—O FUTURO DOS HUMORISTAS –­ O 1o Salão dos Humoristas abriu com «brilhante sucesso» a 9 de Maio de 1912 «nas duas O HUMORISMO ENQUANTO MODERNISMO salas do Grémio que dão para a varanda» do Grémio Literário (e teria recente exposição Fernando Rosa Dias comemorativa no mesmo lugar na celebração do seu centenário), local de «oleroso roble» de recepção, facto de que alguma crítica reconhecia a «ironia singular»1. Este salão tem importante significado histórico no início da arte moderna em , «...a caricatura ia na vanguarda das artes» abrindo caminho a cerca de uma década de acção de uma geração que aí lançava algum (Leal da Câmara) acerto moderno ao longo de várias exposições e algumas publicações. Antes duma travessia palas exposições, pelos artistas e outras relações, avancemos enquadramentos Contextos e sentidos dos humoristas de entendimento que nos parecem relevantes na sua abordagem e na definição do seu na construção da arte moderna portuguesa lugar histórico na construção da arte moderna portuguesa. O Salão dava sequência à recentemente criada Sociedade de Humoristas Portugueses, que se apresentara no último número d’A Sátira (Julho de 1911). A Sociedade seguia modelo francês criado em 1907 e, pelo menos inicial ou aparentemente, mobilizava tradicionalistas e novos, fazendo com que os «rebeldes e indomaveis humoristas, bohemios e vagabundos, despreoccupados do dia seguinte», segurassem os seus «instinctos da vid’airada» e dessem as mãos. Um dos primeiros presidentes da Sociedade seria Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (1867-1920)2, filho de Rafael, que sucedera ao pai na direcção d’A Paródia. Sublinhada a intenção moralizadora, «fiscal da virtude contra o vicio do merito contra o cretinismo, do bom senso contra o ridículo», eram apresentadas as seguintes «bases» [sic] decididas em reunião de Junho de 2011 que acontecera na sede d’A Sátira3:

«É fundada em Portugal, com séde em lisboa, uma aggremiação de caricaturistas e escriptores humoristicos com o nome de Sociedade de Humoristas Portuguezes.

1 Veiga Simões, «O Salão dos humoristas», in A Águia, Porto, no7, Julho 1912, p.19. 2 Em folheto para envio das obras para o primeiro Salão de 1912, poucos meses antes, surge o nome de Emmerico Nunes surge como «Presidente». Cf. Salão dos Humoristas Portuguêses. Exposição em 1912 – relação de trabalhos a enviar (números, títulos, dimensões e preços) – Organização da Sociedade de Humoristas Portugueses, texto final datado de Janeiro 1912. Comissão organizadora: Francisco Valença; J. Suart Carvalhais; Christiano Cruz; Joaquim Guerreiro; Silva Monteiro; Hypolite Collomb; Candido Silva; Menezes Ferreira; Alfredo Candido; Saavedra Machado; Carlos Simões; M. Cardoso Martha. Presidente Hypolito Colomb, caricatura dos expositores do Emmerico Hartwich Nunes; Secretário M. Cardozo Martha. No catálogo da exposição, em Maio seria já 1º Salão dos Humoristas, in O Século, Suplemento apresentado Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro como presidente: Ilustrado, nº757, 16 Maio 1912, pp.4-5 3 «Sociedade dos Humoristas Portuguezes», in A Sátira, Lisboa, no4, 1 Junho 1911, p.46.

–12 13– Os fins da Associação são: Dos vários pontos ficou praticamente tudo pelas intenções. Foram exactamente as —1o Despertar o gôsto pelo humorismo em Portugal, levando ao duas exposições realizadas nos dois anos seguintes, em 1912 e 1913, e uma anunciada conhecimento do povo o seu papel social na correcção dos costumes. e encetada para 1914 que não se chegaria a realizar, os eventos que mais faziam —2o Obstar a concorrência de artistas estrangeiros, e o plagiato e cumprir os intentos da Associação. Logo de seguida perdia fôlego, com exposições contrafacção das suas obras, impedidndo a intervenção e protecção do mais esparsas ou deslocadas para o Porto, e os intuitos mais corporativistas não governo para os artistas nacionaes. se chegariam a sustentar. Uma revista não a teve, e nem sequer já tinha A Sátira —3o Protestar contra a pornographia grosseira que invade o humorismo, que terminava com o próprio anúncio de criação da Associação e esta revista tinha deprimindo, e até annullando a sua acção moralizadora. sido aquela que melhor poderia ser essa «revista da especialidade que seja orgão da —4o Regularisar a remuneração das caricaturas. associação» – resvalando os artistas numa tendência para a dispersão de colaborações —5o Fundar uma revista da especialidade que seja orgão da Associação, em revistas cada vez menos específicas dos humoristas – que marcaria o espírito da revista onde podem collaborar todos os socios. década seguinte (anos 20). —6o Promover exposições annuaes e conferencias sobre arte em logares A Sátira tinha sido certamente o lugar que melhor certificava esse consenso e epochas opportunamente annnunciadas. e aproximação entre o que tenderia a afastar-se: os tradicionalistas e os novos. Já —7o Organisar uma bibliotheca e museu caricatural. tinha como colaboradores os mais relevantes nomes dos humoristas modernistas —8o Creação d›uma academia livre de modelo. portugueses, tais como Cristiano Cruz, Correia Dias, Luiz Filipe, membros do decisivo —9o Fundação d›uma caixa de soccorros e pensões aos caricaturisras e grupo de Coimbra, verdadeira frente da ala dos novos que entrava acomodada pela escriptores humoristas necessitados. mediação de Cristiano Cruz; e Almada Negreiros, naquela que terá sido a primeira publicação deste (no4, 1 Junho 1911). Dos tradicionalistas colaboravam Francisco Os socios caricaturistas serão obrigados a escolher exclusivamente entre Valença, Alfredo de Sousa, Joaquim Guerreiro (director e proprietário) ou Alfredo escriptores filiados nesta associação» Cândido. E, entre uns e outros, num ecletismo moderno, estavam Stuart (editor) que sabia anuir à tradição, e Leal da Câmara (homenageado no no4) que sabia estender-se à modernidade5. Entre os vários colaboradores dos textos6, aponte-se André Brun (1881- Em entrevista realizada já após o 1o Salão dos Humoristas, e ajudando a entender a -1926), que escreveria o «prólogo» do catálogo do 2o Salão dos Humoristas (1913). necessidade e posição dos novos perante a Associação, era Cristiano Cruz quem voltava Antes de tudo, convém assinalar que foi o início de uma série de exposições de a apontar os «fins do Grupo dos Humoristas», destacando a «propaganda da caricatura, humoristas (que adquiririam, noutras estratégias, os epítetos de «modernistas» ou ainda, propaganda quer feita pelas conferências e exposições, quer pelo jornal humorístico no Porto, de «fantasistas»), que aconteceram sobretudo em Lisboa, mas importantes que, segundo é nossa tensão, verá a luz brevemente». Criticando o gosto do público e a extensões ao Porto na segunda metade da década. Com estas exposições assinalavam uma sua «ciclópica ignorância», definia a importância da Associação na melhoria do gosto público, sublinhando que o «artista se não deve nunca sujeitar ao gosto do público; que antes se lhe deve impor, levando-o, embora lentamente, ao gosto da boa caricatura». No final apontava ainda que «a caricatura é ridícula e miseravelmente paga», concluindo: «O preço que lá fora se paga a um medíocre não o encontra cá o consagrado»4. 5 «Leal da Câmara», in A Sátira, Lisboa, no4, 1 Junho 1911, pp.1-3 6 Entre outros, destacam-se nomes e pseudónimos como: Dominó Branco (pseudónimo de Delfim Guimarães, 1872-1933), A. Sobral de Campos (1888-1962), Manuel Cardoso Martha (1888-1958), Alberto de Monsaraz (1889-1959), Manuel de Moura (1864-1934), Augusto Pinto (1888-1979), João Ratão (pseudónimo de Luis Cipriano Coelho de Magalhães, 1859-1935), Esculápio (pseudónimo de Eduardo Fernandes, 1870-1945), Albino Forjaz de Sampayo (1884-1949), Orlando (pseudónimo de Julio Dumond), 4 “A Caricatura em Portugal. O que é o Grupo dos Humoristas” (entrevista a Cristiano Cruz), in A Capital, Nobre de Mello, José Salazar, Santos Galvão, Ignotus, Humberto de Luna, Feliciano Santos, Miranda Lisboa, 15 Agosto 1912. Santos, R. Xavier da Silva, Alvaro Faria, Marçal Vaz ou Santos Vieira.

–14 15– dimensão geracional que propunha outra, artística, e com consciência de afirmação dessa mas de conceber ilustrações que podem conter um breve texto. As publicações iam-se modernidade. Dessas exposições, onde o humorismo modernista teve destacável presença, fazendo, mas sempre nessa maior autonomia da imagem e em revistas nas quais os destacamos as seguintes: o 2o Salão dos Humoristas (Lisboa, 3 salas do rés-do-chão do próprios ilustradores tendiam a ser editores, dominando mais essa estratégia de maior Grémio Literário, Junho 1913; com 329 trabalhos); o 1o Salão dos Humoristas e Modernistas autonomia das imagens ou mesmo em hors-serie do que de justaposição ilustradora (Porto, Salão do Jardim Passos Manuel, Maio 1915), o Salão dos Fantasistas (Porto, Palácio da imagem ao serviço do texto. E a sua estratégia editorial assentava ainda muito em da Bolsa, Janeiro 1916), o II Salão de Modernistas (Porto, Salão de Festas do Jardim Passos revistas cómicas e de caricatura, revistas específicas na linha do que tinha sido O Manuel, Maio 1916), a Galeria das Artes (Lisboa, Salão Bobone, Setembro-Novembro 1916), a António Maria (1879-1885; 1891-1898) ou A Paródia (1900-1908) de Rafael Bordalo Exposição de Arte (Faro, Salão do Teatro Lethes, Maio 1917), o 3o Salão dos Humoristas (Porto, Pinheiro ou A Corja (1898) de Leal da Câmara – e que vemos semelhanças de formato Salão do Jardim Passos Manuel, Novembro 1919), o 3o Salão dos Humoristas-Modernistas editorial (menos de estéticas) em periódicos com a colaboração ou mesmo com a (Lisboa, Salão de S. Carlos, Julho 1920) e o Salão de Humoristas (Porto, Salão Silva Porto, direcção dos novos, tais como A Farça (1909-1910), A Bomba (1910), A Sátira (1911), Novembro 1926). O Moscardo (1912), O Papagaio Real (1914) ou o Miau! (1916). Mas foi herdando estas Constatamos que o seu tempo foi a segunda década de novecentos, logo nos alterações de gostos, que fez com que os anos 20 já não necessitassem de mudanças primeiros anos da República, lançando-se anteriormente à euforia mítica de Orpheu de gostos: eles podiam já ser o novo gosto, moderno e elegante que passava a encenar os (1915) e Portugal Futurista (1917), mas passando por este aguçar de teor vanguardista ambientes, sobretudo públicos como os cafés. Assim eram cada vez mais elementos do da arte moderna em Portugal, para se estender aos inícios do primeiro pós-Guerra grafismo das novas revistas, cujo design se alterava, com maior ou menos consciência onde aparentemente se dissolve – o que, para nós, é uma disseminação em revistas gráfica, na similitude do mundo ocidental, no ambiente dos anos 20, os anos loucos culturais e mundanas que aumentaram em quantidade e gosto moderno nos anos e da arte déco. E pode-se dizer que, no caso português, estas alterações não se devem 20, naquela que já foi considerada a década de ouro da ilustração portuguesa7, e tanto à consciência tipográfica e compositiva das páginas, como na eclosão das novas onde se substituía a exposição pela publicação. Apesar da ausência nesses anos 20, de tipografias da época marcadas pelos movimentos artísticos do tempo (como a nova alguns dos seus principais nomes, e aqueles que foram considerados os chefes de fila tipografia alemã e checa, o futurismo decorativo de Fortunato Depero ou a dinâmica da deste modernismo (sobretudo o importante grupo de Coimbra, casos de Correia Dias, tipografia construtivista), mas exactamente devendo muito à presença dessa ilustração Cristiano Cruz ou Luiz Filipe que adiante abordaremos), o facto é que a influência que a década anterior tinha construído. Se os anos 10 expunham um novo gosto, destes e a sequência de exposições e algumas publicações foram afirmando novos confrontando com alguma polémica; os anos 20, após o impacto dos artistas e poetas gostos. Mas é relevante a diferença entre as décadas de 10 e de 20: a primeira não de Orpheu, publicavam para um gosto público, disseminando com sucesso. tem ainda um espaço alargado de publicações nem de aceitação, pelo que a exposição Se apontámos que as primeiras exposições humoristas surgiram antes de Orpheu era o seu acto público por excelência. Tal acentua uma dimensão crítica e menos e Portugal Futurista, ela consistiu um esforço paralelo de modernização cultural, mundana que tria a década seguinte e implica-a ainda numa estratégia de combate mais confortável na dimensão de ilustração e caricatura em que se movia. Perante os e alterações de gosto. A continuidade das várias exposições funcionou assim para a humoristas, o núcleo de Orpheu é mais contundente, mas tal não significou qualquer história como um modo de afirmação e estabilização de novas estéticas. Por seu lado, oposição, divergência nem desprezo. Almada Negreiros será o nome que fará a ligação isso também fornece mais autonomia as obras, definindo em cada uma delas um entre os fenómenos: estará nas exposições humoristas e publicaria desenhos em lugar próprio de concepção. Não se trata de ilustrar em função de um tema ou texto, algumas revistas e criará mesmo uma em 1914 (O Papagaio Real), tal como colaborará em Orpheu e em Portugal Futurista. Mas serão também diferentes Almadas. O primeiro é o Almada ilustrador e humorista; o segundo é o escritor e poeta (Orpheu); o terceiro é o provocador e perfomer (Portugal Futurista). E a história ainda nos darias outras facetas

7 Para esta avaliação, cf. Maria Helena Gomes de Freitas, Ilustração e Grafismo nos Anos 20, Lisboa, suas, caso do Almada Pintor a emergir nos anos 20. Universidade Nova de Lisboa, Dissertação de Mestrado, 1985; Idem, «Imagens e Miragens de uma Mas se os humoristas não foram nem podiam ser mais vanguardistas que a acção década», in O Grafismo e Ilustração nos anos 20 (catálogo), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro do núcleo de Orpheu, conseguiram, contudo, apresentar mais expressão moderna do de Arte Moderna, Janeiro 1986.

