Mitos E Outras Narrativas Kamayura.Pdf

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Mitos E Outras Narrativas Kamayura.Pdf MITOS E OUTRAS NARRATIVAS KAMAYURÁ UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Reitor Naomar Monteiro de Almeida-Filho Vice-Reitor Francisco José Gomes Mesquita EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Diretora Flávia Goullart Mota Garcia Rosa Conselho Editorial Titulares Ângelo Szaniecki Perret Serpa Caiuby Alves da Costa Charbel Ninõ El-Hani Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti José Teixeira Cavalcante Filho Maria do Carmo Soares Freitas Suplentes Alberto Brum Novaes Antônio Fernando Guerreiro de Freitas Armindo Jorge de Carvalho Bião Evelina de Carvalho Sá Hoisel Cleise Furtado Mendes Maria Vidal de Negreiros Camargo PEDRO AGOSTINHO MITOS E OUTRAS NARRATIVAS KAMAYURÁ 2a edição EDUFBA Salvador, 2009 ©2009, By Pedro Agostinho Direitos de edição cedidos à Editora da Universidade Federal da Bahia - EDUFBA Feito o depósito legal. Revisão Rosa Virgínia Mattos e Silva Editoração Eletrônica e Capa Rodrigo Oyarzábal Schlabitz Sistema de Bibliotecas - UFBA Agostinho, Pedro. Mitos e outras narrativas Kamayura / Pedro Agostinho. - 2a edição - Salvador: EDUFBA, 2009. 210 p. ISBN: 978-85-232-0590-4 1. Folclore indígena - América do Sul. 2. Folclore - Lendas. 3. Índios da América do Sul - Vida e costumes sociais. I. Título. CDD - 398.208998 TORIZ AU AD O A Ã É N C A R I I P M Ó E C ABDR ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DIREITOS REPROGRÁFICOS R E L S A P R Asociación de Editoriales Universitarias Associação Brasileira de E O IT T E AU de América Latina y el Caribe Editoras Universitárias O DIREITO EDUFBA Rua Barão de Jeremoabo, s/n - Campus de Ondina, 40170-115 Salvador-BA Tel/fax: (71) 3283-6164 www.edufba.ufba.br [email protected] A Tuvulé e Tawapè, intérpretes, informantes, amigos. SUMÁRIO Parte I INTRODUÇÃO METODOLÓGICA LOCALIZAÇÃO E CULTURA ................................................................................ 11 A MITOLOGIA XINGUANA: ESTADO DOS CONHECIMENTOS ......................... 16 OS INFORMANTES ............................................................................................... 20 MÉTODOS DE CAMPO E CRITÉRIOS DA EDIÇÃO ............................................. 26 Parte II MITOS E OUTRAS NARRATIVAS KAMAYURÁ 1 - ORIGEM DE KWAT E YAÌ ............................................................................... 33 2 - ORIGEM DAS TRIBOS ..................................................................................... 41 3 - ORIGEM DE KWAT E YAÌ E DO KWARÌP ...................................................... 41 4 - COMO MAVUTSINI(N) COMEÇOU KWARÌP .................................................. 46 5 - PEIXES E ONÇAS NO KWARÌP ........................................................................ 47 6 - MAVUTSINI(N) TENTA RESSUSCITAR FILHOS SEUS .................................... 51 7 - COMO MAVUTSINI(N) FEZ PÁSSAROS E OUTROS BICHOS ........................ 51 8 - COMO MAVUTSINI(N) COMEÇOU PAJÉ ....................................................... 51 9 - OBTENÇÃO DO FOGO ................................................................................. 52 10 - ORIGEM DO NOME DO SOL E DA LUA ...................................................... 54 11 - COMEÇO DA ESCARIFICAÇÃO .................................................................... 55 12 - KWAT COMEÇA AS RELAÇÕES SEXUAIS .................................................... 55 13 - COMEÇO DOS RIOS ..................................................................................... 56 14 - HISTÓRIA DA CACHOEIRA DE MURENA ..................................................... 57 15 - BRIGA DA MURENAYAT COM KWAT ......................................................... 59 16 - COMO KWAT E YAÌ FORAM PARA O CÉU ................................................. 61 17 - HARAWI ........................................................................................................ 63 18 - OS PESCADORES QUE FORAM AO CÉU ..................................................... 66 19 - KANARATÌ E KANARAWARÌ ........................................................................ 67 20 - KANARATÌ E KANARAWARÌ ........................................................................ 75 21 - HISTÓRIA DO REMÉDIO DO URUBU ......................................................... 81 22 - COMO O URUBU ARRANJOU JENIPAPO .................................................... 83 23 - COMO O URUBU FICOU PRETO ................................................................. 85 24 - ORIGEM DA MANDIOCA ............................................................................. 85 25 - ORIGEM DO PIQUI ...................................................................................... 