Lecture Des Marges Dans Les Oeuvres De Maria Velho Da Costa Et Teolinda Gersão Adilia Cristina Ferreira Castro Martins De Carvalho
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Lecture des marges dans les oeuvres de Maria Velho da Costa et Teolinda Gersão Adilia Cristina Ferreira Castro Martins de Carvalho To cite this version: Adilia Cristina Ferreira Castro Martins de Carvalho. Lecture des marges dans les oeuvres de Maria Velho da Costa et Teolinda Gersão. Littératures. Université de la Sorbonne nouvelle - Paris III, 2010. Français. NNT : 2010PA030032. tel-00978569 HAL Id: tel-00978569 https://tel.archives-ouvertes.fr/tel-00978569 Submitted on 17 Apr 2014 HAL is a multi-disciplinary open access L’archive ouverte pluridisciplinaire HAL, est archive for the deposit and dissemination of sci- destinée au dépôt et à la diffusion de documents entific research documents, whether they are pub- scientifiques de niveau recherche, publiés ou non, lished or not. The documents may come from émanant des établissements d’enseignement et de teaching and research institutions in France or recherche français ou étrangers, des laboratoires abroad, or from public or private research centers. publics ou privés. Em memória do meu único e querido irmão, Manuel António, por quem todas as águas dançam e as árvores são. Para o Simão, seu afilhado. Deixo aqui, em primeiro lugar, a mais sincera gratidão às minhas orientadoras, À Prof. Doutora Catherine Dumas pelo interesse e entusiasmo que desde o início manifestou por este estudo, o rigor exigido e um precioso encorajamento que me foi tão necessário, e À Prof. Doutora Isabel Allegro de Magalhães por me ter oferecido sugestões inspiradoras, apoio e conselho sempre amigáveis, o meu profundo reconhecimento. À Fundação para a Ciência e Tecnologia pela Bolsa de Doutoramento que me foi generosamente atribuída e ao Ministério da Educação pela concessão da equiparação a bolseira que permitiu a dedicação exclusiva à realização deste projecto dirijo reconhecidos agradecimentos. Do fundo do coração agradeço aos meus pais, Maria Arminda e Manuel Augusto pela coragem exemplar com que vivem cada dia, ao Philippe pela sua doce e divertida presença quotidiana, à Marie- France e ao Gérard pelo apoio incondicional, à Hanifa pelo cuidado e carinho diários com o Simão. Felicito particularmente a Hélène, a Joaninha e a Sílvia pelos gestos solidários que tornaram esta empresa menos solitária, não esquecendo (claro está) todos aqueles que, de variadíssimas formas, me ajudaram a acreditar na aventura que foi a elaboração deste trabalho. NOTA As obras portuguesas e francesas são citadas no original, assim como todas as outras em língua estrangeira das quais não exista tradução publicada numa das referidas línguas. No caso contrário, foi de modo geral adoptada a versão francesa, escolha que obedeceu a um critério de acessibilidade pelo facto do trabalho de redacção, na sua grande parte, ter ocorrido em França. Relativamente ao grafismo das citações, houve essencialmente o cuidado de salientar, em itálico, a obra literária de Maria Velho da Costa e de Teolinda Gersão. A citação de outros textos e entrevistas concedidas pelas Autoras tendo em conta o estatuto da voz autoral crítica na primeira pessoa é, no caso das entrevistas, assinalada e antecedida pelas respectivas iniciais M.V.C. e T.G.; estas citações, sem itálico e entre aspas, obedecem ao critério aplicado à citação de todos os outros autores. Dada a abundância de referências às obras literárias de Maria Velho da Costa e Teolinda Gersão decidiu-se, para facilitar a leitura, assinalá-las com as seguintes abreviaturas. Maria Velho da Costa Abreviatura Título da Obra CP Casas Pardas DA Das Áfricas LC Lugar Comum LM O Livro do Meio MA Missa in Albis MM Maina Mendes NCP Novas Cartas Portuguesas ICS Irene ou o Contrato Social Teolinda Gersão Abreviatura Título da Obra AP A Árvore das Palavras CCC A Casa da Cabeça do Cavalo CS O Cavalo de Sol GC Os Guarda-Chuvas Cintilantes MPC A Mulher que Prendeu a Chuva e Outras Histórias PMMF Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo INTRODUÇÃO 7 Primeira Parte Paisagens 1. Paisagens em Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo 24 1.1. O “Eu” e o mundo 30 1.2. Funções da janela 34 1.3. A mulher e o mar 37 1.4. Arquitectura e pintura ao serviço da paisagem 41 1.5. A mulher: figura com mar em fundo 48 2. A natureza africana de A Árvore das Palavras 52 2.1. O quintal e a natureza selvagem africana 53 2.2. Indivíduo/espaço/tempo 64 2.2.1. Da indivisibilidade do espaço 65 2.2.2. Da indivisibilidade do tempo 69 2.3. Uma inteligência mística? 78 2.4. África (...) entrava dentro de nós como um bruxedo. 