–16 17– que os da Exposição Livre no ano anterior à dos humoristas, que foi a primeira dita contiguidade, esses esforços que vinham dos anos 10, por um lado confirmando e acção dos modernos – porém mais tímida nas suas intenções e consciências. justificando o seu esforço, por outro amenizando o seu confronto e combate. A Exposição Livre (Lisboa: Salão Bobone, Março 1911) apresentara alguns artistas Mas sendo mediação, é também um caso à parte, por lugar e tradição própria. Entender portugueses em Paris, tais como Francis Smith, Álvares Cabral, Domingos Rebelo, esta renovação na ilustração de humor, mais difícil na pintura, com outras exigências, é Emmerico Nunes, Alberto Cardoso, Roberto Colin (brasileiro), Manuel Bentes assinalar uma importância histórica, cujo valor cultural só terá paralelo em Rafael Bordalo e Eduardo Viana. A fragilidade do arrojo deste salão, marcado pela anacrónica Pinheiro – e, exactamente, porque lhe soube ser alternativa. Esta renovação poderá ter reivindicação de «impressionismo» de Manuel Bentes, além de nos indicar a ténue tido mais possibilidade (apesar de dificuldades e querelas a não descurar) devido a vários capacidade de atender às vanguardas que estavam a acontecer em Paris (o que apenas factores: a estilização de cariz internacional da arte nova que nas duas décadas anteriores Amadeo de Souza-Cardoso por essa altura começava a fazer), deixava espaço a que a marcaram alterações na síntese do desenho e na sua acentuação gráfica depurada, mesmo exposição dos humoristas adquirisse maior relevo – e esta era efectuada por nomes que em arabesco; o peso menor das recentes vanguardas nas artes plásticas que exigia menos viajados e conhecedores directos das vanguardas parisienses. Aos expositores mais a quem quisesse estar avant la lettre (que acentua certo logro histórico da Exposição livres, que se apresentavam como pintores, exigia-se mais consciência do que não Livre); o peso da figura de Rafael Bordalo Pinheiro no 1o Salão, o que só por si faz um caudal conseguiram apresentar, o que fornecia vantagem aos humoristas novos cujas originais de tradição respeitável; ou a existência de mediadores entre o tempo de Bordalo e o dos estilizações apresentavam mais novidade onde menos se poderia exigir. A seriedade da modernos, em nomes como Leal da Câmara. primeira ridicularizava os parcos esforços e consciências das novas estéticas, enquanto Mas ficava a ironia. Era pelo humor que as artes visuais portuguesas davam o nos segundos se desenfreava uma seriedade moderna sob o seu humor. primeiro passo respeitável na construção da arte moderna, e isso só seria ultrapassado Apesar da mistura de novos e antigos da caricatura e ilustração portuguesa, pelo círculo de Orpheu – daí se entender a reivindicação da ilustração humorista como marcante na presença do filho e memória de Rafael Bordalo Pinheiro, a crítica recebia «arte» efectuada por nomes como Cristiano Cruz ou Leal da Câmara, como veremos. o 1o Salão dos humoristas como «uma autêntica esperança de renascença de arte portuguesa»8, a que não deixava de ser alheio as paralelas exposições de Carlos Reis, Roque Gameiro, Emília dos Santos Braga e Adelaide de Almeida, que arrastavam Por dentro e em torno do Primeiro Salão dos Humoristas consigo outros gostos passadistas. Outro sentido tinha a também simultânea exposição individual de Leal da Câmara com polémica interna que o impedia de estra presente O 1o salão de 1912 apresentava, segundo o catálogo, um destacável número de 333 nesse 1o Salão, como veremos. obras de 28 artistas9, com a curiosidade de misturar tradicionalistas, na linha de Rafael No ciclo histórico do esforço modernista dos anos 10, as exposições humoristas Bordalo Pinheiro, com os novos, liderados por Cristiano Cruz. Ficava a nota do prestígio de surgem como algo além da exposição Livre e aquém do espírito de Orpheu, na história Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) nesta ligação, que teria homenagem no Salão com 18 e na ruptura dos gostos estéticos. Refira-se, contudo, que alguns dos tradicionais humoristas estiveram na Exposição Livre (Emmerico Nunes), como depois em Orpheu (Almada Negreiros). Também aqui seria uma espécie de mediação. Mas este lugar entre fenómenos marcantes da nossa história de construção da arte moderna, apresenta- 9 Foram os seguintes os artistas e os números das respectivas obras: Amarelhe (Américo (1-20); Aranha -se com o fôlego de uma durée que nenhum dos outros teve e que teria natural (Izidro) (21-35); Alfredo Cândido (36-70); Barradas (Jorge Nicholson) (71-78); Bordallo Pinheiro (Manuel continuidade para a década seguinte com uma efectiva alteração dos gostos. O gosto Gustavo) (79-88); Bordallo Pinheiro (Rafael) (89-106-); Cândido da Silva (107-140); Celso Hermínio elegante, sofisticado e sintético da arte déco dos anos 20 esperava com adequada (141-149); Christiano Cruz (150-169); Faria e Maya (Ernesto do Canto) (170-179); Guerreiro (Joaquim) (180-186); Menezes Ferreira (João de) (187-201); Negreiros (Almada) (202-217); Nunes (Emmerico H.) (218-223); Nunes Ribeiro (Carlos Ernesto) (224-245); Oliveira (António Maris de) (246-247); Rocha Vieira (Alfredo Carlos) (248-255); Saavedra Machado (João) (256-260); Sanches de Castro (A.) (261- -267); Sarmento (Hugo) (268-275); Silva (Viriato) (276-280); Silvio Duarte (Cerqueira) (281-289); Stuart Carvalhaes (José Pinto) (290-298); Valença (Francisco) (299-322); Teixeira (Francisco) (323-324); Hípollito 8 «O Salão dos Humoristas», in A Lucta, Lisboa, 9 Maio 1912. Colomb (325-327); Rodrígues Castañe (328); Santos Silva (Alonso) (329-330).

–18 19– desenhos, para se apresentar perante a crítica como «fiador dos novos»10; ou como apontava outra crítica: «Três mortos, Celso Hermínio, Francisco Teixeira e Bordallo Pinheiro, o maior de todos, o Mestre consagrado, o chefe d’essa brilhante e brava legião»11. Dos novos, ou originais, a crítica destacava os trabalhos de Cristiano Cruz, Emmerico Nunes, Sanches de Castro, Almada Negreiros, e Hugo Sarmento. Da escultura destacava os «tipos caricaturaes em barro» de Nuno Ribeiro12. Estavam presentes dos nomes mais destacadas, de artistas plásticos que praticavam a ilustração, a ilustradores e gráficos. As ausências de destaque foram as de Leal da Câmara, recentemente chegado de Paris, que faria exposição simultânea de caricatura e mobiliário noutro lugar13, e nomes do grupo de Coimbra, importantes ausências que adianta avaliaremos. Mas se a exposição misturava novos com tradicionalistas, tal não evitou a existências de tensões internas e externas, mais ou menos visíveis, entre as duas alas. Um conflito interno e menos visível, mas determinante para vários entendimentos, foi o que opôs Joaquim Guerreiro em oposição aos novos e, sobretudo, ao grupo de Coimbra. Joaquim Guerreiro era o director d’A Sátira, um dos nomes marcantes da via tradicionalista. Se não é clara a sua resistência aos novos, nas próprias páginas desta revista e na génese nas suas páginas da Sociedade de Humoristas Portuguezes, ele foi o agente responsável do afastamento no primeiro salão de Leal da Câmara e de Luís Filipe e Correia Dias do grupo de Coimbra. Cristiano Cruz, apesar de se lhe reconhecer todo um esforço de mediação e de apaziguamento de tensões, entre tradicionalistas e novos, ou outras, deixaria patente o seu desagrado em esclarecedor postal endereçado a Cardoso Martha, secretário do Salão:

«Recebi carta de Correia Dias de Coimbra, participando-me que não participa na exposição, e que igual resolução tinha tomado o Luís Filipe. A razão desta sua resolução é eles não quererem emparelhar com o ingramável Guerreiro. Isto tudo não é mais do que o resultado da política de atracção aplicada à arte... Segundo me disse o Amarelhe, o Leal da Câmara também não expõe pela

10 Veiga Simões, «O Salão dos humoristas», in A Águia, Porto, no7, Julho 1912, p.23. 11 Jayme Victor, «Notas da Quinzena – Lisboa, 16 de Maio de 1912 – Pintores e Caricaturistas – As exposições – Duas nobres figuras», in Brasil-Portugal, no320, 16 Maio 1912, p.498. 12 Cf. «Exposição dos humoristas no Grémio Literário», in A Ilustração Portugueza, Lisboa, no326, 20 Maio 1912, pp.647-648. Correia Dias, caricatura de Cristiano Cruz, 13 «Exposição Leal da Câmara», in A Ilustração Portugueza, Lisboa, no326, 20 Maio 1912, p.656. in A Rajada, nª4, Junho 1912, p.18

–20 21– mesma razão do Luís Filipe e do Correia Dias. Deves convir em q’isto tudo não referia a ausência de Correia Dias. Mas fica claro o elogio a Luiz Filipe no é um grande transtorno, pois temos de sacrificar três bons artistas, e ter o momento da denuncia da falta: Guerreiro com as suaspecegadas. Se não fosse por coisas, fazia o mesmo. Fizemos muito mal em não “separar o trigo do joio”. O público não é o tal juiz, «Ora dada a exuberancia de produções, emolduradas na cócega por amnuenses como tu dizes: o público é besta, o público é incapaz de separar o bom do mal14» de notários, ocorre perguntar porque faltou aqui Luiz Felipe, dandi do traço, artista das coisas delicadas, volutuoso encantador de corpos de mulher, tecendo situações galantes com a finura dum Barbey do traço» [sic]17. Joaquim Guerreiro (1886-1941), por seu lado, partia para o Brasil logo de seguida, em parte devido ao desaire financeiro d’A Sátira, e já não exporia no 2o salão de 1913 – o que daria mais espaço aos novos, e à participação de Leal da Câmara, apesar disso não «Novos» versus «tradicionalistas» implicar a participação dos restantes membros do grupo de Coimbra. Problemática, a figura de Joaquim Guerreiro não deixa de ser relevante nesta contribuição para o arranque A tensão entre tradicionalistas e novos tornava-se mais pública a partir do 2o Salão da Associação dos Humoristas e do primeiro Salão. Colaborou em A Tribuna (1903), no ano seguinte, através de algumas recções críticas contra os novos e consequentes Revista Ilustrada (1907), O Raio (1909-1910), no Suplemento Humorístico d’O Século e reacções em tom de querela. A inovação podia entender-se (ou aferir-se) pela estratégia foi o editor d’A Sátira. Terá sido o falhanço desta que o terá levado para o Brasil ainda em habitual da recção crítica dos tradicionalistas aos esforços de modernização artística 1912, afastando-o da aventura dos restantes Salões dos Humoristas. Regressaria nos finais no tempo: a acusação de cosmopolitismo ou estrangeirismo. Alguma crítica, aquela que da década com experiência como produtor e actor no Cinema que lhe permitia ilustrar a defendia a via tradicionalista, despertaria nesse 2o Salão – que, provavelmente não por primeira animação portuguesa, O Pesadelo do António Maria15. acaso, coincidia com a retirada de Joaquim Guerreiro. A crítica que mais defendia os novos em 1912, com forte elogio a Cristiano Cruz, A coluna crítica de A Capital atacava a «subserviencia com que a maioria dos vinha de Coimbra de Veiga Simões, amigo dos novos de Coimbra, e que colaborara expositores imita a caricatura extrangeira, desprezando e deixando esquecer os typos com textos na revista mais emblemática destes, A Farça (1909-1910). Além do elogio e costumes genuinamente portugueses, o que caracteriza a nossa sociedade» [sic], a Cristiano Cruz, lamentava a ausência de Luís Filipe e a de Stuart Carvalhaes (que, em que «tudo são figuras francesas ou alemãs, tudo são costumes estrangeiros». E contudo, aparece no catálogo e há referências noutras críticas16), mas estranhamente destacava Gustavo Bordalo Pinheiro, Colaço e Sanches de Castro, como «trabalhos que se destacam da invasão de estrangeiros que o rodeiam»18. Este argumento continuaria e, na exposição dos Humoristas de 1915 no Porto, a crítica acusou a «extravagância» modernista pela sua «uma feição essencialmente 14 Cristiano Cruz, postal a Cardoso Martha; cit. in: Osvaldo Macedo de Sousa, Dos humoristas Portugueses cosmopolita» dominante, alheia à «maneira de sentir nacional» e «sem filiação dos (catálogo), Museu Leal da Câmara; Museu da República; Humorgrafe – Iniciativa Integrada nas valores da vida portuguesa»19. comemorações dos 150 Anos da Caricatura em Portugal, 1997. Ver também síntese de José Bandeira, «Do Com argumentos na mesma direcção tinha atacado Alberto de Sousa (1880-1961), humorismo ao Modernismo», in RM – A Republica e a Modernidade: Revelar, Renovar, Regressar (catálogo), um ilustrador aguarelista tardo-naturalista, que acusava «os caricaturistas novos» Ponta Delgada: Museu Carlos Machado, 6 Novembro a 2010 a 28 fevereiro 2011, pp.50-51. 15 Este filme animado fazia parte da abertura da revista Tiro ao Alvo, que estreou a 25 de Janeiro de 1923 no Éden-Teatro, em Lisboa; no âmbito das comemorações dos 100 anos da República, o filme foi reconstituído Paulo Combraia a partir de 159 desenhos originais de Joaquim Guerreiro. Cf. António Gaio, História do Cinema Português de Animação, contributos, Porto: Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, 2001, pp.11-12. 17 Veiga Simões, «O Salão dos humoristas», in A Águia, Porto, no7, Julho 1912, p.25. 16 Sabe-se que Stuart teria acabado de partir para Paris não aparecendo em nenhuma das fotos de grupo 18 «A exposição dos humoristas portugueses – Abriu hontem nas salas do Gremio Litterario», in A Capital, dos expositores: «e o exilado Carvalhaes que tem com certeza mais espírito do que bagagens levou para Lisboa, 6 Junho 1913, p.1. Paris». Silva Passos, «Vida artística – O Salão dos humoristas portuguezes. Ultrapassam os limites das 19 Cf. José-Augusto França, «“Humoristas” e “Modernistas” nos anos portugueses de 1910», in Colóquio tentativas auspiciosas», in A Capital, Lisboa, 9 Maio 1912, p.2. Artes, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, no16, Fevereiro 1974, p.38.

–22 23– de terem temas e «um traço pouco nacional». Esta crítica provocaria uma famosa Mas, digo isto já um pouco zangado, creia, quererá o nosso patriótico adversário reacção de Cristiano Cruz, que respondia em tom de querela e como tal publicado num que passemos a vida desenhando a mulher da hortaliça e o galego das malas? periódico. Esta resposta em forma de um artigo-carta, com algum tom de manifesto e Que nos ocupemos da política com comentários de barbeiro? confronto, parecia mesmo antecipar o famoso Manifesto Anti-Dantas (1916) de Almada A nossa legenda é: Negreiros – podendo, em analogia, ser para a geração dos humoristas o símbolo que o A GUERRA À BOTA-DE-ELÁSTICO!» Manifesto Anti Dantas seria para a geração de Orpheu – e não esqueçamos que Almada era um grande admirador de Cristiano Cruz, sendo conhecedor do texto20. Na resposta de Cristiano Cruz surgia pela primeira vez a expressão «a guerra ao Bota-de-Elástico»21, A ilustração e o humor entre os novos, sobretudo em nomes como Cristiano Cruz que se tornaria atributo pejorativo para as vozes tradicionalistas e anacrónicas: e os amigos do grupo de Coimbra, «revelava-se numa subtil harmonia entre o desenho e a mensagem, aproveitando para tal uma espécie de vacuidade entre um e outro»22. «Diz o senhor Alberto de Sousa que nós, os caricaturistas novos, temos um Como principal estratégia de defesa de um novo humorismo não estava tanto a traço pouco nacional. alegação de um novo traço, mas de uma nova relação com o político, numa mudança de No conceito desse senhor nós emparelhámos com os traidores à Pátria, estratégias e alvos perante a caricatura tradicional. Em entrevista logo após o 1o Salão, negociando planos de mobilização e... fazendo caricatures. relevante para entendermos conscientes posições dos novos, defendia Cristiano Cruz: O traço nacional constitui, pois, para o senhor de Sousa um símbolo nacional ao lado do hino e da bandeira... «O nosso público só procura neste género artístico o prazer de conhecer Mas este furor patriótico, assim manifestado, não é só do senhor Sousa: é de as figuras, (...); para ele só existe portanto, a caricatura pessoal, política, todos aqueles que não vêem numa obra de arte senão as tintas. dentro da qual, segundo a minha humilde opinião, um artista já não pode, O Sr. Sousa, como esses outros cavalheiros, queria-nos eternamente hoje, revelar grandes faculdades. Depois de Bordalo ninguém fez nada na agarrados ao tradicional, venerando fanaticamente os bonzos da arte, caricatura política que mereça menção: e embora a ela se dediquem muitos» copiando-lhes a maneira de ser do seu espírito e, embebidos na sua obra, plagiando-lhes... o traço. (...): o artista do seu tempo assimila e adapta ao seu comportamento o E desenvolve mais adiante: espírito da época, reflectida na maneira de ver dos seus camaradas. Assim, ao passo que a caricatura moderna tem uma feição pessimista, rindo de «A caricatura impessoal, a única que lá fora tem feito grandes artistas, não um modo doentio e céptico, as charges dos humoristas, nossos avós, eram de é conhecida em Portugal. O irritante e perspicaz quem é, acompanhando um riso franco e saudável, revelador da mais enternecedora ingenuidade. sempre a vista de um desenho impessoal, na esperança de ver surgir as Temos o pressentimento do que o Sr. A. de S. nos acusará de outro crime: o convencionais figuras dos nossos estadistas, é um sintoma de mania política de não pintarmos tipos portugueses! do nosso público. É preciso virar a atenção para a caricatura social, para a caricatura de costumes, enfim, para a verdadeira caricatura: a impessoal. Um caricaturista deve ser sempre um romancista do traço, deve pôr as suas faculdades ao serviço da ideia e não ser um auctor de sueltos políticos,

