acionava ele- das; apesar da data do início da construção, Wcamente os indicadores dos canhões, esses navios ainda são típicos per- navios pré- ruindo que todos atirassem na mesma marca- dreadnought. Logo após vieram os verdadei-

Ção e com a mesma elevação. ros dreadnoughts, os quatro navios da cias- Os telêmetros foram melhorados, tornan- se Jean Bart, cuja construção teve início em do-se mais acurados; os alemães destaca- 1910e 1911; são navios de 23.120 toneladas, ram-se nesta área usando um sistema armados com 12 canhões de 12 polegadas, em estereoscópio. torretas duplas superpostas a vante e a ré, e Em 1909, é lançado o primeiro torreta dupla não-superposta em cada con- dreadnought italiano, o DanteAlighieri, vés; pri- acionados por turbinas Parsons de 28.000 Meiro navio a usar torretas triplas (um total HP, desenvolviam velocidade de 21-22 nós. c'e quatro torretas triplas com canhões de 12 Um ano mais tarde, esses navios foram segui-

Polegadas). O navio de 20.500 toneladas ain- dos pelos três super-dreadnoughts da classe ^a não usava as torretas superpostas de Bretagne, praticamente do mesmo desloca- Modo que só três canhões podiam disparar na mento, mas armados com dez canhões de 13,4 '¦nha de do navio e três na linha de proa popa. polegadas. Sem dúvida, a postura oficial fran- Com o advento do all-big-gun sliip, a cesa não podia estar mais distante da jeune tendência passou a ser a construção de navi- école. 0s cada vez maiores, armados com canhões Com a quase generalização do uso das Sernpre de maior calibre. Os i ngleses lançaram turbinas, cujo maior rendimento é em alta velo- a° mar, em 1909, o HMS Orion, o primeiro cidade, a engrenagem rcdutora tornou-se SuPer-dreadnouglit, um navio de 22.500 to- obrigatória, já que o melhor rendimento do ne'adas, armado com dez canhões de 13,5 héliceéem baixa rotação. Assim, em 1911, são Polegadas, em torres duplas superpostas na lançados os Contratorpedeiros ingleses ' 'nha central, e dotado de couraça lateral de 12 Badger e Beaver, com engrenagem redutora Polegadas. na turbina de AP a título experimental. Em Os conceitos dajeune école, que predomi- 1914, são lançados os, Contratorpedeiros, navam na França desde a de Aube na também ingleses, Leonidas gestão e Lucifer, que já Pasta da Marinha, força com a ado- usam a engrenagem perderam redutora única para todas

RMB4"t/2000 191 •W

Acima, O ri ou (1909), o primeiro supcr-dreadnoiiglil inglês; Abaixo: Vergniaud (1909). irmão do DíiiiIi"1- e o Couberl, irmão do Jean Bati (1910), ambos encouraçados franceses (Todas as fotos: Prorcedings)

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Kentucky (1898), encouraçado americano (Foto: CAB)

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Ao lado: Geórgia (1904). Notar o convés principal do ^SP^SSkI^^ss^^ cncouraçado americano com torretas principal e BfTu.w^ni'' -? fr~J*''! secundária superpostas (Foto: CAB)

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TORRETAS SUPERPOSTAS

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w ' ' Micliigan S 1' * ('908), com IS torretas Jbc*' (principais) superpostas.

Encouraçado

americano

(Foto: CAB) I1 •i•j

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- Badger (1911). contratorpedeiro inglês (Times Ilistory of lhe War vol. 11, pág. 5)

as turbinas (engrenagem helicoidal dupla com dos favoráveis, a propulsão turboelétrica, dentes com perfil envolvente). O sistema mos- usada em todos os encouraçados americanos Os trou ser livre de vibrações e apresentou um construídos após 1915 (turboelétrica). nível de ruído aceitável, além de que a durabi- americanos só adotariam a turbina com engre- lidade dos dentes da engrenagem superou as nagem redutora em 1937.

vantagens melhores expectativas. Uma outra importante As da propulsão turboelétrica vantagem redutora várias: do sistema de engrenagem são as máquinas propulsoras (moto-

é a pequena perda de transmissão associada a res elétricos) podem ser controladas de qual- a este sistema, além de que ele é muito mais quer parte do navio; é possível usar toda barato para fabricar e para instalar. potência quando dando máquina atrás, o que

A solução passou a ser adotada por todos é impossível numa propulsão clássica a vapor os com a única dos Estados do vácuo no países, exceção (queda condensador principal);

Unidos que adotaram, com os mesmo resulta- como as turbinas que acionam os geradores

Daiiie Alighiere (1909), encouraçado italiano, o primeiro a usar tones triplas (Foto: CAI!)

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New Uampshire, cncouraçado norte-americano (antigo), primeiro navio a receber c transmitir sinais radiotelcgráficos, em 1915

e'étricos operam a velocidade constante, é mentos acompanhados por meio de

Possível usar altas temperaturas de vapor radiogoniômetros. suPeraquecido, melhor rendi- Em dezembro de 1912, o Submarino do que resulta grego ^ento Dolphin realiza dois ataques com torpedos a para a planta. A importante navios de turcos, limitação da propulsão elé- guerra sem sucesso, porém (o tr'ca, especialmente no caso de navios de pri meiro ataque torpédico realizado por subma- guerra, é a vulnerabilidade dos circuitos elé- rino que teve êxito só ocorreu em 1914, quando tr]cos (chaves, disjuntores, etc.) ao choque o Submarino alemão U-21 afundou o Cruzador

Provocado Batalha da HMS Pathfinder, de 3.000 toneladas). por explosões (a Jutlândia, na Primeira Guerra Mundial, de- O rádio telefone de ondas longas de •^onstrou essa vulnerabilidade, com diver- Marconi representou um avanço significati- s°s navios ingleses sofrendo esse efeito). vo em termos de alcance: em 1914, de uma

Em 1912, Marconi adquire a patente de estação montada por Marconi em Cliften, UlTi equipamento desenvol- Irlanda, foram enviadas mensagens que vinha sendo que pu- v'do desde a de deram ser ouvidas navios de itali- 1904 para identificar posição por guerra "avios, através da marcação de sinais rádio anos ao longo da costa da Sicília, a mais de

Provenientes de duas ou mais estações 1.750 milhas de distância. transmissoras de terra cuja a posição fosse O primeiro navio a receber um equipamen- conhecida. Era o radiogoniômetro, nesse to de radiotelefonia, que lhe permitia tanto ¦ttesmo ano instalado experimentalmente num transmitir como receber, foi o USS New navio mercante britânico. A sua difusão en- Hampshire, em 1915.0 seu uso só generali- tao foi rápida, anos mais tarde. inclusive para a área militar, até zaria ¦^esmo no setor de inteligência: a Esquadra APrimeira Guerra Mundial (1914-8) marca, alemã indubitavelmente, o início de uma outra etapa que se deslocava para enfrentar a ingle- Sa numa batalha histórica - a Batalha da no desenvolvimento do Poder Naval, fora,

Jutlândia - (1916) teve todos os seus movi- portanto, do contexto deste trabalho.

^CLASSIFICAÇÃO PARA ÍNDICE REMISSIVO: ^CIÊNCIA & TECNOLOGI A> / Desenvolvimento de equipamentos /; Sistemas de propulsão; Sistemas de artilharia; Sistema de direção de tiro; Sistemas de comunicação;

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O conquistador eé sempre um

amante da paz.

Gostaria de entrar em nossa terra

sem oposição.oposi^ao.

Karl Von ClciusenwitzClausenwitz

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