Os Caminhos De Gilberto Mendes E a Música Erudita No Brasil
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP INSTITUTO E FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS -IFCH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL - PPGAS Os caminhos de Gilberto Mendes e a música erudita no Brasil Carla Delgado de Souza Orientadora: Profa. Dra. Rita de Cássia Lahoz Morelli Tese apresentada ao Departamento de Antropologia Social do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas para a obtenção do grau de Doutor em Antropologia Social sob orientação da Profa. Dra. Rita de Cássia Lahoz Morelli. Dezembro de 2011 Campinas FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA POR CECÍLIA MARIA JORGE NICOLAU – CRB8/3387 – BIBLIOTECA DO IFCH UNICAMP Souza, Carla Delgado, 1980- So89c Os caminhos de Gilberto Mendes e a música erudita no Brasil / Carla Delgado Souza. - - Campinas, SP : [s. n.], 2011. Orientador: Rita de Cássia Lahoz Morelli. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. 1. Mendes, Gilberto,1922- 2. Etnografia. 3. Música – Brasil – Séc. XX. 4. Músicos – Brasil – Biografia. I. Morelli, Rita de Cássia Lahoz, 1959- II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. III.Título. Informação para Biblioteca Digital Título em Inglês: The ways of Gilberto Mendes and the classical music in Brazil Palavras-chave em inglês : Ethnography Music – Brazil – 20th century Musicians – Brazil - Biography Área de concentração : Antropologia Titulação : Doutor em Antropologia Banca examinadora : Rita de Cássia Lahoz Morelli [Orientador] Denise Hortensia Lopes Garcia Maria Suely Kofes Rose Satilko Gitirana Hikiji Samuel Melo Araújo Júnior Data da defesa : 02-12-2011 Programa de Pós-Graduação : Antropologia Social ii iv Para João Victor, v vi A música, os estados de felicidade, a mitologia, os rostos trabalhados pelo tempo, certos crepúsculos e certos lugares querem nos dizer algo, ou algo disseram que não deveríamos ter perdido, ou estão a ponto de dizer algo; essa iminência de uma revelação que não se produz é, quem sabe, o fato estético. Jorge Luis Borges vii viii Agradecimentos Escrever uma tese não é uma tarefa simples. E por mais solitária que possa ser a situação do escritor, um trabalho desta dimensão geralmente precisa contar com o auxílio de muitas pessoas, que se envolvem direta ou indiretamente com ele. Pretendo aqui agradecer a todas as pessoas e instituições que tornaram viável a realização desta pesquisa. Em primeiro lugar, é necessário agradecer à FAPESP e ao CNPq pelas bolsas de Doutorado concedidas, que permitiram com que eu me dedicasse inteiramente à pesquisa que originou este texto. De todas as pessoas que se envolveram nesta pesquisa, a minha orientadora, Profa. Dra. Rita de Cássia Lahoz Morelli, foi sem dúvida a mais presente. Com Rita aprendi muito, não somente no que se refere ao rigor desejável a uma pesquisa acadêmica, mas também no que diz respeito à dimensão humana e sensível com a qual as pesquisas antropológicas devem ser conduzidas. Além disso, tive o privilégio de poder contar com sua orientação sempre carinhosa e atenta, pelo que sou imensamente grata. Foi fundamental o apoio recebido do Departamento de Antropologia da UNICAMP, que acolheu o projeto em seu programa de pós-graduação. Agradeço especialmente às Profas. Dras. Bela Feldman-Bianco, Guita Grin Debert, Maria Filomena Gregori e Maria Suely Kofes, de quem tive a oportunidade de ser aluna. Ressalto aqui as discussões geradas e promovidas durante o curso “Rosto, coisa e nome: sobre o estatuto do biográfico e do etnográfico” , ministrado por Suely Kofes, que foram fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa. Também como membro da banca de qualificação, tive o privilégio de contar com a interlocução de Suely Kofes, juntamente com a Profa. Dra. Denise Garcia, do Departamento de Música do Instituto de Artes da UNICAMP. Sou bastante grata pelas contribuições indeléveis para a análise dos dados e a escritura da tese, surgidas das sugestões e críticas realizadas durante o exame. Seria injusto não agradecer o auxílio sempre presente de nossa secretária da pós- graduação em Antropologia Social, Maria José Rizola, e também aos funcionários da Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP. Aproveito a ix oportunidade para expressar minha gratidão a todas as pessoas que me auxiliaram na tarefa de encontrar textos e documentos que se fizeram imprescindíveis nas bibliotecas da Escola de Comunicações e Artes da USP, do Instituto de Artes da UNESP e da PUC-SP. Agradeço também aos funcionários da midiateca do Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS/SP) pela ajuda nas buscas de arquivos sobre o compositor Gilberto Mendes. Os professores David Metzer e Vera Micznick, da University of British Columbia foram pessoas especiais. Com eles tive a oportunidade de conhecer um pouco mais da abordagem musicológica, de forma a entender de que forma ela seria útil e rentável analiticamente para os propósitos desta tese. Com o Prof. David Metzer cursei a disciplina “Early Modernism: past and future” e tive a oportunidade de discutir o texto que se