A CIDADE QUE MAIS CRESCE NO MUNDO São Paulo Território De Adoniran Barbosa

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

A CIDADE QUE MAIS CRESCE NO MUNDO São Paulo Território De Adoniran Barbosa SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 15(3) 2001 A CIDADE QUE MAIS CRESCE NO MUNDO São Paulo território de Adoniran Barbosa MARIA IZILDA SANTOS DE MATOS Professora do Departamento de História da PUC-SP. Entre suas obras destacam-se: Melodia e sintonia em Lupicínio Rodrigues; Dolores Duran: Experiências boêmias em Copacabana; Meu lar é o botequim. Resumo: Estas reflexões focalizam a produção musical e a trajetória artística de Adoniran Barbosa, privilegiando os anos 40, 50 e 60. Suas composições são identificadas como uma forma de estar e se apropriar da cidade, e nelas emergem experiências urbanas intensas e emocionais, rastros de memória afetiva da São Paulo de outros tempos. Palavras-chave: São Paulo; música; Adoniran Barbosa. le é a voz da cidade”, dizia Antonio Cândi- Na administração de Prestes Maia foi estabelecido um do sobre Adoniran. Em suas músicas captu- novo desenho urbano – o Plano Avenidas – que procura- ra-se uma memória afetiva da cidade de ou- va ampliar o centro comercial, como também era claro o “E1 tros tempos e sua produção é uma construção de memó- incentivo ao mercado imobiliário e o estímulo ao cresci- ria possível para a cidade, portanto seletiva na escolha dos mento da cidade e sua verticalização.2 territórios urbanos e de seus personagens, permitindo per- As construções cresciam, migrantes do Nordeste e do ceber as múltiplas experiências urbanas na São Paulo que, interior do Estado de São Paulo chegavam em número sig- cada vez mais, nos anos 40, 50 e 60, assumia as relações nificativo e ajudavam a erguer a cidade, contribuindo para de cidade-progresso. a mistura que se caracterizava pelos contrastes, ambigüi- A urbanização acelerada caracteriza São Paulo nesse dades, incorporações desiguais e combinações inquietan- período; o intenso crescimento transformaria a cidade em tes. Formava-se um mosaico de grupos étnicos e seus des- uma metrópole moderna. Nesse processo coexistiam per- cendentes, que simultaneamente desejavam se incorporar manências, demolições e construções, ampliavam-se obras e diferenciar, e davam novas sonoridades à cidade, im- públicas e novos territórios passavam a ser definidos, novas pregnando-a de múltiplos sotaques e várias tradições.3 áreas comerciais e financeiras, além da reterritorialização Com a intensificação industrial e comercial, quar- da zona do meretrício e da boêmia. teirões e bairros diferenciavam-se segundo a predomi- Os planos de intervenção urbana, orquestrados nas ges- nância das atividades ali estabelecidas; ruas, vilas e tões de Fábio Prado (1935-38) e Prestes Maia (1938-45), cortiços/malocas povoados por migrantes mostravam a procuraram remodelar a cidade e tornaram viáveis novas latência de um espaço entre a casa e a rua em que ocor- áreas em expansão, como os projetos da Companhia City, riam trocas permanentes, estabelecendo relações dinâ- os jardins (Europa, Paulista, América), que traziam a micas, criando laços de solidariedade e estratégias de moderna maneira de viver. Convivia-se com muita novi- sobrevivência. dade, o Mercado Novo, o estádio Municipal do Pacaembu, No ano de 1954, São Paulo comemorou seu IV Cente- os novos viadutos do Chá, Major Quedinho e Martinho nário de forma emblemática e, dando tom às festividades, Prado, a Avenida 9 de Julho e a Biblioteca. Também se escolheu-se como slogan a frase “São Paulo – a cidade formaram novas periferias e a cidade crescia sem parar, que mais cresce no mundo”, síntese da exaltação ao pro- reconstruindo intensamente a relação centro-periferia. gresso, marca de ufanismo num quadro de apologia das 50 A CIDADE QUE MAIS CRESCE NO MUNDO: SÃO PAULO TERRITÓRIO... conquistas, triunfos e glórias dos paulistas. A “invenção” que seu crescimento procurasse estabelecer novas for- da paulistaneidade forjou-se na