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HOTBOLETIMnews INFORMATIVO OFICIAL14 HOT CLUBE PORTUGAL JUL’17

A INTERNACIONALIZAÇÃO DO PORTUGUÊS O FESTIVAL INTERNACIONAL DE JAZZ DE CASCAIS E OS LEGADOS DO HCP OS PEQUENINOS DO JAZZ ATELIER DE INICIAÇÃO AO JAZZ PARTIDA, LARGADA, FUGIDA 2 PERGUNTAS A CAMILA REIS

MATINE@HCP MARIA JOÃO CORAÇÃO, MEMÓRIA, INTELECTO E ENTRANHAS ESPÓLIO LUIZ VILLAS-BOAS ÚLTIMAS PALAVRAS SEM MÚSICA HCP JULHO

ABERTO DAS 22H ÀS 2H DAS ABERTO AGOSTO’17 2 SESSÕES ÀS 22H30 E 00H WWW.HCP.PT / [email protected] WWW.HCP.PT JULHO 20/21 QUINTA E SEXTA

FECHADO DOMINGOS E SEGUNDAS 1 SÁBADO UM QUARTETO

PRAÇA DA ALEGRIA, 48 1250-004 LISBOA 48 1250-004 LISBOA ALEGRIA, PRAÇA DA JOÃO PAULO ESTEVES DA SILVA piano QUINTETO DE RICARDO TOSCANO sax a JOSÉ MENEZES MÁRIO FRANCO ctb JOSÉ MENEZES sax ten, sop JOÃO PEREIRA bat ANTÓNIO PINTO guitar OSCAR GRAÇA piano ANDRÉ ROSINHA ctb 22 SÁBADO RUI PEREIRA bat DUO AR 22H30 MARIA JOÃO voz SÉRGIO CAROLINO tuba, electrónica 6 QUINTA BE/USA/GER/NL/PT DUO TUBAX 24H00 SPINIFEX MÁRIO MARQUES saxs BART MARIS tp SÉRGIO CAROLINO tuba, electrónica JOHN DIKEMAN sax ten apresentação do CD “Tubax” TOBIAS KLEIN sax a JASPER STADHOUDERS guitar GONÇALO ALMEIDA bx 27/28/29 QUINTA A SÁBADO PT/JP PHILIPP MOSER bat SARA SERPA TRIO SARA SERPA voz 7/8 SEXTA E SABADO FR/PT MASA KAMAGUCHI ctb BRUNO PEDROSO bat (DIAS 27 E 28) ROMAIN PILON TRIO ANDRÉ MATOS guitar (DIA 29) ROMAIN PILON guitar ROMEU TRISTÃO ctb JOÃO PEREIRA bat AGOSTO 12 QUARTA ENTRADA LIVRE 2 QUARTA NL/JP Recitais de alunos BOI AKIH “Liquid Songs” finalistas da MONICA AKIHARY voz Escola de Jazz RYOKO IMAI percussão Luiz Villas-Boas NIELS BROUWER guitar, electrónica

13/14/15 PT/ESP/USA 3/4/5 QUINTA A SÁBADO USA/PT QUINTA A SÁBADO MICHAEL LAUREN HCP GONÇALO “All Stars” LEONARDO 4TET MICHAEL LAUREN bat ANDRÉ MATOS guitar HUGO ALVES tp YAGO VAZQUEZ piano JOSÉ MENEZES sax ten GONÇALO LEONARDO ctb JEFFERY DAVIS vibrafone JULHO TOMMY CRANE bat NUNO FERREIRA guitar apresentação do CD “East 97th” DIOGO VIDA piano 4, 11, 18, 25 CARLOS BARRETTO ctb TERÇAS-FEIRAS QUARTA PT/USA JAM-SESSION 19 9/10/11 QUARTA A SEXTA PT/CH com Romeu Tristão ANDRÉ SANTOS (ctb) “Vitamina D” JPES TRIO ANDRÉ SANTOS guitar JOÃO PAULO ESTEVES DA SILVA piano MATT ADOMEIT ctb MÁRIO FRANCO ctb TRISTAN RENFROW bat SAMUEL ROHRER bat edit índice À Família de Maria Helena Villas-Boas 4 O FESTIVAL INTERNACIONAL DE JAZZ DE CASCAIS Sabe-se bem que o Luiz Villas-Boas tinha dois amores: o jazz e a E OS LEGADOS DO HOT CLUBE DE PORTUGAL Maria Helena. Também se sabe, ou eu sei porque convivi muito de perto — não com eles mas com as suas coisas (quando da organização do Espólio do 6 Luiz) —, que esse amor não era sempre pacífico. Acredito que só uma mulher MATINE@HOTCLUBE com inteligência, persistência e mesmo alguma teimosia é capaz de partilhar 7 o seu amor com outra paixão. MARIA JOÃO CORAÇÃO, MEMÓRIA, INTELECTO E Ao lado do homem famoso do jazz português esteve sempre uma mulher ENTRANHAS que não teria o mesmo amor a esta música, mas que só podia vibrar com a energia que o Luiz Villas-Boas emanava e, quem sabe, a temperava com 8 ESPÓLIO LUIZ VILLAS-BOAS CONCLUSÃO DO PROCESSO DE algum bom senso e cautela. DIGITALIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS GRÁFICOS, FOTOGRÁFICOS A esta mulher, de quem agora nos despedimos, quero em nome do Hot Clube, E AUDIOVISUAIS agradecer a constância, fidelidade, e a muita paciência com que apoiou o nascimento, crescimento e afirmação deste Clube, que quase 70 anos depois 10 OS PEQUENINOS DO JAZZ é reconhecido como um dos dez melhores da Europa. ATELIER DE INICIAÇÃO AO JAZZ

11 Como vê, Maria Helena, valeu a pena. PARTIDA, LARGADA, FUGIDA 2 PERGUNTAS A CAMILA REIS Com um abraço já de saudades,

Inês Homem Cunha 12 ÚLTIMAS PALAVRAS SEM MÚSICA II JORGE REIS — Carta escrita em nome da Direcção do Hot por ocasião da sua morte a 9 de fevereiro de 2017. A família da Maria Helena Villas-Boas entregou entretanto ao Hot Clube mais fotografias, discos, 13 QUE AMPLIFICADOR DE bobines magnéticas, livros e outros documentos para que sejam inventariados e integrem a colecção GUITARRA ESCOLHER? SOM Luiz Villas-Boas no Núcleo Museológico do Hot Clube. Obrigada! DE VÁLVULAS, TRANSÍSTORES — OU DIRECTO? ANDRÉ PRISTA

14 A próxima HotNews, será uma edição especial, celebrando os 70 anos do Hot Clube OIÇAM LÁ ISTO 1948 — 2018 AS ESCOLHAS DE... 70 ANOS de Portugal. Uma edição alargada, num formato mais extenso, com notícias novas e histórias antigas. O número 15 desta publicação, baseada na teimosia de uns quantos membros da direcção, e nas colaborações fundamentais de vários amigos do Clube, 15 celebra não só a longevidade desta associação, mas sobretudo a sua própria essência. POST-IT Vai ser um número para ler e guardar. MEMÓRIAS DO HCP

14 HOT newsJULHO 2017 Direcção Inês Cunha / Colaboram neste número Inês Cunha, Luís Hilário, Regina Eufémia Rocha, Luís Guilherme Cunha, André Santos, Bruno Santos, Camila Reis, André Prista, Demian Cabaud, Pedro Roxo, Miguel Lourenço e Paulo Gil / Design gráfico / paginação / revisão© HOTdog / Capa Maria Helena e Luiz Villlas-Boas, 1983 ©Eduardo Gajeiro / Produção Luis Guilherme Cunha HOT CLUBE DE PORTUGAL Presidente da Mesa da Assembleia Geral Bernardo Moreira / Presidente do Conselho Directivo Inês Cunha / Presidente do Conselho Fiscal José Sousa Soares / SEDE Praça da Alegria, 48, 1250-004 Lisboa / Tel 213 460 305 — ESCOLA DE JAZZ LUIZ VILLAS-BOAS Director pedagógico Bruno Santos MORADA Travessa da Galé, n.º 36, 1.º andar, 1300-263 Lisboa / Tel 213 619 740 / Fax 213 619 748 A HOTNEWS É ESCRITA DE ACORDO COM A ANTIGA ORTOGRAFIA OU DE ACORDO COM A OPÇÃO DE CADA AUTOR. A INFORMAÇÃO E COMENTÁRIOS INCLUÍDOS NOS CONTEÚDOS DESTA PUBLICAÇÃO SÃO INTEIRAMENTE DA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES.