87 26 - HISTÓRIA DE YAKUI ................................................................................... 88 27 - COMO AYANAMA FEZ YAKUI .................................................................... 92 28 - HISTÓRIA DA CASA DE YAKUI ................................................................... 96 29 - OS MAMA’E(N) QUE ROUBARAM URUCU ................................................ 100 30 - HISTÓRIA DOS SUIÁ .................................................................................. 103 31 - O MENINO-PEIXE ........................................................................................ 104 32 - A MOÇA PRENHE DE COBRA ..................................................................... 109 33 - HISTÓRIA DE ANTIGO ............................................................................... 111 34 - HISTÓRIA DA MOÇA QUE QUERIA NAMORAR ........................................ 113 35 - HISTÓRIA DA REDE ................................................................................... 114 36 - HISTÓRIA DE PANELA ................................................................................ 116 37 - HISTÓRIA DE TRUMAÍ ................................................................................ 117 38 - OS TRUMAÍ APRENDEM YAWARI COM AYANAMA ................................. 119 39 - COMO COMEÇOU O JOGO DE BOLA ....................................................... 121 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 129 ÍNDICE DAS ESTAMPAS, FIGURAS E QUADROS ............................................. 132 NOTA FINAL ...................................................................................................... 133 ESTUDO PRELIMINAR SOBRE O MITO DE ORIGENS XINGUANO. COMENTÁRIO A UMA VARIANTE AWETÏ INTRODUÇÃO .................................................................................................... 137 DOCUMENTAÇÃO .............................................................................................. 141 MÉTODO ............................................................................................................ 144 IMPLICAÇÕES HISTÓRICAS ................................................................................ 147 VARIANTE AWETI .............................................................................................. 150 ARQUE-MITO ..................................................................................................... 153 COMENTÁRIO ..................................................................................................... 173 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 205 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 207 Parte I INTRODUÇÃO METODOLÓGICA Mitos e outras narrativas Kamayurá LOCALIZAÇÃO E CULTURA Os índios Kamayurá, que se auto denominam Apìap, habitam uma só aldeia situada no extremo sul da Lagoa Ipavu (aprox. 53o 25’ W. Gr., 12o 5’ lat. Sul), em terras da margem esquerda do Rio Kuluene, na Bacia dos formadores do Xingu. Guardam tradicionalmente a lembrança de um movimento migrató- rio que, vindo do norte, teria deixado como vestígio um sítio abandonado no baixo Suiá-Missu (Galvão 1953:8), seguindo depois para sul, ao longo, com é de presumir, do Xingu e depois do próprio Kuluene, até Ipavu. Aí foram encontrados pela segunda expedição de von den Steinen (1887), o qual, quando de sua primeira viagem pela região, tinha recolhido sobre eles as primeiras notícias históricas. Achavam-se dispersos por qua- tro aldeias, todas próximas umas das outras, e numa delas haviam elevado uma casa considerada por aquele autor “talvez a mais bem construída... em todo o Xingu, alta e espaçosa” (1940: 148-152). Nesse local planejam vir a concentrar o resto da população, em futuro não muito distante. A ocupação de Ipavu, apreciavelmente longa, é atestada não apenas pela memória tribal, como pelo grande número de antigos lugares de habitação que aí existem e são indicados pelos índios; sua distribuição não se restringe à margem meridional da lagoa, mas abrange a oriental e a ocidental. Isto, somado aos restantes indícios, permite considerar, proviso- riamente, fidedigno o que se sabe quanto aos possíveis movimentos da tribo. Os quais, note-se, e a julgar pelas distâncias entre esses sítios arque- ológicos, devem ter sido de reduzida amplitude espacial nos tempos mais recentes. As escavações de Simões (1967) e observações que fizemos no campo provam que se pode aceitar como fundamentados os conhecimen- tos indígenas quanto a essas desaparecidas povoações; três ou quatro de- las foram contemporâneas e, tendo em vista sua posição e o tempo decor- 11 h Pedro Agostinho rido desde a passagem de von den Steinen, é de suspeitar que se trate das visitadas por ele e seus companheiros. Sendo dos últimos grupos a
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