20 Para Almada Negreiros, Cristiano Cruz «foi a primeira pedra da nossa vanguarda da modernidade». “3 (três) vocábulos pejorativos em dias do «Orpheu». Botas d’elástico”, in Almada Negreiros, Obras Completas. Vol. VI: Textos de Intervenção, Lisboa: Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 1993, p.191. 21 “A nossa legenda é: A GUERRA À BOTA-DE-ELÁSTICO!”. “Modos de ver... «Os novos desnacionalizam a caricatura?», afirma o sr. Alberto de Sousa. «Abaixo a bota-de-elástico», diz o sr. Christiano Cruz” (com 22 Fernando Rosa Dias, Ecos Expressionistas na Pintura Portuguesa Entre-Guerras (1914-1939), Lisboa: Campo carta de Cristiano Cruz: “O senhor Alberto de Sousa e o traço”), in Diário da Tarde, 28 Maio 1913, p.1. da Comunicação, 2012, p.110.

–24 25– assunto este que se deve deixar para os partidários, as mais das vezes «Abriu o Salão dos Humoristas Portugueses. A revelação de Arte não podia facciosos por profissão. Caricatura política só a de Bordalo»23. ser mais bela, nem mais completa. Quão distantes vamos da tenda de campanha de Mestre Bordalo… E a alma que ainda há pouco se refestelava na visão de fogos-de-artifício que o seu lapis fulgurante rastilhava, sente a O elogio a Rafael Bordalo era uma estratégia retórica da sua superação, com a qual hypnose de seduçõis mais fortes, e tomada de vertigem irresistível do êxtase Cristiano Cruz marcava posições que se tinham evitado no interior da Associação dos paira, ao alto, numa transformação de beleza e sonho. Humoristas Portugueses e do 1o Salão. Neste desejo de libertação do traço da hiperbolização A caricatura transfigura-se em fantasia. Sileno divinizou-se e tomou a do pormenor ridículo, que antes se procurava resolver por um traço mínimo e sintético, fórma de Dionysos. Os traços caricaturais que eram ontem prosa chalra desvaneciam-se as particularidades deformadas das figuras que assim se apresentavam e galhofeira, são hoje desenhos melódicos, surdinas de arcos, palhetas antes como manequins de um programa humorístico mais subtil, impessoal e misterioso. evocando as harmonias da distância. O desenho esmaia em tonalidades Os personagens «ultra-sintéticos»24 de Cristiano Cruz efectivavam um traço resumido numa musicais. Os ecos já não acordam ao apelo da gargalhada. O sorriso comove estilização que se evitava à caricatura como deformação identificadora de uma figura-retrato. o silêncio da natureza» [sic]27. Deste modo desenvolvia essa «caricatura impessoal», ultrapassando o vício do olhar político que procura o quem é, superando na subtileza de uma crítica sem facção o anterior modo de ridicularizar o indivíduo político. Deste modo, defendia também uma caricatura que saia da Leal da Câmara reflectiu também sobre as necessárias inovações da acção da caricatura, brejeirice para se facultar como expressão artística: «Não façamos crítica, façamos Arte!»25. justificando-as pelas transformações que sofrera o seu alvo principal, os políticos: Em proximidade com Cristiano Cruz, um colaborador literário d’A Farça de Coimbra e que se tornara uma espécie de porta voz do grupo, o já referido Veiga «Já não estamos nos tempos em que o grande Rafael Bordalo brincava com Simões, afirmara o mesmo espírito de uma nova atitude do humor e do seu o Fontes e o Arrobas. Os políticos de então eram verdadeiros símbolos. afastamento da política: Ninguém os conhecia pessoalmente. Tinham um pouco a aura do palácio real e o prestígio decorativo das fardas bordadas, do chapéu armado e «A nossa caricatura tem andado atada à política, em torno dela vivendo e dos espadins doirados. Hoje os tempos são outros. Os maiores políticos dela se sustentando a tal ponto que mais parece ter sido promovida pelo são-nos familiares. Nós sabemos onde eles moram e como se chamam grande Fontes a Acto Adicional da Carta»26. as pessoas da sua família. O próprio público os conhece sem que seja necessário dizer pomposamente o nome todo. Quando se fala no Afonso, no Bernardino. no Duarte, no Paulo, no Elísio ou no Alexandre, já sabemos Outro crítico que preferiu os novos e poetizou sobre uma superação de Rafael de quem se trata e, se ao Chagas se lhe não chama simplesmente «O João», Bordalo Pinheiro, foi António Cobeira nas páginas d’O Occidente. é porque ele está lá para longe, em Paris. Esta familiaridade perturbou os caricaturistas, impedindo-os de se meterem com pessoas das suas relações. (...). Os caricaturistas serão irreverentes mas não são malcriados e por isso evitam o explorar a caricatura politiqueira que cheira a Terreiro do Paço, como certos janotas fedem de anacrónico Corilopsis do Japão. De resto, o 23 “A Caricatura em Portugal. O que é o Grupo dos Humoristas” (entrevista a Cristiano Cruz), in A Capital, verdadeiro caricaturista moderno integrou-se na pintura, na escultura e nas Lisboa, 15 Agosto 1912. 24 Cristiano Cruz; “Como notas biográficas...”, in Catálogo do 2o Salão dos Humoristas Portugueses, Lisboa, Grémio Literário, Junho 1913. 25 “A Vida portuguesa através dos caricaturistas. Não façamos crítica, façamos Arte!” (entrevista a Cristiano Cruz), in República, 22 Maio 1914. 26 Veiga Simões, «O Salão dos humoristas», in A Águia, Porto, no7, Julho 1912, pp.19-26. 27 António Cobeira, «Crónica Occidental», in O Occidente, Lisboa, no 1241, 20 Junho 1913, pp. 173-175.

–26 27– respectivas fórmulas e aproximou-se da literatura, com a qual já tinha um certo parentesco»28.

Perto do «façamos arte» de Cristiano Cruz, também Leal da Câmara manifestaria em conferência o desejo de elevar a caricatura e ilustração a outra dignidade. Se numa se acentuava a renovação e dignificação através de uma nova estética gráfica, em Leal da Câmara defendia-se mais por uma reunião ou participação alargada do artista num novo gosto de que a caricatura seria uma faceta.

«Não há arte séria e não existe arte cómica. Há somente uma Arte como há uma só Natureza como há um só Amor e não deveria existir senão uma justiça»29.

Estas ideias iam ao encontro das mudanças verificadas na atitude gráfica dos novos. O seu traço mais largo e sintético já não seguia o registo de ampliação de pormenores como estratégia de apropriação individual, na linha de Rafael Bordalo Pinheiro, e que tinha continuidade nos tradicionalista, como o filho deste ou de outros mais perto das novas gerações como Francisco Valença (1882-1962). As figuras são uma espécie de fantoches ideográficos estilizado: «A caricatura já não tem, como centro, a figura, que se deforma pela redundância da sua morfologia, tornando-se mera figura-forma duma síntese tipológica que lhe desvirtua a individualidade»30.

Os artistas e os Salões – do humorismo ao modernismo

Como adiantámos. no 1o Salão o maior elogio aos novos esteve na crónica alargada do crítico da Águia, Veiga Simões, próximo do grupo de Coimbra31. O grande destaque foi para

28 Leal da Câmara, 1916, cit. in José Bandeira, «Do humorismo ao Modernismo», in RM – A Republica e a Modernidade: Revelar, Renovar, Regressar (catálogo), Ponta Delgada: Museu Carlos Machado, 6 Novembro a 2010 a 28 fevereiro 2011, pp.51-52. 29 Leal da Câmara, conferência em manuscrito, in Osvaldo Macedo de Sousa, Dos humoristas Portugueses (catálogo), Museu Leal da Câmara; Museu da República; Humorgrafe – Iniciativa Integrada nas comemorações dos 150 Anos da Caricatura em Portugal, 1997, p.7. 30 Fernando Rosa Dias, Ecos Expressionistas na Pintura Portuguesa Entre-Guerras (1914-1939), Lisboa: Campo da Comunicação, 2012, p.110. Cristiano Cruz, ilustração in A Sátira, Almada Negreiros, ilustração in A Sátira, 31 Veiga Simões, «O Salão dos humoristas», in A Águia, Porto, no7, Julho 1912, pp.19-26. nª3, 1 Maio 1911, p.46 nª4, 1 Junho 1911, p.45

–28 29– Crstiano Cruz, a quem chamava «mago da ironia», elogiando o humor subtil «lançando Carvalhais, que aparecia no catálogo anterior, e que alguns investigadores duvidam através duma nobre educação filosófica sínteses da vida» e a não cedência ao humor que que tenha chegado a expor35, não surgia no catálogo do 2o Salão, mas apresentava obras anota «os bons senhores da política». Elogiando Almada Negreiros, o crítico reconhecia de à ultima da hora que trazia de Paris, de onde acabava de chegar após estadia de cerca imediato a influência de Cristiano Cruz, mas também destacava diferenças: Cristiano Cruz de um ano que distava praticamente entre os dois primeiros Salões dos Humoristas. era «sombrio como os espíritos», um «sensitivo, solitário fauno», perante o teor «aberto, Como observámos, foi neste 2o Salão que a crítica mais reagia acusando os novos de primaveril», um «adolescente» «passando levemente pelas coisas» de Almada32. Para nós cosmopolitismo e estrangeirismo. estas diferenças, que são subtis nuances em desvios de proximidades, têm expressão plástica A crítica de António Cobeira n’O Occidente foi o que mais elogiou os novos, avaliável: em Cristiano o desenho é um mínimo posto e subtraído da figura ao espaço, desenvolvia destaques com apreciação arrebatada de vários trabalhos expostos, numa expressão articulada da linha com as áreas nela investidas e segregadas; em Almada salientando as «figurinhas evocativas e graciosíssimas em barro e bronze», de desenho é o que se acrescenta para pôr a figura, por valorização da expressão linear. Na Norberto Correia e Ernesto do Canto (Faria e Maia), plenas de «fluido e harmonia», e época era maior a variedade da expressão linear de Cristiano Cruz, de linhas quebradas, os trabalhos em quadro (caricaturas, fantasias, pastéis, aguarelas, crayons) de Stuart angulosas, serpenteadas ou curvilíneas, etc. Carvalhaes («que ainda ha poucos dias regressou de Paris, chegou a tempo de expôr E Veiga Simões continuava a sua apreciação dos novos. Em Emmerico Nunes, três ou quatro produções de maravilha»), Christiano Cruz («sempre um grande que tinha enviado os seus trabalhos da Alemanha, e que o crítico se lembrava «dum artista»), Hipolyto Collomb, Almada Negreiros («mancebo que tem na arte o fim e o anterior certame» (Exposição Livre de 1911) observava «scenas infantis da Alemanha» futuro da sua vida»), Jorge Barradas («artista dandy, artista elegante»), do espanhol «duma tão natural ingenuidade». Em Ernesto do Canto (canto da Maia) as «estatuetas Adolfo Castañé («atitude vigorosa e bizarra»), Saavedra Machado («talento» «do mais formáram» «um pequenino mundo perfumado, antecamara de malicia que não chega a subido quilate») e Luiz Júnior – segundo Cobeiro eram nomes que documentavam tocar o vicio». Nas «caricaturas» de Jorge Barradas, como que adivinhando o seu papel «incontestavelmente a afirmação dum altíssimo talento»36. nos anos 20, observava «transparentes ingenuidades que deixam ver nele um futuro No final do catálogo anunciava-se uma 3a exposição para 191437, com curiosa artista de elegancias, sabendo colear uma mulher, gracificá-la» [sic]33. intenção de incluir um núcleo histórico para que se pediam obras: «A Caricatura em Ao longo das exposições seguintes, os novos foram-se afiançando enquanto a Portugal antes de Bordalo Pinheiro». A exposição não se realizaria, certamente por expressão de modernos os acompanhava cada vez mais substituindo a de humoristas. causa da Primeira Guerra – mas talvez, especulamos, devido à dificuldade em cumprir Na 2a exposição surgiam Leal da Câmara, António Soares e Mily Possoz34. Stuart o núcleo histórico. Se teríamos que esperar por 1915, e deslocar para o Porto, para nova exposição de humoristas, convém assinalar o Salão de Primavera da Sociedade Nacional de Belas Artes desse ano de 1914, em que a abertura a alguns dos novos, como Domingos Rebelo, Dordio Gomes, Armando de Basto, Eduardo Viana ou Mily Possoz, acentuava 32 Ibidem, p.36. 33 Ibidem, pp.19-26. 34 Foram os seguintes os artistas e os números das respectivas obras: Alfredo Cândido (1-12); Almada Negreiros (13-36); Almeida Moreira (Francisco A. De) [Vizeu] (37-45); «Alonso» (J. G. Santos Silva) (46-50); Barradas (Jorge Nicholson) (51-76); Bordalo Pinheiro (Manuel Gustavo) (77-82); Cândido Silva (83-89); Castañé (Adolfo Rodrigues) (90-107); Castro (Francisco de) (108-110); Christiano Cruz (111-124); 35 Cf. nota 14. Colaço (Jorge) ((125); Collomb (Hipólito) (126-131); Correia (Norberto) (132-173); Ernesto do Canto (Faria 36 António Cobeira, «Crónica Occidental», in O Occidente, Lisboa, no 1241, 20 Junho 1913, pp. 173-175. e Maya) (174-184) [gessos, terracotas, bronzes]; José Luis Júnior (185-189); Leal da Camara (190-197); 37 Os artistas deveriam enviar obras até 28 Fevereiro 1914, ao secretariado do grupo, Travessa da Cruz de Menezes Ferreira (João de) (198-209); Mily Possoz (210-214); Nunes (Emmérico H.) (215-219); Nunes Soure, 16 r/C; ou até 30 Abril, para a Casa de Jogos Senna Cardoso, Rua Nova do Almada. Cf. Catálogo Ribeiro (Carlos Ernesto) (220-233); Ribeiro (Carlos Filipe) (234-244); Rocha Vieira (Alfredo Carlos da) do 2o Salão dos Humoristas Portuguêses, Lisboa: Grémio Literário, Junho 1913. No catálogo indicava-se a (243-254); Saavedra Machado (João) (255-269); Sanches de Castro (A.) (270-284); Sedas Pacheco (Ruy) equipa da comissão do Grupo de Humoristas Portugueses: Presidente: Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro; (285-288) [Pedrouços]; Silva (Viriato) (289-302); Soares (António) (303-307); Tonkew (José O’Neill de secretário: M. Cardoso Martha; Carlos Simões; Tesoureiro: Francisco Valença: Vogais: Alfredo Cândido; Bulhões) (308-316); Valença (Francisco) (317-329).Um total de 29 artistas e 329 obras. Cândido Silva; Christiano Cruz.