perspectiva do progres- mas de controle. so, do trabalho, nos signos da metrópole industrial e das A cidade de São Paulo transformava-se incessantemen- chaminés, pressupondo certas construções do passado: a te. Adoniran, um observador atento, captava, com um so- fundação da vila pelo jesuíta José de Anchieta, o palco da taque próprio (ítalo-paulistano-caipira), os flashes do co- independência, elegem-se como mito os bandeirantes, tidiano, as experiências de muitos que viveram esse identificando-os como “heróicos paulistas que desbrava- processo, nos cortiços, malocas e bairros como Brás, Be- ram os sertões e construíram a grandiosidade do território xiga, Barra Funda, Casa Verde. Esse observar a cidade nacional”. implicava o exercício de caminhar a pé (de dia e de noi- O ritmo da modernidade contaminava São Paulo, trans- te), aproximar-se, conversar, ouvir, atentar para as formando-a em um novo território repleto de automóveis, entonações, sintaxes, sonoridades e também se distanciar, ônibus, caminhões, buzinas, sons e odores, o ritmo acele- buscando a inspiração-reprodução concretizada nas com- rado dos transeuntes, o café no balcão, a pressa, a falta de posições. As canções podiam surgir de um caminhar pela tempo, os novos magazines, os modernos edifícios do cidade, como flaneur (é o caso de Saudosa maloca, 1951); centro novo cada vez mais altos. São Paulo assumia o em- a matéria modelar de suas músicas subentendia integrar- blema da modernidade, os arranha-céus e as chaminés, “a se com essas experiências pelo seu falar, não só presente cidade que não podia parar”, mas mantinha a sua garoa no sotaque ítalo-paulistano-caipira, mas também na me- como símbolo. lodia e no modo de cantar, específicos da cultura urbana O viver moderno de São Paulo trouxe transformações paulista. culturais e nos significados das experiências, mas sem que Os anos 50 são caracterizados por uma certa euforia, outras formas de vivência tenham desaparecido: mantive- particularmente vivenciada em São Paulo. Durante o go- ram-se residuais, convivendo com experiências emergen- verno JK (1955-60), a cidade conviveu com a aceleração tes (Williams, 1992), sendo possível reconhecer um campo da industrialização, entrada do capital estrangeiro, moder- em comum entre os sujeitos históricos que as vivenciavam. nização da produção, ampliação de certos bens de consu- Estabelecia-se uma tendência, uma espécie de vetor co- mo, em particular os automóveis, tornando a sociedade mum homogeneizador que criava a impressão de que os mais veloz, também mais conectada pelo rádio e particu- elementos da modernidade predominavam de modo ab- larmente mais visual com a penetração lenta da TV e mar- soluto, contudo fatores tradicionais exerciam ações regu- cada por um número crescente de cinemas e teatros.5 ladoras, podendo-se dizer que não ocorria uma simples substituição de padrões, mas a redefinição dos elementos NA SONORIDADE DA ERA DE OURO DO RÁDIO tradicionais, um ajustamento que comportava, ao mesmo tempo, resistência e/ou inconformismo (Cândido, 1982). Os anos 40 e 50 são conhecidos como a “era de ouro do Essas modificações pautaram-se por novas vivências rádio” no país. Nesse período, as rádios expandiram-se por cotidianas, nas quais se constituíram novas organizações todo o país e passaram a ocupar um espaço cada vez maior do tempo-espaço, e originaram-se outras formas de ho- na vida das pessoas, informando, divertindo e emocionan- mens e mulheres apreenderem os fenômenos que viven- do, somadas à circulação nacional do disco, às publicações ciavam. Não que todos compulsoriamente tenham passa- especializadas, ao cinema americano e nacional.6 do a viver de acordo com esses padrões e absorvido as Nesses anos, o rádio divulgava um samba que se di- perspectivas de vida que se formaram, mas as imagens versificava rítmica e poeticamente,7 sua cadência mais tra- desse novo ideal de vida não deixaram de ser sonhadas, dicional começou a ser substituída segundo os novos gos- desejadas e