Lucíola José De Alencar
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Vestibulando Web Page – www.vestibulandoweb.com.br Lucíola José de Alencar O autor vantamento da nossa vida burguesa do século passado. A obra, publicada em 1862, é um romance José de Alencar é o grande nome da prosa român- de amor bem ao sabor do Romantismo, muito em- tica brasileira, tendo escrito obras representativas bora uma ou outra manifestação do estilo Realista para todos os tipos de ficção românticos: passadis- aí se faça presente. Trata-se de um romance de ta e colonial (O Guarani, 1857), indianista (Iracema, "primeira pessoa", ou seja, o narrador da história é 1865), sertaneja (O Sertanejo, 1875). um personagem importante da mesma, Paulo Sil- va. E ele a narra em cartas dirigidas a uma senho- Pode-se dividir, didaticamente, a obra de Alencar ra, G. M. (pseudônimo de Alencar), que as publica em indianista (O Guarani, 1857; Iracema, 1865; em livro com o título de Lucíola. Fixam o Rio de Ubirajara, 1874); urbana (Lucíola, 1862; Diva, 1864; Janeiro da época, com a sua fisionomia burguesa e Senhora, 1875), regionalista (O Gaúcho, 1870; O tradicional, com uma sociedade endinheirada que Sertanejo, 1875) e históricos (A Guerra dos Masca- freqüentava o Teatro Lírico, passeava à tarde na tes, 1873). Rua do Ouvidor e à noite no Passeio Público, mo- rava no Flamengo, em Botafogo ou Santa Teresa e Seu grandes mestres são o francês Chateubriand e era protagonista de dramas de amor que iam do o inglês Walter Scott. Mas também o influenciaram simples namoro à paixão desvairada. muito os escritores Balzac e Alexandre Dumas. Em todos os romances urbanos, Alencar aborda o amor como tema central. Ou, para ser mais exato, Características "aborda a situação social e familiar da mulher, em face do casamento e do amor". Mas o amor como o Quanto ao espaço geográfico: entendia a mentalidade romântica da época, um - sertão do Nordeste - O Sertanejo amor sublimado, idealizado, capaz de renúncias, - litoral cearense - Iracema de sacrifícios, de heroísmos e até de crimes, mas - pampa gaúcho - O Gaúcho redimindo-se pela própria força acrisoladora de - a zona rural - Til(interior paulista), O Tronco do sua intensidade e de sua paixão. Ipê (zona da mata fluminense) - a cidade, a sociedade burguesa do Segundo Rei- Subjetivismo - O mundo do romântico gira em nado - Diva, Lucíola, Senhora e os demais roman- torno de seu "eu": do que ele sente, do que ele pen- ces urbanos. sa, do que ele quer. Por isso o poeta e o persona- gem na ficção romântica estão em contínua desar- Quanto à evolução histórica: monia com os valores e imposições da sociedade - o período pré-cabralino - Ubirajara. e/ou da família. - a fase de formação da nacionalidade - Iracema e O Guarani. Em Lucíola encontram-se pelo menos duas gran- - a ocupação do território, a colônização e o senti- des manifestações desse subjetivismo romântico. mento nativista - As Minas de Prata (o bandairan- tismo) e A Guerra dos Mascates(rebelião colônial). A primeira grande manifestação de subjetivismo - o presente, a vida urbana de seu tempo, a bur- está na própria estrutura narrativa do romance. guesiaw flumwinenswe do. svéculeo XsIX -t oisb romuanclesa nTrdoata-se dwe um ebromance. dce "porimmeira pe.ssbroa", em urbanos Diva, Lucíola, Senhora e outros que a história é narrada do ponto de vista de uma só pessoa. No caso, Paulo. Tudo gira em torno do que ele viu, pensou, sentiu junto a Lúcia. Tudo, Análise portanto, muito individual. Já no capítulo I, Paulo esclarece que escreveu essas páginas para se justi- Lucíola é o quinto romance de Alencar e o primei- ficar perante uma senhora que estranhou "a minha ro da trilogia que ele denominou de "perfis de (dele) excessiva indulgência pelas criaturas infeli- mulheres" (Lucíola, Diva e Senhora). Situa-se entre zes, que escandalizam a sociedade com a ostenta- seus romances urbanos que representam um le- ção do seu luxo e extravagância." Para isso, "escre- Vestibulando Web Page – www.vestibulandoweb.com.br vi as páginas que lhe envio, as quais a senhora mente. Lúcia não acredita nem admite que uma dará um título e o destino que merecerem. É um mulher como ela possa usufruir das alegrias e go- "perfil de mulher" apenas esboçado." zos do amor conjugal, dando ao esposo "o mesmo corpo que tantos outros tiveram". Seria uma profa- A segunda considerável manifestação de subjeti- nação do verdadeiro amor. "O amor!... o amor para vismo está na oposição indivíduo x sociedade. No uma mulher como eu seria a mais terrível punição romance, Paulo e Lúcia ora se insurgem contra as que Deus poderia infligir-lhe! Mas o verdadeiro convenções sociais: "Que me importa o que pen- amor d'alma." sam a meu respeito?", ora