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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR CIÊNCIAS DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA ALEX MOTA DOS SANTOS CARTOGRAFIAS DOS POVOS E DAS TERRAS INDÍGENAS EM RONDÔNIA CURITIBA 2014 2 ALEX MOTA DOS SANTOS CARTOGRAFIAS DOS POVOS E DAS TERRAS INDÍGENAS EM RONDÔNIA Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia, Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Geografia. Orientação: Prof. Dra. Salete Kozel CURITIBA 2014 3 Ficha Catalográfica 4 5 DEDICO A memória do meu pai, Clarindo Bispo dos Santos pelo seu amor incondicional, dedicação e pelo sonho do filho doutor! Dele eu lembro que “É tão estranho, pois os bons morrem jovens, assim parece ser quando me lembro de você pai, que acabou indo embora cedo demais...” (adaptado do trecho da música Love in the afternoon – Legião Urbana). À minha querida e linda mãe, Eurides Miranda Mota, companheira, minha inspiração e fonte de amor incondicional que me ensina todos os dias a descoberta da nossa amizade...ela também mudou com este trabalho. Aos povos indígenas de Rondônia, pela amizade e gentilezas. A toda minha família que viveu este sonho comigo,... aos meus alunos e colegas professores que se interessam pela temática de tese! A memória da geógrafa Rosangela das Dores Reis pelo trabalho e contribuição à causa indígena em Rondônia. 6 AGRADECIMENTOS Essa pesquisa não seria possível sem os parceiros e colaboradores, em especial a orientadora de tese, professora Salete Kozel, pela paciência e apoio. Agradeço a colaboração dos colegas, professores e estudantes indígenas que frequentam a Licenciatura Básica Intercultural da UNIR, campus da cidade de Ji-Paraná, dentre eles: Ana Oro Nao’, Isael Xixina Gavião, Luiz Suruí, Carmelita Oro Eo, José Oro Mon, Carlos Aikanã, Alessandra Makurap, Francisco Oro Waram, Nelson Oro Waram, Dorival Oro Não’, Armando Jabuti, João B. Karitiana, Joaton Suruí, Jacó Cinta Larga, Alfredo Zoró, Fernando Kanoé, Rosilene Kanoé, Marcina Oro Nao’, Jap M. Verônica Oro Mon, Mojagara Suruí, Wan E. Oro Waram Xijein, Alina Jabuti, Maísa Makurap, Sandra Arara, Geovane Tupari, Josias Gavião, Claudinei Gavião, Puxam Suruí, Garixama Suruí, Cleverson Suruí, Hugo Cinta Larga, Tiago Oro Nao’, Roberval Oro Nao’, Célio Arara, Iran Gavião, Valdemar Oro Mom e Samuel Oro Mom. Agradeço ainda a UNIR e a UFPR, através dos Departamentos de Geografia, pela iniciativa em oferecer o Doutorado Interinstitucional (DINTER). Assim também aos professores da UFPR que se dispuseram a lecionar em Rondônia durante as etapas presenciais do curso e ao professor Josué da C. Silva, coordenador do DINTER na UNIR. Agradeço imensamente a atenção e colaboração do Professor Francisco Mendonça na condução do DINTER. Agradeço aos colegas profissionais, professores, que conheci em Rondônia e em especial na caminhada de tese, Felipe Vander Velden, Renata Nóbrega, Lediane Felzke, Mary Gonçalves, Luciana de Castro, Kécio Gonçalves Leite e Edineia Isidoro. Destaco as contribuições da professora Maria Lúcia Cereda Gomide, do Departamento de Educação Intercultural (DEINTER) e Jania Maria de Paula, do IFRO, pela disponibilização de muitos dos mapas mentais analisados na tese. Agradeço a todos os colegas do programa doutoral, aos servidores Luiz Carlos Zem e Adriana pela colaboração e apoio em Curitiba. Aos professores do Departamento de Engenharia Ambiental da UNIR, em especial a profa. Ana Lúcia D. da Rosa pela ajuda nos trabalhos de campo desde o ano de 2010; ao professor Igor G. Fotopoulos pela alegria das prosas e sugestão de leitura. Aos meus alunos de graduação que sempre me incentivaram na construção da tese. 7 RESUMO O estudo das representações gráficas espaciais indígenas em Rondônia é importante para sua valorização, especialmente porque apresenta riqueza e peculiaridades muitas vezes desconhecidas e depreciadas. Assim, a pesquisa das suas representações gráficas espaciais contribui para pensar a cultura, a identidade de “ser índio”, reivindicações e a relação com o lugar. Os desdobramentos dessas representações levaram ao estudo das cartografias das terras indígenas, importante para a caracterização dos impactos e usos associados a elas no estado de Rondônia. A presente Tese surgiu das atividades de mapeamentos participativos realizadas no curso de Licenciatura Básica Intercultural da Universidade Federal de Rondônia. Observou-se que o material resultante das oficinas e das aulas poderia ser estudado e levantou-se a hipótese de que os mesmos configuraram cartografias. O objetivo foi identificar as mensagens dos mapas indígenas; identificar as principais variáveis visuais utilizadas nas representações cartográficas e discutir as diferentes maneiras de como as práticas sociais indígenas