O Marxismo De Matriz Comunista E O Nacionalismo Popular No Peru E No Brasil (1928-1964)
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA Entre a nação e a revolução: o marxismo de matriz comunista e o nacionalismo popular no Peru e no Brasil (1928-1964) André Kaysel Velasco e Cruz São Paulo 2014 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA Entre a nação e a revolução: o marxismo de matriz comunista e o nacionalismo popular no Peru e no Brasil (1928-1964) André Kaysel Velasco e Cruz Tese apresentada ao Programa De Pós-Graduação do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Doutor em Ciência Política Orientador: Prof. Dr. Bernardo Ricupero São Paulo 2014 2 Resumo: esta tese tem por objeto as relações entre o marxismo de matriz comunista e o nacionalismo popular no Peru, entre os anos 1920 e19 30, e no Brasil, entre as décadas de 1950 e 1960. Parto da hipótese de que foram essas duas correntes ideológicas concorrentes que plasmaram, entre os anos 1920 e a Revolução Cubana, o universo político-ideológico das esquerdas latino-americanas, em particular, e das classes subalternas do subcontinente, de modo geral. O maior sucesso dos nacionalistas populares em ganhar a adesão dos trabalhadores se deveria à incompreensão dos comunistas em relação à especificidade da questão nacional na região, isto é: o caráter inconcluso da formação das “comunidades imaginadas” nacionais, tanto pela exclusão da cidadania de amplas camadas populares, como pela dependência externa. Ao longo do trabalho, procurarei demonstrar como essa relação seguiu padrões opostos nos dois países: indo de uma origem comum à hostilidade, no primeiro caso, e do conflito à aliança, no segundo. Explicarei esses padrões divergentes, tanto pelas diferenças entre as respectivas formações sociais, como pelos distintos contextos internacionais, em especial no que se refere ao movimento comunista. Com essa pesquisa comparada, procurarei submeter à crítica as interpretações da chamada “teoria do populismo”, em especial no que diz respeito ao Brasil e ao problema das relações entre comunistas e nacionalistas no período pré-1964. Palavras-chave: marxismo, comunismo, nacionalismo, populismo, Brasil, Peru, América Latina. 3 Abstract: this thesis discusses the relationship between the Marxism of communist background and popular nationalism in Peru, during the 1920s and 1930s, and in Brazil, during the 50s and 60s. My hypothesis is that this two concurring ideologies formed, from the 1920s until the Cuban Revolution, the political and ideological universe of the Latin American left, in particular, and that of the subcontinent’s subaltern classes. The greater ability of the popular nationalists to gain support from the working classes is due to the incomprehension on behalf of the communists of the national problem in the region: the unfinished character of the national “imagined communities”, caused by the exclusion from citizenship of vast popular masses and external dependency. The work shall demonstrate that the relationship between nationalists and communists followed opposite patterns: going from a common background to hostility in the first case, and from conflict to alliance in the second. With this comparative research, I seek to criticize the interpretations inspired by the “theory of populism”, especially in the Brazilian case and on the subject of the communist/nationalist relations in the pre-1964 period. Key words: Marxism, communism, nationalism, populism, Brzil, Peru, Latin America. 4 Índice Agradecimentos…7 Introdução…11 Parte I: O marxismo perante o povo e a nação Capítulo 1: O Marxismo e o debate sobre o populismo latino-americano...37 1.1. Os (Des)caminhos de um conceito…39 1.2. A abordagem histórico-estrutural...46 1.3. A nova história social e a negação do populismo...53 1.4.Classe e povo: revisitando velhos pressupostos...57 1.5. A Abordagem discursiva...66 1.6. O nacionalismo popular como discurso contra-hegemônico...78 Capítulo 2: Marxismo e questão nacional na América Latina...81 2.1. As “comunidades imaginadas” e o “desenvolvimento desigual” …81 2.2. Questão nacional e marxismo…90 2.3. A construção da nação e as vias para o capitalismo…102 2.4. Desencontros entre o marxismo e a América Latina…108 Parte II. Crise, Hegemonia e Participação Popular: o nacionalismo popular no Peru e no Brasil Capítulo 3: O Nacionalismo Popular no Peru…119 3.1. As crises de hegemonia e o advento do nacionalismo popular…119 3.2. Gonzalez-Prada e as origens do nacionalismo radical no Peru...123 3.3. A crise da “República aristocrática” e a “geração do centenário”...129 3.4. APRA: da revolução à “convivência”…137 Capítulo 4: O Nacionalismo popular no Brasil…157 5 4.1. O Brasil entre dois nacionalismos…157 4.2. Nacionalismo e desenvolvimentismo...166 4.3. Entre o getulismo e o reformismo: a trajetória do trabalhismo brasileiro ...174 4.4. Contrastes