A Ação Supervisora Na Região Metropolitana Da Baixada Santista: Tensões Entre a Instrumentalização E a Humanização

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A Ação Supervisora Na Região Metropolitana Da Baixada Santista: Tensões Entre a Instrumentalização E a Humanização 1 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS DOUTORADO EM EDUCAÇÃO ENÉAS MACHADO A AÇÃO SUPERVISORA NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA: TENSÕES ENTRE A INSTRUMENTALIZAÇÃO E A HUMANIZAÇÃO SANTOS/SP 2021 2 ENÉAS MACHADO A AÇÃO SUPERVISORA NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA: TENSÕES ENTRE A INSTRUMENTALIZAÇÃO E A HUMANIZAÇÃO Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu – Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Católica de Santos e à Banca Examinadora para obtenção do título de Doutor em Educação, sob a orientação da Profa. Dra. Maria de Fátima Barbosa Abdalla. SANTOS/SP 2021 3 4 MEMBROS DA COMISSÃO Profa. Dra. Maria de Fátima Barbosa Abdalla (Orientadora) – UNISANTOS Prof. Dr. Alexandre Saul Pinto – UNISANTOS Profa. Dra. Helenice Maria Sbrogio Muramoto – UNIFIEO Profa. Dra. Margaréte May Berkenbrock-Rosito – UNICID Profa. Dra. Rosângela Aparecida Ferini Vargas Chede – UNICAMP Profa. Dra. Ivanise Monfredini (Suplente) – UNISANTOS Prof. Dr. José Cerchi Fusari (Suplente) – FEUSP 5 Ouve-se muitas vezes falar que a boa ciência deveria começar propondo conceitos definidos clara e meticulosamente. Na verdade, nenhuma ciência, mesmo a mais exata, procede dessa maneira. Ela começa juntando, ordenando e diferenciando fenômenos que surpreendem a todos, porque são perturbadores e exóticos, ou constituem um escândalo. (MOSCOVICI, p. 2005, p.167) Esse trabalho de desvendamento, de desencantamento, de desmistificação não tem nada de desencantador: de fato, ele só pode se realizar em nome dos próprios valores que estão na base da eficácia crítica ao desvendamento de uma realidade em contradição com as normas oficialmente professadas. (BOURDIEU, 1996b, p. 222) 6 DEDICATÓRIA Tributo este estudo intrincado por um filho de pais semianalfabetos, afrodescendente e que vivendo num país que trata a negritude como sendo algo a compor os tablóides policiais, não perdeu a capacidade de sonhar – as utopias necessárias – mesmo em tempos trabalhosos e com tantas dissonâncias: Aos excluídos economicamente Aos excluídos culturalmente Aos excluídos por conta da etnia Aos excluídos por professar uma fé Aos excluídos por serem minorias sociais Aos excluídos por serem deficientes Aos excluídos por apresentarem dificuldades Aos excluídos por possuírem algum distúrbio Aos excluídos por divergirem Aos excluídos por concordarem Aos excluídos por estarem desempregados Aos excluídos digitalmente Aos excluídos da viagem Aos excluídos do sucesso Aos excluídos de boas oportunidades Aos excluídos emocionalmente Aos excluídos por expressarem opções Aos excluídos por demonstrarem sentimentos Aos excluídos das políticas públicas de formação Aos excluídos do convívio social Aos excluídos por fugirem dos arquétipos corporais Aos excluídos na entrada e na saída Aos excluídos das políticas de habitação e saneamento Aos excluídos da/de saúde Aos excluídos do trem, do carro, do ônibus e do avião Aos excluídos da/de comida Aos excluídos de uma vida decente e digna... A pesquisa e o conhecimento são as chaves mestras na construção de uma sociedade mais justa, tolerante e includente. Uma educação que, por objetivações e ancoragens, (re) configura o senso comum coletivo para ações colaborativas e humanizadoras. Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos, temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada. (GALEANO, 1991, p. 23) 7 AGRADECIMENTOS Aos que de alguma forma tomaram parte nesta trajetória, amparando, e, ao mesmo tempo, encorajando no atingimento deste laurel: Jeovah, excelso e soberano, pelo cuidado e fidelidade nas suas promessas. Aos (às) pastores (as), presbíteros, evangelistas, missionários (as), diáconos (nisas) amigos (as) e irmãos (ãs) da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Ministério de Santos. Vilma Fernandes Machado, esposa abnegada, exemplo de apoio e amor incondicional. Às herdeiras, Eloáh Machado e Estela Machado, fontes de inspiração, na senda do conhecimento. Aos meus pais, Orestes Machado e Iraci Paulino Machado, que hoje descansam no Senhor, por compreenderem que a educação é a blindagem necessária contra os processos de alijamento e exclusão. À minha Querida Orientadora Profa. Dra. Maria de Fátima Barbosa Abdalla, referência de docência, dedicação, conhecimento, resistência, resiliência, polidez, amabilidade e, sobretudo, respeito ao pesquisador em construção. Agradecimentos especiais à Banca Examinadora, Prof. Dr. Alexandre Saul, Profa. Dra. Helenice Maria S. Muramoto, Profa. Dra. Margaréte May Berkenbrock-Rosito, Profa. Dra. Rosângela