Aspectos Históricos do Engenho Nossa Senhora da Vitória

áudio Nascimento Luiz Cl ólogo Historiador e antrop

Introdução

últimos trinta anos çado no estudo exaustivo da história Ao longo dos tenho me debru ôncavo baiano, especificamente do ípio de Cachoeira, de onde sou e cultura do Rec munic ção natural e residente. Certamente o meu interesse por localidade definiu a minha op êmica pelo curso de história e pós ção no âmbito de mestrado em antropologia. acad -gradua ço é uma intensa atividade ência Fruto desse esfor de doc em universidades e escolas de ensino édio, trabalhos escritos e publicados, contribuição em trabalhos de estudantes e m pesquisadores brasileiros e estrangeiros. áficos com vistas à compreensão da Quando iniciei os primeiros estudos bibliogr ória de Cachoeira, notei que ele deveria ser feito a partir da história dos engenhos. A hist índios foi uma guerra de conquista de território. O guerra empreendida pelos portugueses aos ção das terras onde mais tarde s povoamento de Cachoeira, ou melhor, a ocupa urgiria ês em explorar Cachoeira resulta do interesse portugu uma localidade cujo solo configurava- çúcar se ideal para o cultivo da cana de a , que era o Iguape e, ao mesmo tempo, explorar as ção em relação a Salvador çu oferecia para que o facilidades e localiza que o rio Paragua ávido de riqueza, conseguisse subir o curso do rio e atingir os confins do interior garimpador, brasileiro, onde jazidas de ouro e pedras preciosas abundavam. éculo Esse dois elementos foram basilares para que Cachoeira se tornasse, durante o s ém de considerada uma porta aberta para o XVIII, a mais rica e populosa vila baiana, al ão, como ís dos Santos Vilhena. Rica e populosa porque logo cedo sert assinalou Lu ório de expressiva importâ Cachoeira tornara-se um porto, pouso, pasto e emp ncia para a ém disso, o Iguape tornar ólo agro çucareiro colonial. Al -se-ia o mais importante p -a çucareira e político baiano e local onde se concentrava a elite a -social baiana. é a história do engenho Nossa Senhora O que vamos analisar neste trabalho da ória üenta engenhos existentes no Iguape no Vit , que se destacou, entre aproximadamente cinq ício do século XIX ém de sua in , como um dos mais ricos e produtivos da Bahia. Al ência em atividade ininterrupta, neste trabal grandiosidade e longo tempo de exist ho vamos ção em relação à zona urbana e importância relatar com especial interesse sua localiza ória, como também o espaço rural que ele influenciava social e economicamente. hist

I

ção fluvia A cidade de Cachoeira ergueu-se de um primitivo porto de navega l que ligava ém de porto, a cidade ergueu a Baia de Todos os Santos ao interior brasileiro. Al -se em volta ão. Já o de pastos e estalagens para animais e gentes que subiam e chegavam do sert ípio de Cachoeira como um todo se desenvolveu em função da pla munic ntation agro- çucareiro ção sul, no Iguape, e a agricultura fumageira, que a , que floresceu na sua por ção territorial oeste. floresceu nos seus campos localizado na sua por úcleo de povoamento de Cachoeira é oriundo de uma redução indígena O primeiro n ídio empreendido no vale do Paraguaçu por criada no Iguape com os sobreviventes ao genoc á, 3º governador ão Miguel (29 de setembro) de 1557. Men de S -geral da Bahia, na noite de S á é narrada por Wande Considerado como o seu mais importante feito, a saga de Men de S rley História Social de Salvador Pinho em sua . Cito: Estando ainda em Ilheus me foram novas como o gentio do Peroaçu [eu] [rio] çu] estava alevantado e vieram à de Taparica e mataram [Paragua [Itaparica] três ou quatro homens brancos e tomaram um barco com muita fazenda

e a gente se salvara a nado e já não ousara sair fora do barco. [produtos] Logo me fiz prestes e me vim a esta capitania ôncavo] e praticando o [do Rec caso lhes disse que todos se fizessem prestes e lhes havia de ir da guerra [dar] e em menos de oito dias fui com trezentos brancos e dois mil índios de pazes e

para ir dar em uma fortaleza em que estava um principal que se [chefe] chamava Tarajoo ó]. Foi necessário fazer uma estrada por onde a gente [Taraj e os cavalos podessem ir e fiz em um dia e noite sendo de três léguas [18 km] de comprido por brenhas e montes asperíssimos e antemanhã dei na fortaleza

e a entramos matando todos os que quisessem defender e nos deixaram as

casas com todos os seus mantimentos e mais o fato que neles tinham. E aí

entrei e rodeei todo o Peroaçu tendo muitas pelejas e lhes dei com ficarem

vassalos de Vossa Alteza1.

