Memórias De Um Fidalgo De Chaves
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Memórias de um Fidalgo de Chaves UM OLHAR PORTUGUÊS SOBRE A ITÁLIA DO RENASCIMENTO HISTÓRIA RELIGIOSA – FONTES E SUBSÍDIOS Volumes publicados 1. Isabel Morujão – Contributo para uma Bibliografia Cronológica da Literatura Monástica Feminina Portuguesa dos Séculos XVII e XVIII (Impressos) Lisboa, 1995 – ISBN: 978-972-8361-09-9 3. Pe. Luís de Azevedo Mafra – Lisboa no Tempo do Cardeal Cerejeira: Um Testemunho Lisboa, 1997 – ISBN: 978-972-8361-11-2 4. Coord. Maria de Lurdes Rosa e Paulo F. Oliveira Fontes – Arquivística e Arquivos Religiosos: Contributos para uma Reflexão Lisboa, 2000 – ISBN: 978-972-8361-15-0 5. Ana Maria S. A. Rodrigues; João Carlos Taveira Ribeiro; Maria Antonieta Moreira da Costa; Maria Justiniana Pinheiro Maciel – Os Capitulares Bracarenses (1245-1374): Notícias Biográficas Lisboa, 2005 – ISBN: 978-972-8361-22-8 6. Coord. Maria do Rosário Barbosa Morujão – Testamenti Ecclesiae Portugaliae (1071-1325) Lisboa, 2010 – ISBN: 978-972-8361-31-0 7. Coord. João Miguel Almeida – Da Monarquia à República: Cartas Portuguesas de Romolo Murri Lisboa, 2010 – ISBN: 978-972-8361-33-4 8. Carlos A. Moreira Azevedo – Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho em Portugal (1256-1834): Edição da Colecção de Memórias de Fr. Domingos Vieira, Oesa Lisboa, 2011 – ISBN: 978-972-8361-37-2 9. Coord. João Miguel Almeida e Rita Mendonça Leite – António Lino Neto: Perfil de uma Intervenção Pública: Antologia de Textos (1894-1940) Lisboa, 2011 – ISBN: 978-972-8361-41-9 10. Ed. Stéphane Boissellier – La Construction Administrative d’un Royaume Registres de Bénéfices Ecclésiastiques Portugais (XIII‑XIVE Siècles) Lisboa, 2012 – ISBN: 978-972-8361-47-1 11. Margarida Sérvulo Correia – O Caso de Barbacena: um Pároco de Aldeia entre a Monarquia e a República Lisboa, 2013 – ISBN: 978-972-8361-50-1 12. Ed. Carlos A. Moreira Azevedo – Bibliografia para a História da Igreja em Portugal (1961-2000) Lisboa, 2013 – ISBN: 978-972-8361-56-3 13. Org. Ana Vicente – Catolicismo em Portugal: Crónicas de Susan Lowndes, correspondente britânica (1948-1992) Lisboa, 2016 – ISBN: 978-972-8361-67-9 14. Ed. Paulo Catarino Lopes – Memórias de um Fidalgo de Chaves: Um olhar português sobre a Itália do Renascimento Lisboa, 2017 – ISBN: 978-972-8361-78-5 Propriedade, Edição e Administração CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA RELIGIOSA Faculdade de Teologia Universidade Católica Portuguesa Palma de Cima – 1649-023 Lisboa [email protected] www.cehr.ft.lisboa.ucp.pt Memórias DE um Fidalgo de Chaves UM OLHAR PORTUGUÊS SOBRE A ITÁLIA DO RENASCIMENTO Edição PAULO CATARINO LOPES Título Memórias de um Fidalgo de Chaves: Um olhar português sobre a Itália do Renascimento Edição literária Paulo Catarino Lopes Edição: Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) Faculdade de Teologia, Universidade Católica Portuguesa Palma de Cima, 1649-023 Lisboa [email protected] | www.cehr.ft.lisboa.ucp.pt Capa e arranjo gráfico Sersilito Paginação, impressão e acabamento Sersilito-Empresa Gráfica, Lda. ISBN 978-972-8361-78-5 Depósito legal 424890/17 Tiragem 300 exemplares Edição apoiada por Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto UID/HIS/00647/2013. Índice Apresentação . 7 Prefácio . 9 Agradecimentos . 17 Introdução . 23 Critérios de transcrição . 45 Títulos dos capítulos . 49 Transcrição do texto manuscrito . 57 Fontes e bibliografia . 199 Apresentação Numa trajetória que procura uma leitura mais alargada e transdisciplinar do campo religioso, o Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa (CEHR-UCP) avança com a edição de um dos textos modernos mais originais e elucidativos das realidades cortesãs e de cortesania cristã na órbitra do Renascimento na Roma papal . Viajar com intuito de marcar o observado e dar conta do conteúdo aos que viajam, apontar diferenças de hábitos de protocolo de dia-a-dia, tentar entender e contornar ou integrar as esferas de diferentes poderes que se cruzavam em Roma com a presença de representantes de outras Coroas, os Cardeais ou o Papa, são as grandes linhas da trama arquitetada por esse “criado” e “fidalgo de Chaves”. Um texto fortemente autoral mas anónimo, como que prometendo a individualidade do relator, o afirmar do seu poder de construir e de sustentar descrições . A riqueza ultrapassa a descrição, mais ou menos precisa. Os conflitos de poder presentes nas clivagens eclesiológicas e na moralidade religiosa em atitude geopolítica principesca e linhagística, os interesses de gentes dos saberes livrescos e dos diferentes e regulamentados direitos, ou daqueles do círculo teológico-eclesial, refletem uma cidade política e de referência política, um mundo em mudanças e em procura de convívios e de atitude e de valores perante clássicos e as suas possíveis leituras e em atenção expectante perante a “novidade” da diferença, do exótico, do não europeu . Por tudo isto percebe-se como a presente