–30 31– a expressão dos novos. Esta acção seria algo marcante na alteração de expressões como de Macedo (com o pseudónimo feminino de D. Clara), Abel Salazar, além do anúncio livres ou humoristas, para os novos ou modernistas, dando maior nitidez a reivindicação não cumprido da presença de Amadeo de Souza-Cardoso. Amarelhe (35 trabalhos) e de uma alteração geracional e cultural de estéticas. Diga-se, contudo, que na história Abel Salazar (46 «croquis») eram quem apresentava a maior quantidade de trabalhos. da SNBA esta abertura fugaz não teria continuidade nem transformação da instituição. O crítico de A Capital acusava os excessos de Cristiano Cruz e Sanches de Castro, Em finais de 1921 uma reunião dos novos no ?? lançava desafios à renovação dos salões enquanto destacava a «cor, traço, movimento» de Diogo de Macedo e, sobretudo, as da SNBA, com paralela celeuma entre Almada Negreiros e Leal da Câmara38. Mas seria «manchas» de Abel Salazar – que, reconhecia, «não é bem um humorista»42 (e que a recusa de uma obra de Mily Possoz em 1922, que desde 1909 vinha regularmente sabemos viria a ser referência genealógica dos neo-realistas). O certame era ainda participando, a acentuar a polémica perante a SNBA (conhecida como «polémica das acompanhado por palestras, que seria uma das valências dos salões do Porto perante os Belas Artes» ou «dos novos»). A crítica reconhecia por contraste o envelhecimento da de Lisboa, de Aarão de Lacerda (Da ironia, do Riso, da Caricatura), Nuno Simões (Gente Casa dos Artistas: «perdeu-se uma das unicas manchas de sol que costumava abrir Risonha), Martinho Nobre de Melo (A Caricatura Literária), Lebre e Lima (A Caricatura claridade, na penumbra dos casairões frios da Barata Salgueiro» [sic]39. A SNBA reagia no Gótico), João Pinto de Figueiredo (A Mulher na Caricatura Moderna). com um fechamento aos novos que iria marcar este espaço como a casa do tardo- O Salão dos Fantasistas, que inauguraria a 5 de Janeiro do ano seguinte (1916), de -naturalismo durante várias décadas40. novo no Porto, agora no Palácio da Bolsa, apresentaria outros enquadramentos. Tendo De 1914 destacava-se também a edição do Papagaio Real, com a duração de 5 meses e em Leal da Câmara a figura central, mobilizadora e agregadora, era uma exposição dirigido por Almada Negreiros – e que teria importante colaboração de Barradas e Stuart. eclética com 40 artistas, variada nos estilos (entre tradicionalistas e novos) e nas artes A exposição inaugurada a 17 de Maio de 1915 do Porto, dinamizado por Nuno (com extensões maiores à pintura e, sobretudo, às artes gráficas em geral). Este Simões (jornalista e político), Aarão de Lacerda (futuro professor de História da arte), interesse pelas extensão das artes, sublinhando um papel de utilidade social mais Lebre e Lima (homem de cultura e futuro diplomata) e Diogo de Macedo (o único alargada por parte do artista, era desejo de Leal da Câmara, um dos grandes mentores que era artista), teria perdas dos humoristas de Lisboa, mas era compensada com a do certame e que na exposição individual de 1912, a tal simultânea ao 1o Salão dos incorporação de vários do Porto41: António Azevedo João Peralte, Balha e Melo, Diogo Humoristas em que não estivera presente, tinha apresentado com alguma surpresa mobiliário e decoração ao lado de caricaturas. Este interesse, que ajuda a entender a referida defesa de Leal da Câmara da ilustração como «arte», na linha de Wiliam Morris ou de vários artistas da Arte Nova, levou mesmo a quem, mais recentemente arriscasse uma «Bauhaus» à portuguesa, no Porto»43. Ficava também a ironia de se 38 Cf. Almada Negreiros, «A reunião de ontem no Chiado Terrasse – o comício dos “novos” – Algumas realizar na casa da burguesia económica, com ironia análoga à que os primeiros salões notas interessantes e curiosas escritas por alguém que assistiu à assembleia – o discurso futurista do 44 nosso colaborador Almada Negreiros», in Diário de Lisboa, 19 Dezembro 1921, pp.4, 8. Da questão entre de Lisboa tiveram ao exporem no decoro reservado do Grémio Literário . Realizavam-se Almada e Leal da Câmara, ver o mesmo jornal nos dias 21 e 24 de Dezembro. 39 «A Exposição de Belas Artes», in ABC, Lisboa, no92, 13 Abril 1922, p.12. Sobre a “polémica das belas artes”, cf. Cristina de Sousa Azevedo Tavares; A Evolução da Pintura naturalista na Sociedade Nacional de Belas Artes de 1901 a 1945, Lisboa, Universidade Nova, Dissertação de Mestrado, 1983. 40 Consideramos o grande momento simbólico de alteração da SNBA o impacto da Exposição Gulbenkian e Melo [Guarda] (132-143; mais aditamentos, 239-241); Abel Salazar [Porto] (144-190); Zeferino do Couto inaugurada em Dezembro de 1957. De imediato se seguiram os salões de arte moderna da instituição e, [Porto] (com esculturas, 196-202). Em «aditamento ao catálogo» surgia ainda: José de Almada Negreiros poucos anos depois, os cursos teóricos de arte e a criação da galeria de arte moderna. Pelo meio ficara a [Lisboa] (203-227); António Soares [Lisboa] (228-238); Mário Pacheco [Porto] (242-248); Jorge Barradas história anda híbrida das Exposições Gerais (1946-1956) que misturava neorrealistas e tardo-naturalistas. [Lisboa] (251-259); Stuart Carvalhaes [Lisboa] (260-262).Um total de 22 artistas e pouco mais de 270 obras 41 Foram os seguintes os artistas e os números das respectivas obras: António Azevedo [Gaia-Porto] (1-15); 42 Silva Passos, «Vida artística – No salão dos humoristas do Porto – As manchas de Salazar», in A Capital, Joaquim Salgado [Porto] (16-20); Almeida Coquet [Porto] (21-25); Cristiano Cruz [Lisboa] (26-34); António Lisboa,21 Maio 1915, p.1 Lima [Porto] (35-39); D. Maria Clara [pseudónimo de Diogo de Macedo] [Gaia-Porto] (40-49); Carlos 43 Para síntese dos artigos, cf. Osvaldo Macedo de Sousa, Dos humoristas Portugueses (catálogo), Museu Leal Ribeiro [Porto] (50-54); João Peralta [Porto] (55-58); Norberto Correia [Lisboa] (59-64; com esculturas, da Câmara; Museu da República; Humorgrafe – Iniciativa Integrada nas comemorações dos 150 Anos da 191-195); Lucien Lambert (65); Ramos Ribeiro [Mirandela] (66-90); Gomes da Silva [Porto] (91-97; mais Caricatura em Portugal, 1997, pp.28-29. aditamentos, 249-250); Amarelhe [Lisboa] (98-129); Sanches de Castro [Póvoa de S. Iria] (129-131); Balha 44 Ibidem, p.31.

–32 33– de novo conferências, em torno do humorismo e do modernismo, por Leal da Câmara, -1968), médico nascido em Amarante, que apresentaria regulares caricaturas até Diogo de Macedo e Armando de Basto. ao no7, altura em que interrompia bruscamente a colaboração, e que constituíam a Contudo, apesar da louvável presença de 40 artistas, o maior número em todos os redacção com Guedes de Oliveira (1865-1932), jornalista e homem de literatura de tom certames dos humoristas aqui trabalhados, o Salão era marcado por um recuo dos mais satírico. Colaboravam ainda Christiano de Carvalho (1874-1940), que parecia substituir modernistas, com ausências de Almada, Soares, Barradas, nem nenhum do grupo de Manuel Monterroso, ou, mais momentaneamente, a colaboração de Diogo de Macedo Coimbra – apesar de Cristiano Cruz indicar a Leal da Câmara que expusesse obras do (1889-1959).Armando de Basto (1889-1923), todos estes artistas da cidade ou zona anterior Salão de Humoristas do Porto que por lá tinham ficado45. do Porto. Dos estrangeiros, num leque dominado pela influência francesa, estavam A exposição era iniciativa de uma auto-denominada «sociedade de Belas Artes», os franceses Poulbot (1879-1946), Balluriau (1860-1917). Lucien Metivet (1863-1932) recém-formada e que parecia reagir à «Associação de Humoristas» de Lisboa – e ou Paul Iribe (1883-1935) ou que estiveram emigrados ou exilados em França como o os estatutos da Sociedade respondiam com 66 artigos46 perante os 9 pontos que catalão Luis Bagaria (1882-1940), o norueguês Guilbransou (Olaf Gulbransson) (1873- a Associação de Humoristas de Lisboa publicara em 1912 nas últimas páginas d’A -1958 ), o suíço Steinlen (1859-1923), ou o holândes Louis Raemaekers (1869-1956), Sátira, Os promotores assumiam a expressão de Fantasistas procurando escapar à de Seriam certamente contactos dos nomes que estiveram em Paris, como Diogo de Humoristas, na linha de estratégia de valorização da ilustração cómica como «arte» Macedo, Christiano de Carvalho e, claro, Leal da Câmara. A grande figura que estava por Leal da Câmara. O corpo directivo dessa Sociedade de Belas Artes era dominada por mais ligada a Lisboa e colaboraria no Miau! (com destaque no no4) foi Gustavo Bordalo fundadores e colaboradores do Miau!. Logo na abertura da revista, Guedes de Oliveira, Pinheiro (1867-1920). apresentava o espírito da revista numa linguagem que revelava o espírito da mesma: No plano literário colaboravam nomes Gomes Oliveira, André Brun (1881-1926), Aquilino Ribeiro (1885-1963) e um rol de pseudónimos, vários ainda não identificados. «Os tempos vão de reclamação e protesto. Contra os erros sociais reclamam Aponte-se ainda a curiosidade de ser, deste género de periódico, o que mais se os povos. Contra os erros dos povos reclamam as classes. Contra os erros das centrou em apontamentos satíricos da guerra (de que os estrangeiros eram ingénita classes reclamam os homens. Contra os erros dos homens reclamaremos colaboração). Note-se ainda que a própria Guerra, sobretudo depois da declaração da nós. Miau!»47. Alemanha e da Áustria a Portugal, favoreceu a instituição da primeira Lei de Imprensa (12 de Março de 1916, Decreto n.o 2270) – o Miau! suspendia-se pouco tempo depois. O 2o Salão de Modernistas do Porto (em que se preferia a expressão modernista à de A revista Miau! era referência editorial no humorismo gráfico no Porto na época – humoristas), inaugurava no dia 7 de Maio de 1916, devido sobretudo ao esforço de Lebre que em 1912 tinha tido também A Bomba, mais tradicionalista e até realista devido à e Lima, segundo destaque em crónica d’O Comércio do Porto48. O salão tinha a mesma marcação da direcção artística de Cristiano de Carvalho que, com Gil, era o principal base que o dos Fantasistas, mas era mais seleccionado e com menos representações. desenhador, deixando parcas colaborações a novos como Cristiano Cruz ou Almada Nos artistas, o destaque estava nalguma extensão da presença de elementos do grupo Negreiros. A Miau! tinha a colaboração de alguns estrangeiros e momentâneas de Coimbra, novamente com Cristiano Cruz, apenas com um desenho, mas com a colaborações de Leal da Câmara (1876-1948) – que se fixava no Porto após o seu novidade da presença de Luiz Filipe, naquela que seria a sua única participação em regresso de Paris, e que era sem dúvida o principal responsável desta animação dos todos estes salões. humoristas do Norte. Tinha ainda a decisiva presença de Manuel Monterroso (1875- Entretanto, outras exposições de arte moderna iam contando com os humoristas,

45 Cf. Ibidem. 48 «Arte – Salão dos Modernistas», in O Comércio do Porto, 10 Maio 1916, p.2. Noutra crónica, há indicação 46 Ibidem. da «venda de mais os seguintes trabalhos» com indicação dos respectivos compradores. Cf. «Arte – Salão 47 G. de O. (Guedes de Oliveira), «Livre-parola – Miau», in Miau!, Porto, no1, 21 Janeiro 1916, (p.2). de Modernistas», in O Comércio do Porto, 17 Maio 1916, p.2.

–34 35– assinalando a marcação da arte moderna e a sua miscigenação com a humorista. Destaque- -se em Lisboa a Galeria das Artes (Salão Bobone, Setembro-Novembro 1916), organizada por José Pacheko, futuro editor da revista Contemporânea (1915, 1922-1926), símbolo editorial dos anos 20, e um dos mentores da encomendas das futuras obras para a Brasileira do Chiado. Na Galeria das Artes expunham nomes como Almada, Barradas, António Soares, Amélia Rey Colaço, Francis Smith ou Stuart Carvalhaes. O crítico da Atlântida elogiou o certame com a recebida «impressão de juventude, de ineditismo, de independência, de alegria», destacando Soares e, sobretudo, Almada e Pacheko49. Logo de seguida, a Exposição de Arte da «Alma Nova» (Lisboa, Salão do Teatro S. Carlos, Novembro 1916), promovida pela revista Alma Nova e conduzida por Saavedra Machado, um dos directores, era mais fraca e confusa nas opções onde dos novos que se anunciaram, só pontuavam Diogo de Macedo, Dórdio Gomes, Stuart Carvalhaes, Leitão de Barros ou Mily Possoz, esta com um notável número de obras (no98-109). Numa deslocação para o Sul, e numa cumplicidade com o Heraldo50, periódico activo num caso raro de «futurismo» periférico, temos a Exposição de Arte (Faro, Salão do Teatro Lethes, Maio 1917), inicialmente lançada com Lyster Franco e Carlos Porfírio, dinamizadores do Heraldo, além de Carneiro. Num apelo aos artistas modernos dos grandes centros noticiaram-se «“demarches” para obterem o concurso de alguns dos seus colegas que mais se teem evidenciado no Futurismo»51. Destes apenas se acrescentaria Jorge Barradas que exactamente fornecia material de tom humorístico. Ainda em 1917, Leal da Câmara realizava no Porto uma exposição de humorismo de Arte e Guerra, na Societé Amicale Franco-Portugaise, tema que tinha naturalmente envolvido os humoristas em algumas publicações, visível sobretudo no Miau! (exactamente através da mão de Leal da Câmara) ou ainda n’O Século Cómico (suplemento da Ilustração Portugueza)52. Além de Leal da Câmara destacavam-se Armando de Basto, Diogo de Macedo e António Soares.

