Teatro Dos 4: a Cerimônia Do Adeus Do Teatro Moderno Daniel
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Teatro dos 4: A Cerimônia do Adeus do Teatro Moderno Daniel Schenker Wajnberg Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas / UNIRIO Doutorado em Teatro Orientadora: Tania Brandão Rio de Janeiro 2013 1 I AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço à professora Tania Brandão pela análise cuidadosa do meu trabalho, pelo diálogo aberto e democrático e por me ajudar a encontrar articulações produtivas a partir do meu objeto de estudo; agradeço também aos professores do Programa de Pós-Graduação em Teatro da UniRio, especialmente a Maria Helena Werneck, presente na minha banca de qualificação; à professora Nanci de Freitas, também pelas importantes colocações na minha banca de qualificação; a Sergio Britto e Paulo Mamede, sócios no projeto do Teatro dos 4, colaborações inestimáveis para o desenvolvimento dessa pesquisa; aos atores, diretores, iluminadores e empresários que concederam entrevistas importantes: Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Ary Fontoura, Renata Sorrah, José Wilker, Irene Ravache, Emiliano Queiroz, Nildo Parente, Celso Nunes, Paulo Betti, Eduardo Tolentino de Araujo, Walter Schorlies, Jorginho de Carvalho, Aurelio De Simoni, Maneco Quinderé, João Madeira e Lúcia Freitas; a Hermes Frederico, coordenador da Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), pelo fundamental empréstimo de gravações de espetáculos do Teatro dos 4; a Gustavo Ariani e Vitor Lemos, respectivamente, diretor da CAL e coordenador do curso de teatro da UniverCidade, que possibilitaram aproveitar minha pesquisa no trabalho com os alunos nos cursos profissionalizantes e pela ajuda na flexibilização dos horários de aula; 2 II à Marcia Claudia Figueiredo, Maria da Glória Bräuniger, Cristina Valle, Francisco Carlos e Joelma Ismael, funcionários do Cedoc/Funarte, onde realizei grande parte da pesquisa, que prestaram ajuda fundamental; a Eduardo Rieche, pela generosidade em permitir o acesso ao livro Yara Amaral – Operária da Cena, ainda inédito; a Claudio Rangel e Cecília Wellish, pela ajuda com o material impresso e programa da encenação de Mephisto; à Maria Lucia Resende, pela ajuda na normatização do texto na fase final de elaboração; à Karen Acioly, pela gentileza em fornecer material de vídeo referente ao espetáculo infanto-juvenil De Repente... no Recreio; à minha família: pai e mãe, Abrão e Gisela, irmãos, Ricardo e Larissa, e cunhados, Gabrielle e Flavio, pelo incentivo e apoio; e à Beatriz Kuhn, pela ajuda em administrar o longo processo do doutorado. 3 III RESUMO Esta pesquisa propõe uma contextualização do Teatro dos 4 dentro do panorama do teatro brasileiro moderno a partir de uma conexão com o chamado teatro de texto, da implantação de um padrão de produção de alto nível e da onipresença do ator e diretor Sergio Britto em boa parte dos empreendimentos teatrais da segunda metade do século XX. Mas é possível perceber a inviabilidade em perpetuar o modelo de grande companhia moderna pelo modo como os sócios (além de Britto, Mimina Roveda e Paulo Mamede) conseguiram estruturar o Teatro dos 4 – como sociedade, e não como companhia, sem elenco fixo (apesar da constância de um elenco informal) e dando vazão mais a um repertório possível do que sonhado, que se destacou pela difusão de autores pouco conhecidos no Brasil e não tanto pela excelência. Se por um lado o Teatro dos 4 evidenciou limitações decorrentes do contexto no qual esteve inserido (na já citada escolha de textos e autores, repetidos a partir de dado momento) e determinadas concessões (a presença de atores com projeção nacional integrando os espetáculos), por outro lado firmou uma postura de resistência diante de seu tempo (perceptível na insistência em marcar fidelidade a um modelo de produção refinado e a um elenco numeroso, ao invés de se adaptar às conjunturas do momento). A ligação com a realidade também pode ser detectada na preocupação em buscar associações entre os contextos originais das peças escolhidas e o do Brasil do momento (marcadamente nas montagens da primeira fase, entre o final da década de 70 e o início da de 80). Quando a vida política brasileira se torna menos inflamada, o elo com o real se mantém como espinha dorsal das encenações do Teatro dos 4 – menos, porém, em relação aos temas abordados e mais no que se refere a um distanciamento da linguagem realista. E a realidade volta a influenciar o empreendimento de forma mais contundente na segunda metade dos anos 80, marcada pela instabilidade econômica do governo Collor e pela escalada da violência no Rio de Janeiro. 