edição qualifica e se integra, com evidência e em boa hora, na coleção História Religiosa – Fontes e Subsídios que o CEHR vem publicando . António Camões Gouveia (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa; CHAM- FCSH/UNL; UAç; Vogal da Direção do CEHR-UCP) Lisboa, 28 de Março de 2017 . Prefácio A importante fonte documental quinhentista que agora é publicada1 não constitui um documento desconhecido dos investigadores da história e da cultura portuguesas do século XVI . De forma intermitente ela foi merecendo nas últimas décadas breves referências a estudiosos que puderam percorrer os seus fólios, suscitou a publicação de artigos por parte de Eugenio Asensio2 e de Aníbal Pinto de Castro3 que sublinharam a sua importância histórico-cultural no quadro das relações entre Portugal e a Itália no Renascimento, havendo mesmo quem, como Luís de Matos, tenha manifestado intenção de publicar o texto na íntegra4. Em 2003, o manuscrito foi finalmente objecto de publicação em Itália, numa edição que obteve escassa difusão e notoriedade5 . Não é de admirar que os poucos que leram ou tiveram oportunidade de consultar o anónimo Tratado…, profundos conhecedores das culturas portuguesa e europeia do século de Quinhentos, se tenham apercebido da importância, a vários títulos, desta longa narrativa que nos conduz, através de um olhar português, até à Roma do Renascimento no início do século XVI . Claro que o texto vale por si, através de uma trama narrativa em que se entrelaçam os mais díspares episódios e acontecimentos políticos, militares e do quotidiano romano que o autor descreve, narra e aprecia tantas vezes com visual minúcia . Infelizmente, até hoje, e apesar de muitas buscas em bibliotecas e arquivos 1 E que esteve na base de uma dissertação de doutoramento em História, defendida com êxito em Dezembro de 2012 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa . 2 “Memórias de um fidalgo de Chaves (1510-1517). Descripción de la Roma de Julio II y Léon X” in Memórias da Academia das Ciências, Classe de Letras, t . III, Lisboa, Academia das Ciências, 1970, pp . 7-28 . 3 “Uma voz do diálogo luso-italiano na época de Quinhentos, a do ‘fidalgo de Chaves’” inMare Liberum, 2, Lisboa, CNCDP, 1991, pp . 7-16 . 4 A corte literária dos duques de Bragança no Renascimento, Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1956, p . 30, nota 26 . 5 Guia Boni, Un Portoghese nella Roma del Cinquecento. Un viaggio tra riforma e ortodossia, Roma, Bagatto Libri, 2003. Agradeço à Profª Sylvie Deswarte a informação sobre esta publicação. 10 MEMÓRIAS DE UM FIDALGO DE CHAVES em Portugal e Itália, não foi possível estabelecer a identidade de quem, ao serviço de D. Jaime, 4º duque de Bragança, coligiu e escreveu, após o seu regresso a Portugal em 1517, este testemunho português sobre a Roma do Renascimento . Sabemos tão-só, por informação do próprio, que era fidalgo; e que partiu da cidade de Chaves, no final da Primavera de 1510, enviado pelo duque D. Jaime tendo permanecido sete anos em Itália . Viajava ele, pois, ao serviço do duque de Bragança, presumimos que na condição de seu agente não para coligir informações sobre uma circunstância ou momento de particular interesse para o duque, mas para se instalar em Roma ao seu serviço, como veio efectivamente a acontecer . Esta estadia romana do Fidalgo ao longo de sete anos acontecia numa época de afirmação – e de “afinação” – dos mecanismos diplomáticos como instrumento de acção política, que se manifestavam quer através do aparecimento das embaixadas permanentes junto das capitais e das cortes, quer da difusão em larga escala de um instrumento antigo – o uso das cartas cifradas . Também em Portugal estas práticas iam ganhando forma, embora mais tardiamente . O primeiro embaixador da coroa portuguesa em Roma foi o doutor João Faria, que o monarca mandou regressar ao reino em 1514; e a mais antiga carta cifrada da chancelaria régia portuguesa foi enviada a 11 de Novembro de 1516 a D . Manuel pelo segundo embaixador permanente em Roma, o refinado e controverso D. Miguel da Silva a quem Castiglione dedicou Il Libro del Cortegiano (1528), e com quem o Fidalgo certamente se cruzou, embora não lhe faça qualquer referência no seu texto . Este mundo da diplomacia quase no sentido em que a entendemos hoje, ancorada num conjunto formal e público de cerimoniais, etiqueta e representação, cruzava-se (também como hoje…), com a actividade diplomática de bastidores e com o mundo mais secreto dos agentes, mercenários e espiões que enxameavam, em relação directa com a importância das cortes, as grandes cidades europeias . Destaque absoluto tinha, como não podia deixar de ser, Roma, a capital da Cristandade, para onde o duque de Bragança enviava o Fidalgo . Uma Roma que, depois de ter sido o centro do império e do mundo durante 400 anos, registara um período de declínio para se reerguer, gloriosa, sobretudo a partir do século XV, como centro político, intelectual, espiritual e artístico6 .