interagem com o espaço. Das cartografias das terras indígenas o objetivo foi mapear os usos e cobertura da terra no entorno de todas as terras indígenas de Rondônia e estruturar uma modelagem geográfica das pressões antrópicas na área de entorno das mesmas. A metodologia contemplou o estudo de caso, a observação em campo, a comparação e análise empírica e empregou-se a Metodologia Kozel para estudo dos mapas mentais e aplicação de métodos indiretos (geotecnologias) para análise dos usos do entorno das terras indígenas estudadas e as pressões identificadas. Como sustentação teórica destaca-se as cartografias possíveis na vertente cartesiana e humanista. Como construções sociais simbólicas as representações indígenas revelaram, além da experiência indígena, seu potencial de mapear, poder de gerar símbolos para questionar as ações presentes no espaço rondoniense. Apresentaram elementos da relação do homem com o meio mediada por um sistema de linguagem, que nessa tese foi a cartografia como elemento de significação. Dentre os elementos em destaque, a identidade indígena, seus lugares, os aspectos da cultura, conflitos e reivindicações afloraram. Das análises das pressões sobre as terras indígenas no pós-contato identificou-se um movimento da bancada ruralista para enfraquecimento do órgão indigenista oficial do Brasil a partir das pressões sobre a legislação indígena vigente. Além disso, identificou pressão da malha viária, dos empreendimentos hidrelétricos e ocupação da área de entorno das 21 terras indígenas analisadas. Dessa forma, as áreas de amortecimento de todas as TI’s estudadas totalizaram 5.428.133,64 hectares, sendo que 1.395.812,97 hectares estão comprometidos por usos múltiplos, em que se destacou a pecuária extensiva. Dos resultados destaca-se o fato de que a Terra Indígena (TI) Rio Omerê é, dentre as 21 terras indígenas analisadas, a que apresentou maior valor de área antropizada do entorno próximo: 65,36%. Por outro lado, o entorno da TI Rio Negro Ocaia apresentou-se mais preservado, com apenas 0,31% da área desmatada. Palavras-chave: Rondônia. Terras Indígenas. Identidade. Representação espacial. Cartografia. Mapas Mentais. 8 ABSTRACT The study of indigenous spatial representations in Rondônia is important to its appreciation, especially because it has richness and peculiarities often unknown and depreciated. Thus, the research of their spatial representations contributes to think over the culture, the "being indian" identity, claims and the relationship with the place. The unfolding of these spatial representations led to the study of cartography of indigenous lands, which is important to the impacts and uses characterization associated with them in Rondônia state. The present thesis arouse from activities of participatory mapping performed in the Intercultural Basic Graduation course of Rondônia’s Federal University. It was observed that the resulting materials of workshops and classes could be studied and it was raised the hypothesis that those materials have shaped cartographies. The goal was to identify the massages of indigenous maps; to identify the main visual variables used in cartographic representations and to discuss the different way of how the indigenous social practices interact with the space. The purpose of indigenous lands cartography was to map the land uses and cover around every indigenous land from Rondônia and to organize a geographic modeling of anthropic pressure in the area around them. The methodology included the case study, the participant observation, the comparison and empiric analysis and it was employed Kozel Methodology for the mental maps study and application of indirect methods (geotechnologies) for analysis of the uses surrounding the studied indigenous lands and the identified pressures. As theoretical underpinnings stands out the possible mappings in Cartesian and Sociocultural aspects. As social constructions symbolic indigenous representations presented, besides indigenous experience, their potential for mapping, the power of symbols to generate question the present actions in Rondônia’s territory. Presented man's relationship with the elements means that mediated by a language system, this thesis was the cartography as a significant element. They exhibited elements of man’s relationship with the environment that is mediated by a language system in cassireniana perspective, which corresponds to the cartography as signification element in this thesis. From among the featured elements, the indigenous identity, their places, the culture aspects, conflicts and claims have surfaced. About the analysis of pressure on indigenous lands at post contact it was identified a move of ruralist parliamentary group for weakening of Brazil's indigenist