NOTA: O ARTIGO DA PÁG. 13 [DE ANDRÉ PRISTA] INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA HOTNEWS É O BOLETIM INFORMATIVO SAIU INCOMPLETO PRÉMIO ALMADA NEGREIROS 2001 OFICIAL DO HOT CLUBE PORTUGAL NA EDIÇÃO IMPRESSA. MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL DO MINISTÉRIO DA CULTURA AQUI ENCONTRA MEDALHA DE HONRA DA CIDADE DE LISBOA WWW.HCP.PT MEDALHA DE HONRA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES [email protected] A VERSÃO TOTAL. MEMBRO FUNDADOR DA INTERNATIONAL ASSOCIATION WWW.FACEBOOK.COM/HOTCLUBEDEPORTUGAL PEDIMOS DESCULPA OF SCHOOLS OF JAZZ PELO LAPSO TÉCNICO AO AUTOR E AOS LEITORES. 4 DE PORTUGAL HOT CLUBE LEGADOS DO CASCAIS EOS DE JAZZ DE INTERNACIONAL O FESTIVAL entre oHotClubedePortugal Luiz ,Villas-Boas edoHotClubedePortugal quefuncionounuma parceria No decursodoprojecto deinvestigação imprensa escritasobre ofestival, entre outro tipodedocumentação. programas, publicidade, patrocínios, váriascompilaçõesderecortes de correspondência recebida eexpedida, músicos, contratos, e cartazes com informação sobre osprocessos logísticos doevento, facturação, relativa àorganizaçãodoFestival InternacionaldeJazzCascais(FIJC), outras doações. dadocumentação Esteúltimoalbergagrandeparte dos irmãos Augusto eIvo Mayer, eoespólio deste críticoepromotor dejazzemPortugal, bemcomooespólio , doHotClubedePortugal o Arquivo Histórico queincorpora oespólio estórias ehistória. Denome “Sala Luiz Villas-Boas”, aliseconserva existe umasalaondenãosetocaminstrumentos, masseguardam por Regina EufémiaRocha e a Tecnologiae seleccionar ummúsico paraintegraraInternational Youth Band de Portugal, juntamente comotrombonista Marshall Brown, para desde 1958, sedeslocouaoHotClube quandoonorte-Americano as ligaçõesqueLuiz Villas-Boas mantinhacom Wein, pelomenos conjunto comopromotor George Wein. Paratalforam imprescindíveis nos EstadosUnidos, fundadopelocasalLouiseElaineLorillard em Festival naEuropa, umfestival origináriodeNewport, RhodeIsland, contou comalgunsdosmúsicosda O cartaz nas ediçõesseguintes. na primeiraedição, CarlosCruznasegunda edição, Mendonça eDuarte -Boas, juntamentecomofadistaJoão BragaeHugo MendesLourenço em Cascais. A organizaçãodofestival foi protagonizada porLuiz Villas- no Estorile, nasediçõesqueseseguiram, paraoParque dePalmela, 1981 e1984, oevento foi transferido paraoPavilhão dosSalesianos, de Cascais, comumente conhecidocomoDramáticode Cascais. Entre primeiras ediçõesdoevento tiveram lugarnoPavilhão dosDesportos comemorativa dehomenagemaLuiz Villas-Boas, em2009. As dez continuadamente entre 1971 e1988, contandoaindacomumaedição O Festival InternacionaldeJazzCascais programas easfotografias, que foram catalogadosàparte. cinquenta eseisunidadesdeinstalação, semcontarcomoscartazes, os CascaisJazz/SoJazz Lisboa Faculdade deCiênciasSociaiseHumanasdaUniversidade Nova de (FCSH-UNL), Dentro doedifíciodaescola (FCT), foi, nasuatotalidade, catalogadonum totaldecentoe deentre outros trabalhosdesenvolvidos, oespólio eoInstituodeEtnomusicologia (HCP) , aFundaçãopara Ciência foi umevento realizado Jazz emPortugal: oslegadosde Escola deJazzLuiz Villas-Boas, CascaisJazz/SoJazz do Newport Jazz tournée doNewport (INET-md) , entre da (Martins 2006,(Martins p.193; O CascaisJazz Comunidade EconómicaEuropeia (CEE), etc. Internacional, ou, umadécadamaistarde, daentradadePortugal paraa estabelecimento dademocracia, doFundo Monetário dasintervenções bem como, posteriormente, detodooprocesso detransiçãoe à revolução de25 Abril de1974, econsequentecontra-revolução, foi contemporâneodetodooprocesso revolucionário conducente que caracterizaramasdécadasde1970e1980emPortugal. Oevento O FIJCfoi contemporâneodasprofundas alteraçõessociopolíticas Ministros) queofestival teve oseuadvento, emNovembro de1971. a nomeaçãodeMarcelo Caetanoparaapresidência doConselhode suposta liberalizaçãodoEstadoNovo (perspectivaquepairou após festivais dejazzcommúsicosinternacionais, foi duranteoperíodode Apesar deterem existidotentativasanteriores paraarealização de Araripa, António Pinho Vargas, entre outros. The BridgeeoSextetoStatus, Jorge LimaBarreto, ogrupoPlexus, os músicos nacionaiscomoRãoKyao, quetocouasoloecomogrupo de JazzCascais, contribuiuaindaparaoimpulsionardacarreira de Evans, DexterGordon, entre muitos outros, oFestival Internacional Kirk, Sarah Vaughan, Charles Tolliver, Sonny Stitt, CharlesMingus, Gil Monk, Blakey,Art DizzyGillespie, Phil Woods, Duke Ellington, Roland de sonantesnomesdojazzinternacional, comoMilesDavis, Thelonious ao declararotema Coleman, contribuiu paravincularessaspercepções doevento, quenoprimeironorte-Americano diadefestival tocoucomOrnette conotações políticas. Em1971, CharlieHaden, ocontrabaixista contribuíram paraqueeleadquirisse desdecedodeterminadas Por outro lado, algunsdoseventos associadosaeste festival, décadas de1970e1980. e oconsumofonográfico desteestilodemúsicaem Portugal, nas medidaopercursocomo influenciandoemcerta dos músicosnacionais como Jazz(àsemelhançadoqueaconteciainternacionalmente), bem impulsionando odebateemtornodaquiloqueseentendia, ounão, as tendênciasdealgunsdosmaiores nomesdoJazzinternacional, um marco importante. Oevento permitiuocontactoaovivo com desta músicaemPortugal, pelo queémuitas vezes descritocomo construção depercepções emtornodojazz, bemcomoparaaprática -cultural queexistiaemPortugal. A suarealização contribuiuparaa 1 representou contracçãodofosso sócio- umacerta Songs for Che(emanalogiaaErnesto “Che” SANTOS 2007, p. 34; WEIN 2003 , p. 184). Mas, além Cascais Jazz reivindicativas econtestatáriasdestamúsicanassuasinterpretações do em Portugal, foram marcados pelaincorporaçãodascaracterísticas que contribuíramaraaconstruçãodapercepção epráticadoJazz Muitos dosdiscursosdecríticos, promotores, aficionados eacadémicos, Colonial” e “Guiné Livre” (CruzeRosa1974). o jazz...” comotexto edesdobrados doiscartazes “Abaixo aGuerra de festival foram distribuídospanfletoscomotítulo “Amúsicaagora é Secretário deEstadodaInformação e Turismo, duranteoúltimo dia correspondência enviada peloComando-GeraldaPSPeogabinetedo in VILELA etal. 2014) outros assuntos, permitiram aconstruçãodenovas perspectivassobre e Ásia; etc. A dialogiaentre adocumentaçãodesteespóliocomestese de descolonização; dospovos osmovimentos delibertação deÁfrica desta instituição colonial”, talcomodescritonoboletim comonoticiárioconfidencial interrogaram omúsico, comouma “grande manifestação contraaguerra para concluirqueaspercepções dojazze O estudomaisprofundo doespólio as dimensõesdessacapacidade deforma maisampla. em Portugal, pretende-se paraapossibilidadedeseexplorarem alertar o jazzter, emalgum momento, funcionadocomoforma decontestação 1 emvigor][Este textonãoobedece aoacordo ortográfico foi percepcionado pelosagentesda alguns membros dopúblico. Nocontextodaépoca, esteepisódio Haden fez de desencadearumasériedegritos eaplausos porparte com aspolíticascolonialistaseaGuerra Colonial, adeclaração de de imprensa ouàliberdade deexpressão, bemcomopersistia de “abertura”, semantinhamuito poucoalteradoquantoàliberdade Guiné. Nocontextosocio-políticonacionalque, emboraemclima Guevara) de aosmovimentos delibertação Angola, Moçambiquee Europeia eosprimeiros passosparaa II Guerra Mundial; asnovas realidades geopolíticas; areconstrução ainda teremconta: aemergênciadeumanova mentalidade nopós- português. Ainda queestesejasobremaneira indispensável, importa devem seranalisadasapenas tendoemcontaocenáriopolítico-social luta, liberdade econtestação, quealgunsindivíduosassumiram, não evento, organizououtros efestivais emváriospontosdopaíseque, concertos maistarde, adquiriuadesignação deSoJazz. Cascais Jazzéuma designaçãomuitas vezes adoptadaem referência aoFestival Internacional deJazzCascais. Mastambémdizrespeito àentidade que, alémdeste (CRAVINHO 2011; 2012e2016; SANTOS 2009, DUARTE 2013 (PT-ANTT-PIDE/DGS). . Emboranãosepretenda negarestacapacidade de PIDE-DGS CascaisJazz/SoJazz E, em1973, deacordo coma CEE ; a Guerra Fria; osprocessos quedetiveram e FIJC comometáfora de contribuiu mas essanãoéumaestóriasósua, éumahistóriadeepara todos. significativa dahistóriadojazzem Portugal, emsentidofiguradoeliteral, sobre oassunto. OHotClubedePortugal guarda emsiumaparte que cada vez se construa um conhecimento mais amplo e fundamentado para oacessoàconsultapúblicadosmesmos, sãofundamentaispara várias fitasmagnéticasediscos, bemcomoaagilizaçãodemecanismos documentação, papel, quenãoseesgota nosuporte masseestendea Portugal paraládoCascaisJazz. desta econservação A preservação sobremaneira paraoestudoeconhecimentodahistóriadojazzem dosupramencionadoarquivoa partir doHCP, temcontribuído Jazz emPortugal: oslegadosdeLuiz , Vilas BoasedoHotClubedePortugal 1980. Otrabalhodesenvolvido noâmbitodoprojecto de investigação percepções edapráticadojazzemPortugal nasdécadasde1970e de JazzCascais, bemcomotemcontribuídoparaaconstruçãodas permitido queseamplieoconhecimentosobre oFestival Internacional A documentaçãodo Festival InternacionaldeJazzCascaisnaDécada1970. provisório para osEstadosUnidos: comoNewport Cascaispara Portugal O o CascaisJazz, queresultaram demestradocomotítulo nadissertação [Se nospuderajudarnesteprocesso porfavor [email protected]] que, comoéocasodestasduas, nãopodemosacrescentar ocréditorespectivo. fotografias queintegram anossacolecçãonão apresentam informação sobre oautor, pelo aoNúcleoMuseológicodoHotClube.Fotografias pertencentes Infelizmente, muitas das Arquivo HistóricodoHotClubedePortugal/ EspólioCascaisJazz/SoJazz: PT-HCP-CJSJ-Ma-001- 156. Arquivo Nacionalda Torre do Tombo: PT-ANTT-PIDE/DGS –Proc. 690-CI(2)/Pasta42. DOCUMENTAÇÃO DEARQUIVO WEIN, G. (2003). Myself Among Others. Cambridge: DaCapo Press. VILELA, Joana Stichini, andetal. (2014). LX70-LisboadoSonhoàRealidade. Lisboa: DomQuixote. SANTOS, J. M. (2009). JazzemCascais: UmaHistóriade80 Anos. Cascais: CasaSassetti. SANTOS, J. M. (2007). OJazzSegundo Villas-Boas. Lisboa: Assírio e Alvim. Revistas , 1974. CRUZ, Antonino eROSA, Vitoriano. As mentirasdeMarcello Caetano. Lisboa: Agência Portuguesa de Jazz and Totalitarism. New Yok: Routledge. CRAVINHO, P. (2016). “A Kindof ‘in-between’: JazzandPolitics inPortugal (1958–1974). InB. Johnson (ed.), Minho/ Centro deEstudosHumanísticos. e 1973. InM. SANTOS (cord.), &M. LESSA, Música, DiscursoePoder (pp. 157-172). Braga: Universidade do CRAVINHO, P. (2012). “A musicaagora eojazz”: Ojazzcomo palcoderesistencia emPortugal, entre 1971 Encontros deInvestiga ço emPerformance Universidade de Aveiro . contestação eodiscursoalternativo aomeio “jazzistico” emPortugal, entre 1958e1961. Performa ’11– CRAVINHO, P. (2011). “Gosto deJazzPorque Gostoda Verdade”: OClubeUniversitário deJazz, a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS , doHotClubedePortugal Arquivo Histórico tem