ídio foi criada Diz ainda o referido autor que dos sobreviventes ao mencionado genoc

ção indígena2 uma redu . Sem citar quais, Wanderley Pinho diz que alguns autores acreditam ção estava localizada nas terras onde mais tarde seria fundado o engenho de que essa redu ória (de Men de Sá aos índios?) e que ável Nossa Senhora da Vit seu prov local foi na Terra

Vermelha, uma parte hoje fragmentada do referido engenho. Para esse autor, a referida ção foi criada onde hoje é a cidade de Cachoeira, sem precisar, no entanto, redu em que parte urbana.

1 ória Social da Cidade de Salvador; ória social da cidade. 1540 . Pinho, Wanderley.Hist aspectos da hist -1650. Tomo I. Prefeitura Municipal de Salvador, 1968. 2 ção era um núcleo formado por vários grupos indígenas. Segundo Wanderley Pinho, governantes e . Redu catequistas adotaram... a expedição de criar grandes povoações com os gentios sujeitos em torno da cidade. Fundaram-se, ainda ao tempo de D. Duarte da Costa, as primeiras aldeias ções] jesuíticas [ou redu . Op. cit., p. 95. ância como zona agro çucareira, como foram outros núcle Antes de sua import -a os de âneos, ões povoamento litor povoamento do Iguape se deu como zona de defesa contra incurs ígenas. Segundo o geógrafo Milton Santos (1998:70), os constantes ataques indígenas aos ind úcleos de povoamento que se formavam na çaram o governo a n s cercanias de Salvador for ão implantar povoados fortificados, a exemplo de Santiago do Iguape, em Cachoeira, S é e Valença, no baixo Francisco do Conde, e Nazar -sul.

Mapa da Capitania da Bahia

Nacional do Rio de Janeiro Fonte: Arquivo

idem Mais tarde, diz o autor ( :71), A importância da função propriamente econômica esmagou a função militar,

tornada menos necessária no Recôncavo, após a pacificação dos índios...As

respectivas áreas de influência começaram a crescer, sob o duplo apelo das necessidades existenciais da Cidade do Salvador ou, por seu intermédio, sob o

incentivo do comércio mundial, para o qual a cana-de-açúcar passava a

contribuir largamente.

ício do século XVII ãos Álvaro No in as terras de Cachoeira pertenceriam aos irm

Rodrigues Adorno, Gaspar Rodrigues Adorno e Rodrigo Martins Adorno3, concedidas por

“pacificar os índios” 4 El Rey como recompensa depois de que continuavam resistindo nas

5 écada de 1620, quando Cachoeira foi elevada à categoria de cercanias de Cachoeira . Na d ário, Gaspar Rodrigues Ador ão freguesia de Nossa Senhora do Ros no torna-se capit -mor da ói, em 1654, um engenho à margem do ribeiro Pitanga e um vila de Cachoeira e constr é de um outeiro onde em 1673 seu filho e herdeiro, João Rodrigues alambique no sop ência e uma ermida em invocação a No ário. Adorno, construiu sua resid ssa Senhora do Ros ão Rodrigues Adorno era casado com Úrsula de Azevedo. Esse casal doou terras para a Jo ção do complexo religioso da Ordem Terceira do Carmo, da qual ele era prior, a constru

3 Álvaro, Gaspar e Rodrigo Martins eram netos de Diogo Álvares e sobrinhos de P . aulo Dias Adorno. ês contemporâneo de Martim Afonso de Souza, que fugira de São Paulo Adorno era, provavelmente, um genov ós cometer um homicídio, passando a morar na Bahia, casando Álvares ap -se com uma das filhas de Diogo Caramuru. 4 ós a conquista do çu por Men de Sá, até início do século XVIII, ocorreram sublevações indígenas . Ap Paragua çu, tornando necessária a presença de mercenários paulistas para definitivamente expulsá no baixo Paragua -los ão. Segundo Capistrano de Abreu, referindo éculo em torno do Paraguaçu reuniram-se da regi -se ao s XVII, tribos ousadas e valentes, aparentadas aos aimoré convertidos no princípio do século, que invadiram o distrito de Capanema , trucidaram os moradores e vaqueiros do Aporá, e avançaram até Itapororocas [em ] ”. : “ Com este malogro não admira se repetissem as incursões de tapuia, [] Adiante, diz o autor a ponto de a 4 de março de 1669 ser-lhes declarada guerra e outra vez convidados paulistas para fazê-la . Entre os paulistas citados por Capistrano de Abreu consta os nomes de Domingos Jorge Velho, que participou da ção do quilombo de Palmares, em Alagoas, Brás Rodrigues de Arzão e Estevão Ribeiro Parente. Segundo destrui ão Ribeiro foi o conquistador da aldeia de Massacará, ão Capistrano de Abreu, Estev onde foi criada a vila de Jo ípio de Iaçu. Foi nessa circunstância que surgiram as Amaro, que era o nome de seu filho, no atual munic ãos adorno como conquistadores de Cachoeira. Cf. Abreu. J. op. cit, p. 127. figuras dos irm 5 ípio d é um dos menores da Bahia. Sua área é de 398,5 quilômetros . Atualmente o munic e Cachoeira ço físico compreendia uma quadrados, segundo dados do IBGE, baseados no censo de 2000. Entretanto, seu espa ície muito maior e se estendia para oeste e norte da zona paralela do Re ôncavo baiano. Seu território em superf c ômetros quadrados, que compreendia as sete freguesias de seu termo. Eram eles: São 1775 era de 3.190 quil ão Gonçalo dos Campos, São José das Itapororocas, São Pedro da , Nossa Senhora Tiago do Iguape, S ão e Santo Estevão do Jacuípe. do Desterro de Outeiro Redondo, Santana do Camis Cf.Silva, Pedro Celestino da. Datas e Tradições Cachoeiranas ág.415. . Salvador. Liv. .Progresso, 1942, p épocas passadas existiria a refe ção indígena. Façamos nosso ver no lugar onde em rida redu ão para uma pequena digress compreender essa afirmativa. éculos XVII e No decorrer dos s XVIII as terras do Iguape seriam divididas em “quadras” (fazendas) de 100 a 500 hectares, legados aqueles que representavam a elite