49 V. F. (Victor Falcão), «A “Galeria das Artes”», in Atlântida, Lisboa, no14, 1916, pp.144-147. 50 Sobre o Heraldo de Faro, cf. Nuno Júdice; Poesia Futurista Portuguesa (Faro 1916-1917), Lisboa, Edições A Regra do Jogo, 1981. 51 «Exposição de Arte», in Voz do Sul, Silves, 18 Março 1917, p.1. 52 Este foi um tema muito trabalhado por Leal da Câmara, pondo em ridículo as poderes internacionais, sobretudo das chamadas potências centrais (liderada pelo Império Alemão, Império Austro- -Húngaro e Império Turco-Otomano). Após a Primeira Guerra teve a ideia de construir uma aldeia de Portugal em comemorações aos mortos na Flandres, divulgando a ideia nos jornais e expondo os anteprojetos no Salão Bobone em 1919. Cf. «Aldeia Portuguêsa», in Ilustração Portugueza, Lisboa, no716, Leal da Câmara, ilustração para capa de Jorge Barradas, ilustração para capa de O Riso 19 Novembro 1919, p.275. Miau!, nª10, 24 Março 1916 da Vitória, nª3, 15 Setembro 1919

–36 37– Em 1919 regressávamos ao Porto para o 3o Salão dos Humoristas (Salão de Honra Pacheko ou Balha e Melo. Pela primeira vez apareciam Bernardo Marques, que iria do Jardim Passos Manuel, Novembro 1919), onde apareciam António Lino, Carlos ser uma das figuras da ilustração e grafismo dos anos 20 e décadas seguintes, Ruy Carneiro ou Octavio Sérgio e se sublinhavam Armando de Basto, Diogo de Macedo, e Vaz e Teles Machado, um dos mais referidos pela crítica perante a estranheza da ainda as presenças femininas de Mily Possoz e Alice Rey Colaço que vinham expondo sua originalidade. Também autor literário como Alberto de Hutra (Alberto Teles de em conjunto (Março de 1913 no Salão da Ilustração Portuguesa e em Abril de 1919 Hutra Machado; 1897--1969), Teles Machado apresentava uma produção invulgar no Salão Bobone). Mas o destaque maior ia para Eduardo Viana, o mais elogiado pela no «seu modo de ser estranho e incisivo»56, impacto que o faria realizar exposição crítica, pela «riqueza grande no colorido»53 ou «pela bizarria das côres, pela singular individual em Março de 1923, acompanhada de um manifesto-síntese-individual que distribuição das tintas berrantes», «desprezando os meios tons» e «avançando para o acentuaria reacções críticas mais incómodas – e logo de seguida optava por desaparecer futurismo»54 – mas este era já um mundo que pertencia à pintura e pouco se retinha bruscamente da cena artística57. nesta história do humorismo. Deste esforço cosmopolita, que preparava os anos 20, e que dá sentido a esta exposição Neste mesmo ano surgia o periódico O Riso da Vitória (1919-1920), fundado e como charneira entre os espíritos das décadas, é ditosa a observação do crítico de A Pátria: dirigido por Jorge Barradas e Henrique Roldão. Apesar das colaborações gráficas serem dominadas por Jorge Barradas, atente-se às colaborações de Emmérico Nunes, Stuart, «Os Artistas que nela figuram acham-se bem dentro da sua época, mas Menezes Ferreira, Sanches e Castro e Leal da Câmara – e de alguns estrangeiros cujos certamente um pouco fora da sua pátria. Alguns ainda imaginam que o nomes encontraremos na exposição seguinte de Humoristas em 1920. Chiado é o mundo, outros imaginam que o mundo é o Chiado»58 O 3o Salão dos Humoristas-Modernistas (Lisboa, Salão de S. Carlos, Julho 1920) contava com alguns estrangeiros a trabalhar em Portugal e, sobretudo, uma grande presença de espanhóis vindos de Madrid (14 ao todo, com destaque para Vasquez Diaz que faria Um último Salão de Humoristas no Porto (Salão Silva Porto) em Novembro exposição individual em Lisboa em Janeiro de 1923), o que justificou a presença dos «Srs. 192659, organizado por um tal de «D. Fuas»60, surgia já fora do seu tempo o que se Ministro e Consul» de Espanha na inauguração. Tal presença alargada deveu-se certamente aos contactos de Emmerico Nunes, presidente da Comissão Organizadora. Esta exposição estendia-se bastante para lá do humorismo, algo reduzida perante a pintura, a arquitectura e as artes gráficas e industriais. Dando expressão a vontade idêntica de Leal da Câmara no Porto, esta exposição faria um esforço afim de levantamento e valorização do papel do artista 56 E. N., «Arte – Humoristas Portuguêses », in Diário de Notícias, Lisboa, 5 Julho 1920, p.3. o a na sociedade, modelo de «salão completo»55 que voltaríamos a encontrar com outro impacto 57 Sabe-se de solitária aparição no uma pintura (Primavera, n 4 do catálogo) na 12 Exposição de Arte Mod- erna do SNI, de Maio 1948. Sobre Teles Machado, cf. Fernando Rosa Dias, Ecos Expressionistas na Pintura no I Salão dos Independentes de 1930. Portuguesa Entre-Guerras (1914-1939), Lisboa: Campo da Comunicação, 2012,pp.129-131. Do primeiro Salão de 1912 ainda estavam Jorge Barradas, Emmerico Nunes, Stuart, 58 J. M., «A exposição dos Humoristas pintores Portugueses e espanhois – Arte e Novidade», in A Pátria, Ernesto do Canto, Almada Negreiros, Menezes Ferreira, Sanches de Castro e ainda, Lisboa, 12 Julho 1920, p.1. embora já tendo partido para Lourenço Marques para abandonar as artes, Cristiano 59 Foram os seguintes os artistas e os números das respectivas obras: António de Brito [Porto] (1-3); Alberto Calderon Dinis [Lisboa] (4-10); A. Cruz Caldas [Porto] (11-16); Armando de Jarmelo [Porto] (17-20); A. Cruz. Dos salões seguintes ainda estavam Armando de Basto, Leal da Câmara, José Silva e Sousa [Porto] (21-27); Carlos Botelho [Lisboa] (28-29); Carlos Carneiro [Porto] (30-40); Carlos de Castro Guimarães Ribeiro [Porto] (41-42); D. Fuas [Porto] (43-56); Emmerico Hartwich Nunes [Cruz Quebrada] (57-66); Helena de Bourbon e Menezes [Lisboa] (67-72); José Rodrigues Brusco Junior (Zé) [Alcobaça] (73-74); Menezes Ferreira [Lisboa] (75-81); Maria Noemia Silveira d’Alemida [Porto] (82-83); Octavio Sergio [Porto] (84-93); Ricardo Guilherme Spratley [Porto] (94-95); Roberto Nobre [Lisboa] (96- 53 P. D. M., «No Salão “de Modernistas” », in O Primeiro de Janeiro, Porto, 20 Novembro 1919, p.1. 102); Serafim Rodrigues [Porto] (103-106). Cf. Salão dos humoristas. Catálogo, Porto: [Salão Silva Porto], 54 «No Salão dos Modernistas – Uma exposição bizarra», in O Primeiro de Janeiro, Porto, 16 Novembro Dezembro 1926. Fora do catálogo. segundo crónica crítica, terão participado também Lino António e 1919, p.1. Amarelhe. Cf. Guedes de Amorim, «Crónica do Porto – O I “Salon” dos Humoristas », in Diário da Tarde, 55 Cf. José-Augusto França, «“Humoristas” e “Modernistas” nos anos portugueses de 1910», in Colóquio Lisboa, 27 Dezembro 1926, p.2. Artes, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, no16, Fevereiro 1974, p.39. 60 Será um pseudónimo de Otílio de Carvalho (1909-1988), médico que se dedicou à literatura, à

–38 39– reflectia na fragilidade dos participantes. Vários nomes relevantes tinham saído de Salão de Outono (Lisboa, Novembro 1926), além das famosas encomendas de pinturas cena. Outros nomes fortes da década anterior trabalhavam com regularidade num para A Brasileira do Chiado (ideia de Norberto de Araújo animada por José Pacheko em número alargado de periódicos mais ou menos mundanos de sucesso. Com ausências 1924, com algumas obras expostas no 1o Salão de Outono) e de pintura e escultura para relevantes, disfarçava-se mal o excesso de representantes do Porto. Dos nomes o Bristol Club (algumas expostas no 2o Salão de Outono); ou ainda, sempre esquecida presentes sublinhe-se Emmerico Nunes, Menezes Ferreira e os aparecimentos de pela sua realização regional, a Grande Exposição de Arte em Olhão (Agosto 1924), Roberto Nobre, Carlos Botelho. Fora do catálogo apareciam ainda Amarelhe e Lino iniciativa de Roberto Nobre, com Eduardo Viana, Almada Negreiros, Francisco Franco, António. Roberto Nobre (1903-1969), que expusera em 1923 num salão fotográfico das Mário Eloy, Lyster Franco, Carlos Porfírio, Roberto Nobre, António Soares, entre escadinhas do Duque em Lisboa61, estaria activo nesses anos 20 e parte de 30, para ir outros, nacionais e estrangeiros, num total de 72 obras65. desistindo em função de uma dimensão crítica e teórica ligada ao cinema de que seria referência em Portugal62. Carlos Botelho, famoso como pintor de Lisboa, teria futura e vasta colaboração no humorismo, sobretudo com os seus famosos Ecos da Semana, Balanço: a modernidade dos humoristas mundana crítica social que durante cerca de vinte e dois anos ocuparia a última página do Sempre Fixe (suplemento de humor semanal do Diário de Lisboa surgido em meados As exposições e as polémicas dos novos do humorismo perdiam necessidade, de 1926) – com a primeira em 17 de Maio de 1928 e a última em 14 de Dezembro porque nos anos 20 o espírito era já outro. A modernidade, agora sim cosmopolita, de 1950. Autêntico «Livro das Horas do Dr. Salazar»63, era um crítica em evocações e justificando melhor esta acusação que acompanhara os Salões humoristas, divertidas, uma crónicas de costumes quotidianos da cidade ou «diário de bordo de mundanizara-se, tinha os cafés como lugares e as revistas como imaginário66. Alguns uma cidade ancorada»64. Estes ecos alfacinhas, mesmo quando se faziam referências nomes surgidos ao longo dos salões humoristas dos anos 10 seriam continuadores para internacionais eram sempre abordados segundo um olhar lisboeta, e que assim davam os anos 20, transportando as inovações anteriores para as elegâncias desta década e conta do modo como a nossa capital olhava o mundo – e criou o seu rol de personagens seguintes, onde alguns seriam autênticos protagonistas do décor moderno e mundano como o censurado Piu, o Senhor Parecemal, o descarado Escarra&Cospe, a D. Encrenca, a dos periódicos portugueses (Almada Negreiros, Stuart, António Soares, Jorge Barradas, D. Arrepanhada depois D. Pôpada... figuras-tipo duma família lisboeta que se misturava Bernardo Marques, Emmerico Nunes, Carlos Botelho, etc). com figuras e acontecimentos reais. Mas muitos foram os que desapareceram de cena. Uns desistiram (Cristiano Paralelamente, importantes exposições nesses anos 20 iam colocando o centro Cruz, Luiz Filipe, Teles Machado), outros emigraram (Correia Dias) e outros faleciam nas artes plásticas no processo de construção da arte moderna portuguesa que se (Armando de Basto, Amadeo de Souza-Cardoso, Santa-Rita Pintor). Com estas sobrepunham à importância e necessidade das exposições humorísticas que tinham ausências é compreensível que as agitações culturais da década anterior, do humoristas marcado a década anterior. Foi o caso de exposições como Os Cinco Independentes aos de Orpheu e de Portugal Futurista, se atenuassem e que os novos vissem os seus (Lisboa, Novembro 1923), o 1o Salão de Outono (Lisboa, Janeiro-Fevereiro 1925) ou o 2o arrojos atenuados ou disseminados. «Os novos já recordavam»67 , apenas e mundanamente, pelos cafés do Chiado e da Baixa, lembrando um

música, à pintura e à caricatura. Para biografia, Para biografia, cf. http://dlac.utad.pt/SiteLiteratura/ FIGUEIREDO,%20otilio.pdf 61 J. de C. «Arte. Exposição Isaura Carvalho – Roberto Nobre», in A Capital, Lisboa, 23 Janeiro 1923, p.1. 65 Para catálogo completo, de artistas e obras, cf.. «A exposição de Arte», in Correio Olhanense, Olhão, no121, 62 Sobre Roberto Nobre, cf. Fernando Rosa Dias, Ecos Expressionistas na Pintura Portuguesa Entre-Guerras 24 Agosto 1924, p.2. (1914-1939), Lisboa: Campo da Comunicação, 2012,pp.348-349. 66 Cf. Fernando Paulo Rosa Dias, “O Chiado na Pintura – Imagens da Tertúlia”, in livro/catálogo: 63 Sena da Silva, «O Diário de Bordo de uma Cidade ancorada («Os Ecos da Semana» de Carlos Botelho Chiado – efervescência urbana, artística e cultural de um lugar, Universidade de Lisboa, Faculdade de em «O Sempre Fixe»)», in Botelho (catálogo), Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Belas Artes, CIEBA, 2010, pp.246-265. Ver ainda: O Sabor dos Cafés – cafés de Lisboa (catálogo), Lisboa: Moderna, 20 Julho a 3 Setembro 1989. Biblioteca Museu República e Resistência, 2000, 64 Ibidem. 67 Carlos Queiróz; «Da Arte Moderna em Portugal», in Variante, Primavera 1942, p.18.

–40 41– modernismo mais combativo que se tornara passado. Os anos 20 transformavam os anos 10 numa «memória mítica» onde tinha estado a ala dos novos dos humoristas como, claro, os de Orpheu e Portugal Futurista, e cedo se decretou uma anterior «geração de mártires» tal como já se definiam os artistas novos dos anos 20, como uma espécie de «orfãos de memória modernista». E a revista Contemporânea de José Pacheko, uma das marcas da década olhava os agentes das agitações dos anos 10 (e alguns de 20) como «mártires» em artigo intitulado «Os mortos da Geração Nova», apresentado num número «specimen» de Março de 1925, e fazia rezar uma «missa por alma dos modernistas mortos»68. Mas a história fizera-se com eles; e mesmo os anos 20, já sem eles, não poderia ser o mesmo sem o que tinha sido lançado. E havia os seus continuadores. Dos nomes que consideramos de transição entre os tradicionalistas, mas com capacidade de renovação, destaquemos Leal da Câmara (1876-1948) que, apesar de não estar no 1o Salão, foi decisivo em toda a história dos humoristas. Leal regressava com a República, de um exílio em Paris e Madrid que o mitificara. Respeitado tinha espaço e vontade de intervenção. As revistas que criou (A Corja, Miau!), as inúmeras em que colaborou, as exposições que dinamizou (Os Fantasistas; Arte e Guerra), faz dele um nome decisivo desta história. Após viagem ao Brasil em 1922 afastava-se do grandes centros, trabalhando na zona saloia de , de que fazia tema dominante ao lado da ilustração infantil, pelo que não intervinha tanto no espírito mundano dos anos 20. Outra figura inter-geracional, mas também polémica e contraditória, foi a de Joaquim Guerreiro, que atrás abordamos. Se ao dirigir A Sátira aceitou os tradicionalista e os novos, abrindo o espaço ao espírito da Associação dos Humoristas criada na revista, por outro foi o responsável pelo divórcio de Leal da Câmara e de quase todo o grupo de Coimbra do 1o Salão. Como vimos, regressaria quase uma década depois para fazer a primeira grande experiência de cinema de animação

68 «A luta da geração nova contra o meio incompreensivo e hostil tem sido amarga a dolorosa. É uma luta assinalada já por mortes e suicídios» (p.1). São aí lembrados os nomes de Mário de Sá Carneiro, Guilherme de Santa-Rita, Amadeo de Souza-Cardoso, Manuel Jardim, Afonso de Bragança, Armando Basto, Angelo de Lima, Ponce de Leão, Eduardo Metzener, Carlos Franco, Júlio de Vilhena e António Lima Fragôso. Foi um dos momentos em que a revista orientada por José Pacheko melhor sublinhou a necessidade de uma efectiva modernidade. Ver edição fascimilada in Pacheko, Almada e “Contemporânea”, Lisboa, Centro Nacional de Cultura, Bertrand editora, 1993. Em 1929 será O Notícias Ilustrado a dedicar um número à «recordação» «com ternura» de «Os Precursores do Modernismo em Portugal»; no37. Diogo de Macedo chamará a esta primeira geração, a dos anos 10, de «a mártir da revolução». «Subsídios para a História da Sanches de Castro, caricaturas in Arte Moderna em Portugal. III», in Aventura, Lisboa, no3, Julho 1943, p.157. O Riso da Vitória, nª11, 29 Fevereiro 192, p.2