incorporadas por uns e refutadas por outros. tos.8 O samba de meio-de-ano dominava a noite. Assim, O crescimento urbano era tenso de nostalgia,4 de uma um mercado musical (fonográfico e radiofônico) se esta- cidade que não podia mais se recuperar, cujas memórias belecia e generalizava, no qual o popular, em transforma- se alimentavam de lembranças vagas e telescópicas: que- ção, convivia com a música internacional na dinâmica da bra de valores tradicionais, destruição de vínculos oralidade no cotidiano citadino em ebulição (Wisnik, afetivos, amizades, vizinhanças, cadeiras na calçada, 1983). serestas na garoa, feiras e festas, destruição de espaços Em São Paulo, a rádio surge fundada por Assis e territórios. Uma cidade que tentava escapar, por mais Chateaubriand (Tupi), unindo-a aos jornais. Em 1940 ha- 51 SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 15(3) 2001 via um total de 12 emissoras, nos anos 50 já eram 17, com de urbana. Freqüentava as lojas de música do centro, ponto destaque para a líder de audiência, a Record, que teve de encontro de interessados, pois começava a fazer músi- participação ativa no Movimento Constitucionalista de cas. Também tentou o teatro e, sem muito sucesso, arris- 1932. cou-se em programas de calouros. No seu apogeu, além da rádio-novela e do rádio-jor- Por sugestão de Antonio Rago, tentou a Rádio Fontoura, nal, havia programas de auditório, tanto musicais como ainda nos seus primórdios, na qual passou a cantar com humorísticos, todos com boa audiência. O trabalho nas Laurindo de Almeida, João do Banjo e Aragão do Pan- rádios contava com artistas de circo, teatro, e também deiro. Em 1933, fruto de muita insistência, consegue seu anônimos, cantores e aventureiros. primeiro contrato como cantor e depois como locutor. A rádio em São Paulo mantinha conexões com as emis- Dessa época, datam seus primeiros sambas: Minha vida soras do Rio de Janeiro, particularmente com a Rádio se consome e Teu orgulho acabou. Mas em 1934 se des- Nacional, e os sucessos circulavam nacionalmente, mas tacou quando obteve o 1º lugar no concurso carnavalesco também se veiculava toda uma produção de caráter regio- da Prefeitura de São Paulo, com a marchinha carnavales- nal, atingindo mais diretamente a informação, o humor e ca Dona boa.10 o gosto musical local.
Recommended publications
  • Adoniran De Radioator a Cronista Da Cidade De São Paulo
    Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 1 V Congresso Nacional de História da Mídia – São Paulo – 31 maio a 02 de junho de 2007 Titulo: Adoniran de radioator a cronista da cidade de São Paulo Álvaro Bufarah Junior Mestre em Comunicação e Mercado – Fundação Cásper Libero – SP, professor na FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado e Centro Universitário Nove Julho. GT 5: História da Mídia Sonora (Rádio, Disco, Música) Coordenação: Ana Baum (UFF) Resumo: O nome de Adoniran Barbosa é facilmente associado às músicas que compôs registrando o processo dos resultados sócio-econômicos do crescimento industrial da capital paulista. Mas poucos sabem que a leitura crítica dele foi forjada no rádio dos anos 30 e 40 no século passado. Embora a música sempre tenha estado em seu cotidiano, foi nos programas radiofônicos que João Rubinato se transformou em Adoniran Barbosa e despontou para uma carreira brilhante que o conduziu ao cinema e também a recém chegada televisão. O objetivo deste texto é fazer um recorte sobre a vida e obra do compositor buscando dar visibilidade a sua passagem pelas emissoras de rádio paulistas. Palavras-chave: rádio, história, crônicas Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 2 V Congresso Nacional de História da Mídia – São Paulo – 31 maio a 02 de junho de 2007 1) Adoniran em Família Fernando Rubinato e Emma Riccini nasceram e se casaram em Cavárzere, uma pequena cidade de 15 mil habitante próxima a Pádua, na Itália. Vários parentes de Fernando já tinham partido para o Brasil em busca de trabalho e riqueza (MOURA e NIGRI, 2003:17).
