CRIOULIZAÇÃO CÉNICA Em Busca De Uma Identidade Para O Teatro Cabo-Verdiano
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CRIOULIZAÇÃO CÉNICA Em Busca de uma Identidade para o Teatro Cabo-verdiano João Guedes Branco Tese Doutoramento em Comunicação, Cultura e Artes Orientadores Professora Doutora Eugénia Vasques Professor Doutor Pedro Ferré Encenador Márcio Meirelles (Teatro Vila Velha / Brasil) Janeiro, 2016 II CRIOULIZAÇÃO CÉNICA Em Busca de uma Identidade para o Teatro Cabo-verdiano João Guedes Branco Tese Doutoramento em Comunicação, Cultura e Artes Orientadores Professora Doutora Eugénia Vasques Professor Doutor Pedro Ferré Encenador Márcio Meirelles (Teatro Vila Velha / Brasil) III IV Ao povo de Cabo Verde, a minha eterna gratidão VI VII SIGLAS ALAIM – Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo ARTA – Associação Regional de Teatro Amador BO – Boletim Oficial CCP – Centro Cultural Português CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa EUA – Estados Unidos da América GTCCPM – Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo JAAC-CV – Juventude Africana Amílcar Cabral OTACA – Oficina de Teatro e Comunicação de Assomada PAIGC – Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde TACV – Transportes Aéreos de Cabo Verde TCT – Troupe CénicaTropical TERM – Teatro Experimental Rubom Manel TPM – Troupe Pará Moss VIII AGRADECIMENTOS À Fundação Calouste Gulbenkian, de quem fui orgulhoso bolseiro, sem a qual este projeto de investigação teria sido impossível de colocar em prática. Aos meus orientadores, pela paciência e o tempo que dispensaram para me apoiar. Ao Jeff Hessney pela pertinência e atenta correção, sugestões e advertências. Ao Instituto Camões, por permitir que o meu local de trabalho seja, desde sempre, um espaço de permanente liberdade criativa e intelectual. Aos meus mestres, aqueles que conheço pessoalmente e com quem aprendi muito do ofício e aos que apenas conheço obra escrita, por serem minha inspiração e fonte de sabedoria. A todos os fazedores de teatro cabo-verdianos, dos mais veteranos aos mais jovens, por me fazerem acreditar que é possível fazer quase tudo com quase nada. Às companhias e grupos de teatro das ilhas de Cabo Verde, verdadeiros exemplos de fábricas de sonhos e impossibilidades. Aos artistas de Cabo Verde, músicos, escritores, poetas, artistas plásticos, cineastas e loucos, por terem sido o tempero que cozinhou em lume brando a minha crioulização pessoal. Aos meus amigos, do teatro e da vida, que acreditaram e deram alento a esta empreitada. Ao meu pai, José Mário Branco, por ser um exemplo em vida, como artista e como cidadão. Às minhas filhas Laura, Inês e Isabel, por serem fonte permanente de respiração e gosto de viver. À Janaína, minha companheira de todos os dias, a quem devo uma eterna gratidão pelo suporte que representou nos momentos de maior cansaço e por partilhar comigo as mais doces, e as mais difíceis, conquistas da vida. À memória de Isabel Alves Costa, sempre presente. IX RESUMO Importando o conceito de crioulização, da linguística para os estudos culturais, e mais concretamente para o domínio das artes cénicas, a presente tese descreve a metodologia da crioulização cénica, enquanto corolário identitário do teatro pós-moderno cabo-verdiano e síntese do percurso histórico do teatro em Cabo Verde. Tendo como ponto de partida uma reflexão sobre a problemática da crioulização nos mais recentes debates tidos em diversas disciplinas, como a Linguística, História, Antropologia e Sociologia, o presente estudo passa por uma análise do processo histórico cabo-verdiano, que parte de um território inabitado e, portanto, pode considerado um laboratório modelar que reflete como poucos o processo de crioulização cultural. Partindo desse pressuposto, faz-se uma descrição daqueles que são considerados os principais parâmetros da identidade cabo-verdiana. Ao fazer-se, de seguida, uma viagem pormenorizada pela história do teatro em Cabo Verde, desde os primeiros fenómenos parateatrais até à modernidade, procura-se comprovar que o teatro da Nação resulta fundamentalmente da História da Nação, e que graças a essa estrada de duplo sentido é possível entender melhor a identidade desta conhecendo a história do teatro cabo-verdiano, os seus protagonistas e principais características. A crioulização cénica, da qual se definem os parâmetros e se analisam quatro estudos de caso, torna-se, pela sua metodologia específica, um paradigma da identidade cénica cabo- verdiana, reflexo de múltiplas raízes, influências, ritmos, tradições e, ao mesmo tempo, resultado de um trabalho artístico contemporâneo, imbuído de um espírito multidisciplinar e colectivo. Palavras-Chave: Crioulização, Cabo Verde, crioulo, teatro, crioulização cénica X ABSTRACT Importing the concept of Creolization from Linguistics into Cultural Studies and, more