–42 43– portuguesa. O seu traço podia ser, sem a versatilidade de Leal da Câmara, algo que seguinte, sendo certamente o mais exemplar escultor da arte deco portuguesa, na sua podia conviver entre as duas gerações. travessia entre Guerras. Ligado aos novos, figura sem polémicas na sua boémia vagabunda, mas com o Mas fechemos com os que tinham começado tudo, os que foram a primeira vanguarda mais espantosa produção na variação e quantidade, foi Stuart de Carvalhais. Autêntico dos humoristas, e que apareceram antes d’A Sátira e do 1o Salão: o grupo de Coimbra – camaleão gráfico, Stuart cruzou gerações de estilo e de público, de motivos e de Cristiano Cruz, Correia Dias, Luiz Filpe e Cerveira Pinto. Três anos antes do 1o Salão eles expressões estéticas, numa produção copiosa centrada na ilustração que atravessaria tinham lançado A Farça (1909) em Coimbra, onde um novo grafismo e um novo humor décadas. Fora das tensões e das querelas, artísticas ou pessoais, Stuart estaria presente se impunham sem paralelo. Teriam ainda colaborações n’A Sátira (à excepção de Cerveira, em praticamente todos os salões e periódicos dos humoristas e modernistas. entretanto e muito prematuramente falecido) onde se anunciava uma colaboração e Registe-se, contudo, um lote destacável de novos que contribuíram para esse integração com os humoristas de Lisboa, o que só teria efectivação real com Cristiano Cruz. combate e alteração de gostos. Almada Negreiros (1893-1970) foi regular nos Salões, Demasiado jovens, apenas Luiz Filipe ultrapassa ligeiramente os 20 anos, estavam fora de com exposição individual em 1913 e colaborando n’A Sátira (no4) ou n’A Bomba Lisboa e do Porto onde a história dos salões aconteceriam, e cedo desapareciam da cena (no2; no6), e ainda editaria o Papagaio Real (1914). Afastava-se um pouco devido ao artística portuguesa. Foram os primeiros a chegar e os primeiros a sair. O grupo semeara envolvimento com Orpheu e Portugal Futurista, mas nunca abandonando, pelo que uma nova via da ilustração modernista portuguesa mas, por razões diferentes, nenhum viria a fazer parte, com várias colaborações, na aventura elegante dos anos 20. Alfredo deles acabaria por colher os frutos dessa sua acção renovadora. Sanches de Castro, (1888-1934), que foi também aviador civil percursor, famoso por Cerveira Pinto (1894-1910) falecia com apenas 16 anos, deixando apenas a sua ser o primeiro a voar sobre Portugal, foi um dos mais presentes e inovadores com colaboração n›A Farça, e já não pôde fazer parte da história dos Salões. Luiz Filipe (1887- colaborações em diversas publicações que se estenderia ainda pelos anos 20 (O Povo, -1949), que apenas participará num dos Salões, o 2o no Porto (1916) desistirá ao longo da A Águia, A Sátira, O Riso da Vitória, ABC a Rir ou no Diário de Lisboa). década para estar já ausente para os anos 20, passando a dedicar-se à caricatura. Temos ainda a tendência mais boleada e infantil do grafismo. É o caso de Emmerico Correia Dias (1892-1935), após colaborar n’A Farça e n’A Sátira (como em O Gorro, Nunes, que após formação e estadia em Paris se fixara em Munique ainda antes do 1o Limia, A Águia ou A Rajada , em que foi director artístico), não particpava nos salões Salão humorista, onde colaboraria em periódicos importantes (Meggendorfer-Blatter). humoristas por desatino com Joaquim Guerreiro, como vimos. Em contrapartida, Fez um percurso de alternância entre a Alemanha e Portugal, o que não o impediu de expunha individualmente no Salão da Ilustração Portugueza, em Março de 1914, com ser um dos mais presentes ao longo dos salões, sempre muito solicitado e versátil na pequenas estatuetas de barro e trabalhos sobre papel, num total de 97 trabalhos. A capacidade de resposta, do mundano e elegante ao satírico. Rocha Vieira (1883-1947), crítica sublinhava a vitalidade do «traço sóbrio», com momentos de ironia, alguns colaboraria ao tempo em vários periódicos (O Século Cómico, A Sátira, Sports Ilustrados, trágicos, e a «blague caricatural que não fere»69. «Não tencionando vender nenhum Ilustração Portuguesa), num estilo mais infantil ou mais realista, o que lhe permitiu ser dos seus trabalhos», a exposição já anunciava a partida para o Brasil para expor os seus um dos grandes percursores da banda-desenhada portuguesa, trabalhos e «tentar aplicar as suas aptidões de artista decorador». Esta partida retirava Num modernismo mais elegante, temos os trabalhos de Jorge Barradas (1894-1971), Correia Dias da cena artística portuguesa. Voltaria a Portugal em 1934, numa viagem António Soares (1894-1978) ou, chegando apenas no último salão da década (1920), com a esposa, a poetiza Cecília Meireles. Suicidava-se pouco mais de uma ano depois Bernardo Marques (1898-1962), nomes que teriam o traço adequado para o sucesso, no Rio de Janeiro, a 19 de Novembro de 1935. sobretudo no registo do modelo feminino, que os esperava nas capas de magazines dos Cristiano Cruz (1892-1951) cedo foi reconhecido como mestre por artistas como anos 20 – ao qual dariam adequada qualidade em vasta produção. Almada Negreiros, Bernardo Marques ou Jorge Barradas para os quais teria «o lugar de Ernesto do Canto Faria e Maia (depois assinando e conhecido como Canto da Maia) (1890-1981) seria uma referência no âmbito da escultura. Mandara vir esculturas de Paris para o primeiro salão, de um humor de teor simultaneamente elegante e atrevido. Canto da Maia teria sempre o gosto pela escultura de pequena dimensão, fosse na satírica aqui revelada, fosse na elegante em que daria admiráveis respostas na década 69 «Exposição de caricaturas no “Salão da Ilustração Portugueza”», in A Ilustração Portugueza, Lisboa, no419, 2 Março 1912, p.285

–44 45– primeiro»70, Do grupo de Coimbra foi o mais regular a publicar e a expor, sendo por isso o mais reconhecido e o que mais influência deixou. A meados da década de 10 a sua aproximação à pintura e o tom trágico acentuou-se. Os trabalhos enviados para o 1o Salão do Porto (1915) foram significativos nessa viragem. Um crítico, que o elogiara no 1o Salão de Humoristas em Lisboa (1912), considerava agora que o seu «impressionismo exagerou-se de tal forma que já parecia aquela morta tentativa de pintura futurista»71. No ano seguinte acabava por não participar no Salão dos Fantasistas (Porto, Janeiro 1916) e para o 2o Salão de Modernistas (Porto, Maio 1916), enviava apenas um desenho. Por essa altura, dois auto-retratos exibem uma desanimada postura de melancolia: J’ai Pleuré en Rêve (c.1916) ainda sonha com o grafismo estilizado, mas em Cristiano Cruz – Auto-retrato (c.1916) o desânimo invade a sua auto-representação, que desfalece através de ríspidas linhas, raspadas às tintas já sobre o suporte para rasgarem as formas em movimentos ondulados. A ida para a França, para participar como médico voluntário na Primeira Guerra, deixaria as suas marcas na sua produção, naquela que seria uma fase final, de epílogo e de despedida artística. Num dos seus primeiros trabalhos realizados em França desenharia um Anjo abandonado, simbolicamente vergado num choro impotente (O Anjo, 1917). Um sentido melancólico transfigurava o anterior humor do cartoon ao mesmo tempo que se aproximava de um projecto de pintura, ou de uma «pintura que quase não chegou a existir»72. Em obras como Soldados à mesa dum Café (c.1917- -1918), Cena de Guerra – Rebentar duma Granada (1918), Quarto (c.1918), Senhoras à mesa dum Café (c.1919) ou Retrato do Dr. Viegas Louro (c.1919), é visível uma marcação angustiada, de teor expressionista, rara na produção portuguesa e que, ao contrário da sua ilustração não deixaria influências visíveis73. Após a experiência da Guerra embarcava em 1919 para Moçambique (Lourenço

70 “Um artista confessa-se. Página de memórias de Jorge Barradas” (conferência na S.N.B.A., em 29 Novembro 1963), in Diário de Lisboa, 5 Dezembro 1963. Já em 1913, Barradas teria dito que Cristiano Cruz era “um novo que é já um mestre dos novos”. “Vejamos... – O que será a exposição dos humoristas? – Falam os próprios expositores, que annunciam, egualmente, um rejuvenescimento da arte – «Abaixo a caricatura política!»” (com entrevistas a Christiano Cruz, Alberto de Sousa, António Soares, Jorge Barradas e Almada Negreiros), in Diário da Tarde, Lisboa, 26 Maio 1913. 71 Silva Passos; “No salão dos humoristas portugueses”, in A Capital, Lisboa, 21 Maio 1915, p.1. 72 José Luís Porfírio; “Presença ausente: «Cristiano Cruz», António Rodrigues”, in Expresso, Lisboa, 1-7 Julho 1989. 73 Cf. Fernando Rosa Dias, Ecos Expressionistas na Pintura Portuguesa Entre-Guerras (1914-1939), Lisboa: Luiz Filipe, ilustração in A Farça, nª1, Cerveira Pinto, ilustração in A Farça, nª5, Campo da Comunicação, 2012 pp-109-117.. 20 Dezembro 1909 13 Março 1910

–46 47– Marques), em comissão de serviço como médico veterinário74. Aí se instalaria —BIBLIOGRAFIA do nosso tempo», no primeiro serão d’arte definitivamente75, numa interrupção súbita da sua actividade artística em cujos do Salão soa Humoristas do Porto, Lisboa: combates se desgastara76. Deixava ainda um trabalho para o 3o Salão dos Humoristas Volumes Clássica Editora, 1915. Portugueses (Lisboa, 1920), mas o artista terminava. A sua obra pictórica ganhava assim AA.VV., Almada, Lisboa: Fundação Calouste SOUSA, João Silva de, Leal da Câmara. Um outra significação cultural, com o seu fim antes de um desenvolvimento necessário. Gulbenkian, Acarte, 1985. artista contemporâneo, Lisboa: Livros Ausência de relevo foi a de , que também experimentava DIAS, Fernando Rosa, Ecos Expressionistas Horizonte, 1984. a caricatura, desenvolvida entre a sua formação de arquitectura e o início da pintura, na Pintura Portuguesa Entre-Guerras SOUSA, Osvaldo Macedo de, 150 Anos misturando-se com esta. Mas a sua experiência fez-se em Paris, afastada das (1914-1939), Lisboa: Campo da da Caricatura em Portugal, Porto: movimentações das exposições de Humoristas em Portugal e no seu regresso os seus Comunicação, 2012. Humorgrafe, AMI – Associação Museu interesses estavam demasiado na pintura e na vanguarda. Importante, sublinhe- FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal da Imprensa, 1997. -se, essa afinação sintética do traço, da sua primeira fase nitidamente moderna no século XX (1911-1961), Lisboa: SOUSA, Osvaldo Macedo de, História que culminava nos XX Dessins, editados no mesmo ano do 1o Salão dos Humoristas Bertrand Editora, 1991 (3a edição da Arte da Caricatura de Imprensa (1912). A Arte Nova desenvolvia-se aí no esforço de exotismo e até primitivismo, acrescentada; 1974, 1a edição). em Portugal. Vol.II – Na República embora elegante e refinado, que podia ter enquadramento e papel na construção dos FRANÇA, José-Augusto, O Modernismo na 1910/1033, Lisboa: Humorgrafe, modernistas. Sabemos que foi convidado para participar no 1o Salão do Porto. Mas Arte Portuguesa, Lisboa, Instituto da Secretaria de Estado da CVultura, 1999. nessa altura, Amadeo estava já a preparar a as suas exposições individuais no Porto Cultura e Língua Portuguesa, 1980. SOUSA, Osvaldo Macedo de, As Caricaturas e em Lisboa, que foram o grande expoente da vanguarda pictórica portuguesa desse FRANÇA, José-Augusto, Os Anos 20 em da Primeira República, Lisboa: Tinta da e de muitos outros tempos. Mas se os Humoristas puderam construir novos gostos Portugal, Lisboa, Editorial Presença, 1992. China, 2005. para a arte moderna portuguesa, Amadeo estava para além dela. E se os anos 20 eram GONÇALVES, Rui Mário, “As Artes já os da aceitação pública das renovações dos novos do humorismo gráfico, Amadeo plásticas: a lenta emergência Catálogos só começaria a ser entendido pela história da arte em finais dos anos 50, como que do Modernismo”, in Portugal Salão dos Humoristas Portuguêses – Catálogo da passando por cima de um tempo anterior de recepção da parte da crítica de arte. Contemporâneo, volume 4, Lisboa, primeira exposição de caricaturas em 1912, Publicações Alfa, 1990. Lisboa: Grémio Literário, [Maio] 1912. PIRES, Daniel, Dicionário das Revistas Catálogo do 2o Salão dos Humoristas Literárias Portuguesas do Século XX, Portuguêses, Lisboa: Grémio Literário, Lisboa: Contexto Editora, 1986. Junho 1913 (prólogo de André Brun). RODRIGUES, António, Cristiano Cruz Salão dos Humoristas, Porto: [Salão do] Jardim – Cenas de Guerra, Lisboa, Quetzal Passos Manuel, Maio-Junho 1915. Editores, 1989. II Salão dos Modernistas, Porto: [Salão de SILVA, Raquel enriques, «Sinais de Festas do Jardim Passos Manuel], Maio 74 Curso que terminara em Julho de 1915 e cuja continuidade profissional fora interrompida pela sua par- ticipação na I Guerra Mundial. Efectuou o doutoramento em 28 de Março de 1918, numa interrupção de ruptura: «livres» e humoristas», in 1916. fugida da guerra. História da Arte Portuguesa (direcção Exposição de Arte – Lyster Franco, Raul 75 Teria apenas breves passagens por Portugal (metrópole) em 1923, para casar, e em 1930-1931, com licença. de Paulo Pereira), Lisboa: Temas e Carneiro, Carlos Porfírio, Jorge Barradas 76 Conta-se ainda a história traiçoeira dum amigo num concurso para um cartaz, que o teria influenciado Debates, Círculo de Leitores, 1996, (catálogo-desdobrável), Faro: Teatro a desistir da carreira artística: «Por essa data surgiu um concurso para um cartaz das Águas de Vidago, e quando se preparava para participar, um amigo, companheiro das artes, desmotivou-o, convencendo-o a pp.368-405. Lethes, inaugurada a 6 de Maio de 1917. não concorrer. Esse mesmo amigo utilizou a sua ideia para o cartaz, ganhando dessa forma o concurso». SIMÕES, Nuno, Gente Risonha, Palavras Salão dos humoristas. Catálogo, Porto: Osvaldo de Sousa; «O Homem, o Modernismo, o Mito», in Cristiano Cruz (1892-1951), Retrospectiva sobre «a caricatura e alguns caricaturistas [Salão Silva Porto], Dezembro 1926. (catálogo), Lisboa, Museu Rafael Bordalo Pinheiro, Outubro-Dezembro 1993, p.18.

