Benedito Ruy Barbosa: Intertextualidade E Recepção1

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Benedito Ruy Barbosa: Intertextualidade E Recepção1 View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk brought to you by CORE provided by Cadernos Espinosanos (E-Journal) Anna Maria Balogh Benedito Ruy Barbosa: Intertextualidade e Recepção1 A questão da autoria de um traz também as marcas de pressões dos texto ficcional para a TV traz consigo segmentos de público envolvidos ou algumas peculiaridades que devem ser aludidos na trama ficcional, intervém analisadas para uma compreensão os lobbies, as cartas do leitor, os dados aprofundada do processo sob o ponto do Ibope, as críticas da imprensa de vista da mediação, da recepção e escrita, as entrevistas dos atores e co- da intertextualidade. realizadores, e assim por diante. A recepção de um programa Dados recolhidos nesta vasta rede ficcional na TV aberta pressupõe um intertextual podem nos permitir uma público verdadeiramente massivo, compreensão melhor destes processos implicando uma necessária homoge­ de comunicação profundamente neização do produto tendo em vista um enraizados em nossa cultura. parâmetro “médio” das preferências Como texto ficcional, a novela deste público. Estratégias das emis­ é um formato extremamente “sui- soras, tais como as pesquisas de opi­ generis”. Em primeiro lugar, por nião, procuram dar a este parâmetro causa de sua enorme extensão, impalpável, uma concreção maior. herdeira do folhetim, em segundo Um escopo similar orienta a lugar, por se tratar de produto elaboração deste texto: uma busca de extremamente “poroso” a interven­ dados concretos sobre os processos de ções extratextuais e, finalmente, por mediação e as práticas de recepção dividir com o teatro o aspecto através do estudo acurado da autoria inconcluso do texto. O roteiro, tal e dos textos que a ela se referem ou como o texto de teatro tradicional, (1) Texto realizado no âmbito da nela intervém. Em outras palavras, precisa ser encenado, “ir ao ar” para pesquisa do subprojeto "As pressupõe-se que o autor deixa marcas chegar ao seu aspecto terminativo. Interfaces do Discurso Ficcional na claras no seu texto, marcas estas que A novela brasileira passou por TV Brasileira/Textos e Paratextos orientam os modos de recepção por um longo período de abrasileiramento - Realizadores e Receptores" parte do público. As seleções do autor gradual das temáticas e de aprimo­ no projeto NOVOS OLHARES manifestas no texto, instigam relações ramento dramatúrgico, que a separou SOBRE PROCESSOS DE intra e intertextuais e configuram em termos qualitativos das congêneres MEDIAÇÃO E PRÁTICAS DE perfis de audiência e tipos de me­ latino-americanas em geral, das quais RECEPÇÃO. diação. Claro está que esta deter­ se originou. Sua forma mais aperfei­ minação não pertence exclusivamen­ çoada se deu na construção ficcional Anna Maria Balogh é Professora Livre- te à autoria, consideramos, no entanto, da Globo. A trajetória de aquisição Docente junto ao Departamento de Ci­que ela desempenha um papel mais desta competência foi recolhida por nema, Rádio e Televisão da ECA/USP.relevante nos processos de recepção Michele e Armand Mattelart em sua e pesquisadora junto ao Grupo de que analisamos do que lhe parece ter obra O Carnaval das Imagens. Estudos sobre Práticas de Recepção sidoa atribuído até o momento. Como processo de comunica­ Produtos Mediáticos. O trabalho de criação do autorção, a novela pressupõe uma vasta rede de relações intertextuais entre as dramáticos do que nas novelas quais se destacam as do texto com o anteriores da grade horária da Globo. que Omar Calabrese 2 define de Por todas estas razões, as paratextualidade. Além disso, temos novelas das oito e meia, ao as relações intertextuais tradicionais incorporarem temas da realidade tais como a do roteiro com os capítulos brasileira, tendem a ocupar parte do transmitidos, as relações do texto da espaço deixado no vazio pela novela com os textos prévios do informação e pela sociedade. Este mesmo autor ou de outros autores que fenômeno faz com que, no Brasil, a tratam de temáticas similares, e assim novela deixe de ter um estatuto por diante. meramente fictício para chegar a O estudioso Jesús Martín- exercer, ainda que precariamente, uma Barbero durante sua visita a ECA em função simbólica de espaço público outubro de 1991 fez um relato sobre onde problemas sociais e elementos do a pesquisa que conduziu em diferentes imaginário da população brasileira são países da América Latina no tocante representados. Vale lembrar ainda que à recepção. No estudo feito verificou a novela das oito e meia tem um que entrevistados de distintos espaço muito maior que as demais na segmentos eram perfeitamente capazes imprensa. de relatar as tramas das novelas a que Esta característica própria assistiam, mas dificilmente conse­ destas obras nos leva a repensar a guiam reproduzir o teor dos informa­ questão da autoria, posto que em tivos vistos. Independentemente dos novelas deste tipo, o roteirista e seus fatores a que se deva atribuir esta co-realizadores mais destacados