ESQUADRÃO DA MORTE”: Genealogia De Uma Categoria Da Violência Urbana No Rio De Janeiro (1957 – 1987)
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DAVID MACIEL DE MELLO NETO “ESQUADRÃO DA MORTE”: genealogia de uma categoria da violência urbana no Rio de Janeiro (1957 – 1987) RIO DE JANEIRO 2014 DAVID MACIEL DE MELLO NETO “ESQUADRÃO DA MORTE”: genealogia de uma categoria da violência urbana no Rio de Janeiro (1957 – 1987) Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos parcial à obtenção do título de Mestre em Sociologia. Orientadora: Profª. Dra. Joana Domingues Vargas RIO DE JANEIRO 2014 DAVID MACIEL DE MELLO NETO “ESQUADRÃO DA MORTE”: genealogia de uma categoria da violência urbana no Rio de Janeiro (1957 – 1987) Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos parcial à obtenção do título de Mestre em Sociologia. Aprovada por: Profª. Dra. Joana Domingues Vargas (orientadora). PPGSA/UFRJ Prof. Dr. Michel Misse (PPGSA/UFRJ) Profª. Dra. Márcia da Silva Pereira Leite (PPCIS/UERJ) Suplentes: Prof. Dr. Alexandre Werneck (NECVU/UFRJ) Prof. Dr. Fernando Rabossi (PPGSA/UFRJ) , Para Seu David e Dona Hebe, meus pais. Para Luciana Fusinatto, com todo o amor que houver. Agradecimentos Devo agradecer, em especial, à minha orientadora Joana Domingues Vargas por toda a paciência e principalmente pela compreensão com o prazo apertado de conclusão. Sempre bem-humorada, suas dicas, conselhos, críticas e revisão foram imprescindíveis. Outra contribuição sua, também fundamental, foi o curso de Sociologia do Crime e da Violência por ela oferecido, o qual muito contribuiu para minha especialização na área. Ao professor Michel Misse, coordenador do NECVU, membro da banca de qualificação e titular da banca de defesa, um muitíssimo obrigado. Sem o diálogo com ele travado este trabalho não teria vindo a lume. Agradeço igualmente ao professor Alexandre Werneck, também membro do NECVU, por todas as trocas de ideias. As sugestões do professor Fernando Rabossi, membro da banca de qualificação e grande professor tanto na graduação quanto no mestrado, foram valiosíssimas contribuições. A epígrafe deste trabalho deve-se a ele. Meus agradecimentos a todos os membros e ex-membros do NECVU, em especial Ana Beatriz, Danielle Oliveira (vulga Doli), Camille Azevedo, Bruno Cardoso, Carolina Grillo, César Teixeira, Klarissa Almeida, Rodrigo Marques, Natasha Neri, Jeferson Scabio, Brígida Renoldi, Arthur Bezerra, Vittorio Talone, Marco Aurélio Borges, Carolina Luz, Antônio Luz Costa, Gabriela Paes, Amilcar Freitas Kássia Santiago, Daniel Hirata e Heloísa Duarte. Espero não ter esquecido ninguém. Sou grato a CAPES pela bolsa concedida. Ao PPGSA da UFRJ, muito obrigado pela oportunidade de cursar uma das melhores pós-graduações do país. Às suas eficientes secretárias, agradeço por me guiarem nos meandros labirínticos das burocracias institucionais, em especial com o dédalo eletrônico chamado de SIGMA. Muito obrigado também a todos os professores com os quais tive o prazer de cursar disciplinas tanto no bacharelado quanto no mestrado, em especial Beatriz Heredia, Luiz Antônio Machado, José Reginaldo, Marco Antônio da Silva Mello, Marco Antônio Gonçalves, Marco Aurélio, Maria Laura Viveiros de Castro, Paulo Bahia, Valter Duarte, Helga Gahvya, Gláucia Villas-Boas, César Gordon, Miriam Goldenberg, Celi Scalon, Maria Lígia Barbosa, Frederico Neimburg, Felícia Picanço, Jean François Véran, Karina Kushnir e Márcia Pereira Leite. A esta agradeço ainda por aceitar o convite para fazer parte de minha banca de defesa. Tenho certeza de que suas contribuições serão valiosíssimas. Sou imensamente grato a tudo e todos que foram as fontes desta dissertação, em especial a Fundação Biblioteca Nacional, pela criação da Hemeroteca Digital Brasileira, e aos dois veteranos jornalistas entrevistados. Não lhes cito o nome para preservar-lhes a identidade. Devo ainda agradecer a um terceiro entrevistado, ex-traficante já “aposentado”. Seus depoimentos não figuram neste trabalho, mas são dados valiosíssimos para pesquisas futuras. Apesar dos rumos diferentes e da distância imposta pelo claustro da pós-graduação, gostaria de lembrar de grandes amizades do bacharelado: Mitian Barbosa, Larissa Soares, Bruna Ramalho, Carolina Dias, Raphael Barreto, Rafael Feó, Layla Caldas, Thiago Cruz e Renata Milânes. A eles e muitos outros, muito obrigado pela companhia. Ao Marcos de Brito Monteiro Marinho, amigo de longa data e futura referência na historiografia brasileira, meu muitíssimo obrigado por todas as sugestões. Da mesma maneira, agradeço ao meu grande amigo de graduação Fábio Rocha, parceiro de biritas e comparsa do crime