Ministério da Cultura e Museu de Arte Como homenagem ao centenário da Moderna de São Paulo apresentam exposição inaugural do modernismo brasileiro, : 100 anos de arte DE moderna reúne, na Grande Sala do MAM, cerca de setenta obras representativas da trajetória de um dos nomes mais importantes 7 FEV. da arte brasileira do século XX. A exposição de Anita Malfatti de 1917 foi fundamental para o surgimento do grupo A que defendeu a arte moderna no Brasil, a ponto de o crítico Paulo Mendes de Almeida tê-la considerado como a “personagem 30 ABR. historicamente mais importante do movimento de 1922”.

A curadoria de Regina Teixeira de Barros 2017 revela uma artista sensível às tendências e discussões em pauta ao longo da primeira metade do século XX, consciente de sua posição e suas escolhas.

A exposição no MAM resgata desenhos e pinturas de Anita, apresentados em três momentos de sua trajetória: os anos iniciais, que a consagraram como o “estopim do modernismo brasileiro”; a época de estudos em Paris e a produção naturalista; e, por fim, GRANDE as pinturas com temas populares.

Com ensaios de Regina Teixeira de Barros e SALA de Ana Paula Simioni, esta edição do Moderno MAM Extra é um convite ao público para conhecer as escolhas dessa grande artista. Boa leitura.

PATROCÍNIO PATROCÍNIO MÁSTER

CURADORIA REALIZAÇÃO REGINA TEIXEIRA DE BARROS Cem anos se passaram desde que a Exposição de 3 03 ANITA pintura moderna Anita Malfatti alteraria para sem- pre o curso da história da arte no Brasil. SU- MALFATTI, A primeira exposição de arte reconhecidamente 100 moderna realizada no país – em cartaz entre 12 de MÁ- dezembro de 1917 e 10 de janeiro de 1918 – con- ANOS sistia de 53 obras de autoria de Anita Malfatti, das quais 28 eram pinturas de paisagem e retratos; DEPOIS dez, gravuras; cinco, aquarelas; e as demais, RIO desenhos e caricaturas. O conjunto representava REGINA TEIXEIRA DE BARROS um resumo de seis anos de produção da artista, compreendidos pelos anos de aprendizado na Alemanha (1910-1913) e nos Estados Unidos (1914- 1916), bem como por trabalhos recentes, realiza- dos no regresso a São Paulo1.

11 ANITA Até a exposição de Malfatti, São Paulo só havia sediado exposições de arte rigorosamente aca- REGINA TEIXEIRA DE BARROS MALFATTI: dêmica ou muito próximas disso. Em um primeiro momento, a mostra foi recebida com assombro e DO CENTRO curiosidade: a visitação foi intensa, e Anita chegou a vender oito quadros. Mas a partir da crítica de ÀS MARGENS... Monteiro Lobato “A propósito da exposição Mal- fatti”, publicada na edição vespertina do jornal O UMA Estado de S. Paulo de 20 de dezembro2, boa parte da crítica local ecoou o juízo do renomado literato, REVISÃO e cinco das obras compradas foram devolvidas. A crítica foi tão virulenta que o nome de Anita ficou, NECESSÁRIA desde então, associado ao de Lobato. ANA PAULA CAVALCANTI SIMIONI Adepto fervoroso da arte naturalista, Lobato iniciou sua apreciação da exposição de Anita dizendo:

Há duas espécies de artistas. Uma com- posta dos que veem normalmente as coisas e em consequência disso fazem 25 OBRAS EM arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados para a concretização das EXPOSIÇÃO emoções estéticas, os processos clássi- cos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é Praxíteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Rembrandt na Holanda, é Rubens na Flandres, é Reynolds na Inglaterra, é Lenbach na Alemanha, é 29 BIBLIOGRAFIA Iorn na Suécia, é Rodin na França, é Zuloa- ga na Espanha. Se tem apenas talento vai SELECIONADA engrossar a plêiade de satélites que gravi- tam em torno daqueles sóis imorredoiros.

