Nuno José Mendes Lopes a 4 I 9 C I 1 - D 0 U J 1

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Nuno José Mendes Lopes a 4 I 9 C I 1 - D 0 U J 1 Disciplina e Controlo da Magistratura Judicial Uminho|2011 Nuno José Mendes Lopes entre a República e o Estado Novo (1910-1945) Univer No Disciplina eControlodaMagis Judicial entreaR Instit N Julho de20 uno JoséMendesLopes vo (1 ut o deCiênciasSociais sidade doMinho 1 1 9 1 0-1 9 45) epública eoEs tratura t ado Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociais Nuno José Mendes Lopes Disciplina e Controlo da Magistratura Judicial entre a República e o Estado Novo (1910-1945) Tese de Doutoramento em História, Especialidade de História Contemporânea Trabalho realizado sob a orientação da Professora Doutora Fátima Moura Ferreira Julho de 2011 DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDA A CONSULTA E REPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTA TESE Universidade do Minho, ___/___/______ Assinatura: ________________________________________________ Bolsa de Investigação no âmbito do QREN - POPH - Tipologia 4.1 - Formação Avançada, comparticipado pelo Fundo Social Europeu e por fundos nacionais do MCTES FCT / SFRH / BD / 24687 / 2005 III IV DISCIPLINA E CONTROLO DA MAGISTRATURA JUDICIAL ENTRE A REPÚBLICA E O ESTADO NOVO (1910-1945) [RESUMO] O presente trabalho centra-se na análise da magistratura judicial portuguesa, no período compreendido entre os dois regimes políticos marcantes da história do século XX português: a Ia República e o Estado Novo, balizado pelo período da Ditadura Militar (1926-1933) e pela fase inaugural e de construção do regime salazarista (1933-1945). O seu ponto de partida consiste em acompanhar os movimentos de profissionalização do corpo judiciário, através de um olhar atento aos mecanismos de vigilância e de controlo da disciplina judiciária. Daí, a importância atribuída às ressonâncias políticas e ideológicas dos regimes que atravessam o período em estudo, na consolidação identitária e funcional da magistratura judicial, expressas, nomeadamente, através de reformas judiciárias e da afirmação potencial de novos paradigmas judiciários. Os materiais reunidos para a investigação incluíram não apenas o corpo legislativo e a historiografia portuguesa e estrangeira dedicada a este período e temática, como também uma importante massa documental e arquivística, sediada no Arquivo Histórico do Conselho Superior da Magistratura Judicial. Foram assim trazidos à análise todos os processos individuais relativos a juízes metropolitanos, os processos disciplinares instaurados contra estes, os processos relativos aos concursos para juízes de direito (quer os constantes no CSMJ como as pastas de informações do Ministério da Justiça), os ofícios do CSMJ (recebidos e expedidos), bem como parte dos processos relativos às inspecções judiciais pelo território da metrópole. Na mesma linha, a investigação incorpora a documentação correlata depositada no Arquivo do Ministério da Justiça. O corpo do estudo organiza-se a partir de dois capítulos iniciais (I e II) que explanam a orientação e o sentido da ordenação legislativa adoptada no quadro dos contextos políticos em presença. Os demais capítulos (III, IV e V) concentram, fundamentalmente, os resultados da investigação realizada, de acordo com os princípios orientadores, acima assinalados. V VI DISCIPLINE AND SURVEILLANCE OF THE PORTUGUESE JUDGES BETWEEN THE FIRST REPUBLIC AND THE NEW STATE (1910-1945) [ABSTRACT] This study focuses on the portuguese judges between the beginning of the First Republic and the New State till the end of the World War II. Its approach is strongly connected with the historical construction of the disciplinary mechanisms and their establishment in this professional field, its development and archeology. Also regarded, the political debate in these years, trying to explain in this context the appearence of the new judiciary views and codes, the new paradigms of the courts and their actors, the constraints and implications. The sources of this investigation gathered not only the legislative body and the national and foreign bibliography dedicated to this theme, but also an important mass of documents kept unexplored in the portuguese archives, most part of it today under the surveillance of the Conselho Superior da Magistratura Judicial. Where brought to discussion for the first time the complete individual files of the portuguese judges of this period, the disciplinary proceedings against them, the files linked with the annual recruitment (kept in the CSMJ and in the Ministry of Justice), the bureaucratic papers of the CSMJ, and a significant part of the them related to the judiciary inspections. The study divides itself in a presentation of the political and historical context and its most important connections to the legislative reforms (Chapters I and II), and in a demonstration of the results and their analysis from the whole mass of unexplored documents for the first time gathered (Chapters III, IV and V). VII VIII Índice I Introdução | 1 Capítulo 1 - A PRIMEIRA REPÚBLICA PORTUGUESA E A MAGISTRATURA | 17 1.1 O Governo Provisório da República – uma oportunidade