dificuldade de apreensão do informa­ deixam de ser exclusivamente artistas tivo, tais como ritmo de edição, criadores, para serem de certa forma distribuição dos blocos de notícias, porta-vozes, bardos das inquietações etc., ao contrário da facilidade e do imaginário de seu povo. Tais constatada na apreensão do ficcional, características aumentam de forma parece claro que há uma espécie de ponderável a responsabilidade social vazio ou de ruído no ato de recepção do autor, e alguns deles têm clara dos informativos em geral. consciência disso: Este fenômeno se toma ainda JST: Como é que você interpreta a mais inquietante quando nos damos função da novela no Brasil hoje? (2) Lorenzo Vilches, "Play it conta do curioso amálgama entre o BRB: Acho que é um veículo que again Sam" Anàlisi, num. 1, 1984, real e o ficcional que a novela brasi- você tem que usar. (...). Não acho 68; "La paraserialidade se refiere a leira vem manifestando, posto que ela que a novela deva ser só todas aquellas notas al margem abarca dentro da trama fictícia ampla entretenimento. E uma forma de de la serie: títulos, subtítulos, utilização de merchandising político, você politizar um povo como o nosso, intertítulos, presentación y do tipo “vote de forma consciente”, de onde existe uma enorme quantidade portada, apertura y leitmotiv merchandising social, do tipo de analfabetos que vêm televisão. musical, la publicidad en torno a “previna o câncer de mama”, “doe Quando você coloca em discussão a su emisión (...), la información órgãos para transplante”, etc., além do política, está de certa forma aler­ sobre cambios y ajustes de merchandising tout court, de sempre. tando essa população que está diante horario, los comentarios de la A relação dialógica entre o real do vídeo, todo dia. Vai semeando prensa, etc. Son todos elementos e o ficcional se acentua nas novelas alguma coisa. (Sem Terra - Jornal marginales que sin pertencer a la das oito e meia, nas quais há uma dos trabalhadores Rurais, Entrevista- serie actuan para-ella, en forma tendência à abordagem mais realista Benedito Ruy Barbosa, Julho de en mascarada, haciendo de aos temas mais candentes presentes no 1996, Ano XV, n. 160, 10-11) chivato y colocándose cómoda e tecido social e também uma abor­ Aumenta, conseqüentemente, o impunemente fuera de la norma dagem mais contundente dos conflitos poder da atuação do autor junto ao del género. " público, mas também as pressões exercer fascínio junto ao público. deste sobre o trabalho de criação. As O que o texto de BRB pressões são tanto mais contundentes incorpora à trama de bases conhe­ quanto se verifica que o processo de cidas, é precisamente a novidade das elaboração da novela é longo e que o questões atuais da realidade nacional, texto pode ser alterado no decurso da dentre as quais merece destaque maior criação. Neste sentido, a autoria da a questão da terra e da reforma agrária, novela é um grande processo, um mas também são abordados de forma gerúndio que se prolonga, por vezes bem menos acentuada outros de forma penosa para o autor. problemas nossos, tais como a Muito embora a televisão a gravidez inesperada em adolescentes, cabo possa trazer mudanças substan­ o machismo que redunda na prática ciais no quadro de influência e inter­ ou na tolerância de violência contra a venção da TV aberta, tal como apon­ mulher, a corrupção política e o tam as obras O potencial dialógico estatuto dos políticos que escolhem o da TV, de Arthur Matuck e A nova caminho da honestidade neste meio, Televisão, de Nelson Hoineff, entre entre outros. outras, as transformações mais Tal como afirma Umberto Eco radicais não deverão se configurar a ao falar da inovação e da repetição, curto prazo. Ainda que isto ocorra a do modernismo e da pós-modernidade, médio prazo, vale o registro desta a prática intertextual não se limita situação de recepção tão sui-generis mais às relações entre textos ficcio­ no âmbito dos media e tão peculiar à nais, mas ela se estende à incorporação cultura brasileira. do extratextual pelos media e A novela atua, então, dentro de conseqüentemente, pelo próprio texto uma espécie de twilight zone entre o ficcional. É neste complexo tecido de real e o ficcional, entre o informativo relações que as temáticas principais e e o ficcional. Este caráter ambíguo do secundárias de novela se inserem. formato toma a questão da autoria da Programas como “Video ficção para a TV bastante complexa. Show" (Globo), ou qualquer infor­ mação do estilo de ummaking of, ou “O Rei do Gado” e o intertextualnotícias veiculadas pela imprensa Para um melhor entendimento sobre os atores, podem acirrar os das relações entre intertextualidade, processos de recepção, obrigar o autor ficção e recepção, escolhemos um a estender ou a encurtar o seu texto, objeto de análise concreto, a novela modificar a trama, etc. O texto dialoga “O Rei do Gado" (RG- Globo, com os índices do Ibope, tal como 20:30hs., 17.06.96 a 15.02.97), de atesta pesquisa da orientanda Rita de Benedito Ruy Barbosa (BRB), para Cássia Maurício Silva realizada no este fim.
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