1) Para um panorama detalhado da vida e obra de Anita 31 CRÉDITOS Malfatti, ver Anita Malfatti no tempo e no espaço de Marta Rossetti Batista (Edusp; Ed. 34, 2006), referência obrigatória para qualquer estudo sobre a artista. A historiadora dedicou anos de pesquisa à vida e obra de Malfatti, que se desdobraram em inúmeros trabalhos de diferentes naturezas, como artigos acadêmicos, livros e exposições. 2) O artigo foi publicado, dois anos depois, no livro Ideias de Jeca Tatu como “Paranoia ou mistificação?”, título pelo qual é mais conhecido. 4 A outra espécie é formada pelos que veem o que lhe dá uma opinião sincera, embora divide-se em três momentos: os anos iniciais, que como A floresta e O jardim, realizadas nas férias 5 anormalmente a natureza, e interpretam-na dura, e lhe traduz chãmente, sem reservas, a consagraram como o “estopim do modernismo de verão de 1912, no vilarejo de Treseburg. Ainda à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão o que todos pensam dele por detrás. […] brasileiro”6; os anos de estudos em Paris e sua que essas pinturas ao ar livre revelem um interesse estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá Se víssemos na sra. Malfatti apenas uma produção naturalista; e, por fim, as pinturas com inicial pelas cores – aqui aplicadas em pequenas e lá como furúnculos da cultura excessiva. “moça que pinta”, como há centenas por aí, temas populares. pinceladas justapostas, sem misturas e em tons São produtos do cansaço e do sadismo sem denunciar centelha de talento, calar- bastante diversificados –, as paisagens são estru- de todos os períodos de decadência; são -nos-íamos, ou talvez lhe déssemos meia turadas com base em princípios tradicionais de frutos de fins de estação, bichados ao dúzia desses adjetivos “bombons”, que a — linhas de fuga e perspectiva, e se aproximam mais nascedoiro. Estrelas cadentes, brilham um crítica açucarada tem sempre à mão em se O interesse de Anita por arte começou em casa, das experiências impressionistas. instante, as mais das vezes com a luz do tratando de moças3. vendo sua mãe pintar e dar aulas de pintura. Aos escândalo, e somem-se logo nas trevas vinte anos, incentivada pelo padrinho Jorge Krug, Além das paisagens, o gênero do retrato também do esquecimento. Embora eles se deem Cem anos se passaram desde a Exposição de partiu para a Alemanha7 para dar continuidade a seria uma constante ao longo de sua trajetória como novos, precursores duma arte a vir, pintura moderna Anita Malfatti e, desde então, seus estudos artísticos. Instalou-se em Berlim, que, artística. Em Retrato de um professor, realizado na nada é mais velho do que a arte anormal cristalizou-se um mito em torno da “sensitiva do por feliz coincidência, seria também o destino de Alemanha, observa-se o enquadramento tradi- ou teratológica: nasceu com a paranoia e Brasil” – como Mário de Andrade se referia à artista muitos artistas da vanguarda expressionista, o que cional da figura, mas uma ousadia maior no uso com a mistificação. De há muito já que a – e de seu “algoz”, Monteiro Lobato. Reza a lenda certamente contribuiu para o rumo que a pintura da cor e nas pinceladas distribuídas em diver- estudam os psiquiatras em seus tratados, que Anita nunca se recuperaria desse incidente e de Anita tomaria. No período em que lá permane- sas direções, chegando a borrar, aqui e ali, seus documentando-se nos inúmeros dese- que seu breve apogeu foi seguido de uma doloro- ceu, a capital alemã abrigou membros da Ponte e contornos. Em Meu irmão Alexandre, pintado na nhos que ornam as paredes internas dos sa e definitiva decadência4. Os críticos contempo- da Nova Secessão, sediou o lançamento da revista volta ao Brasil, no início de 1914, Anita lançou mão manicômios. A única diferença reside em râneos a Anita foram unânimes no uso de termos e da galeria Der Sturm, foi palco de exposições de de novos recursos: a fresta branca da camisa e o que nos manicômios esta arte é sincera, como “recuo”, “retrocesso”, “passo atrás” para se impressionistas franceses, expressionistas nórdi- rosto pálido da figura recostada contrastam com produto lógico de cérebros transtornados referir à produção posterior a 1917. Até mesmo seu cos e futuristas italianos. as cores escuras e frias do paletó e do entorno, e pelas mais estranhas psicoses; e fora deles, grande amigo Mário de Andrade pronunciou-se dividem a tela diagonalmente. nas exposições públicas, zabumbadas pela nesse sentido: “Depois da exposição, Anita se re- Logo na chegada, Anita estudou desenho na Aca- imprensa e absorvidas por americanos tirou. Foi para casa e desapareceu, ferida”. E, ainda, demia Real de Berlim. Passou por aulas de teoria Em 1915, recém-chegada a Nova York, Anita malucos, não há sinceridade nenhuma, sem “indecisa tremendo entre essas ordens diferentes das cores com Fritz Burger, de técnica de pintura frequentou, por um breve período, o Art Student nenhuma lógica, sendo mistificação pura. se perdia pouco a pouco e se perdeu”5. com Bischoff-Culm, mas foi Lovis Corinth que lhe League, cujo ensino se ancorava na tradição revelou a potência da cor. Anos mais tarde, Anita clássica. Alguns meses depois, conheceu o tra- O texto continua desdenhando os ismos da arte Ora, computar a mudança de sua pintura ao trauma relataria sua comoção ao se deparar com uma balho de Homer Boss e, junto com uma colega, moderna, mas Lobato não deixa de reconhecer a que Lobato teria causado a sua excessiva sensi- exposição do mestre: “A tinta era jogada com tal foi em busca do “professor moderno, um grande competência de Anita: bilidade é justamente não se dar conta de quão impulso, com tais deslizes e paradas repentinas, filósofo incompreendido e que deixava os outros atenta Anita sempre esteve às variantes do debate que parecia a própria vida a fugir pela tela afora”8. pintar à vontade”9, que aproveitava o verão para Essa artista possui um talento vigoroso, artístico de seu tempo. Tanto no Brasil quanto na trabalhar na ilha de Monhegan com um grupo fora do comum. Poucas vezes através Europa, o modernismo constituiu-se não só das Em 1912, Anita esteve em Colônia para visitar a de alunos. É nessa ocasião, na afastada ilhota de uma obra torcida para má direção, se vanguardas históricas, das propostas transgresso- quarta Sonderbund, grande exposição de arte próxima à fronteira com o Canadá, que o reper- notam tantas e tão preciosas qualidades ras dos ismos, mas também de um momento de moderna europeia, com trabalhos de Cézanne, tório assimilado na Alemanha se manifesta: ao latentes. Percebe-se de qualquer daqueles revisionismo da história da arte, de um olhar para a Gauguin, Schiele, Kokoschka, Nolde, Matisse, os longo de dois meses, Anita pinta O farol, Venta- quadrinhos como a sua autora é indepen- tradição, não para condená-la, mas para estabele- Nabis, cubistas da Escola de Paris, expressionistas nia, Paisagem (amarela) e Marinha (penhascos), dente, como é original, como é inventiva, cer um diálogo entre passado e presente. da Ponte e do Cavaleiro Azul, além de notáveis entre outras paisagens da ilha que a consagra- em que alto grau possui um sem-número retrospectivas de Van Gogh e Munch. riam como a pioneira da arte moderna no Brasil. de qualidades inatas e adquiridas das Em vista disso, a exposição Anita Malfatti: 100 anos Nelas, manchas de cores fortes e contrastes mais fecundas para construir uma sólida de arte moderna traz um conjunto de obras que Embora Anita tenha vivido no epicentro do expres- intensos estruturam a composição, sinalizando o individualidade artística. Entretanto, sedu- abrange diversos aspectos de sua produção e a sionismo alemão, essas influências só repercuti- impacto que a pintura dos expressionistas e fau- zida pelas teorias do que ela chama arte apresenta como uma artista sensível às tendên- riam em sua maneira de pintar quando se mudou vistas teve sobre a artista. Em O farol, as pince- moderna, penetrou nos domínios dum im- cias artísticas a sua volta, respondendo, de forma para os Estados Unidos, poucos anos depois. ladas sinuosas de amarelo cítrico, roxo, branco e pressionismo discutibilíssimo, e põe todo consciente, às discussões em pauta ao longo Do período alemão, restaram poucos trabalhos: rosa colidem nas agitadas nuvens do entardecer; o seu talento a serviço duma nova espécie da primeira metade do século XX. A mostra tem algumas incursões na gravura em metal, e pinturas o vento também se faz presente no emaranhado de caricatura. como finalidade apresentar um recorte da produ- de verdes das moitas e no penteado da vegeta- ção de Anita à luz destas questões e, para tanto, ção alaranjada da colina. Em Ventania, o céu e a O autor de Reinações de Narizinho segue elencan- terra – e tudo que se manifesta entre um e outro do uma série de “considerações desagradáveis”, – estão tomados pela materialidade das curvas como ele mesmo as nomeia. Mas interrompe, 6) Expressão cunhada por Mário da Silva Brito em História que traduzem o alvoroço da natureza envolta uma vez mais, suas críticas aos “excessos” da arte do modernismo brasileiro 1. Antecedentes: a Semana pelo vento. Em Paisagem (amarela), pintura me- de Arte Moderna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, moderna para fazer ressalvas: “A pintura da sra. nos matérica que as anteriores, o grafismo dos 3) Monteiro Lobato apud Marta Rossetti Batista, op. cit., p. 211. 1974. Malfatti não é cubista, de modo que estas palavras 4) Felizmente, a produção de Anita Malfatti vem sendo 7) O destino escolhido – certamente motivado pela galhos pelados em primeiro plano se contrapõe não se lhe endereçam em linha reta; mas como revista nos últimos anos por uma nova geração de origem alemã da família materna – por si só já faz de às manchas de cor que organizam o restante agregou à sua exposição uma cubice, leva-nos a historiadores da arte, que vem aos poucos desmitifican- Anita Malfatti uma artista singular, visto que a grande crer que tende para ela como para um ideal supre- do a narrativa corrente. Ver a seleção bibliográfica ao maioria de artistas brasileiros se dirigia a Paris a fim de final, em especial as publicações de Ana Paula Simioni, dar continuidade à formação artística. mo”. E justifica as palavras duras: Renata Gomes Cardoso, Roberta Paredes Valin, Sônia 8) Malfatti, Anita. “A chegada da arte moderna no Brasil”. Maria de Carvalho Pinto e Tadeu Chiarelli. Conferência realizada na Pinacoteca do Estado de São O verdadeiro amigo de um artista não é 5) Mário de Andrade apud Marta Rossetti Batista, op. cit., Paulo, 25 out. 1951, publicada em Mestres do modernis- 9) Malfatti, Anita. “1917”. Texto publicado na Revista Anual aquele que o entontece de louvores, e sim pp. 235 e 245. mo. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2004, pp. 261-274. do Salão de Maio – RASM, 1939, s. p. 6 da paisagem. Anos mais tarde, Anita explicaria: semelhar-se a efeitos ora da aquarela, ora do lápis Degringola-se o cavaleiro, degringola-se o Quando Lobato publicou seus comentários acerca 7 “eu pintava num diapasão diferente e era essa a carvão. Provavelmente realizada antes de Anita cavalo, tentando arrancar-se do pescoço, o da Exposição de pintura moderna Anita Malfatti há música da cor que me confortava e enriquecia ser incentivada a lançar-se à efusão das cores, essa qual estira-se longo como feito da melhor exatos cem anos, apenas o jovem escritor Oswald minha vida”10. pintura já apresenta algumas características que borracha do Pará. Gênero degringolismo. de Andrade intercederia publicamente a favor da seriam constantes nos retratos seguintes, pintados Como todos os quadros do gênero ismo, mostra, que se tornaria o marco zero do moder- De volta a Nova York, Anita continuou trabalhan- sob as orientações de Boss, como o assento ver- cubismo, futurismo, impressionismo, mari- nismo brasileiro. O pioneirismo de Anita só seria do junto a Homer Boss, figura em torno da qual melho e as proporções entre figura e suporte. netismo, está hors-concours12. reconhecido por um grupo mais numeroso de se reuniam diversos refugiados da I Guerra, entre intelectuais quatro anos mais tarde, mais preci- os quais Marcel Duchamp e Juan Gris, o escritor Se, nos retratos femininos, as modelos são regis- As palavras de Lobato chamaram a atenção do samente na Semana de Arte Moderna de 1922, russo Máximo Gorki, as bailarinas Isadora Duncan tradas sentadas, de três-quartos, em sua maioria, e jornalista Arnaldo Simões Pinto, diretor da revista quando sua obra foi exibida com destaque no e Napierkowska, além de Serguei Diaghilev, diretor sob um ponto de vista ligeiramente “de cima”, em Vida Moderna, e do futuro modernista Di Caval- saguão do Teatro Municipal de São Paulo. Para a dos Balés Russos. Assim como Berlim, a cidade O japonês, a pintora parece ter tomado a posição canti. Juntos, bateram à porta de Anita e, animados mostra da Semana, foi selecionado um total de fervia com as novidades apresentadas no Armory delas. Observada sob esse viés, a figura masculina com o ineditismo daquelas imagens, propuseram- vinte obras, que ressaltavam seu vanguardismo, Show, em 1912, e na atualizadíssima Galeria 291, ganha monumentalidade, e suas extremidades -lhe fazer uma exposição – a Exposição de pintura entre elas, algumas que haviam sido expostas em de Alfred Stieglitz. Os ismos – cubismo, expres- extrapolam os limites da tela. Nessa pintura, o moderna Anita Malfatti. 1917, além de um nu a pastel e obras recentes, de sionismo, futurismo – ressoavam em Nova York e, estranhamento não se dá por contrastes, mas pela temática brasileira15. mais uma vez, Anita se encontrava no lugar e no analogia de tons rosa, roxos e marrons comparti- Além de desengavetar uma parte da produção momento precisos em que a arte transgredia, e a lhados entre figura e fundo. guardada para a mostra – realizada em um salão Os laços de Anita com o grupo de futuros moder- vida moderna transcorria de maneira intensa. cedido pelo Conde Lara à rua Líbero Badaró –, Anita nistas haviam se estreitado aos poucos: conhe- Nos trabalhos a pastel e carvão, os retratados têm apresentou trabalhos mais recentes, elaborados no cera Di Cavalcanti, Oswald e Mário de Andrade à No estimulante ambiente da Independent School feições distorcidas e, assim como nas pinturas, regresso ao Brasil, como a pintura Tropical. Já em época da exposição de 1917; partilhara com Tarsila of Art, Anita pintou figuras “com o mesmo espírito são enquadrados de modo a ocupar grande parte sintonia com o debate nacionalista em pauta em do Amaral espaço nos ateliês de Pedro Alexandri- que nos havia inspirado a paisagem”11. O colorido da superfície do papel, tendo o topo da cabeça São Paulo naquele momento, além da folhagem de no e Georg Elpons, entre 1919 e 1920; aproximara- não naturalista dos retratados, o enquadramento invariavelmente suprimido. A ênfase em aspectos bananeiras, Tropical figura em primeiro plano uma -se do grupo de jovens escritores Guilherme de insólito, as deformações anatômicas, os contrastes psicológicos está presente em obras como Retrato natureza-morta que se sobressai graças ao trata- Almeida, Sergio Milliet e Menotti Del Picchia, na de forma e de cor, as extravagâncias expressivas – de mulher, O secretário da escola (Retrato de Bailey) mento naturalista. Ao contrário das frutas tropicais, virada do decênio. aos olhos dos matutos – causaram espanto quan- e Homem sentado (dormindo). O mesmo enquadra- a mulher tem acabamento mais sintético, que a do expostos na provinciana São Paulo de 1917. mento “mutilado” é frequente nos nus de grandes caracteriza mais como um tipo humano – uma mes- As alianças daquele tempo ficaram registradas em dimensões que realizou – também a carvão ou tiça – que como um indivíduo13. Embora Tropical retratos que realizou dos amigos, entre os quais Em Mulher de cabelos verdes, o rosto anguloso, pastel –, na escola de Homer Boss. Nos masculinos, seja uma pintura emblemática do interesse de Anita três de Mário de Andrade e um de Tarsila – que com orelhas e queixo pontudos, nariz adunco Anita destaca o vigor da musculatura em movimen- pela busca de um imaginário brasileiro, é preciso fora apresentada aos demais por Anita, no segun- e sobrancelhas arqueadas, contrasta com os to, empregando linhas grossas e zonas esfuma- ressaltar que questões de cunho nacionalista já do semestre de 1922, em uma das vindas da capital volumes curvos do corpo e do fundo, acentuando çadas para acentuar a massa corpórea. Já nos nus estariam presentes em obras realizadas nos Estados francesa. Se, no pastel que fez de Mário, empregou o aspecto sinistro da senhora retratada. Assim femininos, dá preferência a linhas mais finas, mas Unidos. Ainda que se encontrasse em pleno “idílio fortes contrastes nos planos que constroem a como na pintura Meu irmão Alexandre, o verde não menos expressivas. Essa série de desenhos não pictórico”14, desvendando o universo das cores, já figura, naquele de Tarsila, optou por uma aborda- estridente do decote rebate na massa esverdeada seria incluída na exposição de 1917 – provavelmente naquela ocasião Anita demonstrou interesse por gem mais naturalista, em tons suaves, que realçam do cabelo e nas linhas da mesma cor presentes porque representam um tema problemático por si tais temas – assim como outros artistas estrangei- a elegância da amiga. A intimidade do grupo está na arquitetura da face. As dissonâncias cromá- só. Afinal, esperava-se que as moças da burguesia ros vivendo em Nova York o fizeram. No pastel O registrada no delicioso desenho do Grupo dos ticas colaboram para a expressão enigmática e fossem belas, recatadas e do lar, e obedecessem às homem de sete cores, a figura humana divide o pro- Cinco, de 1922, em que Tarsila e Mário tocam pia- mesmo assustadora da modelo. normas ditadas pelo cânone clássico. tagonismo com as folhas de bananeira; na compo- no, Menotti e Oswald repousam no chão, e Anita sição, predominam verdes, azuis e amarelos, cores cochila no divã. Outro testemunho desse convívio Na pintura A estudante, as manchas vermelhas De volta a São Paulo, em agosto de 1916, Anita da bandeira brasileira. Coincidência ou não, são são as telas pintadas, ao mesmo tempo, por Anita distribuídas em diferentes partes do corpo contra- contava 26 anos. Viajada e atualizada, encontrou essas as cores preponderantes em A boba, pintura e Tarsila, tendo como motivo os maços de marga- põem-se a outras construídas em amarelo cítrico, um meio artístico acanhado, em sua maior parte que também compartilha características com os ridas que Mário enviara a Tarsila16. No quadro de conferindo um ar pouco saudável à jovem modelo. adormecido no conforto das cartilhas acadêmicas. demais retratos realizados na Independent School Anita, as flores brancas em primeiro plano vão ce- A postura arqueada e os ombros pendidos para a Para os familiares, o resultado de seus estudos no of Art, como o realce de aspectos psicológicos, a dendo lugar às manchas de cor, que se propagam frente, delineados por grossas linhas de cor, de- exterior revelou-se uma grande decepção e, con- construção da imagem por meio de manchas de por praticamente a totalidade da tela. nunciam um misto de enfado e desalento. Roxos forme relata sua biógrafa Marta Rossetti Batista, a cor, enquadramento não tradicional da figura etc. e verdes tomam conta do fundo e repercutem nos artista engavetou temporariamente seus trabalhos. Em 1923, Anita embarcou rumo a Paris com uma trajes da estudante. bolsa do Pensionato Artístico do Estado de São Em meados de 1917, Anita enviou uma pintura ao Paulo. Ao contrário dos demais modernistas brasi- A estudante russa, pintura considerada um autor- Concurso do Saci, promovido por Monteiro Loba- leiros que chegaram no início da década de 1920 retrato, tem colorido mais sóbrio: tanto o traje da to. Ao comentar em O Estado de S. Paulo algumas na Cidade Luz, Anita já era uma artista madura. Nos artista quanto o fundo sobre o qual está represen- das obras inscritas, o crítico já mostraria seu desa- primeiros dois anos, contou ela, “Frequentei as 12) Monteiro Lobato apud Marta Rossetti Batista, op. cit., tada são preenchidos com tinta rala, de modo a as- grado em relação à pintura de Anita: p. 191. 13) A propósito dessa pintura, ver “Tropical, de Anita A sra. Malfatti também deu sua contribui- Malfatti”, texto de Tadeu Chiarelli publicado em Arte ção em ismo. Um viandante e seu cavalo, brasileira na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Taisa 15) Sobre a participação de Anita Malfatti na Semana de em pacato jornadear por uma estrada Palhares (org.). São Paulo: Cosac Naify / Imprensa Oficial / Pinacoteca, 2009, pp. 134-145. Arte Moderna, ver: Amaral, Aracy. Artes plásticas na 10) Malfatti, “A chegada da arte moderna no Brasil”, op. cit., vermelha, degringolam-se numa crise de 14) Expressão utilizada pela artista para descrever sua Semana de 22. 5a ed. São Paulo: Ed. 34, 1997. p. 267. terror ao deparar-se-lhes pendente duma estada nos Estados Unidos. Malfatti, “A chegada da arte 16) A propósito, ver: Amaral, Aracy. Tarsila: sua obra e seu 11) Idem. vara de bambu uma coisa do outro mundo. moderna no Brasil”, op. cit., p. 267. tempo. São Paulo: Editora 34, 2003, pp. 69-70. 