perdida ou uma reforma avulsa? | 20 1.1.1 Os debates da Constituinte – entre o ideal lateral de autogoverno e a «lição dos factos» | 35 1.2 Os primeiros anos (1911-1917) | 39 1.2.1 Quatro propostas sem unanimidade | 53 1.3 O interregno (1918-1919) | 59 1.3.1 Uma Monarquia a Norte e a política de saneamentos | 66 1.4 Os «pobres» anos vinte (1920-1926) | 73 1.5 A República em debate | 81 Capítulo 2- A MAGISTRATURA DURANTE A DITADURA MILITAR E O ESTADO NOVO (1926-1945) | 91 2.1 O novo direito autoritário e social de Manuel Rodrigues: a crítica ao modelo demo- liberal e os novos pilares fundacionais (Estado, Contrato, Propriedade, Família e Litígio) | 98 2.2 As reformas ministeriais (1926-1945) | 106 2.2.1 A reforma processual de Manuel Rodrigues | 110 2.2.2 Os «Estatutos Judiciários» de 1927 e 1928 | 118 2.3 A Constituição de 1933 e a «função judicial» | 133 2.4 A «despolitização da justiça» | 140 IX 2.5 O Conselho Superior Judiciário – a centralidade do Ministério da Justiça (1926- 1945) | 152 2.6 Entre o mérito e a antiguidade – a história do artigo 517º | 157 2.7 Os anos trinta e quarenta: um controlo da magistratura judicial por via de um canal paralelo e administrativo? | 165 Capítulo 3 – DEFINIÇÃO E INDEFINIÇÕES DO CORPO DA MAGISTRATURA JUDICIAL (1910-1945). CONSTRUÇÕES BUROCRÁTICAS, PROFISSIONALIZAÇÃO DO CORPO E NATUREZA DA CARREIRA | 175 Introdução | 175 3.1. Evolução do quadro da magistratura judicial | 181 3.2. Candidaturas e ingresso na magistratura judicial | 202 3.3 Naturalidade | 221 3.4. Tempos de serviço e progressão na carreira judicial | 225 3.5. Ingressos da Magistratura do Ultramar | 272 3.6. Comissões de serviço | 277 3.7 Reflexões sobre o corpo | 292 3.8 Anexos (Quadros 1 a 27) | 299 Capítulo 4 - O MOVIMENTO INSPECTIVO EM PORTUGAL – A CONSTRUÇÃO LENTA DE UM MECANISMO DISCIPLINAR QUOTIDIANO | 361 4.1 Evolução histórica e práticas do sistema das inspecções judiciais ordinárias | 367 4.2 Um estudo por amostra (1913-1943) – os focos da actividade inspectiva | 377 4.3 O corpo de inspectores judiciais | 394 4.4 Uma arte do retrato? | 402 X 4.5 Uma vigilância informal - as elites locais e judiciárias chamadas a pronunciar-se | 417 4. 6 O Portugal dos inspectores judiciais | 430 4.7 Avaliações e classificações | 437 4.8 Anexo: A «geografia» das inspecções ordinárias (1913-1945) – tabela | 448 Capítulo 5 - UM ARQUIVO DISCIPLINAR DA MAGISTRATURA JUDICIAL PORTUGUESA 1911-1945. TRANSGRESSÃO, PENALIDADE E VIGILÂNCIA | 471 5.1 A evolução dos processos disciplinares à magistratura judicial (1911-1945) | 471 5.2 Práticas de queixa e acusação contra magistrados judiciais | 494 5.3 A fraca mas simbólica dimensão política dos processos disciplinares | 503 5.4 Decoro – a exigência formal de uma conduta privada | 524 5.5 O parente próximo do decoro – a «urbanidade» | 545 5.6 Participantes e acusadores – um perfil | 546 5.7 Um exercício brando de penalidade? | 549 Conclusão | 555 Fontes e Bibliografia | 561 XI XII I INTRODUÇÃO Ano de 1919. O inspector judicial Diogo Crispiniano da Costa dirige-se à comarca de Amarante para avaliar a qualidade dos seus serviços bem como dos dois magistrados que aí exerceram funções durante os últimos três anos: Ignácio Alberto José Monteiro e Domingos Rodrigues Ramos. O primeiro, nascido a 27 de Novembro de 1854, na Feira, chegara à primeira classe da primeira instância a 25 de Setembro de 1905. Era nesta classe que ainda se demorava quando fora nomeado, a 8 de Fevereiro de 1912, para a comarca de Amarante. Em 1919, quando o inspector judicial para lá se dirigiu, Ignácio Alberto José Monteiro tinha-se já transferido para a comarca de Vila do Conde, a 22 de Dezembro de 1917. Havia, pois, dois anos que este magistrado já não residia em Amarante e, no momento em que o inspector judicial chegara à comarca, estava já em exercício Domingos Rodrigues Ramos. Não era um magistrado qualquer. Na verdade, estando ele em exercício em Amarante, ainda, fora suspenso das suas funções por despacho de 26 de Abril de 1919, por estar incurso na penalidade do artigo 2º, nº4, alínea A, do decreto nº5:368 de 8 de Abril desse mesmo ano. Que significava isso? Passada que fora a curta experiência da Monarquia do Norte, o governo fazia sair o decreto acima para sanear os magistrados e outros funcionários que estivessem do lado dos opositores à República. O artigo 2º, nº4, alínea A, em que incorrera Domingos Rodrigues Ramos, previa a infracção por «assistência a actos considerados oficiais». O momento em que é desencadeada inspecção é essencial. Depois dos acontecimentos de Janeiro e Fevereiro, o Conselho Superior da Magistratura Judicial ordena a inspecção a Amarante, nomeando Diogo Crispiniano da Costa, a 18 de Março, com carácter de «urgência». O que ficava fora de qualquer dúvida era isto: a inspecção a Amarante, em 1919, tinha um cunho fortemente politizado. E que motivações estariam por detrás? As inspecções judiciais eram ordenadas pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial; mas todas as suspensões e processos relativos aos saneamentos posteriores à Monarquia do Norte correram pelo lado do executivo, através do Ministério da Justiça.
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