5 6 com discoseditados Entre as15he00hpassarampeloClubeformações para todos. @HOTCLUBE discográfica escreveu InêsCunhaem2014sobre acriaçãodaetiqueta “As coisasacontecemquandotêmqueacontecer”, por LuísGuilhermeCunha HOTCLUBE MATINE@ ouvir jazznuma tarde quentedeprimavera. um sucesso, pais, filhos, avós, todos apareceram para A ideiadeumatarde paratodaafamíliarevelou-se Jazz daEscoladeLuiz Villas-Boas. combos doCursoRegulare Atelier deIniciaçãoao dentro efora doClube. Também nestafesta participaram o disco de Portugal eDixieGangacomemorar25anoscom Hot ClubedePortugal, Orquestra deJazzdoHotClube os membros dafamília, viualuzdodiaeoevento dalabel acontecer” aideiaantigadereceber noHotClubetodos óbvia, mascomo “as coisasacontecemquandotêmque O DiaInternacionaldoJazz, 30de Abril, seriaadata de Abril de2014atéagora. Já passaram3anosequeríamosrecordar oquefoi feito, InTime. do primeiro trabalhodalabeldoHot, Just Um Quarto deSéculoapresentado nestamatiné,Um Quarto @HOTCLUBE rapidamente se transformou numa matiné @HOTCLUBE , precisamente naapresentação Just In Time, In Septetodo , Just ALMEIDA, JOHANNESKRIEGER, NUNO COSTA, GRAÇA, ÓSCAR FRANCISCO CÉSAR CARDOSO, MATEJA DOLSAK, VARGAS COM A ORQUESTRADO RICARDO TOSCANORICARDO ROMEU TRISTÃO JOÃO MORTÁGUA, JOSÉSOARES, A MÚSICA DE A MÚSICA ANTÓNIO PINHO PAULO GASPAR, XAVIER RIBEIRO, RUI BANDEIRA, DIOGOPEDRO, JOÃO GOMES, RÚBENDA LUZ, A Dança dosPássarosA Dança BRUNO SANTOS GUITARRA E CLAUS NYMARKTROMBONE Um quartodoséculo RICARDO CARVALHO,RICARDO JOÃO HOT CLUBEDEPORTUGAL PAULO GASPAR CLARINETE JOÃO MOREIRATROMPETE de Portugal -Vol. 2 DAVID RODRIGUES PIANO AUL JORGEVELOSO MANUEL JOÃO VIANACORNETIM BARROS VELOSO JOANA MACHADO VOZ BRITO EPEDRO FELGAR JOÃO PEREIRABATERIA GIL GONÇALVES TUBA SILAS OLIVEIRABANJO BERNARDO MOREIRA PAULA OLIVEIRAVOZ DIRECÇÃO MUSICAL E BAIXO ELÉCTRICO E BAIXO JUST INTIME 7to HotClube SAXOFONE TENOR RUI ALVES PEDRO MOREIRA CONTRABAIXO CONTRABAIXO DIXIE GANG SAXOFONE BATERIA BATERIA PIANO disponível eàescuta. supermercado, praia, avião... Esteéomeu estudo, estousempre Sim, eucantotodososdias. Àsvezes tambémnarua, balneário, diária? Ehojeemdiaoqueépraticas? estudante Que importância dásaoestudo?Praticaste muitoenquanto todos osdiasemtodoolado. sons ànossavolta, tudooquesepassa, asmelodiaseritmosconstantes Toda agentefoi e continua aserumainspiração, massobretudo os deinspiração? que sirvam Ecoisasextra-musicais quemúsicosteinspiram? actualmente, umainspiraçãoe quediscosmúsicosforam parati?E Ainda emrelação àtradição, quecorrente teinfluenciou mais haver ontem parahaverA memóriaémuito importante hojenamúsica, foi preciso respeita atradição hojeemdia? importância trás?Achasquese dásaoquesepassoupara muitoemrespeitar enãosó,fala-se atradição.No Jazz, Que intelecto eentranhas. Um bommúsicoéquemfazasuamúsicacomcoração, memória, um bommúsico? Que qualidadesadmiras ti nummúsicoeoqueédefinepara amo àminhamaneira. Não tentopassarnenhumamensagem, façoapenas amúsicaqueeu natuamúsica? ousensaçõestentaspassar Que mensagem emarcantes,em quefaçomúsicasãoimportantes todos! foi verdadeiramente através dapráticade Aikido. Todos osmomentos ofereciam eíaaosconcertos, masondeaprendi omeuinstrumento do Hot, ondeconhecitudo, músicaemúsicos, ouviadiscosqueme desdemiúda! Georges Stobbaerts Também estive unsmesesnaescola Eu aprendi acantarpraticando Aikido, àescoladoMestre pertenço temarcaram atéhoje. momentos quemais umpoucodeti,doteupercurso fala-me Antes demais edos [Entrevista comMariaJoão emJunho de2013] por AndréSantos NHAS E ENTRA- INTELECTO MEMÓRIA, CORAÇÃO, JOÃO MARIA ? Que conteúdos tinham mais ênfase na tuarotina ênfase mais ? Queconteúdostinham eépreciso haver amanhã. importantes paramim,importantes sãoumainspiraçãoeumorgulhoconstantes. fazem asuamúsica, muitas vezes, contraventos echuvadas. Sãomuito Este paístãopequenitoestárecheado demúsicosmaravilhosos que acerca disso? Interessa-te emPortugal? Qualatuaopinião amúsicaquesefaz Ouço sim, nocarro. Ouves rádio? Just kidding!! assim nãosecalarem, paraaviolência. entãoparto (risos) menos gentilmente, umgrandeegordo SHIIIIIIUUUUU, e semesmo favor poderiamteragentilezadecalarasvossas bocasedepoisdigo, Não, na plateia,tenhodetocarbem! estou aquiafazer?! Opúbliconãosecala?? atuaprestaçãoinfluenciar empalco?Dogénero Oqueé quepodem parasitas E tensoujátiveste pensamentos Fico seeeeeempre nervosa, sempre! Nãoháremédio. (risos) entrasFicas nervosa empalco? quando Procurar todosossonsépreciso. E somdoinstrumento? oteusom? Queidealizaspara teu instrumento, quevamosaperfeiçoando comotempo. Técnica éaexperiênciaquevaisadquirindo, éoteuconhecimentodo instrumento? com número tiatécnicado denotasporsegundo.Oqueépara Muitas vezes aquestãodatécnicadoinstrumento éconfundida Não. músico xouoconteúdoy?Comocontrarias isso? de‘deveriaTiveste outensaquelesfantasmas terestudadoo só sefalarem alto nopúblico. Aí ficomesmofulaeentãopeço: por . Comodásavolta? ouEstáaliapessoaX