8 academias de cursos livres, visitei os ateliês, rebus- soluções técnicas e compositivas, frequentando transparente, sapatos e gargantilha vermelhos, dade Pró-Arte Moderna, juntou-se aos artistas da 9 quei nos salões o que se fazia de mais avançado. cursos livres e visitando exposições de contem- encara o transeunte. A pose hierática e o cabelo Família Artística Paulista e integrou a comissão […] Sou muito curiosa e daí a minha peregrinação porâneos. Nas férias, Anita viajava pela Europa e, estranhamente armado e enfeitado sugerem uma organizadora de diversos salões, tendo exposto exaustiva pela grande cidade, à procura do que ver, nessas ocasiões, registrou paisagens de cidades imobilidade, uma espera. O cortinado sofisticado em grande parte deles. Sofia Tassinari, aluna de do que aprender”17. O que viu e aprendeu de mais francesas e italianas em delicadas aquarelas, não guarda parentesco com a cortina simplória Anita por oito anos, confirmaria o entrosamento da avançado foi a retomada de tendências realistas, além de pinturas a óleo com matizes naturalistas de Chanson de Montmartre, assim como não há artista com seus pares em depoimento sobre os naturalistas e clássicas e, com elas, a valorização e cuidadosas pinceladas. Enquanto as vistas à semelhanças entre os cômodos por detrás das anos 1930: “A casa [de Anita] estava sempre cheia, do ofício da pintura. As inovações formais haviam beira d’água lembram muito as marinhas de Albert duas figuras: emMulher do Pará, não se divisa uma com o pessoal que vinha para o lanche, ou para o se tornado coisa do passado. Marquet, tanto pela palheta quanto pelo tratamen- caminha de solteiro; a configuração dos móveis no aperitivo; jantavam sempre aí, e as reuniões à noite to esmerado da pintura, a Paisagem dos Pirineus, interior do quarto escuro fica por conta da imagi- eram frequentes. Conheci assim todos os pintores A propósito das descobertas em Paris, Anita escre- Cauterets remete a paisagens de Paul Cézanne, nação do cliente. Diante desta obra, é inevitável da época; via aí sempre o Volpi, o Zanini, o Rebolo veu a Mário: organizadas por meio da justaposição de curtas fazer associações com duas pinturas de Édouard e o Pennacchi”23. pinceladas de cor. Manet: Le balcon e Olympia. A primeira, pelas ana- A fortuna virou para mim. Veja quanta coisa logias de cor e pelo local escolhido para o retrato; Nesse período, pintou, sobretudo, retratos de boa. Na minha pintura chegarei a uma No período subvencionado pelo governo do a segunda, pelo erotismo e pelo olhar direto que familiares, amigos, intelectuais e membros da elite, grande etapa. Fiz uma descoberta enorme Estado de São Paulo, Anita também inovou o re- mira o espectador. além de temas religiosos. Os retratos da sobri- “para mim”. Sei que agora poderei sempre pertório de imagens, pintando cenas de interiores nha Liliana e do amigo Antônio Marino Gouvêa conseguir a unificação harmoniosa dos e mulheres no balcão20. Em Interior de Mônaco, É certo que os pensionistas do Estado tinham o têm tratamento naturalista, em estreito diálogo meus tons e a relação entre eles de modos a sala em primeiro plano é estruturada por meio compromisso de cumprir as regras do programa: ao com a tradição. São construídos com pinceladas que pareçam todos partes componentes de padronagens: toalha de mesa, papel de pare- final do estágio, deveriam comprovar seus estudos cuidadosas e colorido refinado, e ambos apresen- de um só corpo. – Descobrir a “cor local” de e bandô – sem mencionar o piso xadrez – são apresentando duas cópias de obras de mestres tam uma particularidade em relação aos demais e aplicá-la simultaneamente conforme o generosamente decorados com motivos florais reconhecidos pela história da arte, bem como uma retratos do período: o fundo neutro é substituído problema a resolver. O mesmo sistema no em tons neutros. O ambiente escuro e sufocan- composição original. Anita reproduziu Les glaneuses, por uma paisagem e pela reprodução de uma de ritmo do desenho. […] Trabalharei agora te abre-se para outro, no qual luz e ar parecem de Jean-François Millet, e Femmes d’Alger dans leur suas pinturas, respectivamente. Liliana posa diante com método e compreensão e sei que isto circular: da veste azul da figura de costas reflete appartement, de Eugène Delacroix (pertencentes de um delicado cenário litorâneo, cujo tratamento marca o começo de uma época18. uma luminosidade amena que projeta apenas uma ao acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo). remonta à visualidade renascentista, enquanto pequena sombra no chão. O plano branco da porta Trabalhou longamente em Puritas (pintura religio- o segundo plano, no retrato de Gouvêa, é Lago Nos cinco anos que viveu em Paris, Anita dese- entreaberta, assim como a mancha vermelha do sa que pode ser vista no Museu de Arte Sacra de Maggiore, pintura de Anita que pertencia à cole- nhou muito. Se, nos Estados Unidos, os trabalhos piso, guia o olhar do observador em direção a um São Paulo), mas acabou entregando Tropical como ção do retratado. As representações de Baby de sobre papel eram de grandes dimensões, agora espaço para além daquele que nos é dado conhe- comprovação de originalidade21. Almeida, esposa do poeta modernista Guilherme mais numerosos, acomodavam-se ao tamanho dos cer. Esse artifício é bastante usual nas pinturas de de Almeida, e de Carolina da Silva Telles, filha da cadernos e adquiriam novos propósitos. Como em interiores de artistas franceses contemporâneos Anita estava de volta à capital paulista em setem- “dama do modernismo” Olívia Guedes Penteado, um diário, registrava ideias que poderiam servir a Anita, como Pierre Bonnard e Édouard Vuillard, bro de 1928. Poucos meses depois, preparou uma manifestam diversas analogias entre si: além das para futuras pinturas, fazia anotações de cores, bem como aquelas de Matisse. exposição individual com a produção parisien- duas telas terem exatamente as mesmas dimen- diversificava os temas. Para treinar a mão esquer- se, conforme as determinações do Pensionato sões, as retratadas encontram-se em posição da, em vista do problema congênito que tinha na Henri Matisse também foi uma referência para as Artístico. A arte comedida, “sem excessos”, que semelhante, com decotes e colares afins. A esses outra, desenhou inúmeros nus a grafite e nanquim duas pinturas em que mulheres solitárias são re- exibiu recebeu algumas críticas elogiosas e outras paralelos, soma-se a aura clara que envolve as – agora femininos em sua maioria –, a partir de tratadas na sacada, sobretudo no que diz respeito nem tanto. Anos mais tarde, Anita faria um balanço: cabeças, conferindo certa teatralidade às figuras, modelo-vivo. Nessa nova fase, delineava os corpos à utilização de elementos arquitetônicos como “estava certa de que meu trabalho era bom; tanto os em especial àquela de Baby de Almeida. No retrato com traços finos e delicados, e, ao mesmo tempo, recurso para dispor planos sequenciais, criando modernos franceses como os americanos o haviam de Flávio Motta, realizado no início da década de firmes e precisos19. uma certa profundidade. Tanto em Chanson de dito espontaneamente, desinteressadamente. […] Eu 1940, o efeito esfumaçado das pinceladas aliado Montmartre quanto em Mulher do Pará, a figura sabia que aquela crítica não tinha fundamento”22. ao olhar perdido do modelo conferem um ar so- A busca por refinamento nométier também guiou está situada entre o gradil do parapeito e as corti- nhador ao jovem artista. a nova série de pinturas, nas quais se evidenciam a nas ornamentadas. Ademais, ambas estão enqua- Na década de 1930, Anita lecionou arte na Esco- preocupação com a fatura e a habilidade técnica, dradas por venezianas e, mais uma vez, é possível la Americana, na Escola Normal do Mackenzie Em 1944, Anita viajou a Belo Horizonte, para par- qualidades que norteiam toda a produção do está- entrever um espaço (agora sombreado) para além College e em seu ateliê. Paralelamente, foi assídua ticipar da Exposição de arte moderna organizada gio na capital francesa. Ampliou seu repertório de do terraço. Mas as semelhanças se encerram por colaboradora de importantes mostras, entre as por Guignard e se juntou a um grupo de artistas aqui. Chanson de Montmartre é uma pintura que quais a de arte brasileira no Roerich Museum, para visitar as cidades históricas, onde presenciou se pretende singela: a moça com feições de bone- em Nova York, na qual também expôs. Participou procissões e festas populares, temas que incor- ca e vestido virginal rega florzinhas, acompanhada do comitê do Salão Revolucionário, a convite de poraria a seu repertório de imagens a partir de de seu gato (com laçarote vermelho) e passari- Lucio Costa, envolveu-se nos eventos da Socie- então. São desta época Na porta da venda, O tro- 17) Anita Malfatti apud Marta Rossetti Batista, op. cit., pp. nho. A desproporção entre a figura e sua casa de linho, Trenzinho e Samba, pinturas nas quais Anita 319-320. telhado comprimido reitera o aspecto ingênuo inseriu agrupamentos de três a quatro pessoas, 18) Carta de Anita a Mário de Andrade, 1925, apud Marta do conjunto. Em contrapartida, Mulher do Pará é cada qual concentrado em uma atividade. Em Rossetti Batista, op. cit., p. 321. 19) A propósito do desenho de Malfatti, ver texto de Ana uma pintura provocante: a mulher altiva, de veste Porta da venda, a cena enquadrada por um mastro Paula Simioni e Ana Paula Camargo Lima, “Desenhos de 21) A propósito da opção de Anita pela doação de uma Anita Malfatti: Coleção de Artes Visuais do Instituto de pintura mais antiga, ver: Chiarelli, “Tropical, de Anita Estudos Brasileiros”, publicado em Anita Malfatti. Lygia Malfatti”, op. cit., e a tese de doutorado de Marcelo Eluf (org.). Campinas: Editora da Unicamp; São Paulo: Mattos Araujo, Os modernistas na Pinacoteca: o Museu Imprensa Oficial do Estado, 2011, pp. 11-15; e a disserta- entre a vanguarda e a tradição, Universidade de São ção de mestrado de Roberta Paredes Valin, Cadernos- 20) Anita também se dedicou a uma série de passagens Paulo, 2002. 23) “Depoimentos sobre Anita Malfatti: Sofia Tassinari (Os -diários de Anita Malfatti: uma trajetória desenhada em bíblicas, para as quais Maurice Denis e a viagem a Flo- 22) Malfatti, “A chegada da arte moderna no Brasil”, op. anos 30)”. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 13 dez. 1969. Paris. Universidade de São Paulo, 2015. rença certamente foram importantes referências. cit., p. 167. Suplemento Literário, p. 3. 10 de São João e uma guirlanda contém três grupos deliberada, fruto de uma atitude aberta e receptiva Em uma perspectiva internacional, foram raras, real- 11 em primeiro plano, sendo que cada qual suscita às novidades, postura essa que a crítica contempo- mente muito raras, as mulheres artistas que se des- uma narrativa diferente: enquanto duas mulheres rânea a ela não soube compreender. tacaram durante o modernismo. A ampla pesquisa trocam ideias e impressões em uma das portas ANITA desenvolvida por Catherine Gonnard e Élisabeth do mercado, na outra, um senhor acompanhado Assim, transcorridos cem anos da Exposição Lebovici registrou 3 mil artistas do sexo feminino atu- de crianças admira um cavalo; no meio na rua, de pintura moderna Anita Malfatti, parece-nos antes no mundo artístico europeu entre 1900 e 1930. uma mãe se entretém com seus filhos. O chão de fundamental reexaminar a produção da artista MALFATTI: Embora a cifra represente apenas 10% do total geral terra batida – figurado por meio de uma mancha à luz de uma visão mais ampla do modernis- estimado de artistas (cerca de 30 mil), entre elas, de beges e marrons – margeia duas casinhas e mo, de modo a não restringir o entendimento poucas são hoje conhecidas. Quantos nomes femi- alcança a mata que circunscreve o fundo da cena. de sua produção ao discurso elaborado pelos ninos associados ao cubismo, fauvismo ou dadaísmo modernistas. A exposição de 1917 foi, sem podem ser facilmente apontados, ou possuem suas Assim como nesta pintura, as demais são palco de dúvida, um divisor de águas na história da arte obras acessíveis em museus? Ou seja, mesmo que, diversos acontecimentos que se desenrolam em brasileira e merece ser celebrada como tal. Mas em vida, tais artistas tenham conquistado alguma diferentes planos, sempre em pinceladas estu- a contribuição de Anita para o modernismo no notoriedade, elas foram “quase imediatamente ex- DO 1 dadas e tons moderados. Enquanto O trolinho e Brasil não se resume às inovações formais que cluídas pela dura seleção da história da arte” . Trenzinho obedecem a uma lógica semelhante apresentou em 1917. O comprometimento com de estruturação espacial, Samba se destaca pelo o experimentalismo esteve presente em outros O célebre gráfico construído por