    [Show full text]
  • (Décadas De 1950 E 1960) the Whole and the Part
    O TODO E A PARTE: NOMEANDO ESPAÇOS E VIVÊNCIAS URBANAS EM SÃO PAULO (DÉCADAS DE 1950 E 1960) THE WHOLE AND THE PART: NAMING URBAN SPACES AND EXPERIENCES IN SÃO PAULO (1950’s AND 1960’s) Marcos VIRGÍLIO • Resumo : O artigo trata das referências a diferentes localidades de São Paulo identificadas nos sambas produzidos durante as décadas de 1950 e 1960, comparando as imagens de cidade traduzidas por essas diferentes referências. Busca-se, com isso, evidenciar a utilidade de se recorrer ao estudo das representações da cidade nas músicas populares como uma fonte válida e frutífera para os estudos da história da urbanização. Palavras-chave : Samba – São Paulo – Urbanização – Centro – Periferia. Abstract : The article deals with references to different locations in São Paulo that are identified in sambas produced during the 1950s and 1960s, and makes comparisons to the images of the city translated by these different references. The aim is to demonstrate the usefulness of the study of city’s representations in popular music as a valid and fruitful source for studies of the history of urbanization. Keywords : Samba – São Paulo – Urbanization – Downtown – Outskirts. Com o dinheiro que um dia você me deu Comprei uma cadeira lá na praça da Bandeira Ali vou me defendendo Pegando firme dá pra tirar mais 1.000 por mês Casei, comprei uma casinha lá no Ermelindo, (Adoniran Barbosa. Vide verso meu endereço) Vou fazer um figurão, Eu, o Benedito e a minha preta - lá na rua Direita (Doca e Germano Mathias. Figurão) A vivência da (e na) cidade, as mudanças testemunhadas nos espaços vividos, o vínculo afetivo que se forma entre a experiência individual e esses espaços, as experiências coletivas mediadas por eles, todas essas formas de identidade construídas no boJo da urbanização constituem matéria-prima para os sambistas ao comporem suas canções.
    [Show full text]
  • Adoniran Barbosa - Biografias - UOL Educação
    25/02/2016 Adoniran Barbosa - Biografias - UOL Educação COMPOSITOR PAULISTA Adoniran Barbosa 06/08/1910, Valinhos (SP)<br>23 /11/1982, São Paulo (SP)​ Autor Da Página 3 Pedagogia & Comunicação Compartilhe m n H J Imprimir F Comunicar erro "Não posso ficar nem mais um minuto com você/ Divulgação/Arquivo Folha Sinto muito amor, mas não pode ser/ Moro em Jaçanã/ Se eu perder esse trem/ Que sai agora às onze horas/ Só amanhã de manhã." Se existem brasileiros que não conhecem esses versos do samba "Trem das Onze", eles são certamente muito poucos. Obras como "Trem das Onze", "Saudosa Maloca" e "Samba do Arnesto" já se tornaram parte do patrimônio artístico nacional. As músicas de Adoniran Barbosa conquistaram os paulistanos, em particular, e os brasileiros, em geral, por retratarem o cotidiano das camadas mais simples da população urbana da capital paulista, com erros intencionais de português, que mostram a maneira de falar dos moradores de origem italiana de bairros como a Barra Funda, o Bexiga e o Brás. Na verdade Adoniran Barbosa era o pseudônimo de João Rubinato. Nesse nome artístico, ele misturava camaradagem e criatividade: Adoniran era o nome de seu melhor amigo e Barbosa, uma homenagem ao cantor Luiz Barbosa. Sétimo filho de uma família de imigrantes italianos, nascido em Valinhos, Adoniran mudou-se para Jundiaí na infância e aos 14 anos radicou-se em Santo André, na grande São Paulo, tendo que trabalhar para ajudar a família. Como havia abandonado os estudos, foi entregador de marmitas, carregador, encanador, pintor, garçom, metalúrgico e vendedor. Aos 22 anos, na capital, arrumou emprego numa fábrica de tecidos e participou de programas de calouros no rádio.
