Universidade Federal De Santa Catarina Programa De Pós-Graduação Em Sociologia Política

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Universidade Federal De Santa Catarina Programa De Pós-Graduação Em Sociologia Política UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA POLÍTICA Silvana Maria Bitencourt CANDIDATAS À CIÊNCIA: A COMPREENSÃO DA MATERNIDADE NA FASE DO DOUTORADO Tese submetida ao Programa de Pós- Graduação em Sociologia Politica da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Doutorem Sociologia Política. Orientadora: Profª. Drª. Elizabeth Farias da Silva Florianópolis 2011 Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina B624c Bitencourt, Silvana Maria Candidatas à ciência [tese] : a compreensão da maternidade na fase do doutorado / Silvana Maria Bitencourt ; orientadora, Elizabeth Farias da Silva. - Florianópolis, SC, 2011. 344 p.: grafs. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política. Inclui referências 1. Universidade Federal de Santa Catarina - Pós-graduação. 2. Sociologia política. - Estudo e ensino (Pós-graduação). 3. Maternidade. 4. Mulheres. 5. Universidades e faculdades - Florianópolis (SC). I. Silva, Elizabeth Farias da. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós- Graduação em Sociologia Política. III. Título. CDU 316 Dedico este trabalho à minha mãe AGRADECIMENTOS À minha querida orientadora professora Dra. Elizabeth Farias da Silva por sua dedicação, respeito e cuidado durante o processo deste Doutorado. À professora Dra. Virgínia do Carmo Ferreira por sua orientação durante o estágio doutoral no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, por ter sido tão dedicada, objetiva e cuidadosa, respeitando as minhas inseguranças e dando-me abertura para contatar outras especialistas do tema que envolveu esta pesquisa. Às professoras Dra. Emília RodriguesAraújo e Dra. Maria Johanna Schouten, do Departamento de Sociologia da Universidade do Minho (UM), pela disposição de tempo para discutir o meu trabalho, especialmente a professora Emília, pelas referências sobre a fase do Doutorado em Portugal, compartilhando comigo sobre suas principais inquietações sobre a formação de pessoal pós-graduado na atualidade. À professora Dra. Gina Gaio dos Santos da Universidade do Minho, pela atenção e abertura para o diálogo sobre a proximidade temática que temos sobre nossos trabalhos de pesquisa. Às professoras e aos professores do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UFSC. À secretaria do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política: a carinhosa secretária Albertina, ao prestativo Otto e a divertida Fátima, por sempre estarem dispostas/os a atender-meda melhor forma possível. Às professoras Dra. Joana Maria Pedro e à professora Dra. Maria Ignez Paulilo, pelas coerentes críticas e pelas sugestões importantíssimas que fizeram na qualificação do projeto desta pesquisa. Às doutorandas e aos outros informantes desta pesquisa, pela disponibilidade, interesse e respeito que apresentaram diante desta pesquisa. À minha mãe Margarida Gomes, por sua generosidade e dedicação, por ter compreendido e respeitado a minha ausência para a escrita deste trabalho. À minha irmã Vanessa Gomes Bitencourt pelo diálogo terapêutico em momentos que eu insistia em olhar para trás, por medo das consequências das minhas escolhas. Ao meu irmão Ricardo Bitencourt, que por meio da arte, sempre me mostrou formas menos áridas de perceber a vida e as pessoas. À minha amiga, Elyane Rangel, por sua amizade dedicada, por nossas conversas sobre sua experiência em trazer tantos bebês ao mundo como obstetra proporcionando-me um entendimento preliminar sobre a maternidade. Com sua experiência com mães, provou-me que diferentes gerações podem, sim, trocar experiências e ter um diálogo respeitando e, muitas vezes, aprendendo com as particularidades de cada área de conhecimento. À minha amigona Ana Emília Cardoso por ter revisado este trabalho, no período de férias no insuportável calor de Porto Alegre, com sua pequena Anita às voltas, faço um agradecimento especial pela generosidade nestes anos de amizade. À minha querida amiga Valdete Boni por nossa amizade madura, nossos diálogos feministas fervorosos sobre carreira e maternidade e por ter me recebido de forma tão acolhedora durante meu estágio doutoral em um fim de semana na sua casa na Espanha. Ao meu divertido amigo Fernando José Taques por nossos ricos diálogos às margens do Mondego em Coimbra, regados muitas vezes pelos chás de tílias e por grande variedade de doces portugueses, que estimularam a produção de serotonina, tão abalada pela vivência da fase do Doutorado. À amiga Patrícia Rosalba Salvador Moura Costa por sua sincera amizade, solidariedade e principalmente sua objetividade de mestra ao dispor de seu tempo para ler este trabalho com todo seu cuidado e sua pontualidade de virginiana. À minha querida irmãzinha de alma, Luciana Butzke, por ser sempre tão solidária comigo e cuidadosa com nossa amizade, dispondo de seu tempo para escutar sobre este trabalho de pesquisa. À Cláudia Pozzi, pela super atenção auxiliando-me sobre os trâmites para estudar em Coimbra e sua atenção a todas as minhas solicitações via e-mails, que não foram poucas. À amiga Renata Orlandi, a Renatinha, por nossos diálogos sobre as eventualidades da vida no doutorado. À divertida