Ed Anderson Mascarenhas Silva.Pdf

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Ed Anderson Mascarenhas Silva.Pdf PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS Ed Anderson Mascarenhas Silva MEU NOME NÃO É PIXOTE: a presença do jovem transgressor no cinema brasileiro (1980-2010) Mestrado em Ciências Sociais São Paulo 2012 ED ANDERSON MASCARENHAS SILVA MEU NOME NÃO É PIXOTE: a presença do jovem transgressor no cinema brasileiro (1980-2010) Dissertação apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Sociais, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação da Professora Dra. Silvia Helena Simões Borelli. São Paulo 2012 Banca Examinadora ____________________________________ ______________________________________ ______________________________________ Aos meus pais queridos, Djalma e Evanni, pela inspiração, presença e incentivo. Agradecimentos Enfim, depois de várias dúvidas regidas por noites de insônia e - até então inconfessáveis - tentativas de desistência, surgiu uma pequena certeza a guiar um caminho não menos incerto, tortuoso, mas também intenso. Freadas, medos, bloqueios e novas inseguranças fizeram-se presentes como obstáculos. Mas, com a sensação de chegada, vem o alívio e a gratidão ao ver que não estava sozinho na jornada. E isto é bom, muito bom! Agradeço à minha sábia e inquieta orientadora, Silvia Helena Simões Borelli, Silvinha, pela presença e incentivo, por me mostrar que “é possível” desde a noite em que bati em sua sala, inseguro, com uma ideia ainda incipiente, tendo como possibilidade de objeto de estudo o universo de heróis, anti-heróis, mitos e juventude, que, aos poucos, foi tomando vulto para destrinchar outros desafios. Aos colegas, funcionários e professores da PUC, Margarida Limena, Lucia Rangel, Maura Pardini, Edgard de Carvalho, Luiz Wanderley, Celeste Mira e, em especial, ao carinho de Carmem Junqueira, alegre incentivadora nos seminários de pesquisa. Aos professores Edmilson Felipe da Silva, Marlivan Moraes de Alencar e Carlos Pereira Gonçalves pelas dicas preciosas no momento crucial de qualificação. Aos colegas do Sesc, pela paciência e apoio. Aos amigos queridos que, direta ou indiretamente, se preocuparam com a minha ausência nas diversões e levantaram o meu humor. E, finalmente, a CAPES, por apostar no projeto e fornecer a sua viabilidade financeira. A todos, com muito carinho e gratidão, segue o meu muito obrigado. Resumo A presente dissertação de Mestrado enfrenta o desafio de desenvolver uma visão crítica sobre processos culturais na vida moderna que envolvem produções e práticas culturais, mais precisamente o cinema e o imaginário das juventudes em sua relevância cultural e histórica. Visa observar a presença de jovens transgressores na sociedade contemporânea, sob a ótica do cinema nacional, em duas produções realizadas em épocas distintas – Pixote: a lei do mais fraco (Hector Babenco, 1980) e Meu nome não é Johnny (Mauro Lima, 2008). Como primeiro plano, esta reflexão propõe-se a identificar os gêneros cinematográficos nas produções cinematográficas nacionais selecionadas e a elencar questões sobre a aventura, o drama e a ação relacionadas com a presença do protagonista instado como propenso herói, bem como analisar a relação entre mito e sociedade, buscando correlacioná-la a produções similares, especialmente pesquisadas para este contexto. Posteriormente, como nos dois filmes citados há destaque para personagens juvenis em incisiva relação com o ambiente urbano – separados por um espaço de tempo de quase 30 anos – buscar- se-á compreender a relação entre as noções de adolescência e juventude nesse período e a seu diálogo com a metrópole, enquanto espaço público de políticas relacionais, e justificar a presença de vulnerabilidades e rompimentos de padrões cometidos pelos protagonistas nos filmes em questão. Palavras-chave: cinema; juventude; metrópole; mito; transgressão. Abstract This master's degree dissertation project faces the challenge of developing a critical view on cultural projects in modern life, encompassing productions and cultural practices, more precisely the movies and the imagination of youth in their cultural and historical relevance. Its purpose is to observe the presence of young trespassers in nowadays society under the scrutiny of 2 Brazilian movie productions made decades apart: Hector Babenco's PIXOTE: A LEI DO MAIS FRACO (1980) and Mauro Lima's MEU NOME NÃO É JOHNNY (2008). On the foreground, this reflection aims to identify the movie genres of those 2 Brazilian productions and pose questions on the adventure, drama and action related to the protagonists induced to act like heros. As well as the relationship between myth and society. It is an attempt to measure up those 2 films against similar productions specially researched for within this context. Subsequently, as in the two aforetold movies there is emphasis on juvenile characters and their keen relationship with the metropolis 30 years apart, we shall seek to understand the bonds between adolescence/youth at that time and its dialogue with the metropolis, as a public space for social politics. And