Victor Hugo Junqueira
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO VICTOR HUGO JUNQUEIRA POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO RURAL NO ESTADO DE SÃO PAULO (1889-1994): DISPUTAS E CONFLITOS DE CLASSE PELA HEGEMONIA NO BLOCO NO PODER SÃO CARLOS – SP 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO VICTOR HUGO JUNQUEIRA POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO RURAL NO ESTADO DE SÃO PAULO (1889-1994): DISPUTAS E CONFLITOS DE CLASSE PELA HEGEMONIA NO BLOCO NO PODER Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos, como requisito para obtenção do Título de Doutor em Educação. Linha de Pesquisa: Estado, Política e Formação Humana. Orientadora: Profª. Drª. Maria Cristina dos Santos Bezerra. SÃO CARLOS - SP 2018 UNIvERSIDADE FEDERAL OE SÃO CARLOS uF.{*tl Centro de Edueação e Ciências Humanas Pr+gra*:a de P*+Graduaçã<r em Educação Folha de Aprovação Assinaturas dos membros da comissão examinadora que avaliou e aprovou a Defesa de Tese de Doutorado do candidato Victor Hugo Junqueira, realizada em 2O111/2018; Prcía. Dra. Maria dos Santos Bezerra - \-xo:'' Prof Gonçal'res de Canralhc UFSCaT Prnf Flr lláalhsr rc Prof. Dr. Marcos Cassin USP Lombardi À Sophia, Que todos os dias renova minha disposição em acreditar que outro mundo é possível. À Elaine Minha companheira de todas as horas. Tudo seria mais difícil sem você. Às crianças e jovens da zona rural, Na esperança e na defesa por uma educação de qualidade. AGRADECIMENTOS Neste momento em que finalizo esta tese expresso meus sinceros agradecimentos a todos que compartilharam comigo os seus conhecimentos e contribuíram para a realização desse trabalho. Em especial, agradeço à professora Maria Cristina dos Santos Bezerra a quem manifesto minha profunda admiração e respeito, não apenas por sua orientação acadêmica, sempre precisa e competente, mas também pela sua generosidade, força e capacidade de enfrentar os desafios da pesquisa e da vida. Ao professor Luiz Bezerra Neto que, desde o mestrado, tem nos dado importantes contribuições teóricas sobre o marxismo e a educação do campo, que foram essenciais para a realização dessa tese. Aos muitos amigos do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação no Campo (GEPEC/ UFSCar) com quem partilhei nestes últimos seis anos ricas experiências de discussão, trabalho e aprendizado. Agradeço à professora Maria Walburga dos Santos pela valiosa contribuição no exame de qualificação e aos professores Marcos Cassin, Joelson Gonçalves de Carvalho, José Claudinei Lombardi pelas correções e sugestões no exame de qualificação e por aceitarem participar do exame de defesa. Ao professor Manoel Nelito Matheus do Nascimento pelos conhecimentos partilhados nas aulas da pós-graduação e por prontamente aceitar participar do exame de defesa. Agradeço também aos meus pais, Roberto e Cássia, exemplos de seres humanos íntegros e humildes, e que sempre se dedicaram e trabalharam para que eu e minhas irmãs concluíssemos o ensino superior. Vocês inspiram-me e dão-me forças para superar os obstáculos da vida. Às minhas irmãs Juliana e Larissa pelo apoio, carinho e companheirismo. Agradeço também a minha esposa Elaine pelo amor, companheirismo e paciência durante todos estes anos de dedicação aos estudos. Sem o seu apoio incondicional nada disso seria possível. À Sophia, minha filha, que nasceu no primeiro ano de doutorado e que, ao contrário do que eu imaginava, fez essa caminhada mais leve e feliz, tornando-se meu alento nos momentos de angústia e cansaço. A todos vocês os meus sinceros agradecimentos. Nas escolas, mais que educar jovens operários e camponeses, os preparavam para maior proveito da burguesia. Eles eram educados com o objetivo de formar servidores úteis, capazes de proporcionar lucros à burguesia, sem perturbar sua ociosidade e sossego. (V. I. LÊNIN) RESUMO No início do século XXI a Educação do campo tornou-se expressão hegemônica no seio dos movimentos sociais e nas políticas estatais. Nesse diapasão, a educação rural tornou-se ora sinônimo de atraso, pela precariedade das escolas, ora conservadora por estar atrelada aos interesses das classes dominantes e impostas pelo governo aos trabalhadores, difundindo um conhecimento urbanista, e mais recentemente, ligada aos interesses do agronegócio para instrumentalização dos trabalhadores para atuarem no campo. A distinção operada no plano do debate político-teórico, dicotomizou as políticas educacionais voltadas à população do campo entre aquelas ligadas aos interesses do capital e do Estado (rural) e aquelas ligadas aos interesses dos trabalhadores (do campo). Contudo, no âmbito da sociedade de classes, na qual a educação assume um caráter universalista, esta distinção