Cesnors Contradições Na Cena Indie Da Rolling Stone
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TCC I – Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte – RS Departamento de Ciências da Comunicação CESNORS Curso de Comunicação Social – Jornalismo Centro de Educação Superior Norte- RS 04 a 08 de Janeiro de 2010 CONTRADIÇÕES NA CENA INDIE DA ROLLING STONE GUSTAVO FAREZIN Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social – Jornalismo como requisito para aprovação na Disciplina de TCC I, sob orientação do Prof. Carlos André Echenique Dominguez e avaliação dos seguintes docentes: Prof. Carlos André Echenique Dominguez Universidade Federal de Santa Maria Orientador Prof. Caroline Casali Universidade Federal de Santa Maria Prof. Luis Fernando Rabello Borges Universidade Federal de Santa Maria Prof. José Antônio Meira da Rocha Universidade Federal de Santa Maria (Suplente) Frederico Westphalen, 6 de Janeiro de 2010 1 TCC I – Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte – RS Departamento de Ciências da Comunicação CESNORS Curso de Comunicação Social – Jornalismo Centro de Educação Superior Norte- RS 04 a 08 de Janeiro de 2010 Contradições na Cena Indie da Rolling Stone RESUMO Este trabalho de pesquisa tem o objetivo de analisar os discursos jornalísticos das notícias da revista Rolling Stone para com a cena musical Indie . Esta cena é, originalmente, um contexto cultural urbano de rock alternativo . Com seu aparecimento no mainstream , ela ganha visibilidade nas páginas das revistas especilizadas e assim começam a aparecer outras características (independente) e bandas de diferentes gêneros musicais. Na Rolling Stone, notamos em nossa análise uma grande variedade de bandas encaixadas nesta cena dentro dos discursos culturais presentes na publicação. Tendo em vista que a definição da cena Indie está em voga, notamos a necessidade da análise do discurso dos textos presentes nesta revista que é a principal formadora de opinião do meio musical pop/rock . PALAVRAS-CHAVE: Estereótipos; Rock ; Rolling Stone ; Indie ; Análise de Discurso. INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem o objetivo de demonstrar a existência de contradições discursivas adotadas pela revista Rolling Stone (RS) no tratamento de conteúdos sobre música na revista, colocando em debate a definição o que é a cena Indie nas doze primeiras edições da revista no Brasil, desde outubro de 2006 até setembro de 2007. Este trabalho nasceu com o propósito de analisar a rotulagem de bandas na RS. Notamos, porém, que existe uma confusão com as denominações indie, ao analisarmos fielmente origem desta cena. A importância social, econômica, política e cultural do fenômeno que estamos investigando é tanto para as bandas que fazem parte desta cena quanto para o público específico que consome este produto cultural. “'Você pode teorizar o quanto quiser sobre o rock and roll , mas ele é essencialmente uma coisa não intelectual. É música e só!’ Jann Wenner, editor-fundador da revista Rolling Stone ” (FRIEDLANDER, 2002, contracapa). Contrariando a sentença de Wenner, tentaremos tornar o 2 TCC I – Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte – RS Departamento de Ciências da Comunicação CESNORS Curso de Comunicação Social – Jornalismo Centro de Educação Superior Norte- RS 04 a 08 de Janeiro de 2010 rock and roll um objeto teórico dentro do universo da comunicação e do jornalismo em revista . Este estilo irreverente de música é o mais popular deste século. Começou nos anos 50 como uma cultura alternativa, invadiu as casas das famílias e mudou o jeito de se ouvir a música, tornando- se assim uma dualidade chamada pop/rock . Pop, por que é visto como uma mercadoria produzida sob pressão para se ajustar à indústria do disco e rock por que possui raízes musicais e líricas derivadas de sua era clássica. (FRIEDLANDER 2002, p. 12). Em sua gênese tudo parecia mais simples, pois “a canção significava o que o artista dizia” (FRIEDLANDER 2002, p. 18). Posteriormente, os estudiosos decidiram que analisar a música é um trabalho que deveria ser visto no contexto da história pessoal do artista e da relação da música com a sociedade que o cercava (ou o contexto social). O significado da canção, deste