–48 49– Almada e as origens do modernismo em Medeiros e José Bandeira). Emmerico %2FUCBG%2DRP%2D6%2D14%5Fite http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ Portugal. Representação Portuguesa à XI Hartwich Nunes. Retrato Sensível. m1%2Findex%2Ehtml Periodicos/OMoscardo/OMoscardo.htm Bienal de São Paulo, São Paulo, 1971. Arte e Desenho Humorística na Imprensa A Rajada (Coimbra, 1911, 4 números). O Riso da Vitória (Lisboa, 1919, 11 Exposição. Vida e obra de Stuart Carvalhais, Alemã, Braga: Museu Nogueira da Silva, Disponível em: http://almamater.uc.pt/ números). Disponível em: http:// serviços Culturais da Câmara Municipal Universidade do Minho, 2005. wrapper.asp?t=A+rajada+%3A+revista hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/ de Lisboa, Palácio dos Coruchéus, Maio- +de+cr%EDtica%2C+arte+e+letras&d= RisoVitoria/RisoVitoria.HTM Junho 1982. Sites http%3A%2F%2Fbdigital%2Esib%2Eu O Thalassa: semanario humoristico e de Dos nossos «Anos 20», Galeria Nasoni, Hemeroteca Digital: http:// c%2Ept%2Fbg4%2FUCBG%2DOS%2 caricaturas (Lisboa, 1913-1915; 99 Março 1986 (texto de Bernardo Pinto hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ D965%2FUCBG%2DOS%2D965%5Fit números) Disponível em: http:// de Almeida). Bibçioteca Nacional Digital: http://purl.pt/ em1%2Findex%2Ehtml hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ Stuart. 1887-1987. Centenário do Nascimento, index/geral/PT/index.html A Sátira. Revista humorística de caricaturas Periodicos/OThalassa/OThalassa.htm Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Humorgrafe – Um blog de informação (Lisboa, 1911, 4 números). Disponível Centro de Arte Moderna, 20 Julho 1987. sobre Humor e Caricatura. Cartoon’s em: Alma Nova: revista ilustrada (Lisboa, Periódicos (Fortuna crítica) Botelho, Lisboa, Fundação Calouste News: http://humorgrafe.blogspot.pt/ 2a série, 1915-1918, 25 números; 3o série, 1911 Gulbenkian, Centro de Arte Moderna, 1933-1935, 35 números; 5a série, 1927- «Leal da Câmara», in A Sátira, Lisboa, no4, 20 Julho a 3 Setembro 1989 Periódicos 1929, 15 números). Disponível em: 1 Junho 1911, pp.1-3. Cristiano Cruz (1892-1951), Retrospectiva, A águia: revista quinzenal ilustrada de http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ «Sociedade dos Humoristas Portuguezes», in Lisboa, Museu Rafael Bordalo Pinheiro, literatura e crítica (Porto, 1910-1932). Periodicos/AlmaNova/AlmaNova.htm A Sátira, Lisboa, no4, 1 Junho 1911, p.46. Outubro-Dezembro 1993. Disponível em: http://purl.pt/12152 Brasil Portugal: revista quinzenal Dos humoristas Portugueses, Museu Leal A Bomba (Porto, 1912; 10 números). ilustrada (Lisboa, 1899-1914; 361 1912 da Câmara; Museu da República; Disponível em: http:// números). Disponível em: http:// Silva Passos, «Vida artística – O Salão dos Humorgrafe – Iniciativa Integrada hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/ humoristas portuguezes. Ultrapassam nas comemorações dos 150 Anos da Periodicos/ABomba/ABomba.htm BrasilPortugal/BrasilPortugal.htm os limites das tentativas auspiciosas», Caricatura em Portugal, 1997 (textos de A Contemporânea (1915, número specimen; Ilustração (Lisboa, 1926-1931; 1961-1975; in A Capital, Lisboa, 9 Maio 1912, p.2. Leal da Câmara e Osvaldo Macedo de 1922-1924, 10 números; 1926, 3 372 números). Disponível em: http:// «O Salão dos Humoristas», in A Lucta, Sousa). números). Disponível em: http:// hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/ Lisboa, 9 Maio 1912. 1900-1940. Modernismo e Vanguarda nas hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/ Ilustracao/Ilustracao.htm «O Salão dos humoristas. Chalaças & Arte», Colecções do Museu do Chiado. Outras CONTEMPORANEA/Contemporanea.htm Ilustração Portugueza (Lisboa, 1903-1923, in Novidades, Lisboa, 9 Maio 1912. disciplinas nas colecções do Museu A Corja: semanário de caricaturas (Lisboa, 932 números). Disponível em: http:// «Vida Artística – Primeira exposição do Chiado, Castelo Branco: Museu 1898; 17 números. Disponível em: hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/ Nacional de caricaturas – o “Salão dos de Francisco Tavares Proença Júnior, http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/ IlustracaoPort/IlustracaoPortuguesa.htm Humoristas Portugueses” cuja abertura (2002?) (texto de David Santos). OBRAS/ACorja/ACorja.htm Miau! (Porto, 1916; 19 números). se efectua hoje no Grémio Literário, RM – A Republica e a Modernidade: Revelar, A Farça (Coimbra, 1909-1910; 6 números). Disponível em: http:// será visitado pelo Chefe de Estado e Renovar, Regressar, Ponta Delgada: Disponível em: http://almamater.uc.pt/ hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/ pelo Presidente do Conselho», in O Museu Carlos Machado, 6 Novembro wrapper.asp?t=A+far%E7a&d=http%3A Miau/Miau.htm Século, Lisboa, 9 Maio 1912, p.1. a 2010 a 28 fevereiro 2011 (textos de %2F%2Fbdigital%2Esib%2Euc%2Ept% O Moscardo: semanário humorístico (Lisboa, «Vida Artística – A Exposição de Duarte Melo, Vitor dos Reis, Margarida 2Fbg4%2FUCBG%2DRP%2D6%2D14 1912; 4 números). Disponível em: Caricaturas – abriu hontem com a

–50 51– assistência do Chefe de Estado e pelo “mesmedoiselles» Mily Possoz e Alice Século, Lisboa, 24 Março 1913, p.1. Junho, 1913, p.1. Presidente do Conselho», in O Século, Rey Colaço», in O Século, Lisboa, 15 «Galeria dos Humoristas. Exposição de «A exposição dos humoristas portugueses Lisboa, 10 Maio 1912, p.1. Março 1913, p.2. Almada Negreiros », in O Século, – Abriu hontem nas salas do Grémio «Vida Artística – Exposição de Caricaturas», «Arte feminina. Uma exposição na Lisboa, 24 Março 1913, p.5. Litterario», in A Capital, Lisboa, 6 in O Século, Lisboa, 11 Maio 1912, p.1. “Ilustração Portugueza» – Os quadros «Vida Artística. Exposição Almada Negreiros, Junho 1913, p.1. Jayme Victor, «Notas da Quinzena – Lisboa, de Mily Possoz e D. Alice Rey Colaço», in O Século, Lisboa, 31 Março 1913, p.2. «Vida Artística – Inaugura-se a exposição 16 de Maio de 1912 – Pintores e in O Século, Lisboa, 16 Março 1913, p.1. «Vida Artística. Exposição Almada Negreiros, de Caricaturas», in O Século, Lisboa, 6 Caricaturistas – As exposições – Duas «Vida Artística. Exposição de caricaturas. in O Século, Lisboa, 1 Abril 1913, p.2. Junho, 1913, p.1. nobres figuras», in Brasil-Portugal, Almada Negreiros», in O Século, Lisboa, «Vida Artística. Exposição Almada Negreiros, M.F., «Exposição dos Humoristas», in A no320, 16 Maio 1912, pp.498-499. 16 Março 1913, p.2. in O Século, Lisboa, 31 Março 1913, p.2. Lucta, Lisboa, 8 Junho 1913, p.2. «Vida Artística – Exposição de Caricaturas», «No Salão da “Ilustração Portugueza» . Almada Negreiros (José de), «Vida Artística. «Vida Artística – Exposição dos in O Século, Lisboa, 16 Maio 1912, p.2. A Exposição Mily-Rey Colaço», in O A Exposição da Sociedade Nacional Humoristas», in O Século, Lisboa, 9 «Exposição dos humoristas no Grémio Século, Lisboa, 18 Março 1913, p.1. apreciada pelo caricaturista José de Junho 1913, p.1. Literário», in A Ilustração Portugueza, «Vida Artística. Exposição Almada Almada Negreiros», in Diário da Tarde, «Vida Artística – A Exposição dos Lisboa, no326, 20 Maio 1912, pp. Negreiros, in A Capital, Lisboa, 19 Lisboa, 16 Maio 1913, p.1. Humoristas – Hipólito Colombo e 647-648. Março 1913, p.2. “Vejamos... – O que será a exposição Jorge Barradas», in O Século, Lisboa, 10 «Vida Artística – Exposição de Caricaturas», «Vida Artística. Inaugura-se a exposição de dos humoristas? – Falam os próprios Junho 1913, p.2. in O Século, Lisboa, 19 Maio 1912, p.3. caricaturas. Almada Negreiros», in O expositores, que annunciam, «Exposição Humorística», in O Thalassa, «Exposição Leal da Câmara», in A Ilustração Século, Lisboa, 20 Março 1913, p.2. egualmente, um rejuvenescimento da Lisboa, 12 Junho 1913, p.2. Portugueza, Lisboa, no326, 20 Maio «No Salão da “Ilustração Portugueza» . arte – «Abaixo a caricatura política!»” Júlio Dantas, «Ilustração portugueza. 1912, p.656. A Exposição Mily-Rey Colaço», in O (com entrevistas a Christiano Cruz, Crónica. O Salão dos Humoristas», in Veiga Simões, «O Salão dos humoristas», Século, Lisboa, 21 Março 1913, p.3. Alberto de Sousa, António Soares, Jorge Ilustração Portugueza, Lisboa, no382, 16 in A Águia, Porto, Vol.II, 2a série, no7, «Vida Artística. Exposição de caricaturas. Barradas e Almada Negreiros), in Diário Junho 1913, p.787. Julho 1912, pp.19-26. Almada Negreiros», in O Século, Lisboa, da Tarde, Lisboa, 26 Maio 1913. «Exposição de Caricaturas», in Ilustração “A Caricatura em Portugal. O que é o Grupo 22 Março 1913. “A nossa legenda é: A GUERRA À BOTA- Portugueza, Lisboa, no382, 16 Junho dos Humoristas” (entrevista a Cristiano «Belas Artes» [exposição de Almada DE-ELÁSTICO!”. “Modos de ver... «Os 1913, p.791. Cruz), in A Capital, Lisboa, 15 Agosto 1912. Negreiros], in Ilustração Portugueza, novos desnacionalizam a caricatura?», «Vida Artística – O certamen dos Humoristas Lisboa, no370, 24 Março 1913, p.381. afirma o sr. Alberto de Sousa. «Abaixo continua sendo muito visitado», in O 1913 «No Salão da Ilustração Portugueza. a bota-de-elástico», diz o sr. Christiano Século, Lisboa, 17 Junho 1913, p.1. «Vida Artística – Uma próxima exposição Exposição de Arte» [exposição de Mily Cruz” (com carta de Cristiano Cruz: «O Nuno de Oliveira, «“Salon” dos de caricaturas», in O Mundo, Lisboa, 13 Possoz e Alice Rey Colaço], in Ilustração senhor Alberto de Sousa e o traço»), in Humoristas»., in A República, Lisboa, 17 Março 1913, p.3. Portugueza, Lisboa, no370, 24 Março Diário da Tarde, 28 Maio 1913, p.1. Junho 1913. «Exposição de pintura. Trabalhos de 1913, pp.358-359 «Vida Artística – Inaugura-se ámanhã o «Vida Artística – Salão dos Humoristas», in “mesmedoiselles» Mily Possoz e Alice «No Salão da “Ilustração Portugueza” – Salão dos Humoristas», in O Século, O Século, Lisboa, 18 Junho 1913, p.1. Rey Colaço», in O Século, Lisboa, 14 O Sr. Presidente da República visita Lisboa, 4 Junho, 1913, p.1. «Vida Artística – A Exposição dos Março 1913, p.1. a exposição de pintura» [exposição de «Vida Artística – Inaugura-se hoje o Salão Humoristas», in O Século, Lisboa, 19 «Exposição de pintura. Trabalhos de Mily Possoz e Alice Rey Colaço], in O dos Humoristas», in O Século, Lisboa, 5 Junho 1913, p.1.

–52 53– António Cobeira, «Crónica Occidental», in Carneiro Geraldes, «Humoristas Novembro 1916, p.2. «Exposições – Na Sociedade Nacional de O Occidente, Lisboa, no 1241, 20 Junho Portugueses. O Salon do Porto – alguns «“Galeria das Artes” », in República, Lisboa, Belas Artes – No Salão do Theatro S. 1913, pp. 173-175. expositores de Lisboa», in O Século, 10 Novembro 1916, p.1. Carlos [Exposição Alma Nova]», in O «Vida Artística – A Exposição dos Lisboa, 26 Maio 1915. «Arte – “Galeria das Artes”», in Diário Dia, Lisboa, 11 Fevereiro 1917, p.1. Humoristas», in O Século, Lisboa, 22 «Arte – Salão dos humoristas», in O Nacional, Lisboa, 11 Novembro 1916, p.3. «Vida Artística – Exposição da “Alma Junho 1913, p.1. Comércio do Porto, 28 Maio 1915, p.2. V. F. (Victor Falcão), «A “Galeria das Nova”», in O Mundo, Lisboa, 18 Fernando Pessoa, «Arte . As Caricaturas de Ronald de Carvalho, ««Arte – O Irreal na Artes”», in Atlântida, Lisboa, no14, 1916, Fevereiro 1917, p.3. Almada Negreiros», in A Águia, Porto, Arte» [Sobre as exposições de Correia pp.144-147. «Arte – Exposição da “Alma Nova”», in A Vol.III, no16, 1913, pp.134-135. Dias e António Carneiro], in A Águia, n37, «Exposição de Arte» [Exposição de Arte da Lucta, Lisboa, 19 Fevereiro 1917, p.1. Janeiro-Julho 1914, pp.30-33. «Alma Nova»], in O Mundo, Lisboa, 4 «Vida Artística – Inaugurou-se ontem 1914 Dezembro 1916. a Exposição promovida pela “Alma «Exposição de caricaturas no “Salão da 1916 «Alma Nova», in Voz do Sul, Silves, 5 Nova”», in O Mundo, Lisboa, 25 Ilustração Portugueza”», in A Ilustração «Arte – Salon dos Modernistas», in O Novembro 1916, p.5. Fevereiro 1917, p.3. Portugueza, Lisboa, no419, 2 Março Comércio do Porto, 2 Maio 1916, p.2. José Rebelo, «Notas do mês. A Exposição A. de C., «A Exposição da Alma Nova», in 1914, p.285. «Os Modernistas», in O Primeiro de Janeiro, da Alma Nova», in Alma Nova, Lisboa, Ilustração Portugueza, Lisboa, no575, 26 Luís Chaves, «Arte e Humor. Exposição Porto, 9 Maio 1916, p.1. no19, Novembro 1916, p.19. Fevereiro 1917, pp.162-163. Correia-Dias. Exposição de Pintura e «Arte – Salão dos Modernistas», in O Henrique de Vilhena, «Exposição de arte Caricatura: de Emmerico H. Nunes: Comércio do Porto, 10 Maio 1916, p.2. 1917 da Alma Nova», in Alma Nova, Lisboa, Março de 1914», in O Occidente, Lisboa, «Arte – Salão de Modernistas», in O «Exposição de Arte» [Exposição Alma Nova], no20, Dezembro 1916 a Fevereiro 20 Março 1914, pp. 86-88. Comércio do Porto, 17 Maio 1916, p.2. in A Lucta, Lisboa, 7 Fevereiro 1917, p.1. 1917, pp.21-22. Virgílio Correia, ««Arte – A Exposição «Galeria das Artes», in A Capital, Lisboa, 8 «Vida Artística – Exposição de Arte» «Catálogo da Exposição de arte promovida Correia Dias», in A Águia, no28, Abril Setembro 1916, p.2. [Exposição Alma Nova], in O Mundo, pela revista Alma Nova sob a direcção 1914, pp.121-124. «“Galeria das Artes”. Inaugura-se hoje no Lisboa, 7 Fevereiro 1917, p.1. de Saavedra Machado», in Alma Salão Bobone», in Diário de Notícias, «A Exposição promovida pela Alma Nova», Nova, Lisboa, no20, Dezembro 1916 a 1915 Lisboa, 9 Setembro 1916, p.2. in A Lucta, Lisboa, 8 Fevereiro 1917, p.2. Fevereiro 1917, pp.27-30. Em que trabalha Cristiano Cruz” (entrevista a «“Galeria das Artes”. A exposição hontem «A Exposição da Alma Nova inaugurou- Maurício Monteiro, «Actualidades – Alma Cristiano Cruz), in O Jornal, 30 Abril 1915. inaugurada é muito valiosa», in O se hoje no Salão do S. Carlos», in A Nova», in Voz do Sul, Silves, 4 Março «Arte – Salão dos humoristas», in O Século, Lisboa, 9 Setembro 1916, p.2. Capital, Lisboa, 8 Fevereiro 1917, p.2. 1917, p.1. Comércio do Porto, 18 Maio 1915, p.1. Em foco. José Pacheko (Organizador da «Vida Artística – Exposição de Arte» Aquilino Ribeiro, «Mês Artístico – Exposição «Arte – Salão dos humoristas», in O Galeria das Artes)», in O Século Cómico, [Exposição Alma Nova], in O Mundo, “Alma Nova”», in Atlântida, Lisboa, no17, Comércio do Porto, 19 Maio 1915, p.2. Lisboa, 25 Setembro 1916, p.3. Lisboa, 8 Fevereiro 1917, p.1. 15 Março 1917, pp.407-408. Silva Passos, «Vida artística – No salão dos Nuno, «Os Futuristas – Novidade e absurdo «Vida Artística – Inaugurou-se ontem «Exposição de Arte» [Exposição de Arte humoristas do Porto – As manchas de – a propósito da “Galeria das Artes” a Exposição promovida pela “Alma em Faro], in O Heraldo, Faro, 18 Março Salazar», in A Capital, Lisboa,21 Maio na Bobone», in República, Lisboa, 4 Nova”», in O Mundo, Lisboa, 9 1917, p.1. 1915, p.1. Novembro 1916, p.1. Fevereiro 1917, p.1. «Exposição de Arte» [Exposição de Arte em «Arte – Salão dos humoristas», in O «“Galeria das Artes”, abertura festiva «Vida Artística – Exposição da “Alma Nova”», Faro], in Voz do Sul, Silves, 18 Março Comércio do Porto, 21 Maio 1915, p.3. da Seison», in A Ordem, Lisboa, 10 in O Mundo, Lisboa, 10 Fevereiro 1917, p.2. 1917, p.1.