    [Show full text]
  • Adoniran Barbosa - E-Biografias
    25/02/2016 Adoniran Barbosa - E-Biografias MENU b a Adoniran Barbosa Cantor e compositor brasileiro Biografia de Adoniran Barbosa: Adoniran Barbosa (1912-1982) foi um cantor e compositor brasileiro. "Saudosa Maloca" foi seu primeiro sucesso como compositor. "Trem das Onze" é mais uma de suas músicas que retrata o cotidiano das camadas mais pobres da população urbana. Adoniran Barbosa (1912-1982) nasceu em Valinhos, São Paulo, no dia 6 de agosto de 1912. Filho de imigrantes italianos, Ferdinando e Emma Rubinato ainda jovem muda-se com a família para Jundiaí. Em 1924 vão para Santo André, na grande São Paulo, onde começa a trabalhar para ajudar a família. Aos 22 anos vai para São Paulo, onde se emprega como vendedor de tecidos. Na capital paulista participa de programas de calouros no rádio. Seu nome verdadeiro é João Rubinato, mas adota o pseudônimo de Adoniran Barbosa. Adoniran, nome de seu melhor amigo, e Barbosa em homenagem ao cantor Luís Barbosa, seu ídolo. Em 1934, com a marcha "Dona Boa", feita em parceria com J. Aimberê, que conquista o primeiro lugar no concurso carnavalesco promovido pela prefeitura de São Paulo. Em 1941 é convidado para atuar na Rádio Record, onde trabalhou por mais de trinta anos como ator cômico, discotecário e locutor. Em 1955 compõe o primeiro sucesso, "Saudosa Maloca" (1951), gravado pelo conjunto Demônios da Garoa. Em seguida lança outras http://www.e-biografias.net/adoniran_barbosa/ 1/4 25/02/2016 Adoniran Barbosa - E-Biografias músicas, como "Samba do Arnesto" (1953), "Abrigo de Vagabundo" (1959) e a famosa "Trem das Onze" (1964).
    [Show full text]
  • Download Download
    17th IPHS Conference, Delft 2016 | HISTORY URBANISM RESILIENCE | VOLUME 04 Planning and Heritage | Politics, Planning, Heritage and Urban Space |- Public Space- THE AUTHORITY OF pLANNERS AS SEEN BY THE COMMON pOpULATION: REpRESENTATIONS IN pOpULAR MUSIC (SÃO pAULO, BRAZIL) Marcos Virgílio da Silva Centro Universitario Belas Artes de São Paulo This paper aims at examining the images and discourses related to urban planners or managers as seen by the common population, especially the poorer inhabitants of the city of São Paulo (Brazil) during the 1950’s and 1960’s. The general purpose is to establish a contrast between the usually celebrated image of urban planners as professionals devoted to the “common good” and the popular perception that they often adopt an authoritarian approach towards the people, their lifestyles or identity places. The study examines a series of popular songs recorded during the period and, by means of a discourse analysis of their lyrics, investigates the representations of the urban authorities found in popular music. The songs can illustrate the forms by which the population dealt with the authority of State in situations of urban reforms and resettlement. The main finding of the study is that, for most of the “ordinary people”, the planner is simply an authority to which the inhabitants must submit. In addition, the transformations of the city means frequently the loss of places of memory, sociability and identity, since the small, local features of a place are usually disregarded in favour of a large-scale view of city management. Keywords São Paulo (Brazil), urban planner, urbanization, popular music, social representations How to Cite Silva, Marcos Virgilio.
    [Show full text]
  • Vozes Da Modernidade: a Lírica De Adoniran Barbosa
    Universidade Federal do Espírito Santo Departamento de Línguas e Letras Programa de Pós-Graduação em Letras Área de Concentração: Estudos Literários Linha de pesquisa: Música e literatura GABRIEL CAIO CORREA BORGES VOZES DA MODERNIDADE: A LÍRICA DE ADONIRAN BARBOSA COMO PONTO DE ENCONTRO DO SAMBA E DA CRÔNICA VITÓRIA 2015 GABRIEL CAIO CORREA BORGES VOZES DA MODERNIDADE: A LÍRICA DE ADONIRAN BARBOSA COMO PONTO DE ENCONTRO DO SAMBA E DA CRÔNICA Dissertação feita para obtenção do Mestrado em Estudos Literários a ser apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Espírito Santo, cuja realização foi feita sob orientação do profª. Viviana Mónica Vermes. Vitória 2015 Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil) Borges, Gabriel Caio Correa, 1990- B732v “Vozes da modernidade : a lírica de Adoniran Barbosa como ponto de encontro do samba e da crônica” / Gabriel Caio Correa Borges. – 2015. 254 f. Orientador: Viviana Mónica Vermes. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Humanas e Naturais. 1. Barbosa, Adoniran, 1910-1982 - Crítica e interpretação. 2. Samba. 3. Modernidade. 4. Memória. 5. Crônicas. I. Vermes, Mónica. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro de Ciências Humanas e Naturais. III. Título. CDU: 82 GABRIEL CAIO CORREA BORGES VOZES DA MODERNIDADE: A LÍRICA DE ADONIRAN BARBOSA COMO PONTO DE ENCONTRO DO SAMBA E DA CRÔNICA BANCA EXAMINADORA Professora Pós-Doutora Viviana Mónica Vermes (Orientadora) PPGL-UFES Professor Pós-Doutor Raimundo Nonato Barbosa de Carvalho (Examinador) PPGL-UFES Professora Pós-Doutora Simone Luci Pereira (Examinadora) PPGCOM-UNIP Professor Pós-Doutor Deneval Siqueira de Azevedo Filho (Suplente) PPGL-UFES Professor Doutor Ricardo Ramos Costa (Suplente) IFES AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço aos meus familiares que me acompanharam até aqui e que também me ajudaram sempre quando foi preciso.
