Tropicália, Marginália & a Poética De Torquato Neto Nos Anos De Chumbo

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Tropicália, Marginália & a Poética De Torquato Neto Nos Anos De Chumbo Lizaine Weingärtner Machado Relíquias do Brasil: Tropicália, Marginália & a poética de Torquato Neto nos anos de chumbo Tese submetida ao Programa de Pós- Graduação em Literatura da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) para a obtenção do Grau de Doutora em Literatura. Orientador: Prof. Dr. Jair Tadeu da Fonseca. Florianópolis 2019 À memória de Walmir Machado, meu pai, e Bob Dylan, o cão, another best friend, somehow. AGRADECIMENTOS À minha mãe, Linda, e minha irmã, Andreza, pelo afeto, amparo e incentivo desde sempre. Aos amigos, pelo diálogo e pelas risadas, principalmente à Dani, por acrescentar genuína torcida. Ao Jair, pelos ensinamentos ao longo de tantos anos na Graduação e na Pós-Graduação e pela generosa orientação de meus trabalhos finais (TCC, Dissertação e Tese). Aos professores da banca examinadora, Maria Lucia, George e Elisa, por suas leituras agregadoras e instigantes. À Maria Lucia e George também agradeço por todos os apontamentos e sugestões construtivas na banca de qualificação. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de pesquisa. LER COM OLHO-FÓSSIL OU LER COM OLHO-MÍSSIL Waly Salomão em Gigolô de bibelôs A política e a poesia são demais para um só homem. Sara, personagem de Terra em transe, filme de Glauber Rocha Venturis ventis Aos ventos que hão de vir RESUMO Esta tese propõe uma leitura da Tropicália e da Marginália, momentos dos anos 60 e 70 no Brasil, e de suas encarnações com o corpo nietzschiano e a alegoria benjaminiana relacionando-as ao trabalho multifacetado de Torquato Neto. Assim, através das tensões poéticas e políticas que permeiam a atuação do poeta na cultura brasileira por meio da produção poética, musical, de jornalismo cultural e de cinema underground no âmbito da era contracultural, procuro ler o modo como sua obra se engendra e como ela torna-se vitrine ao evidenciar as mazelas brasileiras. Ademais, busco mostrar o caráter alegre do momento tropicalista e pós-tropicalista e como se dá o processo de resistência do poeta ao ocupar espaço, seu projeto político-cultural, nos anos sombrios da ditadura civil-militar brasileira. Palavras-chave: Tropicália. Marginália. Torquato Neto. Alegoria. Corpo. Ditadura Civil-Militar. ABSTRACT This thesis offers an interpretation of Tropicalia and Marginalia, moments from the sixties and seventies in Brazil, and their incarnations, together with the Nietzschean body and Benjaminian allegory, linking them to the multidimensional work of Torquato Neto. In doing so, through the poetic and political tensions that permeate the poet's performance in Brazilian culture by means of musical and poetic production, cultural journalism and underground cinema in the counterculture era, I try to read the way in which his work generates itself and how it becomes a display, highlighting Brazilian pathologies. Moreover, I seek to show the joyful nature of the Tropicalist and post- Tropicalist moment and how the poet's process of resistance takes place by occupying space, as well as his political-cultural project in the dark years of Brazilian civil-military dictatorship. Keywords: Tropicalia. Marginalia. Torquato Neto. Allegory. Body. Civil-Military Dictatorship. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Tropicalistas e Concretos................................................................. 48 Figura 2 − Torquato e o parangolé .................................................................... 59 Figura 3 − Tropicália de Hélio Oiticica ............................................................ 84 Figura 4 − Primeira missa no Brasil ................................................................. 93 Figura 5 − Tropicália ou panis et circencis ...................................................... 98 Figura 6 − Batmacumba ...................................................................................116 Figura 7 − A bela Lindonéia ou a gioconda do subúrbio .................................126 Figura 8 − Viva a vaia......................................................................................141 Figura 9 − Tristeresina ....................................................................................163 Figura 10 − Passeata dos cem mil ....................................................................178 Figura 11 − Pureza é um mito ..........................................................................193 Figura 12 − Flor do mal ...................................................................................238 Figura 13 − Navilouca .....................................................................................241 Figura 14 – Vir ver ou vir ................................................................................249 