Eduardo Coutinho E Walter Carvalho
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Belas Artes POESIA E REFLEXIVIDADE NA PRODUÇÃO DE TRÊS DOCUMENTARISTAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS: HELENA SOLBERG, EDUARDO COUTINHO E WALTER CARVALHO MARIANA RIBEIRO DA SILVA TAVARES Belo Horizonte 2007 MARIANA RIBEIRO DA SILVA TAVARES POESIA E REFLEXIVIDADE NA PRODUÇÃO DE TRÊS DOCUMENTARISTAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS: HELENA SOLBERG , EDUARDO COUTINHO E WALTER CARVALHO Dissertação apresentada ao curso de Pós-graduação da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Evandro José Lemos da Cunha Belo Horizonte 2007 Tavares, Mariana Ribeiro da Silva, 1967- Poesia e reflexividade na produção de três documentaristas brasileiros contemporâneos: Helena Solberg, Eduardo Coutinho e Walter Carvalho / Mariana Ribeiro da Silva Tavares. - 2007. 115 f. : il.. - Orientador: Evandro José Lemos da Cunha Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Belas Artes, 2006. 1. Solberg, Helena 2.Coutinho, Eduardo, 1933- 3.Carvalho, Walter, 1947- 4. Documentário (Cinema) – História e crítica - Brasil - Teses 5. Criação (Literária, artística, etc.) no Cinema – Teses 6. Diretores e produtores de Cinema Brasileiro – Teses I. Cunha, Evandro José Lemos da, 1950- II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Belas Artes III. Título CDD: 791.4353 Para Gabriela e Pedro, meus filhos. AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Professor Doutor Evandro José Lemos da Cunha, pelos conselhos e apoio. Ao Professor Doutor José Américo Ribeiro, pela valiosa contribuição na definição do tema deste projeto. Aos meus pais, Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira e Hugo César da Silva Tavares, pelo apoio incondicional durante o trabalho. Ao meu companheiro, Marcos Jorge Barreto, pelas conversas, sugestões e idéias. E à Rede Minas de Televisão, que deu o apoio operacional para a gravação em vídeo Betacam das entrevistas com os cineastas, no Rio de Janeiro. RESUMO Este trabalho procurou estabelecer um diálogo entre as reflexões de três cineastas brasileiros - Helena Solberg, Eduardo Coutinho e Walter Carvalho - sobre o processo de criação em documentário; identificar pontos em comum e divergências entre os diretores, que possibilitassem a compreensão do que seja o documentário hoje, suas tendências e sua função; analisar os procedimentos de criação e de elementos estilísticos de filmes realizados pelos três cineastas; investigar as condições que propiciaram aos documentaristas rever a relação com os objetos tratados em seus filmes, questionando as convenções desenvolvidas ao longo do século XX e tornando o documentário um laboratório de experiências estéticas e de conteúdo. Palavras-chave: Documentário. Filme. Helena Solberg. Eduardo Coutinho. Walter Carvalho. ABSTRACT This work objectived to set up a dialogue among the reflexions os three brazilian movie makers – Helena Solberg, Eduardo Coutinho and Walter Carvalho – concerning the creation process in documentary making; to identify what they have in common and in what they diverge so that it makes possible for us to understand what is a documentary nowadays, its tendencies and its function; to analyse the creation procedures and the stylistic elements of some films made by the three movie makers mentioned above; to investigate the conditions which made it possible for the directors to review the relationship among the subjects treated in their films, questioning the conventions which have being developed throughout the twentieth century and turning the documentary into a laboratory of esthetics and content. Keys words: Documentary. Film. Helena Solberg. Eduardo Coutinho. Walter Carvalho. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Helena Solberg em entrevista à Mariana Tavares, na residência da cineasta (Rio de Janeiro, 09.06.05)................................................................. 25 FIGURA 2 – Eduardo Coutinho em entrevista à Mariana Tavares, no escritório do cineasta no Cecip – Centro do Rio de Janeiro, em 10.06.05...................... 46 FIGURA 3 - Walter Carvalho durante a entrevista concedida à Mariana Tavares, na residência do cineasta no Cosme Velho-RJ, em 09.06.05........... 65 FIGURA 4 - Fotografia de Walter Carvalho, Praia de Pernambuco, Guarujá- SP, 1969.......................................................................................................... 69 FIGURA 5 - Uma foto da série Matadouro público de Walter Carvalho............. 