Jun-Jul 2015
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MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO E SECRETARIA DA CULTURA APRESENTAM EDIÇÃO Nº 4, 2015 JUN-JUL 2015 JULIAN BLISS INTERPRETA O CONCERTO PARA CLARINETE, DE NIELSEN, SOB REGÊNCIA DE TITO MUÑOZ O QUARTETO OSESP INTERPRETA PEÇAS DE SALONEN, NIELSEN E BEETHOVEN GIANCARLO GUERRERO REGE O CONCERTO PARA VIOLÃO, DE VILLA-LOBOS, COM O SOLISTA MANUEL BARRUECO, E A CANTATA CRIOLLA, DE ESTÉVEZ, COM O CORO DA OSESP, O CORO ACADÊMICO DA OSESP E AS VOZES DE IDWER ALVAREZ E JUAN TOMÁS MARTÍNEZ O CORO DA OSESP INTERPRETA PEÇAS DE J.C. BACH, MELGAZ, MONTEVERDI E NUNES GARCIA, COM REGÊNCIA DE CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO JAVIER PERIANES INTERPRETA O CONCERTO PARA PIANO, DE RAVEL, COM REGÊNCIA DE THOMAS DAUSGAARD ORQUESTRA DE CÂMARA DA OSESP: RICARDO BOLOGNA REGE PEÇAS DE BRITTEN, TAKEMITSU, SANTORO E DVORÁK, COM A HARPISTA LIUBA KLEVTSOVA E A FLAUTISTA CLAUDIA NASCIMENTO THOMAS DAUSGAARD REGE SALOMÉ, DE STRAUSS, COM AS VOZES DE GUN-BRIT BARKMIN, DENISE DE FREITAS E STIG ANDERSEN JENNIFER KOH INTERPRETA THE SEAMSTRESS, DE ANNA CLYNE, SOB REGÊNCIA DE MARIN ALSOP O BARÍTONO MATTHIAS GOERNE INTERPRETA CANÇÕES DE GUSTAV MAHLER SOB REGÊNCIA DE MARIN ALSOP O CONCERTO Nº 2 PARA PIANO, DE CHOPIN, COM A SOLISTA EWA KUPIEC E REGÊNCIA DE GIANCARLO GUERRERO MÚSICA NA CABEÇA: THOMAS DAUSGAARD FALA SOBRE A MÚSICA DE NIELSEN CARL NIELSEN Desde 2012, a Revista Osesp tem ISSN, um selo de reconhecimento intelectual POR KARL AAGE RASMUSSEN 4 e acadêmico. Isso signif ca que os textos aqui publicados são dignos de referência na área e podem ser indexados nos sistemas nacionais e JUN JUN internacionais de pesquisa. 4,5,6 11 7 19 QUARTETO OSESP EMMANUELE BALDINI VIOLINO DAVI GRATON VIOLINO TITO MUÑOZ REGENTE PETER PAS VIOLA JULIAN BLISS CLARINETE ILIA LAPOREV VIOLONCELO TORU TAKEMITSU ESA-PEKKA SALONEN CARL NIELSEN CARL NIELSEN LUDWIG VAN BEETHOVEN LUDWIG VAN BEETHOVEN JUN JUN JUN 18,19,20 27 21 35 25,26,27 43 THOMAS DAUSGAARD REGENTE RICARDO BOLOGNA REGENTE STIG ANDERSEN TENOR THOMAS DAUSGAARD REGENTE CLAUDIA NASCIMENTO FLAUTA GUN-BRIT BARKMIN SOPRANO JAVIER PERIANES PIANO LIUBA KLEVTSOVA HARPA DENISE DE FREITAS MEZZO-SOPRANO RICHARD STRAUSS BENJAMIN BRITTEN CARL NIELSEN MAURICE RAVEL TORU TAKEMITSU MAURICE RAVEL CARL NIELSEN CLAUDIO SANTORO RICHARD STRAUSS ANTONÍN DVORÁK JUN JUL 28 51 2,3,4,5 57 CARLOS ALBERTO FIGUEIREDO REGENTE MARIN ALSOP REGENTE CORO DA OSESP JENNIFER KOH VIOLINO NAOMI MUNAKATA REGENTE CORO DA OSESP NAOMI MUNAKATA REGENTE JOHANN CHRISTOPH BACH DIOGO DIAS MELGAZ GIOVANNI GABRIELI CLAUDIO MONTEVERDI ANNA CLYNE JOSÉ MAURÍCIO NUNES GARCIA GUSTAV HOLST JUL JUL JUN AGO 9,10,11,12 65 23,24,25 73 30,31 1,2 79 GIANCARLO GUERRERO REGENTE ORQUESTRA SINFÔNICA MANUEL BARRUECO VIOLÃO DO ESTADO IDWER ALVAREZ TENOR DE SÃO PAULO 88 JUAN TOMÁS MARTÍNEZ BARÍTONO MARIN ALSOP REGENTE GIANCARLO GUERRERO REGENTE CORO DA OSESP MATTHIAS GOERNE BARÍTONO EWA KUPIEC PIANO NAOMI MUNAKATA REGENTE CORO DA OSESP 90 JOHANNES BRAHMS FRÉDÉRIC CHOPIN DIETRICH BUXTEHUDE GUSTAV MAHLER NIKOLAI RIMSKY-KORSAKOV HEITOR VILLA-LOBOS RICHARD STRAUSS ANTONIO ESTÉVEZ FUNDAÇÃO OSESP 93 PROGRAMAÇÃO SUJEITA A ALTERAÇÕES PROGRAMA SUA ORQUESTRA 97 PATROCÍNIO EXECUÇÃO APOIO REALIZAÇÃO VEÍCULOS PARA PATROCINAR E APOIAR A OSESP [email protected] 