Breve História Das Mulheres Artistas, Condicionalismos E Percursos Alternativos, Em Portugal E Fora
Breve história das mulheres artistas, condicionalismos e percursos alternativos, em Portugal e fora Manuela Hargreaves FLUP – Biblioteca Digital Dezembro 2020 Breve história das mulheres artistas, condicionalismos e percursos alternativos em Portugal e fora 1. As razões são várias e remontam senão ao início da pintura enquanto manifestação criativa do ser humano, às grande transformações ocorridas no século passado, período em que a mulher sucessivamente se liberta de condicionantes que não lhe permitiam atuar na plena consciência de ser mulher. Ou seja foi preciso chegarmos ao século XX para que esse encontro se fizesse, e porventura esse processo ainda está em curso. O que é ser mulher na plena aceção do termo e neste particular o que significa ser mulher artista? Durante centenas de anos e na opinião generalizada da sociedade, foi equivalente a uma função acessória, decorativa, com traços de amadorismo, olhada com condescendência pela sociedade em geral, e pelas instituições vigentes. Um bom passatempo para horas intermináveis de confinamento doméstico, uma mais valia que acompanhava as artes do bem fazer, a par dos bordados ou do domínio do piano. Existiram exceções, muitas pelo que nos dizem desde os anos 70, Linda Nochlin, Griselda Pollock entre outros autores, e neste caso Whitney Chadwick, salvas pelo desenterrar de camadas, como se de um trabalho arqueológico se tratasse. Algumas já conhecidas do grande público como Artemísia Gentileschi, filha de artista, como era prática habitual nesta época, mas maior do que o pai, arrebata pela ferocidade com que retrata os seus temas. “Judith with Her Maidservant” e “Judite decapitando Holofernes” pinturas de inícios do século XVII, não parecem pinturas de uma mulher: a narrativa subjacente dá a explicação, a de que Artemisia teria sido violada no atelier pelo professor, amigo do pai.
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