7 8 ESPÓLIO LUIZ VILLAS-BOAS CONCLUSÃO DO PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO DOS DOCUMENTOS GRÁFICOS, FOTOGRÁFICOS E AUDIOVISUAIS por Pedro Roxo / Miguel Lourenço

No passado mês de Maio chegaram boas notícias para o Arquivo Histórico do Hot Clube de Portugal (HCP): foi concluído o processo de digitalização dos documentos gráficos, fotográficos e audiovisuais seleccionados do espólio Luiz Villas-Boas (LVB). Esta vertente de trabalho foi iniciada em Agosto de 2015 e é ainda resultante do projecto Jazz em Portugal: Os legados de Luís Villas-Boas e do Hot Clube de Portugal (FCSH/UNL/INET-MD_PTDC/ EAT-MMU/121834/2010).

A empresa LUPA, do fotógrafo Luís Pavão, procedeu à digitalização de 170 fotografias datadas entre 1950 e 1970 (algumas da autoria de Augusto Mayer), que se juntam às 380 fotografias que já haviam sido digitalizadas. Todas estas provas fotográficas P&B pertencem ao conjunto de mais de 600 fotografias que foram catalogadas em detalhe no decorrer do projecto. Foi também digitalizado um conjunto de 70 cartazes relativos a eventos musicais organizados em Portugal, maioritariamente de jazz, coleccionados por LVB entre 1940 e 1970. Anteriormente também já haviam sido digitalizados na LUPA a totalidade dos programas de concerto e cartazes relativos ao fundo documental do Cascais Jazz/ Sojazz. Já o Arquivo fonográfico de Viena (Phonogrammarchiv of the Austrian Academy of Sciences) foi responsável pela digitalização de 157 bobinas de fita magnética áudio e 13 documentos audiovisuais (vídeos e filmes de 8 e 16mm) que, na sua maioria, correspondem a gravações pessoais de LVB. Nos suportes áudio haverá gravações fonográficas (cópias de discos?) e de programas de rádio e da televisão, mas também gravações amadoras efectuadas em casas de Fado e no Hot Clube de Portugal durante as décadas de 1950, 1960 e 1970. Aos suportes audiovisuais correspondem também gravações pessoais de várias viagens que LVB realizou (Moscovo, Newport Jazz Festival, etc.). Ainda não foi possível estudar e analisar estes conteúdos em profundidade dado que só agora foram tornados acessíveis, mas haverá com certeza informação inédita para o estudo do Jazz em Portugal. Na verdade, este conjunto constitui um importante contributo para a compreensão não apenas das actividades do HCP no que concerne à prática do jazz no período referido, como também para uma compreensão das práticas da música popular de uma forma

1. CAIXAS COM AS FITAS MAGNÉTICAS À CHEGADA AO INSTITUTO DE ETNOMUSICOLOGIA DA FCSH-UNL DE ACORDO COM NADJA WALLASZKOVITS, RESPONSÁVEL DO ARQUIVO FONOGRÁFICO DE VIENA, TODO O PROCESSO DE DIGITALIZAÇÃO ÁUDIO FOI EXTREMAMENTE PROBLEMÁTICO E DELICADO, DADO TRATAR-SE DE UM CONJUNTO DE FITAS COM ALGUMAS DÉCADAS (ALGUMAS COM MAIS DE 60 ANOS)

alargada, na medida em que as gravações incluem também, a título de exemplo, materiais relativos a várias tipologias musicais e às actividades editoriais de LVB. De acordo com Nadja Wallaszkovits, responsável do Arquivo Fonográfico de Viena, todo o processo de digitalização áudio foi extremamente problemático e delicado, dado tratar-se de um conjunto de fitas com algumas décadas (algumas com mais de 60 anos), com grande variabilidade de requisitos de reprodução e de estado de conservação. Daí que o processo de digitalização tenha sido mais demorado do que o expectável. Todavia, o resultado final é bastante entusiasmante. O quase 1 TB de informação digital correspondente ao conteúdo destas fitas permite antever a possibilidade de algumas surpresas no que concerne à compreensão do espólio, agora com a possibilidade de se tornar acessível, e a promessa de muito trabalho de investigação a desenvolver no futuro. Além disso, esta documentação em muito poderá fortalecer um projecto realmente sério de constituição de uma futura Casa do Jazz, obviamente levando também em consideração o restante material do Arquivo Histórico do Hot Clube de Portugal, uma parte dele já substancialmente catalogado ao abrigo do projecto Jazz em Portugal: Os legados de Luiz Villas-Boas e do Hot Clube de Portugal. Lembramos que, dos vários resultados deste projecto, alguns estão já concluídos ou em fase de finalização - além da catalogação e de digitalização de materiais vários (fitas magnéticas áudio, vídeos Betamax e VHS, filmes em formato 8mm, 16mm) e da publicação de quatro artigos em publicações académicas estrangeiras com peer-review, estão já finalizadas três teses de mestrado, duas em processo de constituição de defesa pública e uma já defendida e publicada em repositório de acesso livre, relacionada com a pedagogia do Jazz em Portugal nas décadas de 1970 e de 1980 a partir do estudo da (então) Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal (conferir em: run.unl.pt/handle/10362/18694).

Ainda no final deste ano ou no início de 2018, está previsto tornar acessível online uma parte da base de dados do Arquivo Histórico do HCP a partir da catalogação e descrição desenvolvida ao abrigo do projecto acima indicado.

2. PORMENOR DA DESEMBALAGEM DAS FITAS MAGNÉTICAS NO INSTITUTO DE ETNOMUSICOLOGIA DA FCSH-UNL 3. FITAS MAGNÉTICAS PRESTES NOVAMENTE A DAR ENTRADA NO ARQUIVO HISTÓRICO DO HOT CLUBE DE PORTUGAL - ESCOLA DE JAZZ LUIZ VILLAS-BOAS, ALCÂNTARA. 4. PORMENOR DE ALGUMAS DAS FITAS DIGITALIZADAS PELO ARQUIVO FONOGRÁFICO DE VIENA. 10 por Bruno Santos DO JAZZ OS PEQUENINOS É vitalparaofuturo dojazz, damúsica, detodaaarte, queapareçam memória, comfluênciaenaturalidade. Grandes! semanais concretizado num arranjo tocadodeumapontaàoutra, de standard, fazerumsolosobre umblues, ever oresultado dosensaios emocionante, ver ospequeninos areproduzir umamelodiadum coisas enquantoaprendizes. Édesafiante, mas recompensador eaté perdem ofoco comfacilidade. Normalenatural. Masdão-nosoutras ensaiaram osmeninoseamenina. Nãoécoisafácil. Nestasidades A MargaridaCampeloeoGonçaloMarques, patrãodoatelier, com quederrapassem umaououtravez. Nadademalcomisso! E nãovacilam, encaramdefrente aplateia. Curiosos. Ecuriosidadefez por ver umasalacheia, eufórica, avibrarcomcadanotaquetocavam. idade aindanãoacusampressão ouresponsabilidade, apenas entusiasmo Eram osmaisnovos mastambémosmaisdestemidos. Acho quenesta anualmente, noSãoLuiz Teatro Municipal. um grupodo nosso Atelier deIniciaçãoaoJazz(AIJ), decidimosqueesteanoseria apostaComo consequênciadanossaforte nospequeninosdojazz, do Imparáveis! vez Noruega. Etalvez Súecia. Tudo istoantesdoanoacabar. sempre! DepoisdoJapão, aNoruega. EjásefalanaDinamarca eoutra É jáumdosgruposdoHotClubecommaisinternacionalizações, de AIJ arepresentar aescolana Festa doJazz, quedecorre APENAS ENTUSIASMO. OU RESPONSABILIDADE, AINDA NÃOACUSAMPRESSÃO NESTADESTEMIDOS. IDADE MAS TAMBÉM OSMAIS ERAM OSMAISNOVOS Aguardem! Com ospequeninosemaiscrescidos. E vãoacontecer! Temos ideiasevontade emfazercoisasmaiores para2018. apenas paraquem estáempalco. Masissoépauparaoutracanoa. tipo demúsicaquepodechegaràspessoas. Bastaquenãosejatocada um papel fundamentalementusiasmá-los emostrarqueojazzéum futuro público!Precisamos muito. Apreciadores deboamúsica. Temos músicas. Sãopotenciaismúsicosprofissionais, e muito importante, alunos tãonovos, comentusiasmo e energiaparaaprender estaeoutras © DIOGOCOSTA VALENÇA A INTERNACIONALIZAÇÃO DO JAZZ PORTUGUÊS PARTIDA, LARGADA, FUGIDA 2 PERGUNTAS A

