Revista Insulana Volume: 57 (2001)

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Revista Insulana Volume: 57 (2001) LNsvLANA ÓRGÃO DO INSTITUTO CULTURAL DE PONTA DELGADA ISBN: 972-9216-80-0 Dep. Legal: 79968/94 TirageM: 1000 exeMPLareS Fundada em 1944 por Humberto Bettencourt, Rodrigo Rodrigues, Armando Côrtes-Rodrigues, José Bruno Carreiro e Francisco Carreira da Costa Director Secretário José Estrela Rego João Paulo Constância Coordenação Editorial José Luís Brandão da Luz José Damião Rodrigues Conselho de Redacção José Estrela Rego, Henrique de Aguiar Oliveira Rodrigues, João Paulo Constância, Ângelo Albergaria Pacheco, José Luís Brandão da Luz e José Damião Rodrigues SUMÁRIO Proémio A Visita Régia: Carlos Cordeiro, Nos bastidores da Visita Régia: Decadentismo e tensões autonomistas. 5 Susana Serpa Silva, Achegas para outras leituras da Visita Régia ao arquipélago dos Açores. 19 Henrique de Aguiar Oliveira Rodrigues, A Visita Régia em dois registos: Da frieza das actas da Junta Geral à emocionada descrição feita por uma jovem micaelense. 57 Marcus de Noronha da Costa, A política externa d'EI Rei D. Carfos. 71 ESTudos LiteRários: Teresa Martins MarqUes, José Rodrigues Miguéis, José Régio, Vitorino Nemésio: Discursos da memória. 91 MaRia do Céu Fraga, Horas sem Tédio: Na apresentação do livro do Prof. Doutor José de Almeida Pavão. 105 Varia: Paulo Bomfim, Açorianos em São Paulo (Nos Séculos XVI, XVII, XVIII e XIX). 115 DocumenTOs: CRistiano Férin, Extractos dos assentos paroquiais da freguesia dos Fenais da Vera Cruz, Fenais da Ajuda ou ainda Fenais da Maia: Casamentos (1622-1683). 121 Miguel Soares da Silva, Extractos dos assentos paroquiais .da freguesia de Santo António, concelho de Ponta Delgada. 161 Victor de Lima Meireles, Extractos paroquiais da Ribeira Quente: Casamentos (1833-1900). 199 In Memoriam: Nuno Álvares Cabral, Hugo Moreira: Recordando um Amigo. 289 Capa: Carlos Sousa Fotografia: Desembarque dos monarcas em Ponta Delgada. Propriedade da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Execução gráfica: Coingra, Lda. As opiniões expressas nos textos publicados são da responsabilidade dos Autores ÓRGÃO DO INSTITUTO CULTURAL DE PONTA DELGADA Vol. 57 2001 A VISITA RÉGIA 1901-2001 PROÉMIO revista Insulana surge em 1944, prioritárias apontava a história, a A como órgão do Instituto Cultural de etnologia, a ciência, a arte e a literatura, Ponta Delgada, organismo que havia ao mesmo tempo que anunciava o sido criado em finais do ano anterior, propósito de empreender a publicação de com cinquenta sócios fundadores. A sua obras de reconhecido mérito, que até ao primeira direcção teve por presidente presente contam já com mais de meia Humberto Bettencourt de Medeiros e centena de títulos. Entre estas obras, Câmara; tesoureiro Rodrigo Rodrigues; destacamos, no domínio da historiografia secretário Armando Côrtes-Rodrigues; e dos Açores, as Saudades da Terra, de vogais José Bruno Carreiro e Francisco Gaspar Frutuoso, e as Crónicas da Carreiro da Costa. Província de S. João Evangelista, de Fr. Na introdução que escreveu a Agostinho de Mont’Alverne; no domínio apresentar a nova publicação, o Dr. da etnologia, o Romanceiro Popular Humberto Bettencourt assumia como Açoriano, recolhido pelo poeta propósito primordial do recém-criado micaelense Dr. Armando Côrtes- Instituto a edição regular da Insulana, que -Rodrigues; no âmbito da literatura de foi concebida como veículo de difusão da viagens, Um Inverno nos Açores e um investigação realizada pelos seus Verão no Vale das Furnas, de dois membros, empenhados em contribuirem visitantes ingleses, Joseph e Henry Bullar, para a recuperação e aprofundamento do e a obra, ainda hoje incontornável, no património cultural açoriano, em campo dos estudos anterianos, Antero de particular das ilhas de S. Miguel e de Sta. Quental. Subsídios para a sua Biografia, Maria. Como áreas de intervenção da autoria do Dr. José Bruno Carreiro. Insulana. Órgão do Instituto Cultural de Ponta Delgada, 57 (2001): 1-4 2 Proémio Esta notável actividade foi também fundo estável daquela população local». programada com o intuito de promover O fenómeno não era específico dos as potencialidades do turismo regional, Açores, sendo também comum às sem o circunscrever à propaganda das regiões do território nacional, sem que belezas naturais, mas apostando daí resultasse, argumenta o autor, claramente na organização duma oferta «quebra, aliás, da unidade moral e de teor cultural. É com este objectivo política que nele as aglutina e irmana». que se assume a tarefa de cooperar na Pelo contrário, era sinal muito preservação e recuperação do patri- expressivo duma vital prosperidade, mónio artístico, das tradições populares que, no caso dos Açores, revestia e se preconiza mesmo envidar esforços especificidades muito singulares, em para dotar a cidade dum «teatro de virtude do seu carácter