Alfred Barr, des- fundo homogêneo e difuso, sobre o qual as figuras momentos de sua jornada, seja no radicalismo CENTRO tacado diretor do MoMA em seus anos iniciais, em roda parecem pairar. com que se lançou no retorno à ordem, seja assinala, de maneira evidente, o protagonismo mas- na ousadia com que se apropriou da “maneira culino nas vanguardas, atribuindo a Cézanne, Seurat Esse conjunto de pinturas de temas populares popular” nos últimos anos de vida. ÀS MAR- e Gauguin a “paternidade” na gestação dos futuros flerta com uma “simplificação” na construção do movimentos fundacionais do modernismo. Como espaço, próxima àquela adotada por artistas naïf. Ao final das contas, certo estava Monteiro Lobato bem ressalta Griselda Pollock, por que isso ocorre? Em uma carta dirigida a Mário de Andrade após que, há cem anos, soube reconhecer: “Percebe-se Não havia mulheres entre os artistas modernos? Por sua morte, Anita o atualiza: “Procurei todas as téc- de qualquer daqueles quadrinhos como a sua GENS... que todos os nomes canonizados foram masculi- nicas e voltei à simplicidade, diretamente; não sou autora é independente, como é original, como é nos? Segundo a autora, o problema não é a presen- mais moderna nem antiga, mas escrevo e pinto inventiva, em que alto grau possui um sem-nú- ça real das mulheres nesse circuito, pois certamente o que me encanta”24. Ao contrário daquilo que mero de qualidades inatas e adquiridas das mais UMA ela existiu, mas sim o modo com que a história da prega a historiografia modernista, a adesão a uma fecundas para construir uma sólida individualida- arte moderna está construída, como um discurso linguagem popular não representa mais um passo de artística”25. seletivo que normatiza práticas generificadas2. Entre de Anita em direção ao abismo. Mais uma vez, Ani- elas, é preciso observar uma mitologia artística alta- ta se mostra atenta ao debate em pauta no meio REVISÃO mente masculina, que associa a genialidade artística artístico que, nesta segunda metade da década de 1940, está descobrindo e enaltecendo artistas naïf, como José Antônio da Silva e Heitor dos Prazeres. Outros artistas assimilados pelo sistema da arte NECES- nessa virada de década – como Emídio de Souza, 1) Gonnard, Catherine; Lebovici, Élisabeth. Femmes Ar- tistes/Artistes Femmes, Paris de 1880 à nos jours. Paris: Djanira, Cássio M’Boy e Tereza D’Amico – adota- Éditions Hazan, 2007, pp. 8-9. (Tradução da autora.) ram um vocabulário vernacular e soluções formais SÁRIA 2) A esse respeito, afirma Griselda Pollock: “[…] Over each próprias à pintura primitiva, mesmo tendo passado movement a named artist presides. All those canonized as seja por treinamento em ateliês, seja por uma edu- the initiators of modern art are men. Is this because there ANA PAULA CAVALCANTI SIMIONI* cação artística formal. Anita acompanhava esse were no women involved in early modern movements? No. Is it because those who were, were without significance in movimento de perto, pois visitava com frequência determining the shape and character of modern art? No. Or Emídio, em Itanhaém, e M’Boy era seu interlocutor is it rather because what modernist art history celebrates regular no Embu. Assim, quando assume a “simpli- is a selective tradition which normalizes, as the only mod- cidade”, ela o faz de maneira intencional, em sinto- ernism, a particular and gendered set of practices? I would nia com discussões atuais, evitando a comodidade argue for this explanation. As a result any attempt to deal daquilo que lhe era familiar. with artists in the early history of modernism who are wom- en necessitates a deconstruction of the masculinist myths of modernism”. Pollock, Griselda. “Modernity and Spaces of Nesse sentido, as pinturas Festa de Georgina e Femininity”. In: Vision and Difference. Londres: Routledge, Vida na roça são pinturas extremas, nas quais Anita 1988, p. 50. [Cada movimento é norteado por um artista renunciou à palheta esmaecida em prol de cores designado. Todos canonizados como precursores da arte fortes e povoou o espaço com pequenas cenas, moderna são homens. Será que isso se deve ao fato de não haver mulheres envolvidas nos primeiros movimentos distribuídas ao longo do zigue-zague de rios e es- modernos? Não. Ou será que aquelas que estavam, de fato, tradas que perpassam a tela. A simplicidade aqui é envolvidas não tinham grande importância na determina- ção do formato ou caráter da arte moderna? Não. Ou, quem sabe, seria porque aquilo que a história da arte moderna celebra é uma tradição seletiva, que normaliza, como único modernismo, um conjunto de práticas específico e sexista? Eu defendo esta última tese. Como resultado, qualquer ten- 24) Malfatti, Anita. “Carta para Mário de Andrade, Caminho tativa de abordar artistas do sexo feminino nos primórdios do Céu”. In: Andrade, Mário de. Cartas a Anita Malfatti. 25) Monteiro Lobato apud Marta Rossetti Batista, op. cit., * Docente do Instituto de Estudos Brasileiros da da história do modernismo necessita de uma desconstru- Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989, p. 40. p. 206. Universidade de São Paulo. ção dos mitos masculinistas do modernismo.] 12 a elementos transgressores de uma vida vista como expressionista que conhecera em suas viagens de desígnios do desenvolvimento da arte moderna esmaecimento da palheta, uma “suavização de sua 13 “burguesa”, pautada no binômio trabalho-família. formação na Alemanha e EUA5. Vale notar que esses no Brasil. Nesse processo, a artista ocupa, segundo técnica”, segundo a pesquisadora Renata Cardoso, o Trata-se de se construir uma figura do artista moder- eram destinos então incomuns para a maior parte Paulo Mendes de Almeida, uma “função polarizado- que a distancia do contraste cromático intenso das no não apenas a partir da arte que este produz, mas dos artistas patrícios, os quais geralmente procura- ra”7, apenas. Assim, nessas narrativas, a artista e suas obras características dos anos 191011, mas também sim de sua vida, forjada como “vida de artista”, a qual vam Paris como centro de formação. Ainda menos obras perdem a força e a centralidade que possuí- nos desenhos, que perdem a expressividade de seus rejeita a ordem normativa ao abraçar experiências comum era uma mulher, e brasileira, viajar sozinha, ram em seu contexto original. nus masculinos a carvão (também presente no exce- de transgressão, tais como a boemia, o dandismo, o por anos, custeada por sua família, buscando capa- lente estudo para A boba) e tornam-se mais precisos, erotismo livre que se contrapõe sub-repticiamente citar-se para profissionalizar-se como artista. Nesse O caminho artístico desenvolvido na França, entre delgados e dedicados a captar as poses dos corpos ao matrimônio convencional3. Construir-se como breve período, companheiros de geração – como o 1923 e 1928, contribuiu, de maneira significativa, para – majoritariamente femininos – exibidos nas acade- um artista moderno significava, assim, urdir uma então ilustrador Di Cavalcanti, e os jovens escritores que ela tenha passado a ocupar, cada vez mais, um mias particulares que cursara em Paris12. série de atos de ruptura e liberdade os quais eram e Mário de Andrade, todos ainda lugar de fragilidade na historiografia da arte moderna praticamente inconcebíveis às mulheres dessas estreantes no mundo cultural paulistano – distingui- brasileira. A maior parte dos estudos sobre os artistas Como explicar aquilo que, diante dos colegas de mesmas gerações. ram seu caráter inovador e saíram em sua defesa nas brasileiros durante a década de 1920 prioriza aqueles geração, era compreensível apenas como retro- páginas dos jornais paulistanos, opondo-se à célebre que, durante tal decênio, passaram temporadas em cesso? Como bem pontuou Tadeu Chiarelli, em A partir dessa perspectiva, o caso brasileiro constitui crítica que recebera de Monteiro Lobato. A partir des- Paris, considerada, então, a capital artística mundial; um momento em que o grupo de modernos ainda uma singularidade interessante. Diferindo de pratica- se ponto, Anita Malfatti passa a ter sua importância é o caso de Vicente do Rego Monteiro, Antônio buscava legitimidade e reconhecimento dentro e mente todas as experiências internacionais, aqui, as histórica atribuída a sua condição de catalisadora do Gomide, Victor Brecheret (aportados em 1921) e fora do Brasil, era difícil aceitar que a artista pro- mulheres foram reconhecidas como protagonistas movimento dos modernos. Mais que suas obras, foi Anita Malfatti, , Di Cavalcanti e o curasse, deliberadamente, um percurso artístico do modernismo. Anita Malfatti é hoje considerada sua função de vítima que permitiu, segundo tal pers- escultor Celso Antônio (que chegam em 1923)8. Entre distinto daquele que defendiam. Nesse sentido, como a introdutora das linguagens de vanguarda pectiva, o autorreconhecimento dos artistas (todos esses, selecionam-se ainda aqueles que adotaram era preciso forjar causas externas que explicassem no Brasil, um lugar simbólico fundamental, embora homens) como “modernos”. Em última instância, foi o certos partidos estéticos específicos, assim, artistas esse descarrilhar da artista: tenha oscilado, historicamente, como pretendemos “caso Anita” que fomentou a formação do grupo que, de orientação diversa são deixados de lado, muito abordar. Ao seu lado está Tarsila do Amaral, cujo posteriormente, realizaria a Semana de 22, evento rei- embora fossem contemporâneos e estivessem no É de se acreditar que para aqueles que, reconhecimento também não foi sempre certo e teradamente enaltecido pelas narrativas modernistas. mesmo centro que os acima mencionados. Helena desde o início, se esforçavam para construir estável ao longo do século XX, mas que hoje é, segu- O texto de Mário da Silva Brito, ainda hoje uma refe- Pereira da Silva Ohashi, Alípio Dutra, Tulio Mugnani, uma história ascendente e triunfalista do ramente, apontada como a mais importante artista rência importante, é exemplar nesse sentido: Angelina Agostini, entre vários outros, por serem modernismo paulistano não podia interes- dos anos 1920, ao sintetizar o ideal de uma pintura considerados não “modernos”, não foram alvo de sar deparar-se com a necessidade de tentar nacional compassada com as vanguardas artísticas Lobato foi cruel, além de incapacitado para atenção nem de seus pares geracionais, nem da entender as razões que levaram uma das do exterior, que era, então, o lema abraçado pela o mister que exercia. Anita Malfatti, jovem e historiografia posterior. Esperava-se que os artistas principais artistas locais a se dedicar aos ex- geração dos primeiros modernistas. pioneira, em luta contra o ambiente social e brasileiros, uma vez em Paris, traçassem um caminho perimentalismos vanguardistas a abandonar familiar, precisava de estímulo e amparo […]. determinado: que abraçassem um tipo de moder- tal encaminhamento para abraçar a tradição. No entanto, de maneira indireta, consagrou nismo – de preferência, o cubismo – e que, por meio […] Afinal, como dar credibilidade a um mo- quem, no primeiro momento, era a sua vítima. dele, plasmassem uma “arte internacional brasileira”9. vimento estético-ideológico cuja primeira VISÕES SOBRE ANITA: “Anita Malfatti” – observa Menotti Del Picchia Ou seja, era preciso moldar uma produção que sinte- grande artista abandona seus