íti ômica baiana6 ção, no entanto, as pol ca e econ . Nesse processo gradativo de fragmenta çu e limitava essa porção terras localizadas a oeste do Iguape que margeavam o rio Paragua ço urbano continuaria pertencendo, até o século XVIII, aos herdeiros rural com o espa dos conquistadores de Cachoeira, os Adorno. ído pelo colono Antonio Penido (ou Penedo) Velosa Por volta de 1660 seria constru , ção de São Francisco do Paraguaçu, no lugar que receberia a denomina o primeiro engenho ção íodo até o do Iguape, o engenho Velho, em invoca a Nossa senhora da Pena. Desse per

éculo XVIII 7 decorrer do s dezenas de outros engenhos reais seriam fundados nos

ômetros quadrados que correspondem à 8 aproximados 130 quil zona do Iguape , destacando-se ção da ído em 1695; Nossa Senhora os engenhos de Nossa Senhora da Concei Ponte, constru ído em 1697; São José da Embiara, fundado em 1690; São João da da Penha da Ponta, constru ído em 1740; Nossa Senhora do Guadalupe de Campinas, inaugurado em Acutinga, constru ção do Dest ão José do Acu, 1740; Nossa Senhora da Concei erro, fundado em 1696, S ído em 1670, entre outros. constru

II

ício do século XIX ércio internacional do açúcar Verifica-se que no in o com íodo áve experimentava um per favor l. Nesse momento alguns engenhos foram fundados,

6 ílias do Iguape que saiam os juizes de paz, juizes de órfão Eram das poderosas fam s, delegados, conselheiros, árocos. procuradores municipais e p 7 . Engenhos reais eram aqueles de grande porte e de alta produtividade. Engenhocas eram engenhos menores e pouco produtivos. 8 ípio de Cachoeira possua área de 396,5 quilômetros quadr área do Iguape corresponde a um . O munic ados. A ço dessa área. ter á ôncavo. intensificando o tr fico africano para o trabalho escravo nas lavouras do Rec ção, em 1812 Aproveitando-se da situa o comendador Pedro Rodrigues Bandeira fundaria um çúcar da Bahia dos mais possantes engenhos de a , denominado Engenho Nossa Senhora da ória. Esse engen çúcar brasileiro do Vit ho inclui-se entre os mais importantes engenhos de a ério ção industrial, funcionando Brasil Imp destacando-se pela sua produtividade e diversifica , é 1950. ininterruptamente, de 1812 at á ligado às mais proeminentes A pessoa do comendador Pedro Rodrigues Bandeira est íticas baianas do início do século XIX. Em 1817 ele destacava figuras pol -se como um dos diretores da filial do Banco do Brasil, na Bahia, juntamente com o brigadeiro Felisberto ês de Barbace ário no Iguape écada de Caldeira Brant Pontes, depois Marqu na, propriet , na d ão dos Reis. 1820, do engenho da Ponta, e Manuel Jo

ém da criação do engenho ória, investe, juntamente Em 1818, al Nossa Senhora da Vit ês de Barbacena e Manuel Bento de Souza Guimarães, na criação d com o mesmo Marqu e ção a vapor, que ligava ôncavo baiano à Baía estaleiros para estabelecimento de navega o Rec écada de 1820 ele fez parte do grupo de deputados brasileiros que de Todos os Santos. Na d éia Constituinte reunida em Lisboa, constituição es participou da Assembl ta que motivaria o ência do Brasil do domínio português, desejo de independ üência disso, seu nome concretizado dois anos depois. Em conseq á ligado também às lutas pela retomada da cidade de Salvador, est

em 1823, que se encontrava sob o controle de tropas portuguesas çaram o deslocamento que invadiram a cidade do Salvador e for ção soteropolitana para o Recôncavo baiano. de parte da popula