Figura 15 – Corpo(s) da Navilouca ..................................................................250 Figura 16 − Bólide para Cara de Cavalo ..........................................................264 Figura 17 − Seja marginal, seja herói..............................................................266 Figura 18 − A crucificação de São Pedro ........................................................266 Figura 19 − New look .......................................................................................270 Figura 20 − Still de Adão e Eva do paraíso ao consumo .................................305 Figura 21 − Helô e Dirce .................................................................................307 Figura 22 − Nosferato no Brasil ......................................................................320 Figura 23 − Nosferatu: nós/torquato ...............................................................323 Figura 24 − Vampiro neoliberalista .................................................................330 Figura 25 − Manifestoches ..............................................................................331 Figura 26 − Contracapa da Navilouca..............................................................339 Figura 27 − Bandeira brasileira: índios, negros e pobres .................................377 SUMÁRIO Do lado de dentro – notas de início ....................................................... 19 1. Tropicália: parangolé no caos ............................................................ 37 2. Geleia geral brasileira ........................................................................ 97 3. Pureza é um mito ............................................................................. 155 4. Marginália: contracultura made in Brazil ........................................ 213 5. Terror & terrir sob o signo do vampiro ........................................... 295 6. Tropical melancolia ......................................................................... 343 Referências .......................................................................................... 385 19 Do lado de dentro – notas de início A minha alucinação é suportar o dia a dia E meu delírio é a experiência com coisas reais Belchior em Alucinação Profanar, segundo Giorgio Agamben, significa dar às coisas um uso humano num ato sacrílego, visto que para o filósofo, em Elogio da profanação, “há um contágio profano, um tocar que desencanta e devolve ao uso aquilo que o sagrado havia separado e petrificado.” (AGAMBEN, 2012, p.66).1 Desse modo, a mudança do sagrado para o profano ocorre por meio de um reuso contrário ao sacral e essa passagem se dá, sobretudo, através dos jogos que eram, inicialmente, derivações das cerimônias sacras em que o ludus “[...] faz desaparecer o mito e conserva o rito [...].” (AGAMBEN, 2012, p.67). Além disso, o verbo profanare, em latim, é dúplice: significa tornar profano, mas também, em alguns casos, sacrificar, assim como o adjetivo sacer, percebido por Sigmund Freud, pode denotar augusto e maldito, ambiguidade que “[...] não se deve apenas a um equívoco, mas é, por assim dizer, constitutiva da operação profanatória (ou daquela, inversa, da consagração).” (AGAMBEN, 2012, p.68) em que a figura sacra é colocada pra fora da sociedade e o homo sacer, consagrado aos deuses; porém portador de uma mácula, se torna majestoso e funesto numa mesma existência.2 1 Agamben é um profanador do sagrado, de matérias e conceitos, assim como Pier Paolo Pasolini o era por também abordar o sacral em seus filmes. Ademais, Agamben interpretou Filipe, um dos 12 apóstolos de Jesus, em O evangelho segundo São Mateus, filme pasoliniano de 1964. 2 Ressalto que o sagrado, especialmente na esfera nacional, prolifera a existência de tabus, vocábulo que apresenta o mesmo sentido que sacer entre os polinésios, como Freud aponta em Totem e tabu: “o significado de ‘tabu’ se divide, para nós, em duas direções opostas. Por um lado quer dizer ‘santo, consagrado’; por outro, ‘inquietante, perigoso, proibido, impuro’. O contrário de ‘tabu’, em polinésio, é noa, ou seja, ‘habitual, acessível a todos’. Assim, o tabu está ligado à ideia de algo reservado, exprime-se em proibições e restrições, essencialmente. A nossa expressão ‘temor sagrado’ corresponde frequentemente ao sentido de ‘tabu’.” (FREUD, 2013, p.12). 20 Em vista disso, profanando, observo que enquanto verbete, as relíquias são preciosidades, fragmentos do corpo de um santo ou objetos sacros antigos e muito estimados. Entretanto, nesta tese, as relíquias apreciadas são oriundas da segunda metade do século XX: a Tropicália,3 a Marginália e a poética de Torquato Neto (1944-1972).4 Do contexto original do termo sacrossanto, refiro-me à estima, no entanto, também maculo o sentido autêntico do vocábulo para configurar um norte para este relicário
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