83 2.5. A árvore 100 2.5.1. Ligações místicas 100 2.5.2. A árvore e o mundo 106 2.5.3. A árvore e a vida 107 2.6. Espaços identitários 111 2.7. Da infância à idade adulta Do colonialismo à independência Da natureza à paisagem 143 3. Das Áfricas: uma (des) construção da paisagem 154 3.1. Objecto e ensaio fotográficos 156 3.2. Da écfrase a uma poética do sujeito: emoção e escrita 159 3.3. Um certo olhar sobre a paisagem 164 3.3.1. A perturbação da História 167 3.3.2. Elementos da composição fotográfica 171 3.4. Vestígios de um outro olhar 179 3.5. Sujeito e paisagem: reencontros 186 Segunda Parte Arquétipos 1. Heranças outras de Maina 194 1.1. O espaço onírico e histórico de Maina 195 1.2. Arquétipos e figuras da História 199 1.2.1. A amazona 209 1.2.2. A feiticeira 225 • O carreiro que conduz à margem 239 • O contra-poder da margem 244 • Restabelecimento do poder central 249 1.2.3. A louca 263 2. Configurações da loucura 268 2.1. Mariana – Maria – Maina 268 2.2. Ema – Maina 274 2.3. Mariana Amélia – Maina 282 2.4. Maria Velho da Costa – Maria Isaura 286 2.5. Maina e Fernando: actores da história da doença mental 293 2.5.1. O silêncio de Maina 294 • Paixão e guerra 299 • Repressão e antipsiquiatria 307 2.5.2. A palavra do varão 321 3. Filiações marginais 333 3.1. Mães e filhas 334 3.1.1. Uma educação para a aceitação social 335 • Maternal Thinking 336 • Da importância do exemplo de prazer 368 3.1.2. Amas de vocação inversora de poderes 378 • “Senhora escrevendo carta com sua criada” 397 • A morte das amas 408 3.2. Pais e filhas 421 3.2.1. A desconstrução de um “Édipo feminino”: o caso de Mary 423 3.2.2. Electra revisitada por Gita e Elisa • O mito 439 • O complexo 450 3.2.3. Pais edipianos 454 Terceira parte Escritas e Auto-reflexão 1. Marcas de auto-reflexividade 466 1.1. Jogos de espelhos e formas de “mise en abyme” 469 1.1.1. A linguagem 470 1.1.2. A epígrafe 472 1.1.3. A personagem escritora 476 1.1.4. A metalepse 478 1.1.5. O Diário 482 • Miscigenação de géneros 486 1.2. Projectos de escrita 500 1.2.1. O projecto de Elisa 500 1.2.2. Vestígios auto e hetero-biográficos 505 1.2.3. O projecto da escritora do Diário 508 • Traços narcísicos: espelhos e fotografias 512 • Escrever para não morrer 519 1.3. Os Guarda-Chuvas Cintilantes : um jogo dada? 521 1.3.1. Um outro lado 526 1.3.2. A metáfora do jogo 529 2. Do “Eu” ao Outro: processos de individuação 532 2.1. Um quarto que seja seu: a casa da escrita 532 2.2. Da acuidade dos sentidos: os objectos 546 2.3. Da legitimidade da escrita 554 2.4. O novo olhar que permite ver o Outro 564 CONCLUSÃO 578 ÍNDICES 588 1. Índice Onomástico 589 2. Índice Temático 596 3. Índice de Obras Citadas 598 BIBLIOGRAFIAS 600 1. Maria Velho da Costa 601 2. Teolinda Gersão 615 3. Bibliografia Geral 627 7 INTRODUÇÃO Este estudo resulta de uma vontade de observar em duas Autoras contemporâneas de literatura portuguesa, Maria Velho da Costa e Teolinda Gersão, a forma como as suas personagens maioritariamente femininas se movem em espaços físicos, sociais e intelectuais que se revelam marginais. O facto de ambas serem escritoras com obra amplamente reconhecida, na qual concedem uma atenção particular à margem – convertida em centro – habitada sobretudo pelas suas personagens femininas, constituiu critério de eleição. A localização dessas personagens em margens e centros, variáveis segundo os seus percursos individuais, faz da representação espacial uma coordenada importante para a sua compreensão, o que conduziu a uma análise do espaço exterior, configurado na paisagem e, do espaço interior, concretizado, sobretudo, na casa enquanto lugar privilegiado da escrita praticada pelas protagonistas. No entanto, sobrepõe-se ao eixo espacial o da marginalidade, no seu sentido, quer de local oposto a um centro – periferia à qual o ser feminino foi condenado/reenviado/limitado, (in)voluntariamente durante séculos – quer no de comportamento de “revolta”, que assume por vezes uma forma reactiva ao gesto de exclusão de que é vítima, quer ainda no que lhe foi dado por Julia Kristeva, de “refúgio do prazer”, zona de possibilidade de uma “transcendência laicizada”1. A presente abordagem considera as margens como lugares periféricos – produtores de alteridade e de diferença – tradicionalmente desvalorizadas pelos costumes e normas predominantes no meio social. A focalização das margens povoadas pelas personagens femininas destas Autoras pretende revelar, neste estudo, zonas de um imaginário alternativo que torna a diferença uma fonte positiva de valores. 1 “Les différents marginalismes, de sexe, d’âge, de religion, d’idéologie représentent, dans le monde moderne, ce refuge de la jouissance, une sorte de transcendance laïcisée.” Julia Kristeva, “Le temps des femmes”, in Revue 34/44 : Cahiers de Recherche de Sciences des Textes et Documents.