Mily Possoz (1888-1968): Percurso E Afirmação De Uma Artista No Modernismo Português
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Universidade de Lisboa Faculdade de Letras Instituto de História da Arte Mily Possoz (1888-1968): Percurso e afirmação de uma artista no Modernismo Português Maria Pilar Antunes Mendes Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro 2010 Universidade de Lisboa Faculdade de Letras Instituto de História da Arte Mily Possoz (1888-1968): Percurso e afirmação de uma artista no Modernismo Português VOl. I Maria Pilar Antunes Mendes Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro Dissertação orientada pela Professora Doutora Clara Moura Soares 2010 1 Resumo A dissertação realizada foi no âmbito do Mestrado em Arte, Património e Teorias do Restauro, sob o tema: Mily Possoz (1888-1968): Percurso e afirmação de uma artista no Modernismo Português. A artista em estudo é autora de uma produção artística vasta, que atravessa e se relaciona com diversas gerações de artistas das artes plásticas portuguesas na primeira metade do século XX. Desenvolve uma independente, longa e sólida carreira, caso raro no incipiente modernismo português. Mily Possoz surgiu na efervescência da I Geração de artistas modernistas portugueses, junto a Manuel Bentes, Cristiano Cruz, Francis Smith, Emmérico Nunes, Bernardo Marques, Almada Negreiros, Eduardo Viana, Amadeo de Souza-Cardoso. Destacou-se por ser a única presença feminina na II Exposição de Humoristas , em 1913, e nos 5 Independentes , em 1923, exposições determinantes na afirmação do modernismo em Portugal. Na sua longa actividade artística, destaca-se a colaboração com o SPN (Secretariado de Propaganda Nacional)/ SNI (Secretariado Nacional de Informação), pela participação nas Exposições de Arte Moderna, no Mundo Português, nos cenários e figurinos do Verde Gaio, na ilustração de contos e livros escolares. Recebeu prémios que distinguiram a sua obra junto dos seus pares, como o conceituado galardão Souza-Cardoso , que lhe foi atribuído em 1944. Mily Possoz deixou-nos um intenso legado . Dominou diferentes técnicas plásticas, mostrando a sua mestria e segurança como artista e a sua 2 atenção às vanguardas do seu tempo. Provou ser uma artista extremamente criativa que utilizou as diversas técnicas como diferentes possibilidades de expressão, desenvolvendo uma linguagem própria, original e muito eclética. Esse ecletismo emerge pela via do modernismo que escolheu, mostrando diferentes cumplicidades e diálogos. Mily contribuiu para o modernismo português ao nível da construção do espaço pictórico, da cor, da linha, da mancha, na liberdade do traço, e não se restringiu aos efeitos decorativos nas soluções plásticas. O seu maior contributo, o seu pioneirismo , evidencia-se na recuperação da gravura para as artes plásticas nacionais, cujas técnicas manipulou com mestria. 3 Abstract The present written essay was produced under the scope of a Master in Art, Heritage and Restoration Theories and has the theme: Mily Possoz (1888- 1968): Course and Statement of an Artist in the Portuguese Modernism. Author of a vast artistic production, she crosses the first half of the twentieth century, during which makes acquaintance with artists of several generations of Portuguese plastic arts. She developed an independent, long and solid career, which was quite rare in the incipient Portuguese Modernism . Mily Possoz emerges in the boiling I Generation of Portuguese Modernists Artists, along with Manuel Bentes, Cristiano Cruz, Francis Smith, Emmérico Nunes, Bernardo Marques, Almada Negreiros, Eduardo Viana, Amadeo de Souza-Cardoso. She stands out for being the only female presence in the II Exhibition of Humorists , in 1913, and in the 5 Independents exhibition, in 1923. Those exhibitions were determinant for the assertion of Modernism in Portugal. During her long artistic activity, it stands out her cooperation with the National Propaganda Department (NPD)/National Information Department (NID), her participation in the Exhibitions of Modern Art, in the Portuguese World exhibitions, her sets and drawings of wardrobe for the theatre Verde Gaio and the illustrations in tales books and school textbooks. She received several awards that have distinguished her work from the one of her peers, namely the prestigious Souza-Cardoso , bestowed to her in 1944. 4 Mily Possoz has left us a passionate legacy . She mastered different plastic techniques, revealing her masterly skills and security as an artist and her awareness to vanguards of her time. She has proved to be extremely creative by using several techniques as different possibilities of expression, developing a unique and original language and a very eclectic one as well. That eclecticism reveals itself through modernism, the language chosen to show case different complicities and dialogues. Mily has contributed for the Portuguese modernism, by innovating in the construction of pictorial space, of colour, of line, of taint, in the freedom of stroke, not restraining herself to mere decorative effects of plastic solutions. Her greatest pioneer contribution for the national arts was the retrieval of engraving, which techniques she handled masterly. 