Música Em 78 Rotações. 'Discos a Todos Os Preços'
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Música em 78 rotações “Discos a todos os preços” na São Paulo dos anos 30 Camila Koshiba Gonçalves UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL MÚSICA EM 78 ROTAÇÕES “Discos a todos os preços” na São Paulo dos anos 30 CAMILA KOSHIBA GONÇALVES Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Elias Thomé Saliba São Paulo 2006 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL MÚSICA EM 78 ROTAÇÕES “Discos a todos os preços” na São Paulo dos anos 30 CAMILA KOSHIBA GONÇALVES São Paulo 2006 MÚSICA DE MANIVELA Sente-se diante da vitrola E esqueça-se das vicissitudes da vida Na dura labuta de todos os dias Não deve ninguém que se preze Descuidar dos prazeres da alma. Discos a todos os preços. (Oswald de Andrade) A meu pai, José Carlos, e à minha mãe, Clara, com carinho e gratidão. E aos colecionadores de discos, que permitiram musicar as linhas deste trabalho. AGRADECIMENTOS Ao querido professor Elias, agradeço a orientação precisa e estimulante, sua franqueza intelectual ímpar, sua verdade e coerência profissionais e, sobretudo, seu admirável bom- humor e o carinho com que sempre me acolheu. Ao professor José Geraldo Vinci de Moraes, que abriu o caminho para esta e outras pesquisas sobre a música paulistana, agradeço pela leitura atenta do Relatório de Qualificação, pelos comentários e indicações bibliográficas, e pelo interesse e apoio ao longo de toda a pesquisa. Os comentários da professora Ma. Helena Rolim Capelato durante o Exame de Qualificação foram valiosos para a reelaboração do capítulo sobre a cidade de São Paulo. Suas palavras de incentivo, ditas rapidamente pelos corredores da Faculdade, deram- me mais confiança para a redação do texto final. Ao meu querido amigo João Vilhena, historiador, professor e pesquisador, agradeço pela leitura cuidadosa do Relatório de Qualificação e da Dissertação. A ele devo muitas das idéias aqui desenvolvidas; espero que reconheça nossas conversas em muitos trechos do texto final. Foi ele também quem ajudou a quebrar a solidão torturante da pesquisa nos acervos e dos dias inteiros martelando as teclas do computador. Nossas conversas fizeram a pesquisa valer a pena. Ao talentoso saxofonista e amigo Rafael Velloso, agradeço imensamente a paciência para ouvir os registros dos choros paulistanos e a ajuda com as três provas do Babaô Miloquê. Ele sempre esteve de prontidão para conversar sobre minhas angústias diante das músicas que ouvia, e não compreendia; ele lá no Rio, eu cá em São Paulo. Ao amigo Theophilo Augusto Pinto, professor, pianista, mestre pela Escola de Comunicações e Artes, agradeço o apoio e o conhecimento técnicos. Foi ele quem digitalizou e limpou os originais dos precários discos de 78rpm. Sem a sua boa vontade em me ajudar, boa parte das gravações não estariam audíveis e os capítulos sobre a cidade de São Paulo e sobre a música caipira provavelmente não seriam redigidos. Agradeço também pelas conversas estimulantes e indicações bibliográficas, especialmente sobre a gravação elétrica. Gostaria que ficasse registrada a necessidade de discussões sistemáticas entre especialistas de diversas áreas para uma compreensão mais profunda do “gesto invisível” da música em sua totalidade. Nem é preciso dizer que a responsabilidade pelo texto final é totalmente minha. No entanto, se há alguma boa idéia no texto, ela seguramente surgiu das nossas conversas informais, ou dos debates e discussões mais sistemáticos, com outros colegas mais distantes, em Congressos, Seminários ou Cursos da Pós-graduação. Agradeço também à família Gerbassi Ramos, carioca da gema, pelo “abrigo” durante todas as minhas estadas no Rio, quando pude pesquisar o valioso acervo de Liras na Divisão de Música da Biblioteca Nacional e a coleção completa da Revista Phono-Arte no Museu da Imagem e do Som. Ao CNPq, agradeço pela bolsa concedida. Sou grata também à Carol e à Karina, amigas de longa data, que tornaram a reta final da pesquisa muito mais divertida, e que aceitaram discutir trechos do texto em dias e horários sempre impertinentes. À Camila Rocha, que transformou minhas precárias fotografias de jornais, liras e revistas dos anos 20-30 nas imagens que foram para o texto. Ao Glauber, que conhece como ninguém o conteúdo da pesquisa, segue um agradecimento à distância. Espero que ele goste do resultado, e que possa comentar o texto final, como fez com o Relatório de Qualificação. Um agradecimento especial à querida amiga Paula (e família), que sempre esteve do outro lado da