postulados DE MODERNA A REGRESSIVA – “passou então para o nosso martirológio tizasse uma linguagem moderna internacional com para abraçar aqueles que, teoricamente, de- artístico. Resultado: ganhando terreno o um léxico iconográfico de tipo “nativista”. veriam ter sido superados? Apelando para Anita Malfatti é uma figura controversa na historio- modernismo, a pintora ilustre tornou-se uma argumentação desrespeitosa para grafia da arte brasileira, e tem merecido diversas uma espécie de santa da ala demoníaca dos No entanto, em Paris, Anita não seguiu o rumo pre- com a artista, transformaram Anita Malfatti boas análises4. É difícil, hoje, observamos sua produ- reformadores. Seu nome traz o prestígio visto e desejado. Em vez de radicalizar seu percurso, – na época uma mulher que buscava a pro- ção, sem nos contaminarmos pela história da recep- dos taumaturgos e dos mártires”. acentuando as rupturas com a tradição, investiu em fissionalização e com experiência inclusive ção que teve ao longo do tempo. Por meio de uma um sentido oposto, realizando o que se convencio- no exterior (o que não seria pouca coisa série de camadas discursivas, moldaram-se repre- Lobato teve, sobretudo, o não pretendido nou chamar de um “retorno à ordem pessoal”10. Este para uma mulher brasileira, com defeito sentações acerca de uma Anita que ora é interpelada nem almejado mérito de congregar, em se deixa ver não só na pintura, em que se nota um congênito, na segunda década do século como moderna, passando depois à condição de torno da pintora escarnecida, o grupo dos passado) –, transformaram essa profissio- vítima e, finalmente, à de artista “regressiva”. modernos. Ao seu lado estão muitos dos nal numa mulher apenas insegura, capaz de jovens que organizariam e participariam, colocar entraves à sua própria produção a Em uma breve síntese desses discursos: Anita con- poucos anos depois, da Semana de Arte partir de uma crítica de jornal13. 7) Almeida, op. cit., p. 23. quista um lugar de destaque a partir de sua exposição Moderna. Sua exposição é a primeira etapa 8) Batista, Marta Rossetti. Os artistas brasileiros na Escola 6 de 1917, quando, pela primeira vez, um artista nacional da arrancada inovadora . de Paris: anos 20. Tese de doutorado, Escola de Co- expôs obras capazes de desafiar o gosto realista-na- municações e Artes, Universidade de São Paulo, 1987. turalista predominante, ao trazer para o Brasil pintu- Anita é descrita como alguém cujo mérito foi o de Sobre a presença de outros artistas na capital francesa ras que incorporavam o cromatismo livre de matriz congregar o grupo dos modernos e, vale sublinhar, nesse período, ler: Camargos, Marcia. Entre a vanguarda 11) Cardoso, Renata Gomes. “Anita Malfatti em Paris, 1923- algo que foi por ela “não pretendido”. Com isso e a tradição. São Paulo: Ed. Alameda, 2011. 1928”. 19&20, Rio de Janeiro, vol. 9, nº 1, jan/jun 2014. 9) Miceli, Sergio. “Anita Malfatti: gênero e experiência Disponível em: http://www.dezenovevinte.net/artistas/ se lhe retira qualquer tipo de agência acerca dos imigrante”. In: Nacional estrangeiro. História social e cul- artistas_amalfatti.htm. tural do modernismo artístico em São Paulo. São Paulo: 12) Sobre os nus realizados por Anita nos anos 1920, con- Companhia das Letras, 2003. A esse respeito, ler: Fabris, sultar, especialmente, Valin, Roberta. Cadernos-diários 3) Wolff, Janet. “The Invisible Flâneuse. Women and the Annateresa. “Modernismo: nacionalismo e engajamento”. de Anita Malfatti: uma trajetória desenhada em Paris. Literature of Modernity”. In: Theory, Culture & Society. In: Aguilar, Nelson (org.). Bienal Brasil Século XX. São Pau- Dissertação de mestrado em culturas brasileiras e iden- Nov. 1985; Perry, Gill. Women Artists and the Parisian 5) Brito, Mário da Silva. História do modernismo brasileiro 1. lo: Fundação Bienal, 1994; Fabris, Annateresa. “Vanguarda tidades, IEB-USP, 2015, pp. 57-70. Avant-Garde. Manchester University Press, 1995. Antecedentes: a Semana de Arte Moderna. Rio de Janei- e modernismo: o caso brasileiro”. In: Modernidade e mo- 13) Chiarelli, Tadeu. “Tropical, de Anita Malfatti”. In: Arte 4) A produção sobre a artista é grande, impossível listar ro: Civilização Brasileira, 1974; Almeida, Paulo Mendes de. dernismo no Brasil. Campinas: Mercado de Letras, 1994. brasileira na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Taisa todas as obras. Para obras destacadas, ver Bibliografia De Anita ao Museu. São Paulo: Perspectiva, 1976. 10) Batista, Marta Rossetti. Anita Malfatti no tempo e no Palhares (org.). São Paulo: Cosac Naify / Imprensa Oficial Selecionada. 6) Brito, op. cit., 6ª ed., 1997, p. 54. Grifos da autora. espaço. São Paulo: Ed. 34/Edusp, 2006. / Pinacoteca, 2009. Grifos da autora. 14 ANITA COM TARSILA: A Anita Malfatti que nos chega hoje é resultado em cartas trocadas com Mário de Andrade, de- Estou com altas esperanças na exposição 15 ARTISTAS, MULHERES, MODERNAS de um conjunto de camadas discursivas acumu- monstra uma consciência arguta e sensível desse que eu fizer no ano que vem! Tantos foram E LATINO-AMERICANAS EM PARIS ladas em um século de sua presença nos meios processo complexo do qual participava: felizes quem sabe haverá um pouquinho para artísticos brasileiros. Não há como recuperar um mim também não acha? Vou pois contar um Além dos supostos “desvios” de Anita, configurou- olhar puro, neutro ou original para sua produção Agora coragem, apronte-se vou dar-te uma pouco da minha pintura. Continuo a trabalhar -se, na historiografia, uma outra recorrência compli- e suas obras, mas sim como revê-las à luz de no- notícia “bouleversante”. Estou clássica! Como livremente sem seguir escola fixa, nem pro- cada, a de uma suposta rivalidade entre ela e Tarsila, vos paradigmas, sempre sujeitos a atualizações futurista morri e já fui enterrada. Não falo a rir fessor algum. Estou portanto bem dentro da que teria sido um óbice em sua trajetória14. Tarsila é e críticas. Entre eles, valeria a pena revisitar a não. Pura verdade, podes rezar o Ite in pax na minha época. Não me preocupo como nunca tomada como o paradigma da viagem progressiva, noção de “retrocesso” artístico que perpassa as minha fase futurista ou antes moderna pois me preocupei com originalidade. Esta nota ao trilhar um percurso que vai da arte pós-impres- narrativas modernistas. Concomitantemente, é nunca pertenci a uma escola definida. vem por si. Procuro dentro da composição sionista à vanguarda associado, geográfica e simbo- importante restituir à artista a agência por seus simples, direta e equilibrada o máximo da licamente, a uma linha ascendente que se traça de atos, por suas escolhas e, finalmente, é preciso Não estou triste nem alegre. É isto. Trabalho sutileza na qualidade da cor. Tento conser- São Paulo a Paris. Enquanto Anita é construída quase contextualizá-las. Com isso, Anita torna-se não e trabalho e saiu assim. Não posso forçar-me var o desenho e os valores sempre justos como um reflexo invertido, constituindo um paradig- uma excrescência, ou uma vítima, tampouco uma para agradar a ninguém. Nisto sou, fico e serei e severos. Explicaria melhor dizendo que ma de viagem “regressiva”, pois, em vez de radicalizar heroína singular, mas sim um sujeito histórico que sempre livre. Aliás, todos, ou quase todos toda a poesia do meu trabalho está na cor. É seu percurso rumo ao moderno (entendido, em geral, atuava num campo de possibilidades ainda inde- os grandes artistas daqui estão enfrentando na cor que sempre procuro dizer o que me no singular), ao ir do centro da experiência modernis- finido, que comportava diversas compreensões este tremendo problema. Matisse, Derain, comove. Na minha composição a forma e os ta na periférica São Paulo, acaba por ir ao encontro, já do que era “moderno”. Picasso. Todos passam atualmente esta valores sujeitos às leis imutáveis da ciência na capital francesa, das franjas da vanguarda15. reação. Andava apreensiva com isto, mas da pintura. Meus quadros não são coisas do A noção de retrocesso pressupõe seu oposto, ou estive hoje com diversos artistas que me acaso. Resolvo todos os meus problemas Mas é preciso rever essas comparações, primeira- seja, a de progresso artístico, o que é algo inde- afiançaram ser esta a fase atual em Paris. com antecedência depois executo rápido. mente porque, como já bem apontou Maria de Fátima finível e indefensável. Além disso, parte de uma Voltamos à mãe Natureza […]”19 Quando me deixo levar pela tentação do im- Couto16, não são naturais ou evidentes, não emanam concepção unívoca de modernismo, que descon- proviso é um não mais acabar de desespero de nenhum tipo de semelhança formal suscitada por sidera a diversidade de escolas, movimentos e A pintora demonstra estar a par do processo que dúvidas e impotências. Em Florença aprendi suas obras, mas sim de componentes estritamente concepções que se encontravam presentes – e em posteriormente ficou conhecido como “retorno a fazer as incisões e a aplicar o ouro como os biográficos, como o sexo das artistas. Além disso, disputa – na Paris dos anos 1920. Em grande par- à ordem”, pelo qual passavam inúmeros artistas antigos. Há 3 meses que vou ao Louvre todos convém notar que tais cotejamentos, que adquirem, te, seus companheiros de geração rechaçaram o no entreguerras, entre eles, três que já haviam os dias. Estou pondo os últimos toques na por vezes, contornos analíticos, respaldam-se num uso percurso de Anita Malfatti em função de sua apro- firmado seus nomes entre as vanguardas20. Nes- Belle jardinière de Rafael. Copiarei mais a pouco cuidadoso de fontes de época, como as missi- ximação inicial ao pintor Maurice Denis18, o que se momento, eles se afastavam das pesquisas Femmes d’Algier de Delacroix por achar que vas trocadas entre Mário, Tarsila, Anita, Milliet e outros a teria isolado do pequeno, mas pujante, circuito mais radicais ulteriormente desenvolvidas e re- este quadro marcou uma época. É distin- agentes de então, que procuraram explicar o distan- formado por Oswald, Tarsila, Sergio Milliet, Yan tomavam elementos associados à tradição, tais tamente a nota de transição entre o velho ciamento de Anita em virtude de ressentimentos e Mário de Andrade. Maurice Denis, firmara seu como a figuração do corpo humano, a paisagem mundo e o novo. Vejo agora tão claramente nutridos para com a antiga amiga. No entanto, como nome junto aos nabis em finais do século XIX, mas, (por vezes associada a um discurso regionalista que toda a arte moderna sugou sua ciência já foi dito, tais textos espelham combates de época e nos anos 1920, era visto pelos brasileiros como ou nacionalista) ou mesmo, no caso de Derain, da antiga e se as mesmas regras básicas não precisam ser vistos em seu contexto exato17. um artista já tradicional e “oficial”, por sua defesa a temas religiosos; enquanto isso, formalmente, se encontrassem em ambas, não poderia da renovação da pintura religiosa e pela série de as telas pareciam recuperar um certo apreço haver compreensão entre uma outra e outra. encomendas públicas de caráter decorativo que pelo aspecto mais artesanal do fazer pictórico. Será que toda a nossa revolução nos trará recebera. Tal suposto isolamento estampa, é claro, A pintora brasileira justificava suas opções inse- o fruto de uma nova Renascença? Quando as escolhas estéticas do