    [Show full text]
  • Um Estudo Semiótico E Comparativo Dos Cancioneiros De Luiz Gonzaga E Adoniran Barbosa
    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS “QUANDO A LAMA VIROU PEDRA E MANDACARU SECOU”... “EU PERDI O SEU RETRATO”: UM ESTUDO SEMIÓTICO E COMPARATIVO DOS CANCIONEIROS DE LUIZ GONZAGA E ADONIRAN BARBOSA Por Lúcia Maria Firmo JOÃO PESSOA 2012 LÚCIA MARIA FIRMO “QUANDO A LAMA VIROU PEDRA E MANDACARU SECOU...” “EU PERDI O SEU RETRATO”: UM ESTUDO SEMIÓTICO E COMPARATIVO DOS CANCIONEIROS DE LUIZ GONZAGA E ADONIRAN BARBOSA Tese elaborada por Lúcia Maria Firmo e apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras, área de concentração em Linguagens e Cultura, linha de pesquisa Semiótica, como requisito para o grau de Doutor em Letras. Orientadora: Prof.ª Dra. Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista JOÃO PESSOA 2012 F525q Firmo, Lúcia Maria. “Quando a lama virou pedra e mandacaru secou...” “Eu perdi o seu retrato”: um estudo semiótico e comparativo dos cacioneiros de Luiz Gonzaga e Adoniran Barbosa / Lúcia Maria Firmo.-- João Pessoa, 2012. 316f. : il. Orientador: Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista Tese (Doutorado) – UFPB/CCHLA 1. Nascimento, Luiz Gonzada, 1912-1989 – crítica e interpretação. 2. Barbosa, Adoniram (João Rubinato), 1920- 1982 – crítica e interpretação. 3. Semiótica – música. 4. Percurso da significação. 5. Estudo comparativo. UFPB/BC CDU: 801.54:784.4(043) TERMO DE APROVAÇÃO LÚCIA MARIA FIRMO “QUANDO A LAMA VIROU PEDRA E MANDACARU SECOU...” “EU PERDI O SEU RETRATO”: UM ESTUDO SEMIÓTICO E COMPARATIVO DOS CANCIONEIROS DE LUIZ GONZAGA E ADONIRAN BARBOSA Tese aprovada como requisito para obtenção do título de Doutor em Letras, Área de Concentração em Linguagens e Culturas, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba – UFPB.