CAMILA REIS © JOÃO HASSELBERG

I. TEM O JAZZ PORTUGUÊS ajude a criar uma rede de contactos mais forte, por exemplo, uma maior proximidade aos media e aos espaços de acolhimento de QUALIDADE E EXPRESSÃO PARA concertos no estrangeiro. SE AFIRMAR NO ESTRANGEIRO? Nesta mesma rúbrica da HotNews, em Maio do ano passado, o Luís Hilário propõe a criação de uma entidade ou de um Penso que podemos olhar e trabalhar a questão da departamento dedicado a este género musical e que pudesse dar internacionalização desta expressão artística assumindo que não há apoio aos projectos nacionais e à sua internacionalização. Creio propriamente uma identidade unificada do “Jazz português”, uma vez que se começam a verificar acções neste sentido. Isto é importante, que nele se inscreve, felizmente, um leque cada vez mais variado de sobretudo se considerarmos que um futuro mais sustentável estéticas e de linguagens estilísticas do que é feito em Portugal. implicará sempre uma união de forças entre todos, um grupo cada Um artista ou projecto de Jazz (ou qualquer outro artista/ vez mais diversificado de ferramentas, capacidades e visões que projecto artístico) caminha para uma maior disseminação quanto trabalham para resultados e retorno comuns. mais capacidades ou vontade tiver de encontrar a sua própria No que respeita ao que cada artista ou ao que a sua equipa de identidade. Isto é, quanto mais se diferenciar dos restantes projectos trabalho (agenciamento, promoção etc.) pode fazer é perceber e linguagens artísticas. Por “restantes projectos e linguagens” quais são as características gerais que identificam o projecto, com podemos estar apenas a considerar os nacionais/locais, sabendo que pessoas pode estar a comunicar, mais ou menos directamente; que nesse caso as expectativas de internacionalização deverão quais poderão ser os hábitos dessas pessoas com quem sentimos ser, à partida, mais reduzidas. No entanto, se a internacionalização que se está a comunicar mais facilmente; quais os objectivos da for de facto um objectivo para o artista ou para o projecto em carreira artística em causa e, no caso de incluir a internacionalização, questão, deverá sempre ser levado em conta de que a competição quais poderão ser os países e circuitos destas pessoas para quem é, então, necessariamente global e que por isso os seus elementos se acredita comunicar. No fundo, trata-se de direccionar as acções diferenciadores serão inevitalmente outros. de promoção para algo concreto e assim rentabilizar os esforços Estou certa de que cada um de nós, enquanto pessoas, se humanos, físicos, financeiros. diferencia necessariamente de um “outro” e acredito que as O Jazz tem a vantagem e a desvantagem de ser rapidamente manifestações artísticas têm a capacidade de traduzir essas catalogado e inserido em circuitos com o mesmo rótulo, um dos irrepetíveis características que todos temos num objecto ou através desafios é tirar o melhor proveito dessa leitura, ao mesmo tempo de uma forma estética que comunica uma mensagem ou que se que tentamos não nos deixar vincular exclusivamente por ela. Em constitui como a mensagem em si. Nessa medida, os elementos suma, trata-se de trabalhar com os horizontes de expectativa de diferenciadores que estão em cada um de nós devem ser conduzidos quem recebe a música — imprensa, programadores, outros pares, e posicionados de acordo com as suas características e considerando ouvintes, espectadores — convidando a elevar sempre, e cada vez o meio que os vai receber. mais, este olhar expectante, que julga estar num lugar que já conhece como seu e que é finalmente surpreendido com algo que nunca pensou conhecer. II. O QUE DEVEM FAZER AS INSTITUIÇÕES CULTURAIS PARA CAMILA REIS é agente, produtora e artista visual. Depois de mais de quatro anos como Assistente de Produção no Serviço de Música da Fundação DIVULGAR O JAZZ PORTUGUÊS Calouste Gulbenkian, fundou, no final de 2015, a Unique Booking — entidade independente exclusivamente dedicada ao Jazz e Música Improvisada. Vinda FORA DAS NOSSAS FRONTEIRAS? de uma formação académica artística (foi aluna da escola secundária artística António Arroio e da Faculdade de Belas Artes de Lisboa) nunca deixou de Mais do que apoio financeiro é preciso lembrar que se pode articular a sua actividade profissional no sector do espectáculo e das actividades culturais com a ilustração e o trabalho gráfico que têm estado igualmente ligados colaborar na divulgação da música e dos projectos artísticos de à música sob a forma de capas de discos, vídeos musicais ou projecção para múltiplas formas. Pode estar ao alcance das nossas instituições espectáculo. 11 culturais a construção ou manutenção de qualquer estrutura que www.camilabeiraodosreis.pt.vu / www.uniquebooking.eu 12 JORGE REIS SEM MÚSICAII PALAVRAS ÚLTIMAS anos o mesmo, comacentuaçãonaúltimasílaba—, recusando aolongo dos conhecemos, hádécadas, quesempre metratoupor outros sobre osassuntosmaisdiversos edisparatados. Desdequenos mesas, nocorredor ou nojardim dastraseiras, falandocomunse em quevisitouoHCP, naPraçada Alegria, deambulandoporentre as no Outonode2014. Estive comeleemalgumasdasúltimasnoites por Paulo Gil e criação—dacapacidade domúsicoinventar ereinventar, dos tudo esobre nada…Falou-sedeMúsica —composição, interpretação do bustode Alfredo Keil. Foi umaconversa impressionante, sobre conversámos maisdeumahoranojardim daPraça da Alegria, junto Na últimanoiteemqueoJorge Reis eeuestivemos juntos, noHCP, tabaco… sequiservivermaisuns anos”. com eleetentaconvencê-lo areduzir aomínimoasbebidasalcoólicaseo do Jorge, ojazzemeunometinhamvindoàbaila. Edisse-me telefonou-me afazerumasugestão, umavez quenaprimeiraconsulta por umcardiologista. Poucos diasdepoisdessecateterismo, omédico a considerarconsultarumgastroenterologista, acabouporservisto estômago comdores difíceisdesuportar. Assim, Jorge Reis, queestava do Jorge que, diziaele, sentia todososdiasumaespéciedeaziano Reis afazeraquelacirurgiavascular. Elafalou-medasqueixasfrequentes Ana (nossagrandeamiga)tinhasidoresponsável porconvencer Jorge com umpau…Écurioso, sórecentemente tomeiconhecimento quea Jorge foi um músicooriginal: tinhaentãolixoeobstruçõesadar aaorta cateterismo recomendado clinicamenteaJorge Reis. Até nesseaspecto foi responsável, noHospitalPulido Valente, tantoquantosei, pelo médico cardiologista, queháanosacompanhaaminhahipertensão, A