5 Índice Nota Prévia ……………………………………………………….……….……... p. 8 Introdução…………………………………..……………………………….…… p. 10 1. Uma belga nascida em Lisboa 1.1. Os contornos de uma educação burguesa………………………...… p. 17 1.2 . Aprendizagem artística: formação, viagens e encontros 1.2.1. Os ensinamentos de Enrique Casanova e de Emília dos Santos p. 31 Braga……………………………….……………………………………………… 1.2.2. Os primeiros anos de formação nos circuitos europeus: Paris e Düsseldorf (1905-1908)……………………………………...………. p. 34 2. A artista e a “afirmação da Modernidade” 2.1. A importância de expor na Sociedade Nacional de Belas- Artes…………………………………………………………………..…………… p. 44 2.2. Mily no irromper do modernismo em Portugal: os anos dez…… p. 47 2.3. Reconhecimento da sua personalidade artística nos anos 20: preponderância da gravura e da ilustração……………………………..… p. 63 2.4. Mulher (de) artista: Mily Possoz e Eduardo Viana ………………… p. 77 2.5. O afastamento da realidade nacional: o regresso a Paris ……….. p. 87 2.6. Definitivamente em Portugal: a Cooperativa dos Gravadores Portugueses, a grande encomenda para o Hotel Tivoli e outros projectos relevantes (1938-1968) …………………………………...……… p. 94 6 3. A colaboração com o Estado: o Secretariado de Propaganda p. 102 Nacional (SPN) /Secretariado Nacional de Informação (SNI) ………….. 3.1. As Exposições de Arte Moderna…………………………………….…. p. 110 3.2. As Exposições de Arte Moderna de Desenho, Aguarela, Guache, Papel e Gravura………………………………………………………..………… p. 116 3.3. A Exposição do Mundo Português…………………………………..… p. 118 3.4. A Companhia de Bailado Verde Gaio………………….….…..……… p. 122 3.5. Outras colaborações…………………………………….…..…………… p. 125 4. O encontro com a modernidade: traços da sua obra, a técnica como processo de criação e os temas ……………...…………………. p. 131 4.1. Os temas…………………………………….……………….……………. p. 136 4.2. A produção artística e as técnicas desenvolvidas………………… p. 141 5. A difusão da obra: as exposições e a imprensa ………………..…… p. 154 Conclusão …………………………………………………………………...…… p. 173 I Fontes…... ………………………………………………………………..…….. p. 183 II Bibliografia ……………………………………………………………………. p. 191 7 Nota Prévia Este trabalho só foi possível realizar pela cooperação, solidariedade e apoios recebidos ao longo da investigação e execução da dissertação. A minha gratificação dirige-se em primeiro lugar à minha orientadora, a Professora Doutora Clara de Moura Soares, pelo entusiasmo, interesse, incentivo e apoio pela temática da dissertação, que acompanhou desde o início. A edificação desta tese muito deve às suas orientações, críticas, sugestões, rectificações, experiência e conhecimento. Uma palavra de apreço às várias instituições e aos seus vários funcionários e técnicos, onde realizei a minha investigação: Arquivo Histórico Secretaria-geral Ministério da Educação, Museu do Chiado (Dra. Maria de Aires e Dra. Emília Tavares), Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Dr. Paulo Tremoceiro), Departamento de Documentação e Colecção de Arte Moderna (Dra. Patrícia Rosas) do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian; o sector dos microfilmes da Biblioteca Nacional de Lisboa, Hemeroteca de Lisboa, Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, Arquivo da RTP (Sra. Filomena Fernandes), Caixa Geral de Depósitos (Sra. Inês Dias); à Galeria Valbom, Centro Português de Serigrafia (Sr. João Prates), Hotel Ritz (Sr. Carolino Rodrigues), Hotel Tivoli (Sra. Maria João B.), Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta (Dra. Margarida Moutel), Museu Municipal Santos Rocha (Dra. Manuela Silva), Câmara Municipal de Sintra (Dr. Luís Cardoso), Câmara Municipal de Almada (Dra. Maria José Santos), Arquivo Histórico de Almada (Dr. Carlos Roupa), Casa da Cerca (Dra. Ana Margarida), Museu Tapeçaria de Portalegre (D. Fernanda Fortunato), Casa-Museu Teixeira Lopes 8 (Dra. Raquel di Martino), Palácio Foz (Dr. Carlos de Ataíde), Empresa Galp (Sr. Vasco Saldanha), Correio Velho (Sr. Luís Gomes), Cabral Moncada (Dr. Miguel Cabral Moncada) e Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro. O meu agradecimento pelos agradáveis depoimentos e recuperação da memória, de um tempo da arte nacional, com Cruzeiro Seixas, Sra. Arlete Alves da Silva (Galeria 111 e Colecção Manuel de Brito), João Abel Manta, Maria Keil, Mestre Humberto Marçal e Madalena Mendonça (sobrinha-neta de Eduardo Viana). O meu reconhecimento ao sr. Alain Demoustier, sobrinho de Mily Possoz, que me proporcionou o acesso a algum do espólio da família (essencialmente fotografias e produção pictórica) e horas agradáveis de conversação sobre a sua tia