transformou no preâmbulo a esta tese. Sou grata também ao Prof. Michael Cherlin da University of Massachussets, que foi responsável por um colóquio sobre ironia musical ocorrido na UBC. Neste evento pude discutir com ele e com demais colegas do Departamento de Musicologia o aspecto irônico de algumas composições de Gilberto Mendes. Também nessa mesma instituição, tive a sorte de discutir como a arte poderia ser objeto antropológico nos diálogos estabelecidos com os professores Anthony Shelton, Charlotte Townsed-Gault e Jennifer Kramer, nomes ligados não somente ao Departamento de Antropologia, mas também ao Museu de Antropologia e ao Departamento de História da Arte da instituição. Ainda no que se refere ao período em que realizei meu doutorado sanduíche no Canadá, contei com o apoio não menos importante dos amigos muito queridos Paula e Felipe Ferraz e Iracema e Ari Teixeira, que conseguiram tornar mesmo os dias mais gelados em ocasiões surpreendentemente agradáveis. Durante todos os anos em que me dediquei a esta pesquisa, contei com a interlocução generosa estabelecida no Grupo de Estudos de Antropologia e Arte (GESTA) da UNICAMP e no comitê editorial da Proa - revista de antropologia e arte. Sou grata especialmente aos amigos Alessandra Tráldi Simoni, Felipe Dittrich Ferreira, Guilherme Cardoso, Ilana Seltzer Goldstein, Luisa Victoria Pessoa de Oliveira, Magda dos Santos Ribeiro, Marialba Maretti e Rodrigo Charaffedine Bulamah. Com Ilana Seltzer Goldstein aprendi muito sobre amizade e vida acadêmica, estabelecendo um diálogo que espero não terminar com esta tese. x Agradeço também às amigas Helena Cavalcanti-Schiel, Jayne Collevatti Gajo e Rachel Rua Baptista Bakke, que me acompanham desde os anos de nosso mestrado na Universidade de São Paulo. Definitivamente, a vida, sem elas, seria muito menos feliz. Amigos também muito especiais e de longa data são Miriam e Moacyr Del Picchia, com quem sempre foi possível conversar sobre música e política e entender um pouco mais sobre a “vida de músico” no Brasil. Como não poderia ser diferente, sou extremamente grata pelo carinho, amizade e interesse com que Gilberto e Eliane Mendes me receberam como pesquisadora. O casal não apenas abriu o arquivo pessoal do compositor para minhas pesquisas, mas sempre me recebeu para longas entrevistas e conversas, sem as quais este trabalho não existiria na forma que ele se apresenta. Também no que se refere ao círculo santista, sou grata às conversas que travei com Antonio Eduardo Santos, Heloisa de Araújo Duarte Valente e Paulo Chagas. Agradeço ainda ao Prof. Olivier Toni, pela entrevista concedida sobre a criação do curso superior de música da USP. Aos meus pais, Antonio Carlos e Gilda, sou profundamente grata pelo amor e apoio incondicionais e pelo exemplo de luta e persistência na vida acadêmica. Agradeço ainda à minha irmã Tatiana e ao meu cunhado Regis pela amizade e o carinho de sempre. Ao núcleo Bota − Claudio, Teresa, Cláudia, Cris, Paschoal, Cal e Giovanna – sou grata por ter me acolhido em sua família, participando ele também de todo esse processo. Ao João Victor, agradeço por tudo o que conseguimos construir e por tudo o que ainda podemos sonhar juntos. xi xii Resumo: A presente tese de Doutorado consiste em uma etnografia da experiência social de Gilberto Mendes – um dos mais destacados compositores brasileiros de música erudita contemporânea. Procura-se compreender, com base em uma abordagem biográfica, como ele enfrentou alguns dilemas estéticos e relacionou-se com instâncias políticas e de poder dentro do campo musical, desde os anos 1940, quando decidiu tornar-se músico, até o momento de sua consagração no Brasil e no exterior. Por meio do estudo da trajetória de Gilberto Mendes foi possível mapear uma série de relações existentes entre estética e política, arte e mercado, que foram determinantes não apenas para ele, mas também para os demais autores que vivenciaram o campo da música erudita brasileira na segunda metade do século XX. Ainda que o percurso biográfico de Gilberto Mendes sirva como fio condutor da narrativa, de modo algum o trabalho resulta em um monólogo. Antes, a analogia mais adequada para esse texto é a de um drama, que pretende iluminar todo o contexto de relações entre pessoas, instituições e estéticas que fizeram parte da experiência social do protagonista. Assim, a obra e a trajetória de Gilberto Mendes são colocadas em diálogo com a produção de outros compositores, de forma que possamos escutá-lo e entendê-lo a partir das discussões estéticas e das possibilidades auditivas e políticas de seu tempo e espaço sociais. Palavras chave: Gilberto Mendes, trajetória, experiência social, música contemporânea, política. xiii xiv Abstract The present Doctorate thesis is an ethnography of the social experience of Gilberto Mendes – one of the most important Brazilian composers of classical contemporary music. Our objective is to understand how he struggled with some aesthetical dilemmas and related himself with the musical field political and power instances since 1940’s, when he decided being musician, until the moment of his consecration in Brazil and abroad.