Depois do falecimento do comendador Pedro Rodrigues Bandeira, em 1835, seus ão do P ú, engenhos foram legados ao primeiro Bar araguass conforme registro de terras: O Barão do Paraguassú morador no Engenho Madruga possue um engenho

denominado Conceição situado n’esta freguezia, o qual houve por morte do

Commendador Pedro Rodrigues Bandeira que lhe deixou em herança; o qual

confina pelo lado do Norte com terras do Engenho Tororó da viúva do

Dezembargador Manoel Jacintho Navarro de Campos; pelo lado do Oeste

com o Rio Paraguassú; pelo Sul com o engenho Victoria do mesmo Barão do

Paraguassú e, deste com a Terra Vermelha, servindo de divisa com a estrada

do Iguape, confinando tão bem com terras do engenho Desterro do Tenente

coronel Francisco Vicente Vianna e Fazenda Calolé de Thomaz Pedreira

Geremoabo e do commendador Francisco de Souza Paraizo. Cachoeira 3 de

março de 1860. O Vig. Encomendado Manoel Teixeira.

ão do Paraguassú era ão Francisco do Paraguaçu. O primeiro Bar natural de S Chamava- ão, falecido em Salvador em 1865 com 76 anos de idade. se Salvador Muniz Barreto de Arag

Era casado com Teresa Clara do Nascimento Vianna, esta filha de Francisco Vicente Vianna. ão do Paraguassú, que também era Visconde do Paraguassú, chamava O segundo Bar -se ão. Nasceu em Salvador em 1813 e faleceu em 1901 em Francisco Muniz Barreto de Arag

ônsul geral do 9 Hamburgo, onde foi c Brasil .

ília Muni ão uniu ílias A fam z Barreto de Arag -se por casamento a poderosas fam ílias Vianna e à família ém dessas baianas, como as fam , mais recentemente, Vaccarezza. Al ílias, ção Moniz de Aragão uniu à família Paranhos, da qual descende fam Maria da Concei -se

9 ém de cônsul, o segundo Barão do Paraguassú ço ício na Casa Imperial, Cavaleir . Al era mo fidalgo com exerc o ário da Imperial Ordem da Rosa, da Imperial Ordem de Cristo, grande dignit comendador da Ordem do ª classe, Cavaleiro da Ordem Grã ão de Libertador Bolivar, de Venezuela de 1 -Ducal de Baden e do Le Dicionário das Famílias Brasileiras. Zaehingen. Barata, Carlos Eduardo de e Bueno, A. H Cunha.

ônio da Sil ão da Palma, primo ão do Barão do Rio Branco. Ant va Paranhos, o Bar -irm Isto leva a supor que o comendador Pedro Rodrigues Bandeira era, na verdade, um Muniz Barreto ão e que sua irmã Maria, que aparece num recenseamento realizado em 1835 como de Arag ção casada com o Barão da moradora do engenho Buraco, seja a mesma Maria da Concei

Palma.

ão Ave ônsul Francisco Em 1858, o viajante alem -Lallemant, que foi colega do c na

ão10 Alemanha, menciona esse engenho como pertencente a Egas Moniz Arag . Assim ele se ário do Vitória: refere ao propriet

A uma pequena milha de Cachoeira, descendo o Paraguaçu fica, bem perto da

margem, a grande e notável plantação de cana de açúcar, o Engenho Vitória,

cujos habitantes se fizeram certa celebridade, sem que se tenha esforçado para

isso. Esse renome consiste na perfeita educação européia e nessa irrestrita

hospitalidade como eu realmente só encontrei no Brasil, em toda sua extensão,

e que lá mesmo só achei possível entre os fazendeiros mais ricos. O

proprietário do Vitória é o Sr. Egas Moniz de Aragão, juntamente com seus

dois irmãos, originários duma das famílias brasileiras mais distintas, com cujo

irmão, Francisco, eu tinha em 1835 estudado em Heidelberg.

à erudição dessa família, e a simplicidade e elegância e bom gosto Referindo europeus nacionalidade alemã do interior do sobrado, para ele resultante da da esposa de ão, nota que um filho de dezoito anos desse casal estuda numa escola Egas Moniz Arag écnica alemã e ainda outro, um pouco mais moço, também estudante na Europa, e o polit s ão educados por preceptor alemão no próprio engenho. demais que s

10 º volume. Instituto Nacional do . Ave-Lallemant, Robert. Viagem pelo Norte do Brasil no ano de 1859. 1 Livro, RJ. 1961, p. 61. ória estava localizado na zona fronteira do Iguape com Cachoeira, na O engenho da Vit ção oeste, aquela que se deslocava em direção ao rio Paraguaçu até a localidade por íba, di ômetros de Cachoeira. Pela sua localização, é provável denominada Gua stante seis quil ção indígena que esse engenho tenha sido fundado no lugar onde em 1557 foi criada a redu referida anteriormente. Vejamos.