to justify the presence of vulnerabilities and breach of patterns caused by those protagonists in such films. Key-words: cinema; youth; metropolis; myth; transgression. Sumário Introdução 09 Capítulo 1: Cinema: juventudes e metrópole 21 1.1. O escuro e as imagens em movimento 22 1.1.1. A rebeldia do jovem na tela mundial 29 1.1.2. Pixote, João e a cena dentro dos muros da cidade 33 1.2. Jovens em ação como figurantes e protagonistas 38 1.2.1. Políticas públicas 49 1.2.2. Panorama sociocultural 55 Capítulo 2: Os Gêneros ficcionais e a representação de um herói contemporâneo 66 2.1. Gêneros ficcionais: Pixote e Meu nome não é Johnny 68 2.2. Uma jornada pela juvenilidade 74 2.3. A transgressão do herói 82 Capítulo 3: Pixote, o fraco desafia lei 95 3.1. O vaticínio da cidade: melodrama, ação e aventura 98 3.2. A juventude em clima de vulnerabilidade 106 Capítulo 4: João Estrella, o indivíduo hipostasiado 112 4.1. A busca pelo inexequível: prazer e drama 116 4.2. A juventude hedonista 122 Considerações Finais 128 Referências Bibliográficas 134 Webgrafia 139 Referências Filmográficas 140 Anexos 145 Introdução Aqui está a chave: como os adultos nunca elevam os olhos para o grandioso e para plenitude de sentido, sua experiência se converte em evangelho de filisteu, se fazendo porta-vozes da trivialidade da vida. Os adultos não concebem algo para além da experiência, que existam valores – não experimentáveis – ao que nós (os jovens) nos entregamos. Walter Benjamin, 1993, p.94. Este estudo tem por objetivo desenvolver a reflexão sobre as formas de sociabilidades contemporâneas presentes no ambiente urbano. Visa desenvolver uma concepção crítica sobre processos culturais na vida moderna que amalgama produções e práticas culturais, mais precisamente o cinema e o imaginário das juventudes1. Apresenta também, como meta, a observação do envolvimento de jovens transgressores no mundo contemporâneo, sob a ótica do cinema nacional, sua relação com a modernidade e a visão do seu comportamento através das telas de cinema. Entende-se, aqui, como transgressor, o agente solitário que opera a superação de si mesmo na ruptura com o mundo que o cerca. Ao buscar, ao inventar, ao tentar o ainda-não-ousado, o novo, o indivíduo incorre em transgressão, não apenas como subversão das leis, mas como implementação, como criação de um novo estado de espírito em confronto com a sociedade. Ao se considerar que o homem não vive sem conexões com as ordens simbólicas e imaginárias e com os rituais em suas trajetórias de inserção social, torna- se necessário exemplificar algumas questões sobre o herói, a sua aventura e a relação entre mito e sociedade, por meio da análise de jovens protagonistas abordados nas telas. Acredito na pertinência desta pesquisa uma vez que ela caminha por uma trilha de investigação que segue os anseios de registrar a presença de heróis, ou anti-heróis, e a sua influência no imaginário da juventude em sociedade, seguindo um referencial revisitado de grandeza heroica e tendo como base o cinema e seu caráter imagético aguçando o registro da presença de transgressores na cidade em duas produções realizadas em épocas distintas – Pixote: a lei do mais fraco (Hector Babenco, 1980) e Meu nome não é Johnny (Mauro Lima, 2008).2 Gostaria de deixar exposto, neste espaço, que a minha graduação de 1 Termo definido com maior precisão no desenvolvimento do primeiro capítulo deste trabalho. 2 As fichas técnicas dos dois filmes encontram-se no Anexo A deste trabalho. 9 conhecimento vem da área de Artes Cênicas, concluída na Universidade Federal da Bahia, distante de São Paulo, que é uma das maiores metrópoles do mundo. Sendo eu, portanto, duplamente estrangeiro neste percurso acadêmico – em formação e em região –, confesso ter sentido certo receio ao ter contato com a reflexão de Bauman (2009) sobre o lugar do estrangeiro e sua dose de inquietude na era da modernidade líquida, mas percebi, a tempo, que não se pode pensar em compartilhar uma experiência sem compartilhar também espaço, e segui em frente. Foram escolhidas, como objeto deste trabalho, duas questões que me encantam profundamente: o adolescente e o cinema brasileiro. O meu interesse por este trabalho deve-se ao fato de que, já há algum tempo – pouco mais de uma década –, desenvolvo um trabalho de arte-educação com jovens3 de faixa etária entre 13 e 17 anos, de diferentes classes sociais e, em sua maioria, residentes na zona oeste de São Paulo. Que fique clara a minha opção de incursão deste estudo pela linguagem cinematográfica e não pela literatura, visto que ambas as produções selecionadas para análise se originaram de livros de sucesso. A escolha foi realizada pelo caráter singular que o cinema apresenta, pelo seu artefato em concatenar imagens, instrumentalizar atores e delinear um roteiro que pudesse instigar o espectador para que se instalasse o encanto da sétima arte. Os filmes têm méritos próprios e, mesmo que causem ambivalências no tratamento da linguagem, são extratos de uma cultura inserida no viés do encantamento e da provocação de contar uma boa história.
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