A Copa Entre Outros Fatos A4 Pdf Interativo
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Luigi Fernandes é jornalista, escritor, historiador e pesquisador. Trabalha também como ghostwriter, orientador de estudos e edita o blog “Entre Fatos”. Contato: [email protected] Twitter: @Luigi_10XV Instagram: luigifernandes1914 As fotos desse livro têm função apenas de registro histórico e foram reproduzidas do Youtube. As publicidades reproduzidas neste livro também têm apenas caráter histórico e ilustrativo. “Porque nada tenemos, lo haremos todo” Carlos Dittborn Pinto ÍNDICE Apresentação A Copa do Mundo 1930 – Uruguai 1934 – Itália 1938 – França 1950 – Brasil 1954 – Suíça 1958 – Suécia 1962 – Chile 1966 – Inglaterra 1970 – México 1974 – Alemanha Ocidental 1978 – Argentina 1982 – Espanha 1986 – México 1990 – Itália 1994 – Estados Unidos 1998 – França 2002 – Japão e Coreia do Sul 2006 – Alemanha 2010 – África do Sul 2014 – Brasil 2018 – Rússia Apresentação O clima de Copa do Mundo contagia até quem não gosta de futebol. Essa frase não é minha, nem saberei dizer realmente quem a formulou pela primeira vez, mas é verdadeira. Principalmente em se tratando de Brasil. “As Copas, entre outros fatos” nasceu justamente do fascínio que tudo o que envolve a Copa do Mundo sempre me causou. No mês de Copa do Mundo tudo é diferente. Pode-se afirmar que não é apenas futebol, é Copa do Mundo! A primeira vez que entendi que havia algo de “errado”, aliás, de muito certo, em casa, nesse período, foi logo na minha primeira Copa, a de 1974. O pai tirou a mesa de refeições da cozinha para colocá-la na sala, só para não perder a transmissão do jogo do Brasil naquele domingo, bem no horário do almoço. Foi algo delicioso almoçar tendo a Copa como companheira. Sim, já entendi que era algo diferente. O amendoim torrado da avó, a pipoca da mãe, refrigerante na geladeira mesmo quando não era domingo, o pai e o avô tomando uma cerveja. Era festa. Sempre foi festa. Em 1978, no domingo que a seleção brasileira enfrentou a Argentina, o pai saiu como um maluco atrás de uma bandeira do Brasil depois que o avô chegou do mercadão de Jaú sem o objeto que fora buscar. “Como não tem?” E ainda achamos uma pendurada num varal numa avenida. O vendedor já estava indo embora, mas deu tempo. Queria de pano, só tinha de plástico. Queria grande, só encontramos uma pequena. Queria a vitória do Brasil, veio o empate. Queria o título, veio o terceiro lugar. A Copa é assim. O futebol é uma lição de vida. Quatro anos depois tinha tudo para comemorar meu primeiro título mundial, afinal em 1970 eu comemorei no ventre da mãe, que saíra pelas ruas de Jaú no Gordini cheio de bandeirinhas do Brasil, depois dos 4 a 1 sobre a Itália naquele 21 de junho. De comemoração, portanto, eu entendia. E aquelas bandeirinhas, que enfeitaram o Gordini, a mãe achou guardada em cima do guarda-roupa, naquela segunda-feira, 05 de julho de 1982, quando o Brasil enfrentou a Itália de Paolo Rossi, no estádio Sarriá, em Barcelona. O fato de ser a Itália, como em 1970, e a seleção mágica como a de Pelé, animou a mãe a dar aquelas bandeirinhas de papel – “guardadas para quando você fosse grande” - onde o pai anotara a ficha técnica da finalíssima de 1970, para que eu pudesse comemorar com o espírito do ano em que nasci. O Bambino D´Oro não deixou. A Copa é assim. O futebol é uma lição de vida. Imaginei que nunca a tristeza da perda da Copa do Mundo de 1982 fosse superada por outra no futebol, falando apenas em Copa do Mundo, até que chegou 2014. Não, não foi a derrota para a Alemanha. Uma ironia do destino fez a Copa me pregar uma peça que, entenda, eu não merecia e muito menos esperava. Eu, que vivo e respiro futebol desde o ventre da mãe, tive a tristeza de não conseguir entender o que é o clima de Copa do Mundo ao vivo, no estádio. Eu merecia ter assistido pelo menos um jogo. Qualquer um. Minha geração sonhou que o Brasil sediasse um mundial. A Copa veio, passou a menos de 100 km da minha casa, mas eu não tive a menor condição de encontrá-la, ao vivo, de sentir na pele a sua magia, a atmosfera de um estádio onde várias línguas e culturas convergem para a alegria de um gol, de uma jogada, de uma defesa. Eu, que cresci em estádios de futebol, não pude entrar numa arena de Copa. Na sonhada Copa do Mundo da minha geração, eu não fui convidado. Como diria um italiano, “una delusione!”