III

á foi mencionado, Wanderley Pinho acredita que a redução indígena criada após Como j çu por Men de Sá, em 1557, não estava localizada nas terras do Iguape a conquista do Paragua á assentada a cidade de Cachoeira. como alguns historiadores acreditam, mas onde hoje est ça da Bandeira, no bairro do Observando uma de suas antigas localidades urbanas, a pra ía configuração circular, embora transformações Caquende, notamos que ela possu ísticas tenham modificado essa configuração. urban

ém do formato circular que possuía, a praça Al preserva ruas, antes antigos caminhos, ção ao antigo morgado do Pinto, distante dela, aproximadamente, que se bifurcam em dire ça ao Porto do Calão, local onde se fabricava canoas 200 metros. Outra rua liga a referida pra ções de pequeno calado. Duas outras ruas seguem para a zona rural e outras embarca de á no distrito de Iguape, e para o engenho da Vitória, esse distante seis Terra Vermelha, j ômetros de Cachoeira. Finalmente, a rua do Caquende (atualmente rua Inocêncio quil ção se assemelha Boaventura), que conduz para o centro da cidade. Essa configura a um úcleo residencial indígena ídas para vários n , portanto: um grande largo circular com sa pontos da floresta. ções do cronista cachoeirano Pedro Celestino da Silva11 Baseado em informa , conclui- ção do convento da Ordem se que durante a constru Terceira do Carmo uma comunidade

ígena, possivelmente do grupo Jaraguá12 ind , vivia sob a tutela dessa Ordem exercendo

ãos13 É possível concluir, então, que o Caquende é atividades de pescadores, canoeiros e artes . úcleo indígena, uma oca que antecedeu a qua úcleo de povoamento oriundo de um n lquer n índios sobreviventes ao genocídio de Men de formal em Cachoeira, certamente formado por á. S é muito importante porque induz pensar que faz sentido a ótese Este dado hip de alguns ção indígena foi criada historiadores, mencionado por Wanderley Pinho, de que a citada redu ória, e a sua própria suspeita de que ela foi criada em terras onde seria fundado o engenho Vit ímos é que a redução indígena foi em algum lugar na cidade de Cachoeira. O que conclu é o bairro ção urbana anteriormente criada onde atualmente do Caquende, mas que essa por fazia parte das terras do Iguape, que nos referimos, pertencentes aos Adorno. éculo XIX, a parte que compreende o Caquende Em meados do s fazia parte das terras ão Carlos do Navarro, à esposa do falecido comendador do antigo Engenho S pertencente

Manuel Jacintho Navarro de Campos, conforme o registro de terras de 1858: D. Joaquina Júlia Navarro de S. Paio e Mello, moradora na Freguesia da

Cachoeira, possue na mesma Freguesia uma sorte de terras no Caquende,

termo d’esta Cidade, que corre do rio Cachoeira, deste rio este tem de

largura duzentas e vinte braças com quase uma légua para o sertão cujas

sortes de terras parte do poente com o rio Paraguaçu, pelo sul com terras do

comprador, e pelo norte com as terras de Antonio Pinheiro, pelo nascente

11 Datas e Tradições Cachoeiranas . Silva, Pedro Celestino da. . Livraria Progresso, Salvador, Bahia, 1943. 12 ígen á e . Anteriormente ao povoamento habitavam Cachoeira alguns grupos ind as Tapuia, entre os quais marac á. jaragu 13 ão Felix çu és de canoas . A travessia para S pelo rio Paragua atrav era uma atividade explorada pela Ordem ência em Cachoeira. Essa prática sobreviveu até 1980 e todos os canoeiros Carmelita durante a sua perman ão também moradores do Caquende os artesãos, ceramistas e cachoeiranos eram moradores do Caquende. S pescadores. com as terras de Manoel Severiano de Aragão demarcadas da fonte da Terra

Vermelha pelo caminho que d’esta segue para parte da Cana Brava ou Estiva

e da fonte pelo riacho que declina com todas as suas voltas te onde passar o

rumo de leste ao este na largura de dusentas braças bem assim todo o terreno

do rio Faceira ao rio Caquende, conforme seus títulos. Cachoeira, 2 de

Agosto de 185814.

ídico de partição de herança, sendo s Esse engenho, em 1838, estava em processo jur eu ário Cornethino (ou Crisorthino) propriet

Thomaz Navarro de Campos e Andrade, provavelmente filho (ou neto) do comendador

15 ía 42 Manoel Jacintho . Esse engenho possu escravos africanos16, significando que se édio porte tratava de um engenho de m á assentado a pouco menos de 500 metros da j cidade da Cachoeira. época estava já em fogo morto e suas terras sendo Provavelmente esse engenho nessa ão de herança. Sabe écada de fragmentadas por venda de pequenos lotes e divis -se que na d ábrica de tecidos São Carlos do Paraguassú, que 1850 no lugar do engenho foi instalada a f ça. Na segunda metade do século XIX as terras do logo foi desativada e transferida para Valen às do engenho Vitória. antigo engenho foram incorporadas çar ía a quinta Podemos avan mais nesses argumentos e afirmar que o Caquende constitu

(ou quintal) da Ordem Terceira do Carmo, que aos poucos foi ocupada por casas. A atual rua