vidatem, muitas vezes, destascoisas: umamigo meueexcelente abusando depalavrões. com músicoseamigos dequemgostava, aosquaissedirigiausandoe agressividade,Reis nãoconseguiadisfarçarouevitar uma certa atépara extramusical.comportamento FiqueicomasensaçãodequeJorge profunda dascoisas” a diferença deidadesentre nósosdoisaisso conduz, mais aumasabedoria teria umsignificadomágico…Chamou-mesábiovárias vezes “porque na segundavogal). Julgo que, paraele, aacentuaçãonaúltimavogal Manager (acentuadonaprimeiravogal) ou O Jorge Reisdeixou-nosmaispobres, comasuapartida . Nessasnoitesno HCP estranheiumpoucooseu Manager (acentuado “Managér”— isso “fala DEFINIÇÃO DOCARÁCTER... DA CRIATIVIDADE À CONDUZ ODESENVOLVIMENTO... COMO 20 AGOSTO2016 na últimasílaba), comosótusabiaspronunciar… nunca maisserápossível ouvir-te dizer“Boanoite, Managér” (acentuado confuso. Boanoite Amigo Jorge Reis. Eagora comofazer, umavez que pronta para oquederevier” deixou-mesurpreendido, umbocado alterar atuaforma depensar, seéquetalseriapossível. “Ter amala Fiquei, atéhoje, com asensaçãodenãoterfeito osuficientepara aolongo dosanos,parte agora deles”. quevenhamoutros efaçam aparte mala pronta para oquedere vier. Sabes, Managér, quejáfizaminha acho isolado, e nadaentusiasmadocomomeudia-a-dia, triste resolvi tersempre a da Orquestra doHCP, só, eemquemesintoparticularmente quasesempre músico, para concertos, para tocar, comexcepçãodoLuísCunhanocontexto ele: “Numaaltura daminhavidaemquepoucagente meconvida, enquanto desobstruídas eoseucoraçãosemsobrecargas desnecessárias. Diz-me que, demodonenhumpodiamcontribuirpara manterasartérias a falardoseuestadodesaúde, dotabacoedabebidaemdemasia Na tentativadeabordar deforma maisligeiraonossodiálogo, comecei irás perceberporquê”. com da conversa E Jorge Reisterminaessaparte “Pois é, pensoqueembreve “Como épossívelquesejamosamigos hádécadasesóhojemefales disso…” quem medescreveu essaencruzilhadadatuavida…” Ao querespondi: deumdiaparasua vidamusical ooutro? comobaterista Foste tumesmo Escorpião comascendentedeEscorpião, decideparar detocarterminandoa características, comtantaenergiaeconhecimentodoseuinstrumento, um quer comvassouras. Explica-me, Managér, comoéqueummúsicocomtais muito inspirado eatiradoportento… para afrente, quercombaquetas dezenas edezenas devezes, Managér. querido Ouvidizer queeras um numanoitedeimaginação emagia,particularmente como deves tervivido deteouvir(dever)sentadoàbateria,muito nuncatertidooportunidade súbito, nomeiodestalongaconversa, Jorge Reis “dispara” e,criatividade conduzàdefiniçãodocaráctermúsicodejazz de ou dotrompetista MilesDavis, naforma comoodesenvolvimento da caso docontrabaixistaCarlosBarretto, dobateristaDaniel Humair ligadasaojazzenasuaprática,formas dearte comoapintura, no novos nomesedosmaisantigos nonossomeiojazzístico, nas outras : “Lamento por AndréPrista profissional para a “captação” daguitarra. Na verdade, estatécnicatem se perde tempo, em última análise, nem precisamos deiraumestúdio escolhido. Temos muito maisopções, étudomuito mais simples, não sua vez,e, passano simulador deamplificador então, nos chega ao DAW fazendo umagravação direta daguitarra paraaplacadesomque, por só porignorarasválvulascomo, inclusive, acaptação doamplificador, Ultimamente, tenho gravado queoptam não bastantes discoseartistas linguagem musical doguitarrista. onde temdeestar, comumadinâmicamuito coerente esentidapela muito distinto, audível, particular, saiondetemdesair, parece quesabe que rodeia, àobramusical e, poroutro lado, osomencarrega-se deser mais pura. Dáumasensaçãodeestarmuito maisligadoàbanda, aossons som contornaqualquerobstáculoeentranoouvidodeumaforma muito ouvimos, sentimosquefazumefeito dedifraçãosom, parece queo tirar deamplificadores valvuladosé, noseutodo, superior. Quando pré-amplificadores, quemicrofones, etc…), osentimentoqueconsigo técnico pormenorizado(ondefoi captado, emquecondições, comque entrar emlinguagensdemasiadorebuscadas ounoladodemasiado e transístores) comomúsico, mas, principalmente, comotécnico. Sem “fenómenos” incríveis comosdoistiposdeamplificadores (válvulas Pela minhaexperiência, consegui, aolongo dosanos, umasériede vez queentraríamosnamesmasagadedecisõeseescolhas. distinção dosgéneros musicais comooHeavy MetalouoHard Rock, uma Alugamos um?Pedimos emprestado? Nempreciso deirmaislongena mais analógico?Queremos maisdigital?Usamosonossoamplificador? precisamos deoutrasmas, emcomum, temosatipologia dosom: queremos Blues precisamos dedeterminadascaracterísticas, sevamosgravar Jazz, guitarra depende100%doquevamosparaláfazer. Sevamosgravar entramos emestúdio, aescolhadoamplificadorparadeterminada são assuntosquedariam “pano paramangas”, ofactoéque, quando Se nosalhearmosdaqualidadedomúsicoepodermonetário, jáque empleno.satisfazer aminhaarte na altura(dadasascircunstâncias davida)eraboa, masnãoaidealpara música, epela forma comooiriausar. A escolhadeamplificadorquetinha longe omelhor. Sómaistarde percebi que, nãopeloamplificador, maspela Em suma, arranjámos umcompromisso e, nofinal, o resultado foi de amplificador… de repente, pareciam quetinham sidoemvão. material eoesforço financeiro parater “aquela”guitarra e “aquele” “chatear”. A verdade équeashorasafiopraticareensaiar “naquele” momento ondeomeuimagináriosetornava real, foi algo quemeveio pela primeiravez agravar seriamenteparaumtrabalhoprofissionale, no nariz, de17anos, tinhaperto estava maravilhado comoestúdiodesom, amplificador diferente (aválvulas)pararitmo?. o Naaltura, torci muito o takes, otécnicoresidente medisse: usarum —Eseexperimentássemos estúdio desomprofissional pelaprimeirae,vez depoisdosprimeiros som maispessoaleperfeito… atéàquelediaverídico emqueentrei num técnicas deguitarra equaisasmelhores formas detocarparaterum De facto, foi sempre umabatalhaparamimperceber quaisasmelhores atualizado eemconstantepesquisa. experiênciase,partilham forma, decerta meobrigamaestaraltamente e demúsico, sãomuitas cabeçasnovas todososanosquefalamcomigo, novas turmasdestaárea, poranoletivo. Somadoaotrabalhodeestúdio ensino eàgestãodomesmo, sendoresponsável porumamédiade10 Formado emSomemúsico, desdesempre, acaboporestarligadoao aparelhos eopiniõesdistintassobre oassunto “em cimadamesa”. SOM DE VÁLVULAS, TRANSÍSTORES OUDIRECTO? GUITARRA ESCOLHER? QUE AMPLIFICADORDE Na minhaárea, convivo comcentenasdemétodos, ideologias,