2 Descubra Revista OSESP.ai 1 07/05/15 13:37 MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO E SECRETARIA DA CULTURA APRESENTAM DESCUBRA A ORQUESTRA NA SALA SÃO PAULO CURSOS DE EDUCAÇÃO MUSICAL 2O15 CONCERTOS DIDÁTICOS E O Programa Descubra a Orquestra na Sala São Paulo promove ações educativo-musicais que ajudam na formação de crianças e adolescentes do ensino fundamental e médio, além de capacitar professores em apreciação musical. Para saber mais sobre o Programa, visite o site www.osesp.art.br ou P ligue 11 3367.9572 S PATROCÍNIO COPATROCÍNIO APOIO REALIZAÇÃO 3 4 CARL NIELSEN POR KARL AAGE RASMUSSEN 5 GRAVAÇÕES RECOMENDADAS uem é o compositor mais subestima- do do século xx? O crítico de música NIELSEN norte-americano Alex Ross fez essa ORCHESTRAL WORKS pergunta no seu popular blog, e ele Orquestra Sinfônica da Qmesmo deu a resposta: Carl Nielsen. “Músicos de Rádio Nacional Dinamarquesa orquestra confessam que tendem a resmungar um Gennady Rozhdestvensky, regente pouco quando Nielsen aparece em suas estantes; o CHANDOS, 1994 hábito do compositor de escrever notas furiosamente SYMPHONY Nº 4; HELIOS OVERTURE rápidas, e depois passá-las de uma seção para outra, Orquestra Sinfônica em estilo de revezamento, pode fazer até mesmo um da Rádio Sueca conjunto de virtuoses soar confuso. Os ouvintes, por Esa-Pekka Salonen, regente outro lado, frequentemente saem das execuções de CBS, 1989 Nielsen satisfeitos, mas um pouco atordoados, sem saber exatamente qual a placa do caminhão que os HELIOS OVERTURE; THE SYMPHONIES (3 CDS) atropelou. O poder rítmico de sua música é enorme Orquestra Sinfônica — a Sinfonia nº 4 - A Inextinguível é de um dinamismo da BBC Escocesa comparável apenas às sinfonias de Beethoven”.1 Orquestra Sinfônica de Lahti Para alguém que vem da Dinamarca, é difícil Osmo Vänskä, regente imaginar Carl Nielsen sendo subestimado: lá ele é BIS, 2010 o grande compositor nacional, sem nenhum rival por perto. Mas cada cultura precisa ser vista de VIOLIN CONCERTO; FLUTE CONCERTO; CLARINET CONCERTO (2 CDS) fora também e gravações feitas por grandes nomes internacionais revelaram aspectos da música do Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional Dinamarquesa compositor completamente diferentes dos que se Herbert Blomstedt, regente conhecia em sua terra natal. Arve Tellefsen, violino Seu perfil como compositor é único e as cate- Frantz Lemmser, f auta gorias de classificação habituais simplesmente não Kjell-Inge Stevensson, clarinete se aplicam. Talvez não haja paralelo na história da música: alguém que escreve sinfonias corajosamen- EMI CLASSICS, 1997 te inovadoras num dia e, no outro, simplesmente VIOLIN CONCERTO escreve canções com um apelo tão popular que se Orquestra Sinfônica Nacional tornam parte da identidade nacional. Dinamarquesa Os contrastes são onipresentes na música de Eivind Gullberg Jensen, regente Nielsen: das erupções sinfônicas às pequenas for- Vilde Frang, violino mas clássicas e aos labirintos circulares, das dis- WARNER CLASSICS, 2012 sonâncias chocantes às melodias cativantes para se cantar junto. Tradição e inovação colidem em suas obras tardias e, às vezes, a trajetória do compositor pode parecer errática. Mas Nielsen não abordava 1. Ross, Alex. “Nielsen Consensus”. Disponível em: www.therestisnoise.com/2005/04/nielsen_consens.html. 