14 ção e Obra Públicas, maço 4677. . APEBA. Livro de registro de terras. Cachoeira. 1858. Via 15 ário e encargo aos mestres carpina e . ARC, Termo de juramento prestado pelo procurador nomeado, propriet º São Carlos e seos pertences. documentos diversos, sem códice. pedreiro que avaliaram o Eng 16 . idem. ída na parte murada Tambor Soledade (ladeira do Assovio), por exemplo, estava inclu ício do convento. A poucos m (jardim) do edif etros da rua Tambor Soledade, na rua do

Caquende, ficava o Portinho dos Frades, na desembocadura do riacho Caquende no rio çu. Essas localidades pertencentes às terras da mencionada ordem religiosa ligavam Paragua - à parte central do bairro. Em 1858, a Or se dem registrava: ...Seis braças de terras baldias, fronteiras ao Convento, que dividem por um

lado com o beco do Portinho dos Frades, por outro com quintais de casas da

rua do Carmo, pelo fundo com o terreno aforado ao tenente Antonio Francisco

Ribeiro, e pela frente com a rua do Recreio...17.

É provável também que as terras a ela pertencentes incluíam as que depois foram

ão vila, principalmente para a construção da incorporadas ao centro administrativo da ent âmara e Cadeia. Ou seja, a fragmentação ção do Casa de C de suas terras se deu em fun é o registro de terras do major Justiniano Duarte desenvolvimento urbano. Um caso exemplar sito atrás do Convento do Carmo de Oliveira, . Essa propriedade fazia divisa lado de baixo com os fundos do Convento do Carmo, até a rua do ...Pelo Assovio, por esta acima até o largo do Pastorador, a encontrar com terras de

Felippe Pereira Pinto de Souza, dividindo-se pelo riacho Cobocó, fundos das

casas das Almas, da ladeira e Ossos até o portão da Ordem Terceira do Carmo.

ência ao Alto da Mangabeira, cujas terras fazia divisa ítio O citado registro faz refer com o s ítio esse localizado na Ladeira que Sobe para Bellem Pastorador, s . O terreno, portanto, é as ruas Senhor dos Passos, inc ído a rua limitava-se com o muro do Convento do Carmo, at lu

17 ção e Obra Públicas, maço 4677. . APEBA. Livro de registro de terras. Cachoeira. 1858. Via ó (hoje praticamente aterrado e canalizado) e dos Ossos (atual Coronel Ruy), riacho Coboc

ça da Aclamação18 parte da pra . ória era aquela que se Verifica-se, portanto, que as terras pertencentes ao engenho Vit ço onde seria a é o seu limite com o Vale estendia desde o espa ssentada a vila de Cachoeira at íba, limite esse que prevalece até dias atuais, que aos poucos foram do Iguape, na Gua ítios fragmentando-se em engenhos e s pertencentes a pequenos plantadores de canas e êneros alimentícios. ão de terras e influenciava g Esse engenho abrangia uma grande extens ílias nelas residentes, proprietárias de pequenas unidades agrícolas (sítios) e poucos fam escravos.

ástico datado de 1824, lemos que essa zona abrangia “as Num recenseamento eclesi pessoas que habitão desde o princípio da Ladeira que sobe para Belém té a Manga a confinar no Engenho ão Carlos] do Navarro” ção compreendia o [S , ou seja, essa demarca ô que circunda a cidade de Cachoeira, desde a atual praça da Aclamação até o extremo plat ó e Vitória. sul, que correspondia ao Caquende, Toror çamos um esforço de visualizar estas articulações. Seguindo o engenho Rosário, no Fa ção, morgado do Pinto, engenho São Carlos do sentido sul, chegava-se ao engenho Concei ção limitava ão Carlos do Navarro. O engenho Concei -se ao norte com o engenho de S çu; a sul, com o Engenho Vitória e, do engenho Vitória, Navarro; a oeste, com o rio Paragua é a Guaíba. com a Terra Vermelha at ário limitava O engenho Ros -se ao norte com terras de Bernardo Mendes da Costa; a leste com o engenho Desterro; a sul com a fazenda Campinas19. O morgado do Pinto

18 Ladeira que sobe para Belém ência era denominada também Estrada dos Carmelitas, depois . A em refer âmara e Cadeia, no Ladeira da Cadeia e atualmente rua Benjamim Constant. Ela iniciava no Largo da Casa da C ão vila, e seguia até a vi ém, distante seis quilômetros da área urbana. centro administrativo da ent la de Bel Em área urbana com o Iguape, no sentido leste, em verdade, tratava-se de uma zona rural urbanizada, que limitava a certa altura de seu trajeto, no lugar denominado Faleira (atualmente Lagoa Encantada), em terras do engenho ário. Ros