insular e relativo declamação, como importante factor de isolamento, ou seja, da «menos aperfeiçoamento e educação geral». frequente comunicação com a metrópole Trata-se dum programa de intervenção comum». cívica, perfeitamente consciente de que Mais de meio século já decorrido e o progresso social dum povo é no início do terceiro milénio, as linhas indissociável da sua vida espiritual que, programáticas do Instituto Cultural de no caso dos Açores, contava já cinco Ponta Delgada mantêm ainda pertinente séculos de história. Daí a sua elevada actualidade e conseguem mobilizar aposta no campo da investigação todos os que se mostram decididos em histórico-cultural, em que muitos dos dar continuidade às suas principais seus sócios fundadores se notabiliza- iniciativas, a saber: a publicação da ram. Com efeito, os primitivos núcleos revista Insulana e a edição de obras de familiares que se radicaram nas ilhas, temática açoriana. Numa época marcada vindos do continente português, na pelo fenómeno da globalização, em que segunda metade de quatrocentos, deram diariamente se contacta com novos origem a uma sociedade com identidade estilos de vida e de pensamento, que própria, tornando-se de primordial rápida e insensivelmente descaracteri- importância conhecer os traços que zam a nossa mundividência tradicional, definem os contornos dessa sua a afirmação da Região liga-se necessa- singularidade. Era pois necessário, riamente ao investimento que lograr declara o editorialista de forma efectuar no reforço da sua unidade imperativa, «averiguar, pelos factos e cultural. O Instituto Cultural de Ponta elementos acumulados durante esse Delgada e a sua revista Insulana espaço, as causas e condições especiais procuram modestamente cumprir a do meio geográfico que, mais tarefa que outros organismos da efectivamente, têm actuado para a lenta sociedade açoriana, de índole econó- diferenciação, embora apenas formal, do mica, científica e tecnológica, mas tipo étnico, discriminado da comunidade também cultural, procuram realizar nos de origem, que hoje aqui constitui o seus domínios, certamente com mais Proémio 3 meios, notoriedade e eficácia, mas todos Decorrido mais de meio século da cientes do elevado sentido que a sua publicação do primeiro número da actividade representa para o desenvolvi- revista Insulana, o mundo em que mento e afirmação duma Região que se vivemos é bastante diferente, mas as não centre exclusivamente no investi- preocupações e os desafios de fundo mento económico e tecnológico. permanecem os mesmos. Compreende- Desistir de estudar e divulgar a -se por isso que o nosso propósito seja o cultura insular seria franquear o acesso de prosseguir uma obra tão inteligen- ao desvanecimento crescente da nossa temente concebida pelos seus institui- identidade que a afastaria irremedia- dores e tão dedicadamente continuada velmente do seu lugar no conspecto por todos quantos nos precederam. cultural do espaço português. Como Neste sentido, e porque a vida é feita de alguns autores têm procurado destacar, continuidade e de mudança, ao assumir- em diversos períodos da história, a mos a organização editorial da Insulana, presença dos Açores, através de pensámos que era tempo de a revestir sucessivos movimentos e personali- com uma aparência e grafismo novos, dades, tem representado uma reserva que correspondessem melhor às cultural da «alma portuguesa» e preferências estéticas contemporâneas assumido mesmo uma posição de que as publicações congéneres apresen- vanguarda em domínios onde a presença tam. Surgiu deste modo o rosto reno- de Portugal exerceu uma influência vado da Insulana, em capa da autoria de notável, nomeadamente no Brasil, na Carlos Sousa, da Açormédia, empresa África e no Oriente, mas também no que gentilmente a ofereceu ao Instituto. próprio território nacional. O crescente Nela se consigna, ao cimo da página, o envolvimento de Portugal no grande nome da revista, num tipo de letra projecto europeu, a posição central dos evocativo da sua antiguidade, e se Açores no Atlântico e o relevo que tem regista, na faixa da esquerda, o assumido no contexto das regiões frontispício da sede do Instituto, que insulares de todo o mundo constituem o desde a sua fundação se localiza no cenário onde se projecta o desafio torreão do Convento de Santo André. O histórico da geração actual. Estamos restante da capa, que irá variar, convencidos de que esta missão passa consoante os números, passará a ostentar pelo reforço da nossa identidade uma gravura alusiva à temática a que o cultural, cabendo ao Instituto Cultural de número da revista dedicar maior Ponta Delgada e ao seu órgão regular de destaque e deverá também inscrever o difusão, a revista Insulana, continuar a título e a autoria das principais investigação da nossa idiossincrasia, que colaborações. já trouxe no passado
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