A. F. Vargas Chede, Profa. Dra. Ivanise Monfredini e Prof. Dr. José Cerchi Fusari pelas importantes contribuições no entrançamento deste estudo. Aos professores do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação, que suscitaram, em mim, profundas reflexões e reconfigurações no modo de ser e estar, meu apreço e deferência. Ao Grupo de Pesquisa CNPq “Instituições de Ensino: Políticas e Práticas Pedagógicas”, da Universidade Católica de Santos (UNISANTOS), por conta dos solilóquios pedagógicos, parcerias, amizades e por funcionar como ego-auxiliar na construção da Pesquisa. Minha gratidão às amigas e companheiras de labuta Marli dos Reis dos Santos e Sandra Regina Trindade de Freitas Silva (In Memorian) pela sensibilidade e pelo “compartilhamento do pão” na construção de uma educação equânime e de qualidade social. Gratidão à Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Cubatão, pela Licença Sabática a mim concedida, para que pudesse me dedicar com afinco aos estudos pós-graduados. Aos amigos de peleja Adélia Simões, Alexandra Moura, Alice Raposo, Aline Beraldo, Ana Claudia da S. Felix, Ana Adélia R. Cajé, Ana Lúcia Negrão, Andrea Piedade, Carmem Lorenzo, Catarina Furtado, Angélica Egler, Carla Martins, Carlinda Santana, Cássia Pagano, Cláudia Prol, Christhianne Arantes, Cristina Barbato, Cristiane Lourenço, Daniela Hernandez, Denise Rodrigues, Denise Seoane, Elaine Fernandes, Elaine Munhoz, Elisabete Soares, Érika Lopes Ribeiro, Eva Cristina Mendes, Evely Costa, Gisele Gênio, Graça Aulicino, Graça Coronato, Heloísa Rigos, Isabel Possatti, Jadir Battaglia, Jocely Cruz, Joelma Goularte, Karen Iglesias, Lilea Rivero, Kátia Cristina Alves, Lígia Di Bella, Lilian Cristina dos Santos, Lilian Rose de Barros, Louralice Dias, Lúcia Raposo, Luciane Ladislau, Lucila Acosta, Márcia Amorim, Márcia Andreatta, Márcia Cação, Márcia Delma C. Cordeiro, Márcia Paiva, Márcia Serralha, Margareth Carvalheira, Maria do Carmo Borges, Maria Cristina dos Santos, Maria Cristina Francis, Maria Paula Siqueira, Mônica Kalb, Mônica Travesso, Nadia Trovão, Nanci Ananias, Noelma Aquino, Priscila M. Heredia, Roberta Tenreiro, Rosana Ramalho, Roseli Pontes, RoselyAtanes, Rosemary Assis, Rose Mary Martinho, Rosilda Rubim, Sandra Blum, Selma Lara, Simone Conceição, Susanna Artonov, Telma Sanches e Venúzia Fernandes da Secretaria de Educação do Município de Santos pela cumplicidade, sinergia, complementaridade e profissionalismo. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa durante todo o período de realização deste Doutorado em Educação. 8 MACHADO, Enéas. A ação supervisora na Região Metropolitana da Baixada Santista: tensões entre a instrumentalização e a humanização. Tese. Doutorado em Educação – UNISANTOS, Santos, 2021. RESUMO A Supervisão de Ensino traz, historicamente, enquanto marca identitária, uma ação baseada na inspeção instrumentalizada por auditorias com vistas a fazer cumprir prescrições legais. Há, no âmbito da supervisão, desse modo, uma tensão entre a instrumentalização e a humanização a ser investigada, perscrutando as políticas e processos de formação, que impactam, tensionam e desencadeiam os processos de profissionalização dos trabalhadores da educação. Face a esses aspectos, esta Tese tem como objetivo central, analisar as tensões entre a instrumentalização e a humanização da ação supervisora dos profissionais das Secretarias de Educação (SEDUCs) da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), no sentido de compreender as representações sociais e profissionais que os supervisores incorporam em sua (re) constituição identitária profissional, para que seja possível ampliar os horizontes da supervisão e promover uma consciência social, humanizadora, mais democrática e compromissada politicamente. E, diante desse objetivo geral, a Tese se centra na defesa de que, ao analisar as tensões entre a instrumentalização e a humanização, que delineiam relações normativas e autoritárias, de um lado, e relações humanizadoras ou emancipatórias, de outro, desde uma perspectiva histórica a uma perspectiva psicossocial, consideramos a necessidade de se compreender e analisar as representações sociais/profissionais dos supervisores de ensino das SEDUCs (RMBS) sobre sua própria atuação profissional, para que seja possível ressignificar suas práticas profissionais no âmbito da Escola pública e contribuir para novas reflexões e ações no campo da supervisão de ensino. Nesta perspectiva o estudo apresenta, como fundamentação teórico-metodológica, a Teoria das Representações Sociais (TRS), de Moscovici (1961, 1978, 2003, 2010, 2012), e a Teoria da Ação de Bourdieu (1992a, 1992b, 1994, 1996a, 1996b, 1998a, 1998b, 2007, 2011), assim como os aportes teóricos de Dubar (1997, 2005, 2006, 2012) a respeito da constituição identitária, e de Blin (1997) e Abdalla
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