grupo, mas não pode ser rindo-se em uma tendência internacionalmente formos velhos talvez possamos assistir ao 14) A esse respeito, ver: Mello e Souza, Gilda. O baile das tomado como evidência de que esses partidos generalizada. Além disso, frisava sua liberdade de novo milagre dos séculos!21 quatro artes. Exercícios de leitura. São Paulo: Livraria Duas eram os únicos possíveis ou legítimos. Ela própria, qualquer escola e sua independência em relação Cidades, 1980. Diz a autora: “No entanto, não é difícil avaliar a qualquer grupo, a qualquer obrigação em “agra- A pintora não só se mostra cônscia dos métodos o que terá sido para Anita o confronto diário com a beleza de Tarsila. É falso racionalizar, dizendo que era uma artista dar” a quem quer que fosse. por ela empregues em suas composições, mas de prestígio e lhe bastava a admiração que os modernistas também apresenta uma reflexão de caráter teó- votavam à sua arte. Acaso manifestavam a Tarsila um inte- Anos depois, ainda em Paris, em uma das cartas rico sobre a relação entre a arte moderna e a tra- resse estritamente artístico? Não a consideravam também, 18) Sergio Milliet não escondeu sua decepção ao escrever: escritas ao seu interlocutor privilegiado, novamente dição, aqui nomeada a partir de mestres antigos, além de excelente pintora, a ‘maravilha caída do céu’, a “A Anita está trabalhando infelizmente com o Maurício Anita revela uma consciência aguçada sobre os como Rafael, e modernos, como Delacroix. As ‘caipirinha vestida de Poiret’, ‘deusa’, ‘senhora do equilíbrio Denis”. Ver: Prado, Yan de Almeida. A grande Semana de métodos que desenvolvia, explicando-os, com se- cópias eram um procedimento previsto e obriga- e da medida, inimiga dos excessos’?”, p. 271. Arte Moderna. São Paulo: Edart, 1976, p. 68. Nas missivas 15) Batista, Anita Malfatti no tempo e no espaço, op. cit., p. 313; enviadas por Mário de Andrade à artista, por diversas gurança, a Mário de Andrade: tório para os pensionistas do Estado de São Pau- Miceli, op. cit., p. 97; Durand, José Carlos. Arte, privilégio e vezes ele se queixa de sua aproximação inicial com lo, que era justamente sua situação em Paris. Mas distinção: artes plásticas, arquitetura e classe dirigente no “aquele artista religioso” de quem jamais se lembrava o Anita acrescenta ao “dever”, um sentido: o de res- Brasil, 1855/1985. São Paulo: Perspectiva, 1989. nome. Escreve Mário: “Os meus amigos me conhecem peito e aprendizado da “grande arte”, a partir das 16) Couto, Maria de Fátima M. “Caminhos e descaminhos do bem e nunca me falaram mal de você ou das suas obras, obras-primas do passado. Assim, a arte moderna modernismo brasileiro: o ‘confronto’ entre Tarsila e Anita”. porém eu senti que se estavam desinteressando por é percebida não como ruptura, mas como um Revista Esboços. Florianópolis: UFSC, nº 19, 2008. você. Senti e sofri. Acho que eles procedem mal, Anita. 19) Carta de Anita Malfatti a Mário de Andrade. Paris, 23 Disponível em: http://dx.doi.org/10.5007/ Porque se você mudou de orientação, se você não tem de fevereiro de 1924. Arquivo do Instituto de Estudos novo desdobramento de uma história das formas 2175-7976.2008v15n19p125. Acessado em 8/11/2016. a opinião mesminha deles, isso não é razão pra que se Brasileiros da Universidade de São Paulo. 17) A bibliografia sobre as correspondências de Mário de afastem. A gente nunca deve pôr a teoria adiante da ami- 20) A respeito do “retorno à ordem”, ler: Chiarelli, Tadeu. Andrade é vasta, mas destacaria: Ionta, Marilda. As cores zade. Depois, talento é coisa que a gente se tem, não vai Novecento Sudamericano. São Paulo: Instituto Italiano da amizade na escrita epistolar de Anita Malfatti, Oneyda perdendo assim à toa. Se um dia eles reconheceram que de Cultura, 2003; Magalhães, Ana Gonçalves. “Uma nova Alvarenga, Henriquieta Lisboa e Mário de Andrade. Tese você tinha talento, deviam esperar pra ver o que você ia luz sobre o acervo modernista do MAC USP”. Revista de doutorado em história social, Unicamp, 2004; Moraes, fazer no novo caminho. E dizer francamente a opinião de- USP, São Paulo, nº 90, 2011; Golan, Romy. Modernity 21) Carta de Anita Malfatti para Mário de Andrade, Paris, Marco A. Orgulho de jamais aconselhar: a epistolografia les. Isso é que deviam fazer. Acho que eles erraram desta and Nostalgia. Art and Politics in France between the 17 e 18 de novembro de 1927. Arquivo do Instituto de de Mário de Andrade. São Paulo: Edusp/Fapesp, 2007. vez. Mas não se amole com isso, minha Anita” […]. Wars. New Haven e Londres: Yale University Press, 1995. Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. 16 de longa duração. Ela não estava sozinha nesse bem demonstra Greet, enquanto as duas primeiras O FAROL, 1915 Óleo sobre tela Coleção Gilberto Chateaubriand MAM RJ 17 processo, trata-se mesmo de um tema dominante tiveram certo êxito, as duas outras foram menos per- 46,3 x 61 cm na França do entreguerras, e justamente Maurice cebidas pelos circuitos internacionais. A recepção Denis foi um dos expoentes na defesa de um tem muito menos a ver com a qualidade de suas “renascimento da tradição”, que era sentido com obras, com o domínio das técnicas que possuíam, urgência diante da devastação sofrida entre 1914 que com o modo como se dispuseram, mais ou me- e 191922. Diversos autores vinculados às vanguar- nos prontamente, a ocupar os lugares que lhes eram das dedicaram-se a pensar as relações entre os esperados enquanto artistas do “sul”, ou seja, por- contemporâneos e os antigos, tais como Lionello ta-vozes de heranças autóctones e, portanto, vistas Venturi, no célebre texto “Il gusto dei primitivi”23, e como essencialmente primitivas e exóticas25. Carlo Carrà, pintor futurista que, em 1916, escreve um artigo dedicado a Giotto, em uma perspectiva É, assim, fundamental rever, à luz de um quadro mais muito próxima à que ela advogava24. complexo que envolve as relações entre centros e periferias artísticas26, num emaranhado de grupos Ao que parece, em seu período francês, Anita artísticos que disputavam as lideranças do moderno, Malfatti procurou assimilar temas e debates que os lugares ocupados por Anita Malfatti e Tarsila do estavam “no ar”, propagados pelo que se conven- Amaral. As narrativas, em geral, tendem a fixá-las em cionou chamar de Escola de Paris. Nesse sentido, polos opostos, assim, de um lado, estaria Tarsila, a mais que responder aos pleitos e à agenda de seu musa, e, de outro, Anita, a mártir. Embora com sinais grupo de origem, Anita procurou trilhar um rumo trocados, ambos encaram arquétipos bastante reifi- diverso, assentado no internacionalismo, no mo- cados de feminilidades possíveis, os quais são ela- dernismo temperado, no diálogo com a tradição borados a partir de elementos muito mais calcados pictórica ocidental, também em vigor na capital em aspectos psicobiográficos que advindos de suas francesa. E essa talvez seja a maior diferença entre obras. Ambas assinalam quanto, nessa geografia ela e sua conterrânea, Tarsila do Amaral, a saber: o internacional do modernismo da qual o Brasil partici- modo com que ambas desenvolveram estratégias pava, construir-se como artista moderno “no femini- distintas para se inserir nos circuitos modernos no” significou ocupar um conjunto bastante limitado franceses de seu tempo. de possibilidades, que oscilaram entre polos con- servadores, como a mulher-musa ou a mulher-frágil. Analisando a presença de quatro mulheres latino-a- A exposição que ora nos apresenta é um convite a mericanas em Paris nos anos 1920, Tarsila do Amaral, ultrapassar esses lugares discursivos que são, mes- Lola Cueto, Anita Malfatti e Amelia Pelaez, Michele mo que não propositalmente, fruto de olhares gene- Greet mostra que suas recepções tiveram êxito pro- rificados. Para romper com isso é fundamental reto- porcional ao modo com que souberam responder às mar as obras em seus contextos de produção, o que demandas por exotismo e primitivismo suscitadas significa observá-las à luz das variadas e indefinidas pelo campo artístico francês a que estavam sujeitas. disputas pelo que então se entendia por modernis- Assim, enquanto Tarsila rapidamente compreendeu mo, lutas essas que vicejavam nas diversas capitais que “Paris estava farta de arte parisiense” e desenvol- culturais do mundo27. Anita experimentou e agiu veu, em sua pintura, temas “locais”, como paisagens sobre esse contexto a partir de sua condição muito do Rio de Janeiro ou favelas, bichos imaginários e particular de artista, mulher, brasileira, mas formada exóticos (Cuca), ou tipos nacionais (Negra), por meio na Alemanha, Estados Unidos e França, e que “es- de uma formalização que a aproximava de um certo colheu” rumos e respostas diferentes daqueles que primitivismo admirado por esse mesmo circuito, a foram canonizados por sua geração. mexicana Lola Cueto optou por “resgatar” objetos associados a uma fatura nativa, vista como ancestral de seu país, os tapetes, que foram então refeitos a partir de uma linguagem moderna, apreendida com as vanguardas. Já Anita Malfatti e a cubana Amelia Pelaez investiram num outro tipo de inserção, de caráter internacional, evitando, assim, de imediato, construírem uma obra “com sotaques” locais. Como 25) Greet, Michele. “‘Exhilarating Exile’: Four Latin American Women Exhibit in Paris”. Artelogie, nº 5, outubro 2013. Disponível em: http://cral.in2p3.fr/artelogie/spip.php?ar- ticle262. Acessado em 8/11/2016. Em inglês. 26) Joyeux-Prunel, Béatrice. Les avant-gardes artistiques 22) Maigon, Claire. L’Âge Critique des Salons : 1914-1925. 1848-1918. Une histoire transnationale. Paris: Editions L’Ecole Française, la tradition et l’art moderne. Presses Gallimard, 2016; Ginzburg, C. e Castelnuovo, E. “Domina- Universitaires de Rouen et du Havre, 2014. tion symbolique et géographie artistique [dans l’histoire 23) Venturi, Lionello. Il gusto dei primitivi. Bolonha: Ed. de l’art italien]”. In: Actes de la recherche en sciences Nicola Zanichelli, 1926. sociales, Paris, vol. 40, nº 1, 1981. 24) Carrà, Carlo. “Causerie sur Giotto”. In: L’Éclat des 27) Joyeux-Prunel, Béatrice. Nul n’est prophète en son Choses Ordinaires (ed. Isabel Violannte). Paris: Éditions pays ? L’internationalisation de la peinture des avant- Images Modernes, 2015. gardes parisiennes, 1844-1914. Paris: Musée d’Orsay, 2009. 18 NU MASCULINO (SEGURANDO Carvão e esfumado sobre papel Coleção particular O JAPONÊS, 1915/16 Óleo sobre tela Coleção de Artes Visuais do Instituto de 19 BASTÃO), 1915/16 62,3 x 47,5 cm 61 x 51 cm Estudos Brasileiros USP 20 TROPICAL, C. 1916 Óleo sobre tela Coleção Pinacoteca do Estado de São Paulo, CHINESA, 1921/22 Óleo sobre tela Coleção particular 21 77 x 102 cm Brasil. Doação da artista em cumprimento à 100 x 77 cm Lei do Pensionato Artístico, 1929 22 RETRATO DE A.M.G., C. 1933 Óleo sobre tela Coleção N.B.E. NU DEITADO (CABELOS Nanquim e grafite sobre papel Coleção Museu de Arte 23 95,5 x 90,3 cm AO VENTO), C. 1925 21,9 x 28,1 cm Contemporânea USP 24 VIDA NA ROÇA, C. 1956 Óleo sobre madeira Coleção Almeida e Dale Galeria de Arte BURRINHO CORRENDO FIGURA FEMININA 25 63 x 87 cm (CÓPIA DE CAPA DE (INACABADA), C. 1912 REVISTA), 1909 OBRAS Tiragem de 2005 Óleo sobre tela Gravura em metal 29,5 x 20 cm 15,5 x 11 cm EM Coleção Sylvia Malfatti Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros USP

