Tempo, Espaço E Passado Na Mesoamérica : O Calendário, a Cosmografia E a Cos- Mogonia Nos Códices E Textos Nahuas / Eduardo Natalino Dos Santos
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TEMPO , ESPAÇO E PASSADO NA MESOAMÉRICA O CALENDÁRIO , A COSMOGRAFIA E A COSMOGONIA NOS CÓDICES E TEXTOS NAHUAS Programa de Pós-graduação em História Social Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de História TEMPO , ESPAÇO E PASSADO NA MESOAMÉRICA O CALENDÁRIO , A COSMOGRAFIA E A COSMOGONIA NOS CÓDICES E TEXTOS NAHUAS EDUARDO NATALINO DOS SANTOS Copyright 2009 © Eduardo Natalino dos Santos Edição: Joana Monteleone Editora Assistente: Marília Chaves Projeto gráfico e diagramação: Pedro Henrique de Oliveira Capa: Pedro Henrique de Oliveira Revisão: Rachel Duarte Topfstedt Imagem da capa: Os tlaloque e os tipos de chuva e colheita distribuídos pelos rumos do Universo segundo o Códice Borgia. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ S235t Santos, Eduardo Natalino, 1969- Tempo, espaço e passado na mesoamérica : o calendário, a cosmografia e a cos- mogonia nos códices e textos nahuas / Eduardo Natalino dos Santos. - São Paulo : Alameda , 2009. 432p. : il. -(História social) Inclui bibliografia ISBN 978-85-7939-018-0 1. Índios do México - História - Manuscritos. 2. Índios da América Central - His- tória - Manuscritos. 3. Nahuas - Usos e costumes. 4. México - História. I. Título. II. Série. 09-5448. CDD: 972.01 CDU: 94(72) 19.10.09 22.10.09 015836 ALAMEDA CASA EDITORIAL Rua Conselheiro Ramalho, 694 - Bela Vista CEP 01325-000 - São Paulo - SP Tel. (11) 3012-2400 www.alamedaeditorial.com.br Sumário Apresentação 7 Prefácio Federico Navarrete Linares 9 Prólogo 13 Nota explicativa 17 Lista de figuras 19 Lista de tabelas 21 Mapas 22/23 Introdução 25 Capítulo I Textos pictoglíficos e alfabéticos nahuas: 43 de suas produções e usos primários à utilização como fonte histórica Construção e uso social das concepções de 45 tempo e espaço e das explicações sobre o passado Os nahuas e a Mesoamérica 50 Sistema de notação mixteco-nahua: status e 83 transformações durante o período Colonial Fontes centrais da pesquisa 105 Capítulo II O tempo: usos e funções do sistema 125 calendário nos textos nahuas Sistema calendário mesoamericano 128 O tonalpohualli nos textos pictoglíficos e 142 alfabéticos O xiuhmolpilli e o xiuhpohualli nos textos pictoglí- 168 ficos e alfabéticos Conclusões: o calendário nahua e as transforma- 204 ções em seus usos escriturais no século XVI Capítulo III O espaço: usos e funções dos conceitos 225 cosmográficos nos textos nahuas Cosmografia mesoamericana 228 Céus, inframundos e rumos do Universo nos 254 textos pictoglíficos e alfabéticos Conclusões: A cosmografia nahua e as transfor- 314 mações em seus usos escriturais no século XVI Capítulo IV O passado: os relatos cosmogônicos tradicionais e suas transformações no século XVI 321 Características gerais da cosmogonia nahua 324 Características proporcionadas pelo calendário e cosmografia 329 aos episódios cosmogônicos Formas de associar o passado recente ao 343 distante nos textos nahuas Fabulização das explicações 364 nahuas sobre o passado Conclusões 380 Considerações finais 387 Bibliografia 393 Fontes documentais 393 Obras de referência 396 Obras historiográficas 398 Caderno de Imagens 415 225 Apresentação 228 254 314 Série Teses tenciona colocar à disposição do leitor estudos significativos realiza- A dos no âmbito do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universi- dade de São Paulo, resultantes da conclusão de trabalhos de mestrado e doutorado. 321 Desde 1997, com o apoio da CAPES, numerosos textos já foram publicados. Promover a divulgação de uma tese ou dissertação é sempre motivo de alegria 324 e uma iniciativa importante em vários sentidos. Por um lado, é um registro da plura- 329 lidade de temas e enfoques que o Programa e seu corpo docente desenvolvem, bem como uma amostra da maturidade analítica alcançada por seus alunos. Mas, prin- cipalmente, a publicação representa para seus autores o coroamento de um longo 343 percurso de leituras, pesquisa e escrita, e a possibilidade de colocar, em alguns casos pela primeira vez, os resultados de seu trabalho à disposição de um público amplo. 364 o livro ora apresentado revela um novo historiador com pleno domí- nio do seu ofício e permite que as suas reflexões sejam incorporadas aos de- 380 bates em curso. Essa é também uma das funções da Série Teses, que tem como 387 objetivo básico a difusão do conheci mento produzido na área da História. 