–54 55– «Exposição de Arte» [Exposição de Arte em «A Exposição de Arte» [Exposição de Arte Porto, 14 Novembro 1919, p.4. Arte e Novidade», in A Pátria, Lisboa, Faro], in O Heraldo, Faro, 1 Abril 1917, p.1. em Faro], in O Heraldo, Faro,3 Junho «Arte. Exposição dos Modernistas», in O 12 Julho 1920, p.1. «Exposição de Arte» [Exposição de Arte em 1917, p.1. Comércio do Porto, 15 Novembro 1919, p.1. «Vida Artística. Salão dos Humoristas», in Faro], in O Heraldo, Faro, 8 Abril 1917, p.1. «A Exposição de Arte (Conclusão)» «Arte. Salon dos Modernistas», in O Comércio O Século, Lisboa, 13 Julho 1920, p.2. «Exposição de Arte» [Exposição de Arte em [Exposição de Arte em Faro], in O do Porto, 16 Novembro 1919, p.1. «Grupo dos Humoristas Portugueses. 3a Faro], in O Heraldo, Faro, 15 Abril 1917, p.1. Heraldo, Faro, 10 Junho 1917, pp.1-2. «No Salão dos Modernistas – Uma exposição», in ABC, Lisboa, no1, 15 «Exposição de Arte. Abrirá no primeiro José Braz, «A Exposição de Arte. Fala exposição bizarra», in O Primeiro de Julho 1920, p.25. Domingo de Maio com entradas pagas um discípulo de José Malhôa» [carta Janeiro, Porto, 16 Novembro 1919, p.1. «A 3o Exposição dos Humoristas a favor do Hospital de Faro. Sob a de José Braz para «O Clamor» sobre «Aldeia Portuguêsa» [Leal da Câmara], in Portugueses», in Ilustração Portugueza, presidência da Exma. Sra. D. Ana de a Exposição de Arte em Faro], in O Ilustração Portugueza, Lisboa, no716, 19 Lisboa, no752, 19 Julho 1920, pp.41-42. Bivar Cumano um grupo de gentis Heraldo, Faro, 17 Junho 1917, pp1-2. Novembro 1919, p.275 Julião Quintinha, «Artistas Algarvios. Um, Senhoras da elite Farense, venderá P. D. M., «No Salão “de Modernistas” », caricaturista Silvense na exposição de S. flores e os bilhetes de admissão ao 1919 in O Primeiro de Janeiro, Porto, 20 Carlos», in Voz do Sul, Silves, 25 Julho certame artístico» [Exposição de Arte «Vida Artística. Exposição Milly Possoz – Novembro 1919, p.1. 1920, pp.1-2. em Faro], in O Heraldo, Faro, 29 Abril Alice Rey Colaço», in A Capital, Lisboa, Luís Chaves, «Da nossa Arte & da nossa 1917, pp.1-2. 4 Abril 1919. 1920 Gente – Ramos Ribeiro – Pintor Novo – «Exposição de Arte» [Exposição de Arte em E. N., «Exposições de Arte. Pintura, Armando Ferreira, «Quintas-feiras. Emerico Nunes nos “Humoristas “ », in A Faro], in O Heraldo, Faro, 6 Maio, 1917, p.1. ilustrado e desenho» [exposição de Milly Arte. A Exposição dos Humoristas Monarquia, Lisboa, 28 Julho 1920, p.2. «Vida Artística – Uma Exposição de Arte Possoz e Alice Rey Colaço], in Diário de – portugueses e Espanhoes – Uma em Faro», in O Mundo, Lisboa, 6 Maio Notícias, Lisboa, 5 Abril 1919. nota interessantíssima no nosso meio 1921 1917, p.2. «Arte. Exposição Alice Rey Colaço – Mily artístico», in Capital, Lisboa, 1 Julho Armando Ferreira, «Arte. Nova Exposição Lyster Franco, «Crónica Citadina – A Possoz», in A Época, Lisboa, 5 Abril 1919. 1920, p.2. na Bobone» [Exposição de Albert Exposição de Arte», in O Heraldo, Faro, Gonçalo Mendes Ramires, «No Salão Bobone. «Vida Artística. A Exposição dos Jourdain, Ortigão Burnay, Rui Vaz e 13 Maio 1917, p.1. Exposição Meliy Possoz – Rey Colaço», in Humoristas », in O Século, Lisboa, 1 Mily Possoz], in A Capital, Lisboa, 20 «A Exposição de Arte» [Exposição de A Época, Lisboa, 9 Abril 1919. Julho 1920, p.2. Abril 1921, p.1. Arte em Faro],in O Heraldo, Faro, 13 «Duas artistas» [exposição de Mily Possoz «Vida Artística. A Exposição dos «Vida Artística. A Exposição do Salão Maio 1917, p.2. e Alice Rey Colaço], in Ilustração Humoristas », in O Século, Lisboa, 2 Bobone» [Exposição de Albert Jourdain, «A Exposição de Arte» [Exposição de Arte Portugueza, Lisboa, no687, 21 Abril Julho 1920, p.2. Ortigão Burnay, Rui Vaz e Mily Possoz], em Faro], in Voz do Sul, Silves, 13 Maio 1919, p.318 F. H., «Artes. Exposições. 3o Exposição in O Século, Lisboa, 21 Abril 1921, p.2. 1917, p.2. Manoel de Sousa Pinto; “Pintura, ilustração d’arte promovida pelo “Grupo dos «Figuras e Factos» [Exposição de Albert «A Exposição de Arte – Encerra hoje o e desenho. Mily Possoz e Alice Rey Humoristas Portugueses” nos salões Jourdain, Ortigão Burnay, Rui Vaz e interessante certamen artístico que tantos Colaço”, in Atlântida, Lisboa, vol.X, no37 do Teatro de São Carlos», in O Mundo, Mily Possoz], in Ilustração Portugueza, visitantes atraiu ao Salão do Teatro Lethes», (Abril?), 1919, pp.112-113 Lisboa, 4 Julho 1920, p.2. Lisboa, no793, 30 Abril 1921, pp.41-42. in O Heraldo, Faro, 20 Maio 1917, p.1. «Arte. Salon dos Modernos», in O Comércio E.-N., «Arte. Humoristas Portugueses», in Almada Negreiros, «A reunião de ontem «A Exposição de Arte» [Exposição de Arte do Porto, 12 Novembro 1919, p.1. Diário de Notícias, Lisboa,5 1920, p.3. no Chiado Terrasse – o comício dos em Faro], in O Heraldo, Faro, 27 Maio José de Azevedo, «O 3o Salão dos J. M., «A exposição dos Humoristas “novos” – Algumas notas interessantes 1917, p.1. Modernistas», in O Primeiro de Janeiro, pintores Portugueses e espanhois – e curiosas escritas por alguém que

–56 57– assistiu à assembleia – o discurso de Lisboa, 19 Março 1923, p.5. «Na sede do C.S.O. A grande exposição 1943 futurista do nosso colaborador Almada Mário Domingues: “Arte e artistas. A de Arte e conferência do Dr. Fernando Diogo de Macedo, «Subsídios para a História Negreiros», in Diário de Lisboa, 19 exposição de Alberto de Teles Machado”, Lopes», in Correio Olhanense, Olhão, da Arte Moderna em Portugal. III», in Dezembro 1921, pp.4, 8. in A Batalha, Lisboa, 20 Março 1925, p.2. no119, 10 Agosto 1924, p.1. Aventura, Lisboa, no3, Julho 1943 Almada Negreiros, «A reunião dos “novos” Eduardo de Noronha, “Vida artística. «A exposição de Arte», in Correio Olhanense, – Uma carta de José de Almada Desenhos de Bento Correia, óleos e Olhão, no121, 24 Agosto 1924, p.2. 1963 Negreiros em que este artista explica gouaches de Teles Machado”, in Correio M. V. (Mário Vaz?), «Os desenhos de “Um artista confessa-se. Página de memórias a sua atitude no comício do “Chiado da Manhã, Lisboa, 20 Março 1923. Almada Negreiros», in Athena, Lisboa, de Jorge Barradas” (conferência na Terrasse” e onde se refere ao incidente Matos Sequeira, “Arte & Artistas. A no2, Novembro 1924, pp.74-76. S.N.B.A., em 29 Novembro 1963), in com Leal da Câmara», in Diário de exposição Van-Hoertre Teles Machado”, Diário de Lisboa, 5 Dezembro 1963. Lisboa, 21 Dezembro 1921. in O Mundo, Lisboa, 22 Março 1923. 1926 Leal da Câmara, «Ecos da reunião Mario Domingues; “Exposições de Arte. A Mário Domingues, «Os doidos vistos por 1974 no”Terrasse” – Leal da Câmara exposição de pintura Teles Machado”, um artista de talento», in Renovação; José-Augusto França, «“Humoristas” e esclarece a sau intervenção no comício in Revista Portuguesa, Lisboa, 24 Março Lisboa, no19, 1 Abril 1926. “Modernistas” nos anos portugueses dos “novos” e responde a Almada 1923, pp.23-26. «Os Humoristas portugueses vão ter de 1910», in Colóquio Artes, Lisboa: Negreiros», Almada Negreiros», in Tristão Viana; “Arte e Artistas – um grande salão no Porto», in O Sol, Fundação Calouste Gulbenkian, no16, Diário de Lisboa, 24 Dezembro 1921. Comentários a um manifesto Lisboa, no3, 3 Novembro 1926, p.1. Fevereiro 1974, pp.35-41. incompreensível”, in República, Lisboa, Guedes de Amorim, «Crónica do Porto 1923 29 Março 1923, pp.1-2. – Humoristas Portugueses e o riso 1986 «Arte e Artistas» [Exposições de Vasquez Reynaldo Ferreira, “A Entrevista da semana. moderno», in Diário da Tarde, Lisboa, Osvaldo de Sousa, “Cristiano Cruz: o mito Diaz e de Adriano Costa], in A Stuart Carvalhaes fala-nos das suas 20 Novembro 1926, p.2. na caricatura”, in Diário de Notícias, Ilustração Portugueza, Lisboa, no883, 20 realisações e dos seus desejos”, in Edurisa., «Crónica do Porto – O Salão de Lisboa, 2 Fevereiro 1986. Janeiro 1923, p.77. Revista Portuguesa, Lisboa, 23 Junho Humoristas representa o esforço do J. de C. «Arte. Exposição Isaura Carvalho – 1923, pp.19-24. artista “D. Fuas”», in Diário de Lisboa, 1989 Roberto Nobre», in A Capital, Lisboa, 23 10 Dezembro 1926, p.2. Rodrigues da Silva, “Descoberta da Janeiro 1923, p.1. 1924 «Salão de Humoristas», in O Primeiro de Transfiguração” [sobre Cristiano Cruz], «Arte e Artistas» [Exposições de Vasquez «A exposição d’Arte alvitrada por este Janeiro, Porto, 21 Dezembro 1926, p.4. in Diário de Lisboa, 4 Abril 1989. Diaz e de Roberto Nobre e Isaura jornal, está interessando o público culto Guedes de Amorim, «Crónica do Porto – O José Luís Porfírio; “Presença ausente: Cavaleiro], in A Ilustração Portugueza, da nossa terra», in Correio Olhanense, I “Salon” dos Humoristas», in Diário da «Cristiano Cruz», António Rodrigues”, Lisboa, no885, 3 Fevereiro 1923, p.142. Olhão, no112, 7 Junho 1924, p.1. Tarde, Lisboa, 27 Dezembro 1926, p.2. in Expresso, Lisboa, 1-7 Julho 1989. José Dias-Sancho, “A entrevista desta «A exposição de Arte», in Correio Olhanense, «Vida Artística – Salão dos Humoristas», Semana. José de Almada Negreiros Olhão, no114, 21 Junho 1924, p.2. in O Primeiro de Janeiro, Porto, 28 1992 fala-nos das suas ideias e das suas «Convite. A exposição de Arte», in Correio Dezembro 1926, p.2. Osvaldo de Sousa, “Christiano Cruz. Do Mito intenções”, in Revista Portuguesa, Olhanense, Olhão, no116, 13 Julho 1924, p.2. à Realidade”, in Artes Plásticas, Lisboa, Lisboa, 17 Março 1923, pp.10-14. «A exposição de Arte é inaugurada no 1942 no19, Agosto-Setembro 1992, pp.57-60. Artur Portela; “Vida artística. Da arte actual. próximo Domingo», in Correio Olhanense, Carlos Queiróz; «Da Arte Moderna em A exposição Teles Machado”, in Diário Olhão, no117, 20 julho 1924, p.2. Portugal», in Variante, Primavera 1942.

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