19 ção refere à registrada no Livro de Registro de Terras de Cachoeira de 1858. . Essa demarca -se limitava-se, com todos os engenhos citados e iniciava no atual bairro do Caquende, no à sentido da Terra Vermelha, ou seja, era o caminho que ligava os mencionados engenhos Ladeira que sobe para Belém. zona urbana pelo atual bairro do Caquende, ou pela ório residiam, em 1824, 3.617 pessoas, inclusive os moradores da Ladeira Nesse territ que sobe para Belém ítios, 3 engenhos e 3 fazendas do . Conseguimos o registro de apenas 7 s ícolas que possivelmente havia nessa localidade. total de aproximadamente 30 unidades agr ícolas residiam 582 moradores. Desse total, 130 pessoas eram africanas, Nas 13 unidades agr – ário e 37 do Apenas 85 declarados escravos 48 do total de escravos do engenho do Ros ção. No cômputo geral do alistamento, onde não são descriminadas as engenho da Concei úmero de africanos cresce para 462, dos quais 435 viviam na propriedades, no entanto, o n ão, 317 homens e 118 mulheres. escravid

ô a população se torn Citio na Estrada que Seguindo no sentido do plat ava rarefeita. No sobe para Bellem, é Florentino, branco, de Jos residiam 76 pessoas; 28 eram livres e 47 eram Estrada para Bellem escravos, todos africanos. Na mesma residiam mais duas pessoas, um Citio do Engenho Rozario cabra e uma parda. No , de Domingos Barbosa, residiam 15 pessoas, dos quais 7 eram consideradas brancas e 4 eram africanos que, com mais 2 pardos, 2 ítio. crioulos e 1 cabra perfaziam o plantel de escravos do s

Citio do Engenho Rozario Em outro , de Alexandre Pereira do Couto, residiam 9 Estrada do Iguape pessoas: o branco Alexandre, 7 crioulos e 1 africano. Na residiam Leandro á na Estrada do Rozario para Motta e Tereza de Jesus e mais 5 pessoas consideradas pardas. J a Terra Vermelha, Citio do Coqueiro ção de cor, diferente no , residiam 8 pessoas sem declara Estrada para o Tanque do Engenho Rozario Estrada da , onde residiam 40 crioulos. Ainda na da Terra Vermelha, fazenda Jaqueira na , residia 20 pessoas, todos livres, inclusive o africano

Mathias. Citio Limoeiro Mamocabo No , residia 94 pessoas. No , terras incrustadas entre os ória e São Carlos, que em 1850 ainda mencionava o nome de João Rodrigues engenhos Vit ário, residiam 105 pessoas no Citio Mathaíbo Adorno, seu antigo propriet , pertencente a fazenda de Campina Velha é Mendes Franco, que Manoel Homem da Silva. Na , de Jos efetuou o recenseamento, residiam 24 pessoas; 6 eram brancos, 10 crioulos, 4 pardos e 4 ção, das 37 pessoas que habitavam o local, 35 eram africanos; africanos. No Engenho Concei ão Carlos do Navarro, das 65 os outros dois eram administradores do engenho. No engenho S pessoas ali moradoras, apenas uma pessoa era considerada branca e livre. As outras 64 pessoas eram 37 africanos, 23 crioulos e 4 cabras.

ória a população escrava crioula era major ária. No total, esse engenho No engenho Vit it ía 217 escravos, dos quais 32 deles eram africanos e 185 nascidos no Brasil, repartidos possu pelas etnicidades crioulo, cabra e pardo20. Dez anos depois, em 183521, ano em que ês em Salvador, o quadr aconteceu a revolta dos mal o era diferente. Dos 241 escravos que compunha o plantel do citado engenho, 163 eram africanos, 99 homens e 64 mulheres. Os ém de 45 crianças menores de dez anos, de ambos crioulos eram 24 homens e 8 mulheres, al os sexos.

ês principais propri Em 1835 nas tr edades do comendador Pedro Rodrigues Bandeira no Iguape tinham, juntas, 448 escravos, dos quais 304 (67,8%) eram africanos. No engenho ória havia 241 escravos, dos quais 161 eram africanos. No engenho Buraco, contíguo ao Vit ória pelo lado sul, residiam Vit 170 escravos, sendo que 108 deles eram africanos. No ção, localizado a leste do engenho Vitória residiam mais 37 escravos, entre engenho Concei ém dos escravos, residia nesses engenhos uma parcela eles 35 escravos africanos. Al ção aproximada de mil pessoas, significativa de trabalhadores livres, totalizando uma popula

20 ão catalogados. . APMC. Recenseamentos, documentos avulsos n 21 Relação do número de fogos e moradores do Distrito da Freguesia de Sant’Iago . APEBA. SH, 6175-1. Maior do Iguape, da Comarca da Villa da Cachoeira da Província da Bahia – recebido em 28 de janeiro de 1836. pessoas ocupadas do serviço de crias divididos em administradores, feitores, enfermeiros, , caixeiros e outros trabalhadores livres especializados, com seus respectivos escravos. ém crioulo, ões, residindo em Esse contingente africano e tamb mais dado a rebeli óximos um do outro e localizados nas fronteiras da vila de Cachoeira formava engenhos pr “campo negro”, propiciando a interação com outros africanos, principalmente africanos um livres e libertos, que eram numerosos e viviam ao ganho na zona urbana. Este quadro ção de importantes redes de comunicação para a organização e estratégia possibilitou a forma de revoltas.