4 IV ABSTRACT This research provides an overview of the Theatre of 4 within the panorama of the modern Brazilian theater from a connection with the so-called text theater, the implantation of a high-level production pattern and the omnipresence of the actor and director Sergio Britto at most theatrical ventures of the second half of the twentieth century. But it is possible to realize the infeasibility to perpetuate the model of a large modern company by the way the partners (besides Britto, Mimina Roveda and Paulo Mamede) managed to structure the Theatre of 4 - as a society, and not as a company, without a fixed cast (despite the frequency of an informal cast) and giving vent to a possible repertoire instead of a dreamed one, that stood out due to the diffusion of little known authors in Brazil and not so much for its excellence. If on one hand the Theatre of 4 showed limitations arising from the context in which it was inserted (in the aforementioned choice of texts and authors, repeated from a given time) and certain concessions (the presence of actors with national projection integrating the plays) on the other hand they established a firm position before their time (noticeable in the insistence on fidelity to schedule a refined production model and a numerous cast, instead of adapting to the conjunctures of the moment). The connection with reality can also be detected in the concern for associations between the original contexts of the chosen pieces and the Brazilian moment (markedly in theatrical productions of the first phase, between the late 70's and early 80’s). When the Brazilian political life becomes less inflamed, the link with the reality remains as the backbone of the Theater of 4 productions, less, however, in relation to the themes that were addressed and more for the detachment from realistic language. And reality once again influences the enterprise in a more forceful way in the second half of the 80’s, marked by the instability of the Collor government and the increase of violence in Rio de Janeiro. 5 Sumário Introdução 4 Capítulo 1: Tradição ou Traição? 15 1.1 – Respeito ao Texto e Autoria do Encenador 20 1.2 – O Surgimento do Teatro Moderno no Brasil 29 1.3 – As Personalidades Artísticas dos Encenadores no TPA 32 1.4 – Obediência Consciente ao Texto no TBC 42 1.5 – TPA e TBC: Semelhanças Marcantes e Diferenças Sutis 49 1.6 – Teatro Conectado com um Brasil Turbulento 50 1.7 – Teatro dos 4: Aproximações e Distanciamentos das Companhias Modernas 59 Capítulo 2: Conexão Urgente com a Realidade 73 2.1 – Elos Indiretos com o Brasil do Momento 74 2.2 – O Início da Programação Paralela: Elos Eventuais e Distâncias Evidentes 90 2.3 – O Highirte de 1968 no Brasil de 1979 94 2.4 – Atemporal ou Contemporâneo? 101 2.5 – Jânio e os Anarquistas: Importações Diretas 109 2.6 – Breve Recuo em Tempos Difíceis 116 2.7 – Retomada com a Dramaturgia Russa 128 Capítulo 3: Consistência e Cálculo: Antigo Equilíbrio em Nova Roupagem 136 3.1 – Fernanda Montenegro: Visita Única – e Absoluta 142 3.2 – A Conquista da Estabilidade 157 3.3 – Contrastes na Programação Paralela 172 3.4 – A Juventude irrompe no Teatro dos 4 181 3.5 – Teatro dos 4 e Grupo Tapa: Leitura e Releitura 185 Capítulo 4: Estabilidade na Distância da Cena Realista 198 4.1 – “Teatro é Texto” 199 4.2 – Dramaturgia Popular Italiana 210 4.3 – Sob a Regência de Gerald Thomas 223 4.4 – Imaculada: Exceção e Sintonia 235 4.5 – Realismo Minucioso em Sábado, Domingo e Segunda 241 4.6 – Mauro Rasi: Entre o Cotidiano Pacato e a Imaginação Sublime 253 4.7 – O Retorno dos Jovens 267 Capítulo 5: Novos Anos Turbulentos: Revisitas Dramatúrgicas 273 5.1 – Yara e Nathalia: Filumenas 276 5.2 – Nathalia e Sergio: 40 Anos de Parceria Artística 286 5.3 – Tchekhov em Atmosfera Desértica 290 5.4 – Apelo Comercial com Algum Refinamento 302 5.5 – O Baile de Máscaras: Afirmação da Identidade Cultural 311 5.6 – Abertura para o Mercado 321 5.7 – Mephisto: A Retomada Final 329 6 Conclusão 341 Referências Bibliográficas 345 Anexo 1: Relação dos Espetáculos e Ficha Técnica 354 Anexo 2: Entrevista com Sergio Britto 364 Anexo 3: Entrevista com Paulo Mamede 385 Anexo 4: Entrevista com José Wilker 403 Anexo 5: Entrevista com Eduardo Tolentino de Araujo 414 Anexo 6: Entrevista com Aurelio de Simoni 423 7 Índice das Ilustrações Os Veranistas 133 A Ópera do Malandro 133 Papa Highirte 134 Afinal, uma Mulher de Negócios 134 Os Órfãos de Jânio 135 Morte Acidental de um Anarquista 135 As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant 197 Rei Lear 197 Assim é (se lhe Parece) 271 4 Vezes Beckett 271 Sábado, Domingo e Segunda 272 A Cerimônia do Adeus 272 O Jardim das Cerejeiras 340 8 Introdução A proposta do Teatro dos 4, difundida desde o início da implantação do projeto, era a de investir em montagens de textos renomados, tanto do repertório brasileiro quanto do internacional, nas quais o trabalho do diretor não se sobrepusesse à dramaturgia. Os espetáculos deveriam valorizar as peças escolhidas e trazer no elenco uma vasta galeria de atores, formada por alguns dos profissionais mais importantes em atividade no Brasil. Esta plataforma pode ser questionada a partir de um estudo mais apurado do empreendimento.