1910-2010: Comunicação E Educação Republicanas
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1910-2010 COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO EPUBLICANAS Ana Teresa Peixinho ClaraR Almeida Santos COORDENAÇÃO IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA 2011 (Página deixada propositadamente em branco) D O C U M E N T O S EDIÇÃO Imprensa da Universidade de Coimbra URL: http://www.uc.pt/imprensa_uc Email: [email protected] Vendas online: http://www.livrariadaimprensa.com CONCEPÇÃO GRÁFICA António Barros INFOGRAFIA Carlos Costa R EVISÃO Maria da Graça Pericão ISBN 978-989-26-0106-9 © OUTUBRO 2011, IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA 1910-2010 COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO EPUBLICANAS Ana Teresa Peixinho ClaraR Almeida Santos COORDENAÇÃO IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA 2011 (Página deixada propositadamente em branco) 5 Sumário Preâmbulo ................................................................................................................... 7 Cristina Robalo Cordeiro Palavras Introdutórias ............................................................................................. 9 Ana Teresa Peixinho & Clara Almeida Santos 1. Os Homens e a República .................................................................................... 11 António José de Almeida: jornalista e político da República ............................................... 13 Luís Reis Torgal O projecto português dos Estados Unidos da Europa de Sebastião de Magalhães Lima ........ 59 Isabel Baltazar Os Exilados Republicanos: os grandes esquecidos .............................................................. 83 Heloisa Paulo O Esculpir da Ética Republicana na Relação Pendular entre Qualidades e Defeitos ............ 93 José Brás & Maria Gonçalves 2. Media e República .............................................................................................. 107 50 anos de Telejornal: da tranquilidade à vertigem dos acontecimentos: Análise da notícia de abertura do TJ (1959-2009) ................................................................................... 109 Felisbela Lopes, Manuel Pinto, Madalena Oliveira & Helena Sousa Gazetas Académicas e Estudantis na I República Portuguesa: vulgarmente efémeras mas recorrentes ............................................................................................................ 141 Ernesto Castro Leal A I República e os jornais: o mito da liberdade imprensa ............................................... 157 Mário Matos e Lemos O serviço público de rádio em transição: elementos para a história da Radiodifusão Portuguesa .................................................................................................................. 177 Sílvio Correia Santos & Isabel Ferin Cunha 6 A chegada da República à Província e o olhar da Imprensa Católica (Outubro de 1910 – Março de 1911). O caso de Viseu e do jornal diocesano A Folha ..................................... 199 Paulo Bruno Pereira Paiva Alves Os Direitos de Autor e a Educação na República Electrónica (Entre o Acesso e a Exclusão) ........................................................................................ 221 Alexandre Dias Pereira A Perspectiva do Partido Republicano Italiano Sobre a Revolução de Abril: o Entendimento do 11 de Março ........................................................................................................... 241 Marco Gomes Medicina, Farmácia e Publicidade: da I República ao Século XXI ................................... 259 João Rui Pita A imprensa estudantil vianense durante a 1ª República .................................................. 281 António Barroso Palestra de JK com Getúlio Vargas no Céu: leitura Verbo-Visual de um Folheto de Cordel Republicano ................................................................................................................ 297 Alberto Rolphe 3. República e Educação ........................................................................................ 325 A República - Revolução na Educação? ......................................................................... 327 António Simões Rodrigues, António Martinho & João Amado Práticas pedagógicas institucionais: subjectividade, normalização e o ideário de reeducação republicano ........................................................................................... 351 Bruno Diniz Fernandes A Escola Distrital de Habilitação para o Magistério Primário/Escola Primária Superior Albicastrense (1898-1926): retrato de um percurso ........................................... 371 Helder Henriques Biblioteca do Museu do Índio de Manaus ...................................................................... 