    [Show full text]
  • 0000160B.Pdf
    Universidade do Vale do Paraíba Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento ROBERTO GOMES MONÇÃO JUNIOR REPRESENTAÇÕES NÃO HEGEMÔNICAS DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DE SÃO PAULO NAS DÉCADAS DE 40, 50 E 60: UM ESTUDO SOBRE AS CANÇÕES DE ADONIRAN BARBOSA E PAULO EMÍLIO VANZOLINI São José dos Campos, SP 2015 ROBERTO GOMES MONÇÃO JUNIOR REPRESENTAÇÕES NÃO HEGEMÔNICAS DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DE SÃO PAULO NAS DÉCADAS DE 40, 50 E 60: UM ESTUDO SOBRE AS CANÇÕES DE ADONIRAN BARBOSA E PAULO EMÍLIO VANZOLINI Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Planejamento Urbano e Regional da Universidade do Vale do Paraíba, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Planejamento Urbano e Regional. Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos M. Guimarães Co-orientadora: Profª. Drª. Paula Vilhena Carnevale Vianna São José dos Campos, SP 2015 FlmdIlÇlO Valepanibuade ~ EmiM TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE DIVULGACÃO DA OBRA Ficha catalográfica Monção Jun i o r, Robert o Gomes Represen tações não h egemônic as do processo d e urbanização de s ã o paul o nas d écadas de 40 , 50 e 60 : um est udo sobr e as c anções de Adoniran Bar b o sa e Paul o Em í lio Vanzolin i / Rober to Gome s Monção J uni o r; o rie n tador , An tonio Carl os Ma chado Guimarães; co- o r ien tadora Paul a Vilhen a Ca r n evale Viann a . - São José dos Ca mpos , SP , 2 01 5 . 1 CD -ROM, 94 p. Di s ser taç ão (Mestr ado Acadêmi co) - Univer s i d a de do Vale do Pa r a í ba, São J osé dos Camp os .
    [Show full text]
  • Adoniran Barbosa E As Metamorfoses Do Samba De São Paulo
    Adoniran Barbosa. Caricatura. Adoniran Barbosa e as metamorfoses do samba de São Paulo Dmitri Cerboncini-Fernandes Doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), com passagem em 2008 pelo Centre de Recherche sur le Brésil Contemporain da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris/França. [email protected] Adoniran Barbosa e as metamorfoses do samba de São Paulo Dmitri Cerboncini-Fernandes RESUMO ABSTRACT Partindo do estudo da trajetória de Based on a study of Adoniran Barbosa’s Adoniran Barbosa, procuro reconstituir personal trajectory, I attempt to reconstruct as modificações e os percalços do de- the changes and problems in the deve- senvolvimento das artes populares em lopment of the popular arts in São Paulo São Paulo a partir da década de 1930. from the 1930’s. Consequently, I intend to 1 Apud GOMES, Bruno. Ado- Conseqüentemente, busco redimen- reconfigure the way by which the musi- niran: um sambista diferente. Rio sionar a maneira pela qual a obra do cian’s work acquired diverse meanings de Janeiro: Martins Fontes/ Funarte, 1987, p. 21. Declara- referido sambista adquiriu diversos depending on the configuration of the ção de Adoniran Barbosa con- sentidos a depender da figuração en- specific domains of artistic activity. cedida a um jornalista na dé- cada de 1980. contrada nos domínios correlaciona- dos à atividade artística. 2 Cf. BOURDIEU, Pierre. A produção da crença. São Paulo: PALAVRAS-CHAVE: música popular bra- KEYWORDS: popular Brazilian music; Zouk, 2004, p. 19 e 20. As bi- sileira; Sociologia da Música; samba. Sociology of Music; Samba. ografias que tratam do sam- ba e de seus artistas trazem um repertório inesgotável de declarações desse viés.
    [Show full text]
  • Adoniran Barbosa E João Antonio – Música E Literatura: O Descarne Da Vida Humana
    Adoniran Barbosa e João Antonio – música e literatura: o descarne da vida humana Fernanda da Cunha Guedes Especialista em Literatura e História Nacional pela UTFPR. Profª do Ensino Fundamental da rede particular de ensino Juarez Poletto Doutor em Letras. Professor da UTFPR. Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo analisar recortes de obras literárias de dois autores paulistas contemporâneos entre si. João Rubinato – Adoniran Barbosa – através das letras de algumas de suas músicas admitidas como registros poéticos de época e sociedade e João Antonio, com contos reveladores da marginalidade nas décadas de 50 e 60 em São Paulo. Com base na comparação dos textos escolhidos – Saudosa maloca, Abrigo de vagabundos, Agüenta a mão, João e Despejo na favela do primeiro e Malagueta, Perus e Bacanaço do segundo – discutimos os espaços marginais retratados e seus personagens como representantes da complexa sociedade que os produziu e ainda consome. Palavras-chave: conto, poesia musical, marginalidade, literatura e cultura de massa. 1. INTRODUÇÃO Desde as alterações na apreciação e recepção da arte erudita pós-revolução industrial no século XIX e com o impacto do movimento pop na segunda metade do século XX, a produção e a admissão das mais abrangentes manifestações artísticas encontram-se permeadas por uma nova realidade existencial, na qual as formas clássicas de crítica, valorização e aplicabilidade são obrigatoriamente revistas. Considerando esse novo panorama sócio-cultural, faz-se necessário agora, possivelmente mais que antes, conhecer e analisar os processos de recepção das artes mais que apenas em sua própria acepção estética, mas também na e pela sociedade, a fim de verificar e admitir seu papel na construção do cidadão frente às noções de sociedade e indivíduo que se apresentam.