entre o Peru e o Brasil…189 Parte III. Marxismo e Nacionalismo: conflitos e aproximações Capítulo 5: Origens Comuns, Caminhos Bifurcados: Marxismo e nacionalismo no Peru...204 5.1. Marxismo e nacionalismo na América Latina: algumas questões preliminares…204 5.2. A Polêmica Haya de La Torre-Julio Antonio Mella…208 5.3. A Controvérsia Mariátegui-Haya de La Torre…214 5.4. A Centralidade de uma polêmica periférica…223 Capítulo 6: Origens Opostas, Caminhos Comuns: marxismo e nacionalismo no Brasil…248 6.1. Origens Opostas…248 6.2. Do conflito à aliança: comunistas e nacionalistas nos anos 1950…253 6.3. Uma aproximação conflitiva: o caso brasileiro...265 6.4. As Razões do encontro...273 Considerações Finais...286 Bibliografia...302 6 Agradecimentos Agradeço em primeiro lugar ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelas bolsas sem as quais esta pesquisa não teria sido possível. Aos funcionários do Departamento de Ciência Política da USP, em especial à Rai e ao Vasne, agradeço a paciência e à dedicação com que sempre me atenderam. A coordenação do Programa de Pós-graduação em Ciência Polítca da USP (PPG-CP), na figura dos professores Rogério Arantes e Rossana Rocha Reis, agradeço pelo apoio institucional do programa sempre que dele necessitei. Aos colegas da representação discente dos pós-graduandos em Ciência Política (2011/2012), em especial San e Roberta, agradeço pela rica experiência que compartilhamos. Aos colegas de orientação, Marcos, Christian, Leo, Camila e Flávia, sou grato pelas discussões em grupo, sempre estimulantes. A meu orientador, professor Bernardo Ricupero, agradeço pela combinação de rigor e liberdade que caracterizaram esses oito anos de convívio intelectual e pessoal. Ao professor Luís Carlos Bresser-Pereira agradeço pela generosidade com que me recebeu para uma instrutiva conversa sobre os temas desta pesquisa. Sou grato aos professores André Singer e Milton Lahuerta pelas críticas construtivas na banca de qualificação, as quais me auxiliaram a dar um rumo melhor ao trabalho. A Gil, professor aposentado e ledor voluntário que me acompanhou por quase uma década, agradeço pelas agradáveis horas nas quais saboreamos juntos a biografia do presidente João Goulart. A meus pais, Angela e Augusto, e à minha irmã, Beatriz, agradeço pelo apoio familiar que nunca me faltou e sei que nunca me faltará. Também sou grato a meu tio Sebastião e minha tia Maria Cecília, duas das mais importantes influências na escolha de minha vocação acadêmica. No meio da redação desta tese embarquei na maior e mais desafiante aventura de minha vida: tornei-me professor da Universidade Federal da Integração Latino- americana (UNILA) e mudei-me para Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira. Ali conheci pessoas as quais ainda que não tenham contribuído diretamente para esta pesquisa, merecem ser lembradas. Aos amigos de primeira hora, Rodrigo e Mara, Bruno e Nadida, sou grato pela amizade e companheirismo irrestritos. A Fabrício e Aline, com 7 os quais infelizmente pude conviver pouco como colegas, agradeço pela rara afinidade de ideias e interesses. Ao Pró-reitor de Graduação, professor Marcos Xavier, agradeço pelo apoio dado a um Coordenador de curso tão inexperiente. A Renata e Tereza sou grato pela solidariedade nos momentos em que os solavancos da política universitária me faziam querer arrancar os cabelos. Ao diretor do Instituto Latino-americano de Economia, Sociedade e Política (ILAESP), professor Felix Pablo Friggeri, agradeço por ter compartilhado comigo o interesse comum por Mariátegui e por não ter hesitado em me apoiar na concessão do afastamento para conclusão da tese. Ao reitor da UNILA, professor Josué Modesto dos Passos Subrinho, e a todo(a)s membros do Conselho Universitário (CONSUN) agradeço pela licença que viabilizou o término da pesquisa. A Victoria e Hernán, sou grato por terem assumido minhas atribuições na Coordenação do Curso de Ciência Política e Sociologia e na Comissão Superior de Ensino (COSUEN). A todo(a)s servidore(a)s da UNILA pelo imprescindível apoio a um docente novato. Por fim, a meus alunos e alunas por terem me ensinado a ensinar. Há, no entanto, uma pessoa que, dentre as muitas à qual devo agradecer, merece especial destaque: minha esposa, Camila. Foi ela a maior incentivadora desta pesquisa desde o início, a ponto de ser dela quase co-autora. Muito mais do que uma esposa, Camila é para mim uma companheira de vida e de ideais. Por isso é a ela a quem dedico esta tese. Por fim, devo agradecer a alguém que não é nem uma pessoa, nem uma instituição, ainda que seja quase as duas coisas. Agradeço a Molly, uma labradora preta que me acompanha a seis anos, por emprestar sua visão a quem não a tem. Como manda a praxe, advirto que nenhuma das pessoas ou instituições aqui citadas têm qualquer responsabilidade pelas falhas desta tese, as quais são exclusivamente minhas.