precisely, into the field of the Performing Arts, the present thesis describes the methodology behind theatrical creolization as the corollary of the sense of national identity in post-modern caboverdean theater and a synthesis of the historical journey of theater in Cabo Verde. Beginning with a reflection on the issues related to creolization in the most recent debates in various different disciplines, such as Linguistics, History, Anthropology and Sociology, this study includes an analysis of Cabo Verde’s historical process, which began with an uninhabited territory and, as such, may be considered a model laboratory that reflects the process of cultural creolization like few other places in the world. Using this assumption as a foundation, the study describes what are considered the main parameters of caboverdean identity. In subsequently embarking upon a detailed journey through the history of theater in Cabo Verde, from the first paratheatrical phenomena up to the modern era, it seeks to prove that the Nation’s theater is fundamentally the result of the Nation’s history, and that, thanks to this two-way road, it becomes easier to understand the Nation’s identity through familiarity with caboverdean theater, its protagonists and its main characteristics. Theatrical creolization, the parameters of which are defined and four case studies of which are analyzed, becomes, through its specific methodology, a paradigm of caboverdean theatrical identity, a reflection of its multiplicity of roots, influences, rhythms and traditions and, at the same time, a result of contemporary artistic work imbued with a multidisciplinary and collective spirit. Key words: Creolization, Cabo Verde, creole, theatre, theatrical creolization XI ÍNDICE INTRODUÇÃO ............................................................................................................ p. 01 PRIMEIRA PARTE – CABO VERDE, ESSA GRANDE PALCO Capitulo 1: A CRIOULIZAÇÃO 1.1 Crioulização e a Relação com o todo possível ......................................................... p. 08 1.2 A Crioulização Atlântica, o caso de Cabo Verde ..................................................... p. 13 1.3 Mário Lúcio Sousa e os quatro Estados da Crioulização ......................................... p. 19 Capítulo 2: EU SOU CABO-VERDIANO 2.1 Um debate infindável ............................................................................................... p. 25 2.2 A questão da língua, entre o bilinguismo e a diglossia ............................................ p. 32 2.3 A matriz identitária ................................................................................................... p. 36 2.3.1 A condição de ilhéu .................................................................................................. p. 38 2.3.2 O sentimento de pertença .......................................................................................... p. 39 2.3.3 A importância da(s) diáspora(s) ................................................................................. p. 40 2.3.4 Heterogeneidade arquipelágica .................................................................................. p. 42 2.3.5 A língua materna cabo-verdiana ................................................................................. p. 43 2.3.6 A musicalidade e os ritmos nacionais ......................................................................... p. 43 2.3.7 Mitos e tradições ....................................................................................................... p. 51 2.3.7.1 Um poço de teatralidade ......................................................................................... p. 51 2.3.7.2 Festa da Bandeira e os Canizades ............................................................................ p. 52 2.3.7.3 Kola San Jon, entre o sagrado e o profano ............................................................... p. 54 2.3.7.4 As Santaninhas da ilha Brava ................................................................................. p. 55 2.3.7.5 O Carnaval, um evento crioulo ................................................................................ p. 56 SEGUNDA PARTE – TEATRO EM CABO VERDE, FONTES E ATUALIDADE Capítulo 3: O TEATRO NO PERÍODO COLONIAL 3.1 As primeiras manifestações parateatrais .................................................................. p. 62 3.2 Tabanka Tradison ..................................................................................................... p. 65 3.3 Um teatro de Salão e o lendário Teatro Africano ..................................................... p. 68 3.4 O Éden Park e o nascimento da Comédia Urbana Crioula ...................................... p. 73 3.5 Um teatro da resistência? ........................................................................................