6 sua música de maneira intelectual: navegava somen- Toda figura pública “edita” partes de sua per- te com seu instinto criativo. E nenhuma outra pes- sonalidade. Quando Nielsen fala de si mesmo, ou soa em nenhum outro lugar poderia ter composto quando é discutido por seus contemporâneos, isso o que ele compôs. Ele deixou uma marca individual raramente ocorre sem que sejam feitas referências única em sua época, não para espelhá-la ou mudá- a seu histórico de filho de um trabalhador rural po- -la, só para torná-la mais rica. bre. Nielsen era modesto e simples, cheio de excen- A mitificação está inseparavelmente ligada à im- tricidades, um sujeito simpático de quem ninguém portância de Nielsen como ícone da nação — ele foi conseguia guardar rancor por muito tempo. “público” numa medida em que um compositor de Seu casamento com a escultora Anne Marie é música de concerto dificilmente poderia imaginar tanto uma história de amor entre dois artistas am- hoje e se tornou um símbolo pátrio, com seu retra- biciosos quanto um caso de história social. Exem- to enfeitando por muito tempo a cédula de maior plo precoce de artista feminina teimosa e ambicio- circulação na Dinamarca. sa, ela se casou com um homem cuja atitude básica De alguns anos para cá, a publicação de sua ex- em relação a gênero espelhava a da maior parte dos tensa correspondência com familiares e interlocu- homens da época e para quem o amor e a sexuali- tores contemporâneos contribuiu para que Nielsen dade não necessariamente andavam juntos. Anne fosse compreendido além da mitificação. Assim Marie sofreu terrivelmente com a infidelidade do como o rosto de alguém muda de aparência quando marido e o difícil equilíbrio entre trabalho cria- seu dono se torna mais familiar, a imagem do com- tivo e amor, mas continuou teimosamente fiel a positor foi se tornando mais matizada e, ao mes- si mesma e à sua arte. Quando ela interrompeu a mo tempo, mais contraditória — um ser humano relação por alguns anos, em 1916, Nielsen passou em fluxo existencial entre a confiança e a dúvida, a por dolorosas crises de autocrítica, num esforço emoção e o intelecto, o apetite sexual e o amor, a para conquistá-la novamente. impulsividade e o controle, o apelo popular e a alta Mas a música era maior do que ele, e os insights cultura. E, acima disso tudo, talvez algo que pode que teve a partir dessa separação parecem ter im- ser visto como o arquétipo do dinamarquês: alguém pactado sua vida e o modo como ele se via — assim pego entre a autoestima colorida pelo nacionalismo como a sombra no conto de Hans Christian Ander- e a autodepreciação por representar um país muito sen, que não só se separa de seu criador, mas o do- pequeno, de cultura frequentemente ameaçada — mina. Assim, o lema de Nielsen, “música é vida”, uma ambiguidade já percebida por Shakespeare em pode ter assumido um significado simples e tangí- seu retrato de Hamlet, o dinamarquês. vel: o processo de composição forneceu respostas “Quando tento escrever sobre mim mesmo, para desafios que a vida não podia responder. a tinta sai com dificuldade e se transforma numa A personalidade de Carl Nielsen pode parecer massa informe, minha caneta faz borrões”, obser- inescrutável, mas, como compositor, não há dúvida vou o compositor em 1926. No ano seguinte, lan- de que ele está entre os maiores.