satisfazem essas mesmas convenções, embora sempre reafirmando o próprio Diante, portanto, da impossibilidade de realização "eu" e fazendo a sua personalidade. de um amor puro, só resta a Lúcia, como persona- gem de um romance genuinamente romântico, - "... Há certas vidas que não se pertencem, mas à uma saída: a morte. Nem mesmo um filho ela me- sociedade onde existem. Tu és uma celebridade rece, pois seria o fruto de um amor vilipendiado. pela beleza. O público, em troca do favor e admi- "Um filho, se Deus me desse, seria o perdão da ração e que cerca os sue ídolos, pede-lhes conta de minha culpa! Mas sinto que ele não poderia viver todas as sua ações. Quer saber por que agora andas no meu seio!" E, numa atitude típica de heroína tão retirada." romântica, Lúcia anseia morrer nos braços do ho- - "Ah! esquecia que uma mulher como eu não se mem amado: "Ainda quando soubesse que morre- pertence; é uma coisa pública, um carro de praça ria nos seus braços... Que morte mais doce podia que não pode recusar quem chega..." eu desejar!" "... desejava que fosse possível mor- rermos assim um no outro... uma só vida extin- Exaltação do amor - Em Lucíola, a temática central guindo-se num só corpo!". E assim se fez. Morreu está exatamente na exaltação do amor como força ao lado do ser amado, dizendo-lhe: "vou te amar purificadora, capaz de transformar uma prostituta enfim por toda a eternidade. (...) Recebe-me... Pau- numa amante sincera e fiel. lo!" "- o amor purifica e dá sempre um novo encanto ao Sentimentalismo melancólico - Em Lucíola um prazer. Há mulheres que amam toda a vida; e o mínimo contratempo é o suficiente para lançar seu coração, em vez de gastar-se e envelhecer, Lúcia ou Paulo na mais profunda tristeza. Nume- remoça como natureza quando volta a primavera." rosas passagens do romance colocam o leitor dian- "Tive força para sacrificar-lhes outrora o meu cor- te de quadros profundamente melancólicos. Como po virgem; hoje depois de cinco anos de infâmia, esta: sinto que não teria a coragem de profanar a casti- dade de minha alma. Não sei o que sou, sei que "Foi terrível. Meu pai, minha mãe, meus manos, começo a viver, que ressuscitei agora., disse Lúcia todos caíram doentes: só havia em pé minha tia e após sentir a afeição de Paulo." eu. Uma vizinha que viera acudir-nos, adoecera à noite e não amanheceu. Ninguém mais se animou E o romance termina com esta patética exaltação a fazer-nos companhia. Estávamos na penúria; do amor, balbuciada por uma prostituta regenera- algum dinheiro que nos tinham emprestado mal da por esse mesmo amor, momentos antes de sua chegara para a botica. O médico, que nos fazia a morte: "Eu te amei desde o momento em que te vi! esmola de tratar, dera uma queda de cavalo e esta- Eu te amei por séculos nestes poucos dias que pas- va mal. Para cúmulo de desespero, minha tia uma samos juntos na terra. Agora que a minha vida se manhã não se pôde erguer da cama; estava tam- conta pwor inwstantews, am.ov-te eem csadat miobmenuto plora nbédom com wa febebre. Fiqu.ei csó! oUmma men.inbra de 14 uma existência inteira. Amo-te ao mesmo tempo anos para tratar de seis doentes graves, e achar com todas as afeições que se pode ter neste mun- recursos onde os não havia. Não sei como não do. Vou te amar enfim por toda a eternidade." enlouqueci." Amor e morte - O romance é impregnado da idéia E esta outra, onde Lúcia se fez passar por uma de morte pois Lúcia está continuamente a se quei- amiga morta para aliviar o sofrimento dos pais: xar de uma doença misteriosa que Paulo não com- "Lúcia morreu tísica; quando veio o médico passar preende nem aceita, supondo-se tratar-se de refi- o atestado, troquei os nossos nomes., Meu pai leu nada desculpa para não se entregar a ele sexual- no jornal o óbito de sua filha; e muitas vezes o Vestibulando Web Page – www.vestibulandoweb.com.br encontrei junto dessa sepultura onde ele ia rezar Quanto à descrição dos personagens, Alencar pa- por mim, e eu pela única amiga que tive neste rece se preocupar antes com o aspecto externo para mundo. Morri pois para o mundo e para minha depois chegar ao temperamento. Antes mesmo de família. Meus pais choravam sua filha morta; mas o leitor saber quem era ela, já Alencar lhe mostrou já não se envergonhavam de sua filha prostituída." o retrato de Lúcia no capítulo II: "Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe esbelto e de suprema ele- Muitas das atitudes tomadas por Paulo ou Lúcia gância. O vestido que o moldava era cinzento com são próprias de pessoas que se deixam guiar pelo orlas de veludo castanho e dava esquisito realce a sentimento. Esta, por exemplo, esquisita e inexpli- um desses rostos suaves, puros e diáfanos, que cável de Lúcia "- Iremos juntos!..