    [Show full text]
  • Adoniran Barbosa E a Lírica Do Progresso De São Paulo
    UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO YARA BOSCOLO BRAGATTO Adoniran Barbosa e a lírica do progresso de São Paulo SÃO CARLOS AGOSTO DE 2018 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO YARA BOSCOLO BRAGATTO Versão corrigida Adoniran Barbosa e a lírica do progresso de São Paulo Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Arquitetura e Urbanismo, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Arquitetura e Urbanismo, área de concentração em História da Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Dr. Ruy Sardinha Lopes SÃO CARLOS AGOSTO DE 2018 folha julgamento agradecimentos À Universidade de São Paulo, em especial ao Instituto de arquitetura e Urbanismo e à Escola de Engenharia de São Carlos, onde me formei como profissional e onde conheci pessoas incríveis que me ajudaram nessa caminhada. À CAPES e ao CNPq, pelo apoio financeiro de extrema importância para que eu pudesse desenvolver esta pesquisa em regime de dedicação exclusiva. Ao meu orientador, professor Ruy Sardinha Lopes, que sempre abriu as portas da sua sala, os ouvidos e a mente para as minhas ideias. Muito obrigada por aceitar pegar o “bonde andando”, e compreender o que se passava. Obrigada por dizer coisas positivas sobre meu trabalho, e assim não me deixar desistir. Você não faz ideia do quanto isso foi relevante durante o processo. Se fui capaz de concluir este trabalho foi graças ao seu apoio e orientação. Aos meu pais, Suzana e Irineu, as pessoas mais fortes que eu conheço, que me ensinam a ser cada vez mais forte, por mim mesma e por eles.
    [Show full text]
  • ADONIRAN BARBOSA De André Diniz E Juliana Lins (André Diniz É Mestre Em Memória Social Da Música Pela Unirio-RJ
    ADONIRAN BARBOSA De André Diniz e Juliana Lins (André Diniz é mestre em Memória Social da Música pela Unirio-RJ. Juliana Lins é roteirista de programas para televisão.) SUPLEMENTO DIDÁTICO Elaborado por Maria Clara Wasserman, mestre em História, professora do ensino fundamental e médio e pesquisadora de música brasileira. Professor Neste suplemento você encontrará sugestões de projeto pedagógico para desenvolver no ensino fun- damental com turmas de 1a a 4a série (ou 1o e 2o ciclos) e turmas de 5a a 8a série (ou 3o e 4o ciclos). Com essa divisão buscamos criar projetos adequados para cada fase do desenvolvimento do aluno. Tomando como referência o livro estudado, organizamos um plano de atividades para os quatro ci- clos: — antes da leitura sugerimos um trabalho de sensibilização sobre o tema central, em que a classe se organiza em equipes para pesquisa e produção de material; — durante a leitura, feita com a mediação do professor, propõe-se o levantamento e a análise de questões sobre o tema; — depois da leitura, o professor pode avaliar a absorção do conhecimento por meio de trabalhos em múltiplas linguagens (dramatizações, fóruns, textos, painéis). Para as atividades deste suplemento tomamos como ponto de partida, além do livro estudado, os Parâmetros Curriculares Nacionais, que possibilitam ao educador atuar como mediador na produção do conhecimento. Os PCNs de História, Geografia e Arte, de modo geral, têm como objetivo levar o aluno a conhecer e respeitar o modo de vida de grupos sociais diversos em suas atividades culturais, econômicas, políticas e sociais, identificando semelhanças e diferenças entre eles. Outro ponto não menos importante é fazer o educando reconhecer mudanças e permanências nas sociedades humanas, presentes na sua e nas demais comunidades.
    [Show full text]