70 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABPI Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão EMB Empire Marketing Board GPO General Post Office Unit IDHEC Institut des Hautes Études Cinématographiques (Instituto de Altos Estudos Cinematográficos) MAM Museu de Arte Moderna P&B Preto e branco PBS Public Broadcasting Service (Rede Pública de Televisão) PUC Pontifícia Universidade Católica SBT Sistema Brasileiro de Televisão UNE União Nacional dos Estudantes SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 10 2 DA NATUREZA DO DOCUMENTÁRIO......................................................... 16 3 HELENA SOLBERG........................................................................................... 25 3.1 Artífice do documentário, um capítulo à parte entre os documentaristas brasileiros................................................................................................................ 26 3.2 As primeiras imagens, os primeiro filmes........................................................ 27 3.3 Fase americana: do feminismo às relações entre Estados Unidos e América Latina....................................................................................................................... 31 3.4 Carmen Miranda, o risco de Helena Solberg.................................................... 35 3.5 A realização para a cineasta: um processo em aberto....................................... 42 4 EDUARDO COUTINHO.................................................................................... 46 4.1 Uma trajetória.................................................................................................... 47 4.2 Um cineasta que não faz concessão.................................................................. 50 4.3 Os dispositivos de Eduardo Coutinho............................................................... 53 5 WALTER CARVALHO...................................................................................... 65 5.1 Walter Carvalho e o documentário................................................................... 66 5.2 Da influência de Cartier-Bresson à experimentação......................................... 68 5.3 A imagem no documentário de Walter Carvalho.............................................. 72 5.4 Janela da Alma : poesia e reflexividade a serviço do olhar............................... 74 5.5 O documentário como autoconhecimento......................................................... 76 6 CONCLUSÃO..................................................................................................... 80 7 FILMOGRAFIA.................................................................................................. 87 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 88 APÊNDICE............................................................................................................ 90 10 1 INTRODUÇÃO Esta dissertação pretende estabelecer um diálogo entre as reflexões de três documentaristas brasileiros - Helena Solberg, Eduardo Coutinho e Walter Carvalho - sobre o processo de criação em documentário. Pretendeu-se investigar a forma como esses documentaristas criam suas obras: os motivos que os levaram a se expressar no gênero, como percebem as modificações que vêm ocorrendo na linguagem do documentário, possibilitando mais liberdade de criação aos diretores e busca da autoria, o que consideram relevante no momento da criação e como consideram a questão da “verdade” em seus trabalhos. Nesse confronto de idéias e reflexões, objetivou-se identificar pontos em comum e divergências entre os diferentes modos de fazer, ver e refletir o documentário contemporâneo brasileiro. Entende-se o documentário como um gênero do cinema que, ao longo de seu desenvolvimento e afirmação no século XX, foi definido primeiramente em oposição ao filme de ficção, posteriormente, em oposição ao jornalismo e, também, a partir de sua função. Esse gênero constitui um universo plural de formas e temáticas, marcado atualmente por grande liberdade criativa. O documentário vem se constituindo, cada vez mais, num riquíssimo laboratório de experiências estéticas, ao mesmo tempo em que apresenta questões e reflexões que auxiliam a compreender o real. Nesse sentido, adotou-se a definição do teórico Bill Nichols, que defende que o documentário não é uma reprodução do real e sim uma representação dele. Assim, é uma construção que espelha o ponto de vista, a visão de mundo dos cineastas. Nesse contexto, identifica-se no cenário contemporâneo uma forte tendência à reflexividade, que explicita 11 essa construção para o espectador, tornando-o cúmplice na aventura que representa visualizar os grandes filmes do gênero. Para realizar este estudo, partiu-se dos quatro modos de representação levantados pelos teóricos americanos Bill Nichols e Julianne Burton nos anos 80 - expositivo, observacional, participativo e reflexivo - e em outros dois modos identificados por Bill Nichols