EXPO- A FLORESTA, 1912 MOÇA COM FITA NOS Óleo sobre tela colada em cartão CABELOS, C. 1912 20,5 x 29 cm Tiragem de 2005 SIÇÃO Coleção Gilberto Chateaubriand Gravura em metal MAM RJ 12,5 x 10 cm

Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros USP O JARDIM, 1912

Óleo sobre tela colada em cartão 23,5 x 29,5 cm RETRATO DE UM PROFESSOR, 1912/13 Coleção Gilberto Chateaubriand MAM RJ Óleo sobre tela 50,5 x 40 cm

Coleção Museu de Arte Brasileira – PAISAGEM, C. 1912 MAB-FAAP

Tiragem de 2005 Gravura em metal 9 x 12 cm ÁRVORES E ÁGUA, 1914

Coleção de Artes Visuais do Gravura em metal Instituto de Estudos Brasileiros USP 8,5 x 14,2 cm

Coleção particular

PAISAGEM (COM DUAS ÁRVORES À DIREITA), C. 1912 MEU IRMÃO Tiragem de 2005 ALEXANDRE, 1914 Gravura em metal 12,5 x 17,5 cm Óleo sobre tela 43 x 57 cm Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros USP Coleção Sylvia Malfatti

MOÇA COM MÃO NO A ESTUDANTE RUSSA, QUEIXO, C. 1912 C . 1915

Tiragem de 2005 Óleo sobre tela Gravura em metal 76 x 61 cm 12,5 x 17,5 cm Coleção de Artes Visuais do Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros USP Instituto de Estudos Brasileiros USP

O FAROL, 1915

Óleo sobre tela 46,3 x 61 cm

Coleção Gilberto Chateaubriand MAM RJ 26 MARINHA, MONHEGAN, 1915 O HOMEM DE SETE NU MASCULINO NU MASCULINO COM RETRATO DE MÁRIO DE PORTO DE MÔNACO, 27 CORES, 1915/16 (CAPINANDO), 1915/16 BASTÃO I, DÉC. 1920 ANDRADE III, C. 1923 1925/26 Óleo sobre tela 35,5 x 46 cm Pastel e carvão sobre papel Carvão sobre papel Carvão sobre papel Óleo sobre tela Óleo sobre tela 60,7 x 45 cm 60,5 x 43 cm 63 x 48,5 cm 44 x 38 cm 54 x 64,5 cm Coleção Instituto Moreira Salles Coleção Museu de Arte Brasileira – Coleção Sylvia Malfatti Coleção MAM, Coleção de Artes Visuais do Coleção Museu de Arte MAB-FAAP doação Emanoel Araujo Instituto de Estudos Brasileiros USP Contemporânea USP

PAISAGEM (AMARELA), MONHEGAN, 1915 NU FEMININO, SENTADO NU FEMININO, COSTAS (COM PANEJAMENTO À NU COM JARRO II, VENEZA, CANAL, C. 1924 CHANSON DE Óleo sobre tela (GRANDE NU), 1915/16 ESQUERDA), 1915/16 DÉC. 1920 MONTMARTRE, 1926 41 x 50,5 cm Aquarela e grafite sobre papel Carvão sobre papel Carvão sobre papel Carvão sobre papel 16,5 x 26,5 cm Óleo sobre tela Coleção Instituto Cultural 62,4 x 47,5 cm 60,5 x 45,5 cm 63 x 48 cm 73,3 x 60,2 cm Capobianco Coleção particular Coleção de Arte da Cidade / Centro Coleção particular Coleção James Lisboa Coleção James Lisboa Cultural São Paulo / SMC / PMSP

DORSO MASCULINO, INTERIOR DE MÔNACO, C. 1915/16 MARINHA (PENHASCOS), NU DE COQUE EM PÉ, C. 1925 PAISAGEM DOS PIRINEUS, O SECRETÁRIO DA 1915/16 DÉC. 1920 CAUTERETS, 1926 Carvão sobre papel ESCOLA OU RETRATO Óleo sobre tela 68 x 48 cm DE BAILEY, 1915/16 Óleo sobre madeira Grafite e nanquim sobre papel 73 x 60 cm Óleo sobre tela 26,1 x 36,1 cm 35 x 27,5 cm 45,8 x 54,8 cm Coleção particular Carvão sobre papel Coleção BM&FBOVESPA 61,5 x 47 cm Coleção particular Coleção particular Coleção José Thomaz Assumpção

Coleção Museu de Arte A ESTUDANTE, 1915/16 Contemporânea USP LAGO MAGGIORE, C. 1925 TROPICAL, C. 1916 CHINESA, 1921/22 MULHER DO PARÁ (NO Óleo sobre tela Óleo sobre tela BALCÃO), 1927 76,5 x 60,5 cm Óleo sobre tela Óleo sobre tela 46,2 x 54,8 cm RETRATO DE MULHER 77 x 102 cm 100 x 77 cm Óleo sobre tela Coleção Museu de Arte de São (ESTUDO PARA A BOBA), Coleção Antonio Augusto 80 x 65 cm Paulo Assis Chateaubriand 1915/16 Coleção Pinacoteca do Estado Coleção particular Gouvêa Pedroso de São Paulo, Brasil. Doação da Coleção Milú Villela Carvão sobre papel artista em cumprimento à Lei do 59 x 40 cm Pensionato Artístico, 1929 O JAPONÊS, 1915/16 FIGURA FEMININA, 1921/22 VISTA DO FORT ANTOINE Coleção Museu de Arte Brasileira – EM MÔNACO, C. 1925 NU EM PÉ, INCLINANDO-SE, Óleo sobre tela MAB-FAAP Pastel sobre papel ENTRE PEDRAS, 1928 61 x 51 cm ACADEMIA VIII, C. 1916 47 x 31,2 cm Aquarela sobre papel 25,5 x 34,5 cm Nanquim sobre papel Coleção de Artes Visuais do Carvão sobre papel Coleção particular 26 x 19,5 cm Instituto de Estudos Brasileiros USP NU FEMININO (FRENTE), 62 x 47,5 cm Coleção Max Perlingeiro 1915/16 Coleção Sylvia Malfatti Coleção Gilberto Chateaubriand Carvão sobre papel MAM RJ GRUPO DOS CINCO, NU CUBISTA N. 1, 1915/16 62,2 x 47 cm 1922 NU DEITADO (CABELOS AO VENTO), C. 1925 CAROLINA DA SILVA Óleo sobre tela Coleção Sandra Brecheret Tinta de caneta e lápis de cor TELLES, 1929/30 51 x 39 cm Pellegrini PAISAGEM (ESTUDO), sobre papel Nanquim e grafite sobre papel DÉC. 1920 26,5 x 36,5 cm 21,9 x 28,1 cm Óleo sobre tela Coleção particular 46 x 40 cm Aquarela e grafite sobre papel Coleção de Artes Visuais do Coleção Museu de Arte NU MASCULINO 18,5 x 26,1 cm Instituto de Estudos Brasileiros USP Contemporânea USP Coleção particular (SEGURANDO BASTÃO), BARCOS, 1915/16 1915/16 Coleção particular

Aquarela e grafite sobre papel Carvão e esfumado sobre papel MÁRIO DE ANDRADE NA NU DE COSTAS, RECLINADO BABY DE ALMEIDA, 19,7 x 27 cm 62,3 x 47,5 cm PAULICEIA (CARDÁPIO), EM DIAGONAL II, C. 1925 1929/30 CASARIO NA ENCOSTA C. 1922 Coleção particular Coleção particular (COM VULCÃO E Nanquim sobre papel Óleo sobre tela AEROPLANO), DÉC. 1920 Nanquim e guache sobre papel 27,5 x 29 cm 46,5 x 41,5 cm 9,7 x 7,9 cm Aquarela sobre papel Coleção Sylvia Malfatti Coleção Casa Guilherme de 27,5 x 36,8 cm Coleção Artes Visuais do Instituto Almeida – Governo do Estado de de Estudos Brasileiros USP São Paulo – Secretaria de Cultura Coleção particular 28 VOLUTAS E NU SENTADO O TROLINHO, DÉC. 1940 FESTA DE GEORGINA, ALMEIDA, Paulo Mendes de. De CARRÀ, Carlo. “Causerie sur Giotto”. 29 (TRANÇAS PRESAS), C. 1952 Anita ao Museu. São Paulo: Pers- In: L’Éclat des Choses Ordinaires DÉC. 1930 Óleo sobre tela pectiva, 1976. (ed. Isabel Violannte). Paris: Éditions 39 x 47 cm Óleo sobre tela BIBLIO- Images Modernes, 2015. Grafite e nanquim sobre papel 45 x 55 cm AMARAL, Aracy. Artes plásticas na 23 x 35,5 cm Coleção Roberto Marinho / Instituto Semana de 22. 5a ed. São Paulo: Ed. CHIARELLI, Tadeu. Novecento Casa Roberto Marinho Coleção particular 34, 1997. Sudamericano. São Paulo: Instituto Coleção Sylvia Malfatti GRAFIA Italiano de Cultura, 2003. ______. Tarsila sua obra e seu tem- po. São Paulo: Editora 34, 2003. ______. “Tropical, de Anita Mal- MARINHA, DÉC. 1940 VIDA NA ROÇA, C. 1956 fatti”. In: Arte brasileira na Pinaco- HOMEM DE CALÇÃO, ANDRADE, Mário de. Cartas a Anita teca do Estado de São Paulo. Taisa INCLINADO, DÉC. 1930 Óleo sobre tela Óleo sobre madeira Malfatti. Marta Rossetti Batista (org.). Palhares (org.). São Paulo: Cosac 51 x 61 cm 63 x 87 cm Rio de Janeiro: Forense Universitá- Naify / Imprensa Oficial / Pinacote- Grafite sobre papel ria, 1989. ca, 2009. 33 x 24 cm Coleção Decio Antonio de Gouvêa Coleção Almeida e Dale Galeria Pedroso de Arte SELE- ARAUJO, Marcelo Mattos. Os mo- ______. Um jeca nos vernissages. Coleção particular dernistas na Pinacoteca: o Museu São Paulo: Edusp, 1995. entre a vanguarda e a tradição. Tese de doutorado. Universidade de São COUTO, Maria de Fátima Morethy. ITANHAÉM, DÉC. 1940 CIO- Paulo, 2002. “Caminhos e descaminhos do HOMEM DE CALÇÃO modernismo brasileiro: o ‘confron- SENTADO, EMPUNHANDO Aquarela sobre papel BATISTA, Marta Rossetti. Os artistas to’ entre Tarsila e Anita”. Revista BASTÃO, DÉC. 1930 16,5 x 26,5 cm brasileiros na Escola de Paris: anos Esboços. Florianópolis: UFSC, nº 19, NADA 20. Tese de doutorado, Escola de 2008. Disponível em: http://dx.doi. Grafite sobre papel Coleção particular Comunicações e Artes, Universida- org/10.5007/2175-7976.2008v- 33,7 x 24,1 cm de de São Paulo, 1987. 15n19p125.

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