ão José Reis, desde que pisaram neste lado do Segundo o historiador baiano Jo Atlântico como escravos, os africanos conspiraram para derrubar seus senhores e reconquistar a liberdade e que elas ocorreram em toda parte, durante todo tempo que durou ão. ões ocorreram motivadas por diversos fatores estruturais e a escravid As rebeli conjunturais.como resposta, escravos eventualmente se organizavam em grupos para assassinar feitores, incendiar canaviais. ões resultavam geralmente em fugas em massa. Tais rebeli No Brasil, grupos fugitivos eram chamados de quilombolas e os locais onde se internavam foram chamados quilombos sses esconderijos as vezes conseguiram congregar ou mocambos. Segundo Reis, e populações cujos números se contavam em milhares, o que demonstra sua capacidade de sobreviver por longos períodos. nessas comunidades, Diz ainda o referido historiador que homens e mulheres trabalharam a terra e montaram estruturas novas de parentesco; ali, africanos de diferentes grupos étnicos forjaram novos laços de solidariedade social, cultural e religiosa.

ão existe informação documental que ê conta da existência de quilombos no N d ória ou em alguma parte do Iguape. Existem, sim, fontes documentais que dão engenho Vit ência de fugas de escravos depois de se rebelarem. Era corriqueiro escravos conta de exist çu e se internarem em matas de propriedades fugirem para a outra margem do rio Paragua ão Felix, ali permanecendo até que o retorno fosse negociado com rurais de Maragogipe, e S seus senhores. ão escrava no engenho Vitória, deflagrada entre oito Em 1827, por exemplo, houve uma rebeli ço, segundo correspondência do Juiz de Fora da Comarca e nove horas da noite de 22 de mar íncia. Segundo João José Reis, os rebeldes mataram o de Cachoeira para a presidente da Prov ão. Mais tarde, feitor e um seu irm Correra a notícia de que os escravos de três outros engenhos vizinhos (Buraco, Moinho e Conceição) do mesmo Bandeira estariam combinados com os do Vitória para uma revolta conjunta. "O grande alarido que faziam", escreveram os assustados vereadores de Cachoeira "indicava ser uma sublevação geral nos quatro engenhos do dito proprietário, que são mui próximos”. Alarme falso. Quando os poucos homens de cavalaria e milícias lá chegaram, tudo estava calmo. O comandante da operação tranqüilizou-se: "Felizmente a sublevação foi somente para matar o feitor e seu irmão, e conseguido isto, recolheram-se às suas senzalas, de maneira que quando chegou a tropa, e fez-se o cerco, foram quase todos presos.

Adiante, Reis faz uma acrescenta dados mais aprofundados sobre esse levante. Ele diz, ônsul fra ês na Bahia, Jacques Guinebaud, que baseado no relato do c nc O engenho teria cerca de trezentos escravos - número talvez exagerado -, mas só quarenta haveriam participado do atentado contra o feitor. Este teria sido morto por suspeita de feitiçaria, inclusive por ter enfeitiçado de morte a mulher do senhor. O relato do cônsul, entretanto, necessita de uma correção. O feitor feiticeiro não poderia ter contribuído para a morte da mulher de Bandeira porque este nunca se casara, morrendo solteiro em 1835. Talvez a vítima do feitiço tivesse sido a mulher de um outro branco morador no engenho, seu administrador, quem sabe, ou a irmã de Bandeira, dona Maria, que aparece como moradora do engenho Buraco num censo feito pouco tempo antes do levante.

ór Os registros orais relatam que o Vit ia era um engenho muito populoso: Havia lojas, sapatarias, açougue, feira livre, posto médico, festas populares e religiosas com filarmônicas e presença de muita gente vinda de Cachoeira, São Felix e Maragogipe.

Além do fabrico de açúcar, havia ainda alambique, que produzia a famosa cachaça do engenho Vitória, e olaria, que fabricava tijolos e telhas.

ão memórias dos últimos anos de atividade Esses depoimentos de moradores antigos s ória écada de 1940. ão diferem muito da dinâmica de períodos do engenho Vit , na d Mas eles n écada de 1850, narrado por Ave íodo da anteriores, principalmente da d -Lallemant, e do per a ção da çou ência. aboli escravatura, quando come seu lento processo de decad O engenho ória encerra definitivamente suas atividades devido ao acúm ívidas sociais Vit ulo de d ícios) e com a fazenda pública, levando ao confisco de seus bens, que foram (empregat çúcar e do Álcool – apropriados pelo Instituto do A IAA. Esse instituto, por sua vez, vendeu a ções a po ílias que permaneceram no maior parte das terras, loteando pequenas por ucas fam êneros alimentícios e criação de local como antigos rendeiros de terras para cultivo de g ção de equipamentos, vigias, tarefas de pequenos animais, ou exerciam trabalhos de manuten limpeza, que eram coordenados pelo engenheiro residente designado pelo IAA.

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