. Políticos com outros intere$$e$ jamais deveriam cuidar do futebol. Paciência. A Copa é assim. O futebol é uma lição de vida. Eu o amo ainda mais. É justamente da curiosidade para entender se a Copa do Mundo sempre causou esse fascínio que nasceu esse livro, que não tem a pretensão de transcrever fichas técnicas, escalações, gols etc. Tem a intenção de transmitir o clima da Copa do Mundo através da visão de um genuíno torcedor brasileiro. Como será que as outras gerações acompanhavam a Copa? Quais as notícias daquela época? O que passava nos cinemas? É isso que tento oferecer a você nesse livro. A ideia do livro é dar um panorama sem ser enfadonho, uma fotografia, um flash, de cada época, sempre tendo a Copa e a participação da seleção brasileira como o fio condutor. Espero que você faça uma viagem no tempo como eu fiz. Boa leitura! À minha esposa Viviane, minha Vida em todos os sentidos. Sem você esse livro não existiria. Sinta-se culpada. Muito culpada! João, Pedro, Gabriela, filhos são sempre uma razão para praticarmos o ato de ensinar e orientar. Aqui vai mais uma dica, que aprendi bem cedo: o futebol é uma lição de vida. Uma deliciosa forma de aprender. Aproveitem! Babi, Melke, minhas companheiras adoráveis... Kiko, Minnie e Pepa, vocês também me acompanham, sinto vocês juntos. Pai, mãe, avô e avó, meu eterno obrigado. A você, leitor, que satisfação! E surgiu o futebol, os clubes, as seleções, as competições, a Copa do Mundo! A Copa do Mundo Desde a fundação da Federação Internacional de Futebol Association (Fifa), em 1904, a intenção da realização de um campeonato mundial de futebol sempre foi manifestada. Com o final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) cresceu esse sentimento, principalmente no presidente da Fifa, o francês Jules Rimet, que entendia que o futebol poderia aproximar as nações. Ele assumiu a presidência em 1921, foi o terceiro dirigente da entidade, e desde então passou a arquitetar a realização do mundial. Naquela época o futebol tinha nas Olimpíadas a sua competição mais importante. A Fifa considerava o torneio de futebol olímpico como o mundial do esporte. Portanto, o país que conquistava o ouro olímpico recebia o status de campeão mundial de futebol. A partir de 1914, a Fifa reconheceu oficialmente o torneio olímpico como o mundial de futebol. Portanto, além de ser referência mundial, passava a também ter a chancela oficial da Fifa. Por isso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) passou para a Fifa a responsabilidade de organizar os torneios olímpicos de futebol nos jogos de 1920, 1924 e 1928, sempre com sucesso, o que fomentava ainda mais o crescimento do esporte em todo o mundo e caracterizava o campeão como a melhor seleção do planeta. O ponto de divergência e que desencadeou a criação da Copa do Mundo de futebol aconteceu em 1928, justamente na conferência de início do torneio de futebol dos jogos olímpicos de Amsterdã. O francês Jules Rimet, criador da Copa do Mundo Os Estados Unidos, que organizariam os jogos olímpicos de Los Angeles em 1932, não tinham colocado o futebol no programa daquela competição pela baixa popularidade do esporte junto aos americanos. Nessa atitude também está embutida a intenção dos norte-americanos em não valorizar um esporte que poderia tirar público ou, a pior das hipóteses, dividir a atenção com o futebol americano, aquele da bola oval, na época em franco desenvolvimento na terra de Tio Sam. Em 26 de maio de 1928, a Fifa, através do seu presidente, o francês Jules Rimet, anunciou a intenção de promover um torneio de futebol mundial, com a participação de todos os países filiados à entidade e separado dos jogos olímpicos. A ideia teve todo o apoio dos filiados. Imediatamente a Itália, Suécia, Países Baixos, Espanha e Uruguai manifestaram o interesse em sediar a primeira edição do que era chamado de Campeonato Mundial de Futebol, que seria realizado em 1930. A Fifa aceitou a inscrição desses países e marcou uma nova conferência, apenas para decidir a sede do torneio, que fora aprovado por todos os membros. Em 18 de maio de 1929, reunidos em Barcelona, os países membros da Fifa decidiram que a primeira Copa do Mundo seria realizada no Uruguai, o que provocou grande descontentamento dos europeus, que queriam o campeonato naquele continente. Ficou decidido, também, que o evento seria realizado de quatro em quatro anos, em anos pares, entre as edições dos Jogos Olímpicos. A Europa passava por séria crise econômica, ainda como consequência da quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929. Dirigentes e atletas europeus não aceitavam a decisão sobre a sede escolhida e colocavam em risco o primeiro mundial, fato que merecia toda a atenção da Fifa. O Uruguai foi escolhido por uma combinação de fatores. O primeiro deles era o fato da seleção uruguaia ser a atual bicampeã olímpica, vencendo as Olimpíadas de 1924 e 1928, portanto uma referência mundial no futebol, e também porque em 1930 o país comemoraria o centenário da sua independência. A organização do mundial de 1930 não foi fácil.