389 Arlete Sandra Mariano Alves Baubier & Maria Amélia de Souza Reis 7 Preâmbulo A ideia de comunicação encontra‑se no coração do ideal republicano. Comunicação entendida, em sentido restrito, como informação, imprensa, media ou, mais ampla‑ mente, como transmissão, partilha e linguagem. Quando o jovem Espinosa escrevia, no seu Tratado da Reforma do Entendimento, que estava em busca de um “bem co‑ municável” a todos, dava já os primeiros passos no caminho que o havia de conduzir à sua teoria da Democracia, cuja finalidade última era levar a sermos “o mais nume‑ rosos possível a pensar o mais possível”. Mas é verdade que o que partilhamos com frequência não são verdades racionais mas paixões e ilusões. Ora, cabe aos jornalistas conscientes das suas responsabilida‑ des, aos jornalistas que sabem que são os verdadeiros educadores e formadores da opinião pública, cabe aos jornalistas fazer com que a inteligência e a cultura ganhem o combate contra a idiotice, a credulidade e a apatia, portas abertas a todas as tiranias. Se, como lembra o “Manifesto cívico pela moralização da República”, publicado em 5 de Outubro passado por um grupo de cidadãos vigilantes, se, e cito “Portugal corre o risco de cair nas velhas pechas de uma mentalidade passiva, adulterada pela sociedade de espectáculo permanente, sobre o pano de fundo da corrupção endémi‑ ca”, esta situação desastrosa é felizmente “denunciada pelos media, por virtude da liberdade de informação e de opinião – a principal conquista do 25 de Abril, tem de reconhecer‑se”1. É de facto nesta capacidade, nesta energia de denúncia que reside o principal mérito ético, levado por vezes ao heroísmo, do jornalismo. 1 Manifesto cívico pela moralização da República, Coimbra, 5 de Outubro de 2010, p.5. Mas o jornalismo deveria ter um outro mérito, corolário, o de assegurar a edu‑ cação para a cidadania que a Escola parece ter dificuldade, cada vez mais dificulda‑ de, em dispensar. A imprensa, nas suas diferentes formas (e são hoje numerosas) 8 deveria, com efeito, ter a preocupação de suprir o que esse manifesto designa como “uma carência de Abril: a Educação Cívica”. Pois não há República, em direito, sem virtude republicana: que o mesmo é dizer que muito temos ainda que fazer antes de atingir o ideal republicano. E é menos num tratado teórico ou num manual escolar do que na análise e na avaliação quotidiana dos acontecimentos e dos factos sociais que melhor pode operar‑se esta educação que tanta falta faz nos nossos dias. Não que o jornalista deva ser um censor ou um moralista: mas deverá, sempre que abre a boca ou o computador, recordar‑se que dele depende, em grande medida, que, no elemento comum da linguagem, a ideia do bem público leve a melhor sobre tudo o resto. Da ecologia à economia, tudo é avaliável em termos de bem público. E só, assim o esperamos, na redescoberta desse “bem público”, “bem comunicável a todos”, a terrível crise que atravessamos poderá ser ultrapassada. Por isso felicito, em nome da Universidade de Coimbra, o CEIS20 e o Grupo 5 – Estudos de Comunicação e Educação, coordenado pela Doutora Isabel Vargues, pela organização deste mais do que nunca oportuno encontro. Regozijo‑me ao ver alguns dos melhores especialistas, teorizadores ou profissionais, da comunicação trazer o seu precioso contributo a esta iniciativa que, sem dúvida alguma, tanto ou mais do que uma retrospectiva sobre o século passado, representa um acto cívico, um com‑ prometimento republicano. Cristina Robalo Cordeiro Vice‑Reitora da Universidade de Coimbra 21 de outubro de 2010 9 Palavras Introdutórias A educação, grande aposta dos republicanos, inspirava‑se nas conceções ilumi‑ nistas, na filosofia positivista e na própria dinâmica gerada pela Revolução Francesa dos finais do século XVIII. Ela era entendida como essência da sociedade, o único meio capaz de vencer o obscurantismo de uma sociedade desigual que parecia para‑ da no tempo e a ficar, cada vez mais, distanciada da Europa culta. Entende‑se, por isso, que os republicanos tenham projetado um sistema educati‑ vo e estratégias de combate ao analfabetismo como forma de vencer a inércia de uma sociedade profundamente iletrada. Tornava‑se necessário apostar na mudança das mentalidades para uma transformação estrutural da sociedade e, deste modo, ser possível dinamizar o aparelho produtivo, consolidar as instituições democráticas, agitar o tecido social substituindo o súbdito pelo cidadão. No seu ideal ético e utópico, conceberam e sonharam uma sociedade orientada por valores, que se queria mais livre, mais igualitária, mais aberta, mais tolerante, mais solidária, mais racional e mais laica a caminho da democracia. Simultaneamente, surge neste período de transição entre o século XIX e o século XX, uma imprensa de combate muito relevante, numa primeira fase no desmorona‑ mento da monarquia e, posteriormente, na divulgação dos ideais republicanos. Políticos, intelectuais, escritores, todos colaboravam na estruturação do discurso de imprensa, que