necvuano, bem como ao Gabriel Barbosa, também cria do IFCS e intrépido mestrando em antropologia. Gostaria de agradecer ainda à minha companheira Luciana Ardenghi Fusinatto, paixão de carnaval que se transformou em amor e desde então está sempre presente ao meu lado. Sem o seu apoio, confiança e paciência com hipocondrias intelectuais esta dissertação não teria sido concluída. Por fim, mas não por último, agradeço aos meus pais por todo o suporte, amor e compreensão em minha escolha masoquista pela carreira acadêmica. RESUMO MELLO NETO, David Maciel de. “Esquadrão da Morte”: genealogia de uma categoria da violência urbana no Rio de Janeiro (1957 – 1987). Dissertação (Mestrado em Sociologia e Antropologia), Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.. Este trabalho tem por objeto a categoria de “Esquadrão da Morte” e sua evolução no Rio de Janeiro, do ano de 1957 até 1987. A primeira parte consiste de uma pesquisa exploratória sobre os principais referentes da categoria e as suas mudanças semânticas. A segunda parte trata de seu contexto de emergência e a terceira aborda o evento que a fixou como representação coletiva. Findo, na quarta parte, com uma conclusão geral síntese dos resutados. Há, ainda, um breve epílogo no qual esboço algumas questões que persigo ao longo do estudo. O argumento principal é o de que a categoria de “Esquadrão da Morte” foi fixada enquanto representação coletiva da violência urbana pela imprensa carioca, mais especificamente pelo jornal Última Hora. Ela será primeiro utilizada na década 1950 para transformar em “violência” algo que é criado como “contra-violência”, ou seja, como reação à negatividade do tipo social “marginal”. No devir da segunda metade do século XX, a categoria restitui a qualidade de “contra-violência” aos seus referentes. Em meados da década de 1980 ela se metamorfoseia em “grupos de extermínio” por meio da atuação de agências de problematização social ou de movimentos sociais envolvidos com a “questão do menor”. Já nos anos 2000, por motivos ainda a investigar, os “grupos de extermínio” passam a ser chamados de “milícias”. Em suma, a mesma linha costura na história as representações coletivas de “Esquadrão da Morte”, “grupos de extermínio” e “milícias”. Sucedem-se no tempo. Uma é a metamorfose da outra. Conclui-se que por detrás de toda a evolução da categoria estão três fenômenos analiticamente separáveis: a) consolidação e metamorfose de uma modalidade de construção social de tipos sociais da ordem social no Rio de Janeiro; b) expansão dos mercados ilegais; c) agências de redefinição valorativa do que é “violência” e “contra-violência”. Palavras-chave: “Acumulação social da violência”, “grupos de extermínio”, “homo sacer”, “imprensa” ABSTRACT MELLO NETO, David Maciel de. “Esquadrão da Morte”: genealogia de uma categoria da violência urbana no Rio de Janeiro (1957 – 1987). Dissertação (Mestrado em Sociologia e Antropologia), Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014 This work has as subject the category of "Death Squad" and its evolution in Rio de Janeiro, from 1957 until 1987. The first part consists of an exploratory research concerning the main objects of the category and its semantic changes. The second part deals with its emergency context and the third covers the event which set it as a collective representation. Finally, the fourth part finishes with an overall synthesis. There is also a brief epilogue in which are outlined some issues that I have chased throughout the study. The main argument is that the category of "Death Squad" was set as a collective representation of urban violence by the Rio press, more specifically by the newspaper ‘Última Hora’. It will be first used in the decade of 1950 to turn into "violence" something that was created as "counter-violence", i.e, as a reaction to the moral negativity of the social type of the "marginal ". In the second half of the twentieth century, the category will restore the quality of "counter-violence" to their referents. In the mid-1980s it is metamorphosed to "extermination groups" by the action of social questioning of the social movements engaged in the "issue of the underage people". In the 2000s, for reasons that still need further investigations, the “extermination groups” are transformed in "militias". In short, the same line sews up throughout the history of the collective representations of "Death Squad", "extermination groups" and "militias". The latter is the metamorphosis of the previous. We conclude that behind all the evolution of the category are are three analytically separable phenomena: a) consolidation and metamorphosis