não é tão simples, pois implica identificar quais interesses econômicos e quais relações de poder sustentam determinadas políticas. Nesse sentido, é possível questionar: qual o papel das políticas educacionais direcionadas à população rural no conjunto das relações sociais de produção? Quais relações de poder materializadas nos aparelhos de Estado favoreceram ou limitaram as políticas de educação rural? Com base nessas questões, o objetivo dessa tese é analisar o desenvolvimento das políticas de educação rural e as condições de atendimento escolar para a população do campo no estado de São Paulo entre o final do século XIX e início dos anos de 1990, a partir das transformações econômicas e do papel do Estado na reprodução das condições e das relações sociais de produção. Em outras palavras, a pretensão é sublinhar como as condições materiais de intensificação das relações capitalistas de produção e as contradições presentes na constituição do Estado burguês estiveram relacionadas às políticas de escolarização da população rural. Metodologicamente, além da revisão bibliográfica, a pesquisa examinou fontes primárias, como os jornais Correio Paulistano, Diário Nacional, O Combate, Diário de S. Paulo, Terra Livre, Jornal dos Sem Terra, os relatórios dos presidentes dos estados (1900- 1929) e, posteriormente, dos Governadores de Estado (1936-1966), Anuários de Ensino (1914, 1918, 1919, 1922, 1926, 1936-1937), bem como dados e informações estatísticas produzidos por órgãos estatais como a Fundação Seade, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados confirmam a hipótese levantada de que as políticas estatais de educação rural no estado de São Paulo são parte do projeto de formação da sociedade burguesa no Brasil, cuja intensidade do movimento (expansão – retração) não é determinada estritamente pelas necessidades do desenvolvimento das forças produtivas no campo, mas também pelo papel ideológico e produtivo da educação para afirmação de relações sociais e das condições de produção capitalistas, diante do avanço da industrialização. Esse processo revela, porém, uma série de contradições que perpassam pelas relações de poder entre as diferentes frações de classe, materializadas nas políticas estatais. Palavras- Chaves: Educação rural. Estado. Políticas Educacionais. História da Educação. Estado de São Paulo. ABSTRACT At the beginning of the 21st century, rural education became a hegemonic expression within social movements and state politics. In this context, rural education has become synonymous with backwardness, precariousness of schools, and sometimes conservative because it is tied to the interests of the ruling classes and imposed by the government on workers spreading an urbanist knowledge, or in the most recent period related to the interests of agribusiness for instrumentalization of the workers to work in the field. The distinction made in the political- theoretical debate dichotomized educational policies aimed at the rural population between those linked to the interests of capital and the rural state and those related to the interests of the workers. However, within the framework of class society, in which education assumes a universalist character, this distinction is not so simple, since it implies identifying which economic interests and which power relations support certain policies. From this understanding, it is possible to question: what is the role of educational policies directed at the rural population in the set of social relations of production? What power relations materialized in state apparatuses favored or limited rural education policies? Based on these questions the objective of this thesis is to analyze the development of rural education policies and the conditions of school attendance for the rural population in the state of São Paulo between the end of the nineteenth century and the beginning of the 1990s, from the economic transformations and the role of the state in reproducing conditions and social relations of production. In other words, the pretension is to emphasize how the material conditions of intensification of the capitalist relations of production and the contradictions present in the constitution of the bourgeois state were related to the politics of schooling of the rural population. Methodologically, besides the bibliographical revision, the research examined primary sources, such as the newspapers Correio Paulistano, Diário Nacional, O Combate, Diário de S. Paulo, Terra Livre, Jornal dos Sem Terra, reports of the presidents of the states (1900-1929), and after that, from the Governors of State (1936-1966), Education Yearbooks (1914, 1918, 1919, 1922, 1926, 1936-1937), as well as statistical data and