Tais Evangelho, a Tatá, pelo início de uma amizade no espaço da BU escrevendo a tese. À minha querida amiga Sandra Mara Merisio pela amizade acolhedora, sincera e compreensiva, durante o doutorado. Ao amigo Rodrigo Lucas Dutra, especialmente ao auxílio com as tabelas dos requerimentos de postergação. Aos meus amigos e amigas da turma de doutorado: Giane, Melissa, Carmem, Eduardo, Tiago, Waldenésio, Marilise, Zilas, Elflay, Nivaldo, pela convivência no primeiro ano do Doutorado. Aos acolhedores, amigos e amigas do Centro dos Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em especial Beatriz Caitana, Carlos Nolasco e Maria Malcher. Ao CNPq, pelo auxílio financeiro, por meio da bolsa de estudos por dois anos. À CAPES, pelo auxílio financeiro, por meio da bolsa de estudos, para o estágio doutoral no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra . Para Sempre Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho. Carlos Drummond de Andrade (1985) RESUMO Historicamente, “ser mulher” esteve vinculado à maternidade. Ser mulher era ser mãe. E não havia espaço paramães na construção do conhecimento científico. Considerando a dimensão simbólica referente a subjetividade feminina, revolvi pesquisar as candidatas à Ciência a fim de compreender como as doutorandas percebem o significado da maternidade na fase do Doutorado. Especificamente: 1) Identificar a compreensão das doutorandas sobre a fase do Doutorado em relação à política da produtividade e 2) Identificar os significados da maternidade construídos na fase do Doutorado. A pesquisa foi qualitativa, com princípios da análise de conteúdo. O estudo foi do tipo multi-casos, com a técnica de coleta de dados e a entrevista semi-estruturada em profundidade. Foram objeto deste estudo 15 doutorandas da Universidade Federal de Santa Catarina nas áreas de Ciências Exatas, Ciências Biológicas, Ciências Humanas e Engenharias. Ainda para servir de apoio para este estudo, realizei observação participante nestas referidas áreas e análise documental de 152 requerimentos de prorrogação de tese. A fase do doutorado compreende diversas particularidades que dificultam a maternidade como: a pressão por produtividade que permeia o cotidiano destas acadêmicas, as complicadas conciliações entre doutorado/trabalho/família e a ausência de tempo para o lazer. Por isso, a maternidade é uma escolha “estranha”, pois o que vigora é um ideal de acadêmica solteira e sem filhos. Assim as acadêmicas sentem inseguranças/insatisfações por “viver de bolsa” e incertezas em relação ao futuro profissional, pois no exercício de auto- exigência, sentem-se que não estão atingindo o ideal de produtividade. Isto contribui para o surgimento de sofrimentos psíquicos e, consequementemente, o uso de psicotrópicos. A compreensão da maternidade é elaborada conforme a relação que a acadêmica vivencia com este estado. Para as acadêmicas sem filhos os significados da maternidade foram elaborados a partir de seus custos emocionais e materiais, da impossibilidade de conciliar maternidade e tese; por um ideal de família nuclear, a idade ideal para se ter filhos e a experiência negativa das “outras” mulheres que são mães . Entre as acadêmicas grávidas, os significados foram elaborados a partir dos sentimentos de ter levado um “choque” com a presença da maternidade em suas vidas, o sentimento de medo e culpa de não conseguir estudar. No estado gestacional, as doutorandas começaram a questionar as desigualdades de gênero na universidade, logo o feminismo liberal. Entre as doutorandas mães, os significados da maternidade foram elaborados a partir de um novo uso do tempo, do sentimento de responsabilidade total pelo filho, não negociação da presença do pai e a culpa em relação ao não corresponder ao ideal imposto socialmente para a mulher acadêmica. Palavras-chave : maternidade,
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    vindo do peito. E quero aceitar Minha liberdade sem pensar o que muito acham: que existir é coisa de doido, caso de loucura. Porque parece. Existir não é lógico. A ação desta história terá como resultado minha transfiguração em outrem e Minha Materialização enfiM em objeto. Sim, e talvez alcance a flauta doce eM que eu Me enovelarei eM Macio cipó. Mas volteMos a hoje. Porque, coMo se sabe, hoje é hoje. Não estão Me entendendo e eu ouço escuro que estão rindo de Mim eM risos rápidos e ríspidos de velhos. E ouço passos cadenciados na rua. Tenho uM arrepio de Medo. Ainda beM que o que eu vou escrever já deve estar na certa de alguM Modo escrito eM MiM. Tenho é que Me copiar coM uMa delicadeza de borboleta branca. Essa idéia de borboleta branca veM de que, se a Moça vier a se casar, casar-se-á magra e leve, e, como virgem, de branco. Ou não se casará? O fato é que tenho nas Minhas Mãos uM destino e no entanto não Me sinto coM o poder de livremente inventar: sigo uMa oculta linha fatal. Sou obrigado a procurar uMa verdade que Me ultrapassa. Por que escrevo sobre uMa jovem que nem pobreza enfeitada tem? Talvez porque nela haja uM recolhiMento e taMbéM porque na pobreza de corpo e espírito eu toco na santidade, eu que quero sentir o sopro do Meu aléM. Para ser Mais do que eu, pois tão pouco sou. Escrevo por não ter nada a fazer no Mundo: sobrei e não há lugar para Mim na terra dos hoMens.
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