393 Horacio Gutiérrez, Coordenador 393 Marina de Mello e Souza, Vice-Coordenadora 396 398 415 Prefácio Federico Navarrete Linares Instituto de Investigaciones Históricas Universidad Nacional Autónoma de México s chamados códices mesoamericanos se encontram, indubitavelmente, en- Otre os produtos culturais mais complexos e interessantes dos povos ame- ríndios. Trata-se de manuscritos que utilizam o sistema de escrita de tradição indígena e que foram confeccionados pelos povos do centro e do sul do atual México, antes e depois da conquista espanhola do século XVI. Esses documentos possuem a forma de livro, de tira, de biombo e de lienzo – tecido quadrangular de grandes dimensões – e tratam de temas históricos e religiosos bastante vinculados com a identidade étnica dos povos que os produziram. A escrita mesoamericana tem sido definida como pictográfica, pois utiliza- va elementos visuais convencionais para representar sons, palavras e conceitos. Esses signos, conhecidos como glifos, eram combinados com paisagens, retratos, mapas e outras representações visuais para criar um discurso logográfico e visual altamente elaborado. Os códices não eram lidos da maneira como nós, usualmente, lemos um livro em alfabeto latino. Distintamente, eram exibidos publicamente por espe- cialistas que, nessas ocasiões, recitavam os relatos, cantos, preces e outros textos da tradição oral, vinculados à informação visual contida em tais manuscritos. A relação entre as imagens e escritos constantes nos códices e a tradição oral que os acompanhava era complexa, pois nenhum desses dois elementos continha ou esgotava o outro. As imagens transmitiam conteúdos simbólicos e afetivos que nem sempre eram contemplados nos relatos orais, os quais, por sua vez, pode- riam incluir informações que não se encontravam nas imagens. Sendo assim, po- demos dizer que os códices e as tradições que os acompanhavam eram discursos plenamente audiovisuais. Durante o período pré-hispânico e o início do colonial, os códices foram de grande importância para os governantes, sacerdotes e outros setores das socieda- 10 TEMPO , ESPAÇO E PASSADO NA MESOAMÉRICA des indígenas, e também para os novos governantes e sacerdotes espanhóis, que os aceitaram como documentos com validade legal e histórica. Por esse motivo, foram produzidos em grandes quantidades e circularam nas diversas cidades-estados que conviviam no interior da Mesoamérica. Desafortunadamente, depois da conquista es- panhola, esses livros nativos foram considerados idolátricos por se vincularem com a antiga religião, agora proibida e perseguida pelo cristianismo. Por esse motivo, foram destruídos em grande número pelos sacerdotes espanhóis e, também, pelos seus pos- suidores indígenas, que temiam ser castigados por guardá-los. Não podemos saber quantos códices foram queimados, destruídos, escondidos ou abandonados. Somente sabemos que apenas cerca de uma dúzia de livros pictográficos pré-hispânicos sobre- viveram até os nossos dias. Afortunadamente, essas perseguições e destruições não significaram o fim da produção dos maravilhosos códices pelos indígenas: durante os três séculos de domi- nação espanhola foram confeccionados mais de 300 livros, lienzos, mapas e biombos desse tipo de manuscrito. Esses códices coloniais diferem dos pré-hispânicos em vários aspectos-chave. Em primeiro lugar, foram feitos para novos públicos, entre eles, particularmente, as auto- ridades e os sacerdotes espanhóis interessados em aprender sobre a história indígena e, inclusive, sobre a antiga religião proscrita. Ademais, incorporaram glosas em alfabe- to latino que serviam para interpretar e explicar seus conteúdos visuais. Igualmente, assimilaram e reinterpretaram convenções e imagens de origem europeia, criando uma nova linguagem visual que combinava a tradição pictográfica e pictórica mesoa- mericana com a tradição visual ocidental. Esses documentos coloniais são, portanto, duplamente complexos e têm sido objetos de acaloradas polêmicas entre os estudiosos. Enquanto alguns pesquisadores, como Gordon Brotherston, tentam demonstrar sua profunda continuidade em rela- ção à tradição indígena da qual derivam, outros, como Donald Robertson, enfatizam a profunda assimilação dos elementos europeus que neles se encontram e sua gradual “aculturação” ou ocidentalização. A presente obra de Eduardo Natalino dos Santos constitui um valioso aporte ao nosso conhecimento sobre os códices pré-hispânicos e coloniais e propõe novas alter- nativas para esses debates. Essa contribuição é mais significativa pelo fato de ter sido realizada por um historiador brasileiro. Eduardo Santos é parte de uma nova geração de historiadores e arqueólogos brasileiros que criaram, em seu país, um dinâmico centro de estudos sobre a Meso- américa e os Andes. Com sede na Universidade de São Paulo, o Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos (Cema/USP) conta também, entre outros pesquisadores, com Leila Maria França, Marcia Maria Arcuri e Cristiana Bertazoni Martins. Guiados por professores como Janice Theodoro da Silva e Beatriz Borba Florenzano – o pro- fessor Leandro Karnal tem realizado tarefa semelhante na Universidade Estadual de EDUARDO