[TÉCNICODESOMEMÚSICO/ GESTOR PEDAGÓGICO DAS NAETIC] ÁREASDESOMEMÚSICA e nadamaisconta. olhos quandodá determinadanotaoudeterminado bending…éocerto, ingrediente, aqueleamplificador ouaquelaguitarra que vos faz fechar os pensem queovalormonetáriodeste género deobjetoséoprincipal pelo quesentemmusicalmente enunca peloquevêemoutros usar. Não Desta forma, omeuconselhopassapor fazerem asescolhassempre nos oferece equenostransporta. no fimdecontas, éofeeling, oqueimporta osentimentoqueamúsica para músico, degosto paragosto, degénero musical paragénero musical, musicais quesefazemasdiferenças paraumresultado final. Demúsico vive adiferença sonoradosamplificadores aválvulasedasescolhas perfeita quemepermitefortificar: édosdetalhesepersonalidadeque dois, serãoelesmelhores ainda?Estegénero dequestõesfazumaanalogia mas seexistemtantosguitarristas queconseguemtocarasmúsicas dos exemplo, seráoJoe Satrianimelhorguitarrista queoSteve Vai? Então, Entramos num limbodeideologias, formas depensar, gostos, etc... Por em frasescomo: “o queéobomsom”ou “este músicoémuito bom”. o queé “bom”? Narealidade, éumapalavra muito complicadadeseusar e pormenores quevive osomdeumbomamplificadoraválvulas. Agora, Para terminar, o “quente” quesefalaéreal, mascreio queédosdetalhes aparelhagem, convém teralgumcuidado, poisfazadiferença. milhares depessoasemqualquerano, qualqueraltura, qualquertipode estes pormenores, sóque, eouvidapor numa obraque seráimortalizada équesoebemeosensocomum nãoestápreocupadoimporta com não épreciso serpuristadosomparachegarlá. Narealidade, oque e sãocaptados os amplificadores aválvulas. Muitosnãoapercebem, mas logísticos). Jánoestúdio, vamosbuscaràorigem, porque existe diferença, país, easguitarras aovivo sãotocadasatravés desimuladores (pormotivos uma bandadetoponopanoramanacional, quepassamuito tempofora do saturação (analógica, nestecaso). Hápoucotempo, estive emestúdiocom instrumento, comoavoz. Vamos sentiroutraacústica, outro corpo, outra existirá, setiver destaquesolooudeúnicoacompanhamento aoutro se osomdaguitarra for relevante paraotemamusical e, certamente, de guitarra efontes sonoras, talvez nãoseperceba, masexistediferença distinguir asdiferenças e, nomixfinaldeumamúsicacheiaefeitos Um jovem músicooutécnicodesom, aindaemfasedeestudo, podenão música nãoéfeita decomparações, mas, sim, desensações. colocando maisuminstrumentoacústico, tudomuda defigura–uma vias daguitarra (adeválvulaseadireta), nãohágrandedistinção; agora, e umavoz, porexemplo. Ouseja, emcomparação A/B asolodasduas muita diferença. Quandofalodeváriosinstrumentos, bastaseraguitarra guitarra fluirentre osváriosinstrumentos damisturadeumamúsica, faz quando largamosobotãosolodonossoprograma deáudioedeixamosa estúdio eotempoparafazerumaboacaptação, nãocompensa. Agora, conta otrabalhoquedáterdisponível determinadoamplificador, irpara uma comparaçãodamesmamalhaemsolo, aperceção sonora, tendoem mas nãotantoassimasolo. E, aqui, istotorna-seconfuso: quandofazemos simulador domesmoamplificador foi muito notórianamisturadamúsica, e adiferença comaguitarra captadao emamplificadoraválvulaspara disponibilizaram oseutempoparafazermosaexperiêncianum tema, Tive detrabalharcomamigos emestúdio, aoportunidade queme um excelenteguitarrista. captação, num espaçofísicopropício, deumexcelenteamplificadorpor mais reais, emboraaindanãotenhamaqueledetalhedeumaexcelente cada vez maisomeuapreço, assimulações deamplificaçãoestãocada vez

