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Desmundo Miolo.Indd 1 20/10/2006 23:46:05 Desmundo Miolo.Indd 2 20/10/2006 23:46:06 Desmundo Desmundo Desmundo miolo.indd 1 20/10/2006 23:46:05 Desmundo miolo.indd 2 20/10/2006 23:46:06 Desmundo Alain Fresnot Helder Ferreira Sabina Anzuategui São Paulo, 2006 Desmundo miolo.indd 3 20/10/2006 23:46:06 Governador Cláudio Lembo Secretário Chefe da Casa Civil Rubens Lara Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Diretor-presidente Hubert Alquéres Diretor Vice-presidente Luiz Carlos Frigerio Diretor Industrial Teiji Tomioka Diretora Financeira e Administrativa Nodette Mameri Peano Chefe de Gabinete Emerson Bento Pereira Coleção Aplauso Cinema Brasil Coordenador Geral Rubens Ewald Filho Coordenador Operacional e Pesquisa Iconográfica Marcelo Pestana Projeto Gráfico Carlos Cirne Assistência Operacional Andressa Veronesi Editoração Aline Navarro Tratamento de Imagens José Carlos da Silva Desmundo miolo.indd 4 20/10/2006 23:46:07 Apresentação “O que lembro, tenho.” Guimarães Rosa A Coleção Aplauso, concebida pela Imprensa Oficial, tem como atributo principal reabilitar e resgatar a memória da cultura nacional, biogra- fando atores, atrizes e diretores que compõem a cena brasileira nas áreas do cinema, do teatro e da televisão. Essa importante historiografia cênica e audio- visual brasileiras vem sendo reconstituída de manei ra singular. O coordenador de nossa cole- ção, o crítico Rubens Ewald Filho, selecionou, criteriosamente, um conjunto de jornalistas especializados para rea lizar esse trabalho de apro ximação junto a nossos biografados. Em entre vistas e encontros sucessivos foi-se estrei - tan do o contato com todos. Preciosos arquivos de documentos e imagens foram aber tos e, na maioria dos casos, deu-se a conhecer o universo que compõe seus cotidianos. A decisão em trazer o relato de cada um para a primeira pessoa permitiu manter o aspecto de tradição oral dos fatos, fazendo com que a memó ria e toda a sua conotação idiossincrásica aflorasse de maneira coloquial, como se o biogra- Desmundo miolo.indd 5 20/10/2006 23:46:07 fado estivesse falando diretamente ao leitor. Gostaria de ressaltar, no entanto, um fator impor- tante na Coleção, pois os resultados obtidos ultra- passam simples registros biográ ficos, revelando ao leitor facetas que caracteri zam também o artista e seu ofício. Tantas vezes o biógrafo e o biografado foram tomados desse envolvimento, cúmplices dessa simbiose, que essas condições dotaram os livros de novos instrumentos. Assim, ambos se colocaram em sendas onde a reflexão se estendeu sobre a formação intelectual e ide- ológica do artista e, supostamente, continuada naquilo que caracterizava o meio, o ambiente e a história brasileira naquele contexto e mo- mento. Muitos discutiram o importante papel que tiveram os livros e a leitu ra em sua vida. Deixaram transparecer a firmeza do pensamento crítico, denunciaram preconceitos seculares que atrasaram e continuam atrasando o nosso país, mostraram o que representou a formação de cada biografado e sua atuação em ofícios de lin- guagens diferenciadas como o teatro, o cinema e a televisão – e o que cada um desses veículos lhes exigiu ou lhes deu. Foram analisadas as distintas lingua gens desses ofícios. Cada obra extrapola, portanto, os simples relatos biográficos, explorando o universo íntimo e psicológico do artista, revelando sua autodeter- Desmundo miolo.indd 6 20/10/2006 23:46:07 minação e quase nunca a casualidade em ter se tornado artista, seus princípios, a formação de sua personalidade, a persona e a complexidade de seus personagens. São livros que irão atrair o grande público, mas que – certamente – interessarão igualmente aos nossos estudantes, pois na Coleção Aplauso foi discutido o intrincado processo de criação que envol ve as linguagens do teatro e do cinema. Foram desenvolvidos temas como a construção dos personagens interpretados, bem como a análise, a história, a importância e a atualidade de alguns dos personagens vividos pelos biogra- fados. Foram examinados o relacionamento dos artistas com seus pares e diretores, os proces- sos e as possibilidades de correção de erros no exercício do teatro e do cinema, a diferenciação fundamental desses dois veículos e a expressão de suas linguagens. A amplitude desses recursos de recuperação da memória por meio dos títulos da Coleção Aplauso, aliada à possibilidade de discussão de instru mentos profissionais, fez com que a Im- prensa Oficial passasse a distribuir em todas as biblio tecas importantes do país, bem como em bibliotecas especializadas, esses livros, de grati- ficante aceitação. Desmundo miolo.indd 7 20/10/2006 23:46:08 Gostaria de ressaltar seu adequado projeto gráfi co, em formato de bolso, documentado com iconografia farta e registro cronológico completo para cada biografado, em cada setor de sua atuação. A Coleção Aplauso, que tende a ultrapassar os cem títulos, se afirma progressivamente, e espera contem plar o público de língua portu guesa com o