cidade, pronta para agüentar os dramas e angústias da pesquisa. E os da vida também. Ao “mano” Nando, farmacêutico e “peixe fora d’água” lá de casa, pelo apoio à distância, mas sempre barulhento. À minha mãe, Clara, historiadora e educadora, que me ensinou a amar os livros e a música, e que suportou não apenas um, mas dois membros da família redigindo textos acadêmicos na mesma época. Este trabalho, dedicado a ela, é, em grande parte, resultado da sua paciência e do seu amor pelas artes. Um agradecimento especial a meu pai, José Carlos, sociólogo, professor, mestre em educação e apaixonado pela música brasileira, que desde a minha graduação teve a árdua tarefa de ser o primeiro leitor dos textos que saíam da cabeça e iam para o papel. Com este não foi diferente. A ele, que me concedeu o privilégio de ser meu primeiro e mais importante interlocutor, também vai dedicado este trabalho. RESUMO A presente pesquisa investiga os caminhos trilhados pelas gravadoras de discos 78rpm que atuaram na cidade de São Paulo, desde a inauguração da gravação elétrica até a consolidação do rádio. Analisa-se, especialmente. o processo de incorporação, seleção, ou recriação das empresas fonográficas diante da produção musical brasileira. A tecnologia elétrica conferiu uma densidade sonora inédita à reprodução das músicas e alterou profundamente a experiência auditiva do ouvinte, a forma de conceber a gravação de sons por parte das companhias fonográficas, e a sua relação com as empresas de radiofonia, criando um modelo de atuação que será utilizado ao longo de todo o século XX. Como objeto privilegiado de análise estão as primeiras séries de gravações produzidas na capital paulistana, cujos acordes e vozes registrados – como os tangos, gravados nos anos 20 – foram emudecidos pelo esquecimento ou pelas péssimas condições de conservação dos fonogramas; outros – como a “música caipira”, ou os choros e as valsas – foram intensamente reproduzidos pelas rádios e vitrolas, e permanecem vivos até hoje em nossa memória musical. PALAVRAS-CHAVE Discos 78rpm – história cultural – gravadoras de disco 78rpm – música popular – cidade de São Paulo. ABSTRACT This work examines the paths follwed by the 78rpm disc recording companies, that operated in São Paulo city, since the inauguration of the electric recording process, until the consolidation of the radio companies. Particularly, the record companies’ processes of incorporation, selection and re-creation of brazilian music are analyzed. The new technology granted an unprecedented density to the sounds reproduced by the victrola and deeply transformed the listener’s auditive experience. It also changed the way that the recording companies conceived the recording process and their relation with the radio companies, creating an operating paradigm that would be used during the whole 20th century. The first series of records produced in the city of São Paulo are the main research objects analyzed, which voices and chords registered – like tangos, recorded during the 1920’s – were silenced by the forgetfullness or the discs’ bad conditions of conservation; others – like the “caipira music”, “choro” or valses – were intensily reproduced by the radio or victrolas, and remain alive in our musical memory. KEY WORDS 78rpm records – cultural history – 78rpm disc recording companies – popular music – city of Sao Paulo. SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 01 O DISCO E A MÚSICA POPULAR NO BRASIL............................................................................ 06 RETOQUES FONOGRÁFICOS.................................................................................................... 30 OS BASBAQUES DA VITROLA.................................................................................................. 61 A poesia falida das modinhas vermelhas............................................................. 80 Rapaziada do Brás............................................................................................... 100 SIMPLICIDADES CAIPIRAS....................................................................................................... 115 Música dos paulistas............................................................................................ 145 FONÓFILOS, FONÔMANOS, DISCÔMANOS............................................................................... 188 BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................ 192 FONTES..................................................................................................................................