13 14 OIÇAM LÁ ISTO AS ESCOLHAS DE... Demian Cabaud

1. MILES DAVIS LIVE AT THE PLUGGED NICKEL Estes discos marcaram-me muito pelo som e interação da banda, o sentido de direcção musical, a exploração e a personalidade vincada de cada um dos elementos e a inteligência com que gerem a energia e constroem os solos.

2. BILL EVANS PORTRAIT IN JAZZ O conceito do contrabaixo neste trio foi o que mais me marcou, a liberdade e o equilíbro entre acompanhar e ter uma abordagem mais melódica e solística. A música toma outra profundidade e outra dimensão quando o baixo não segura constantemente a harmonia. Marcante é também a articulação e o som do Evans.

3. OSCAR PETERSON WE GET REQUESTS Neste disco, como em muitos outros deste trio, o baixo e a bateria estão mesmo colados com um swing incrível. Ray Brown e Oscar Peterson a tocar à frente do beat e o Ed Thigpen a segurar a coisa… o equilíbro perfeito. Os recursos do Peterson são infindáveis.

4. LIVE O som do trio é único e ainda hoje, moderno. A interação entre eles e a abordagem descomprometida faz com que soe sempre fresco. O desenvolvimento motívico do Jim Hall nos solos é de uma profundidade incrível, e o conceito de tensão e resolução no acompanhamento da secção rítmica também.

5. PAUL BLEY FOOTLOOSE! As composições super originais e a abordagem do trio é única e marcou-me muito. Paul Bley no seu ponto mais alto, harmónica e melodicamente, Swallow no contrabaixo esta com alto som e ideias muito originais, LaRoca muito criativo e fresco. Outro trio que ainda hoje soa moderno.

6. KENNY BARRON & NIGHT AND THE CITY É um disco íntimo, num formato desafiante, o som e o lirismo do Haden, tanto nos solos como no comping é cativante. A consciência, simplicidade e honestidade em cada nota é sempre inspirador para mim, não ha gorduras, 100% saudável. O swing, as ideias e o som do Barron são muito atraentes.

7. JOHN COLTRANE FIRST MEDITATIONS Sempre me chamou a atenção o grande quarteto do Coltrane, cada elemento me influenciou de alguma maneira ou de outra. Os temas são lindos e, neste disco, profundo e espiritual, pode-se ouvir a intensidade dos solos do Coltrane nos últimos dois anos da sua vida, a tocar dentro e fora das harmonias e a criar momentos únicos de dramatismo. com o seu feel único, McCoy a acompanhar sempre com essa energia, e a âncora do grupo Garrison, com esse som profundo e obscuro, as semínimas dele são gigantes e, para mim, é a cola que faz com que o grupo soe coeso.

8. MASABUMI KIKUCHI SUNRISE O som e a articulação do Masabumi são muito originais e únicos, as ideias melódicas e o conceito de espaço são cativantes para mim. O trio tem uma linguagem própria, com uma maneira de interagir muito pessoal. Cada um deles inspirador no seu discurso e único...

9. CANNONBALL ADDERLEY QUINTET LIVE IN SAN FRANCISCO Swing. A secção rítmica perfeita para mim, e tocam no mesmo sítio do beat, nem atrás nem à frente, no meio e sem tensão, o conceito do groove à sério... Os temas são altamente e os solistas também. Cannonball com o seu tempo incrível e o seu discurso bem assente na tradição. Gosto da interação entre os sopros e da maneira como tocam juntos, como um timbra o som do outro.

10. KEITH JARRETT TRIO ALWAYS LET ME GO Adoro como o trio aborda a improvisação livre, o lirismo do Peacock, a criatividade do Jarrett e as orquestrações do DeJohnette. Gosto de como tomam tempo para desenvolver as ideias e os timbres. La musique de jazz, c´est comme les bananes, ça se consomme sur place. POST-IT Jean Paul Sartre, em Jazz 47 America MEMÓRIAS DO HCP

Por Inês Cunha A Association Francaise de Gramophilie publicou em 1947 um número especial da revista America, que pretendia “jeter les bases fondamentales de l´histoire, de l´esthétique e de l´évolution de cette forme musicale nouvelle, avec toute l´objectivité désirable.”

Esta edição reuniu contributos de grandes intelectuais, músicos, escritores e ilustradores da cena cultural francesa da época.

Textos de Jean Paul Sartre, Jean Cocteau, Boris Vian, André Hodeir, Charles Dealunay, etc., tornam esta revista um das peças mais interessantes da colecção de publicações periódicas do Hot Clube.

A ilustração da capa é de Charles Delaunay, e no interior encontram-se trabalhos de Fernand Léger e Labisse, ambos reconhecidos artistas da época.