espectro mais completo possível dos artistas, atores e diretores, que escreveram a rica e diver- sificada história do cinema, do teatro e da tele- visão em nosso país, mesmo sujeitos a percalços de naturezas várias, mas com seus protagonistas sempre reagindo com criatividade, mesmo nos anos mais obscuros pelos quais passamos. Além dos perfis biográficos, que são a marca da Cole ção Aplauso, ela inclui ainda outras séries: Projetos Especiais, com formatos e carac- terísticas distintos, em que já foram publicadas excep cionais pesquisas iconográficas, que se ori- gi naram de teses universitárias ou de arquivos documentais pré-existentes que sugeriram sua edição em outro formato. Temos a série constituída de roteiros cinemato- gráficos, denominada Cinema Brasil, que publicou o roteiro histórico de O Caçador de Diamantes, de Vittorio Capellaro, de 1933, considerado o Desmundo miolo.indd 8 20/10/2006 23:46:08 primeiro roteiro completo escrito no Brasil com a intenção de ser efetivamente filmado. Parale- lamente, roteiros mais recentes, como o clássico O caso dos irmãos Naves, de Luis Sérgio Person, Dois Córregos, de Carlos Reichenbach, Narrado- res de Javé, de Eliane Caffé, e Como Fazer um Filme de Amor, de José Roberto Torero, que deverão se tornar bibliografia básica obrigatória para as escolas de cinema, ao mesmo tempo em que documentam essa importante produção da cinematografia nacional. Gostaria de destacar a obra Gloria in Excelsior, da série TV Brasil, sobre a ascensão, o apogeu e a queda da TV Excelsior, que inovou os proce- dimentos e formas de se fazer televisão no Brasil. Muitos leitores se surpreenderão ao descobrirem que vários diretores, autores e atores, que na década de 70 promoveram o crescimento da TV Globo, foram forjados nos estúdios da TV Ex- celsior, que sucumbiu juntamente com o Grupo Simonsen, perseguido pelo regime militar. Se algum fator de sucesso da Coleção Aplauso merece ser mais destacado do que outros, é o inte- resse do leitor brasileiro em conhecer o percurso cultural de seu país. De nossa parte coube reunir um bom time de jornalistas, organizar com eficácia a pesquisa Desmundo miolo.indd 9 20/10/2006 23:46:08 docu mental e iconográfica, contar com a boa vontade, o entusiasmo e a generosidade de nos- sos artistas, diretores e roteiristas. Depois, ape- nas, com igual entusiasmo, colocar à dispo sição todas essas informações, atraentes e aces síveis, em um projeto bem cuidado. Também a nós sensibilizaram as questões sobre nossa cultura que a Coleção Aplauso suscita e apresenta – os sortilégios que envolvem palco, cena, coxias, set de filmagens, cenários, câme ras – e, com refe- rência a esses seres especiais que ali transi tam e se transmutam, é deles que todo esse material de vida e reflexão poderá ser extraído e disseminado como interesse que magnetizará o leitor. A Imprensa Oficial se sente orgulhosa de ter criado a Coleção Aplauso, pois tem consciên- cia de que nossa história cultural não pode ser negligenciada, e é a partir dela que se forja e se constrói a identidade brasileira. Hubert Alquéres Diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Desmundo miolo.indd 10 20/10/2006 23:46:08 Impressões sobre a direção Sempre me intrigou a transformação da imagem mental em imagem real, como a imagem filmada vai se sobrepondo àquela imaginada. Esta vai se esmaecendo ao longo do trabalho, desde a idéia do roteiro, passando por todas as opções dos elementos que constituem o que está frente à câmera, inclusive os atores, e finalmente é subs- tituída por aquela imagem fruto do trabalho do fotógrafo e de sua luz. Intuitivamente, penso que se fosse possível, com rigor, retraçar este percurso, suas perdas e even- tuais acréscimos, talvez se compreendesse melhor 11 a criação cinematográfica. A dificuldade é que a criação efetiva da imagem, a realidade, vai de tal maneira se impondo, que, ao término do traba- lho, o inicialmente pensado está tão distante que tenho dificuldade de recuperar um fragmento que seja do imaginado e compará-lo ao realiza- do. Não sei se esta inquietação é só minha ou é compartilhada por meus colegas, mas para mim assume tal importância que é como se fosse a pista para a realização do próximo filme. Há três tipos de cineastas: os que já nascem saben do, os que não aprenderão jamais e os que apren dem com a experiência. Tenho a pretensão Desmundo miolo.indd 11 20/10/2006 23:46:08 de estar entre estes últimos. Cada diretor tem seu método de trabalho, a única certeza é que não há regras absolutas. O meu método é o de tentar imaginar ao máximo o resultado da imagem. Minha formação de montador, a enorme admi- ração que nutri durante anos por Eisenstein, meu medo de perder o controle no set, todos moti vos para, com o auxílio de um desenhista, fazer um story board. Este desenho de produção deve aproximar-se o máximo possível do que vai ser filmado. Como qualquer método, tem seus prós e contras – o que se perde em espontaneidade, ganha-se em rigor.
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