modo, seria diferente dependendo de quem a estivesse escutando, além disso, a imagem e atuação no palco poderiam ser mais significativas que as letras. Para alguns ouvintes, a música servia apenas de fundo, mas para outros, como os grupos subculturais da contracultura dos anos 60, os punks dos anos 70 ou os metaleiros dos anos 80, “os quais estão inseridos em um gênero musical particular e para quem a música oferece um conhecimento significativo e identidade” (FRIEDLANDER 2002, p. 17), a música tornou-se uma espécie de ideologia. Originalmente pertencente a um contexto cultural urbano de rock , a cena indie surgiu sob influências variadas. A característica mais notável é a atitude “faça você mesmo” , herdada dos punks. Os principais marcos identificáveis e divisórios da história do rock são: primeiro 1954-1955 – a explosão rock’n’roll clássico; segundo 1963-1964 – a invasão inglesa; terceiro 1967 – 1972 – a era de ouro (o amadurecimento sincrônico de artistas de vários gêneros, incluindo a primeira invasão inglesa, o soul, o som de San Francisco e a ascensão dos reis da guitarra); quatro, 1968-1969 – a explosão do hard rock; e quinto, 1975 – 1977 – a explosão do punk. (FRIEDLANDER: 2002 p. 18). A palavra indie é uma gíria criada pelos britânicos nos anos 80 para batizar os artistas que se comportavam e faziam músicas alternativas. A atitude de gravar independentemente de grandes gravadoras, surgida recentemente, automaticamente tornou as bandas desse nicho 3 TCC I – Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte – RS Departamento de Ciências da Comunicação CESNORS Curso de Comunicação Social – Jornalismo Centro de Educação Superior Norte- RS 04 a 08 de Janeiro de 2010 undergrounds 1 e alternativos, pois quem gravava individualmente possuia estas características. Então, ao julgar de indie, um artista, significa dizer que ele é ou underground ou alternativo ou independente. Para se ter uma ideia, a música alternativa é mais velha e mais próxima de nós do que parece: Ao mesmo tempo em que a música pop das paradas de sucesso dominava o mainstream musical americano em meados dos anos 50, os jovens tinham a oportunidade de escutar uma nova e vibrante música underground chamada Rock and Roll . Esta música se desdobrou em duas gerações. (FRIEDLANDER 2002, p. 23). O rock and roll , portanto, nasceu Indie , mas ao desenvolver-se e ficar conhecido no mainstream 2, perdeu o rótulo. Quanto ao que significa ser alternativo para a época em que a música é concebida, Friedlander aponta para a questão “enxergar o que é não ser alternativo”. Para avaliarmos se o comportamento, músicas, letras e vestimentas, contêm elementos alternativos é importante percebermos se isto é normal para o período - o contexto social. “O clássico dos Rolling Stones, Let’s Spend the Night Togheter , por exemplo, foi polêmico em 1967, mas teria sido uma blasfêmia em 1957, e ainda, passaria despercebido em 1977”. (FRIEDLANDER 2002, p. 20). O marco do nascimento 3 da cena indie no mainstream foi o álbum Is This It , de 2001, da banda norte americana The Strokes. Os Strokes alcançaram grande sucesso comercial lançando-se diretamente para gravadoras de grande porte, embora a identidade alternativa deles não se 1 Underground ("subterrâneo", em inglês) é uma expressão usada para designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e que está fora da mídia. Muito conhecido como Movimento Underground ou Cena Underground . (http://pt.wikipedia.org/wiki/Underground, acesso em 11/12/09). 2 Mainstream (em português corrente principal ) é o pensamento corrente da maioria da população. Este termo é muito utilizado relacionado às artes em geral (música, literatura, etc). Algo que é comum ou usual; algo que é familiar às massas; algo que está disponível ao público geral; algo a que tem laços comerciais; (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mainstream, acesso em 11/12/09). 3 Aqui nasce o grande paradoxo Indie/Pop . Como pode ser alternativo, aquilo que está numa revista Pop? 4 TCC I – Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte – RS Departamento de Ciências da Comunicação CESNORS Curso de Comunicação Social – Jornalismo Centro de Educação Superior Norte- RS 04 a 08 de Janeiro de 2010 perdesse. O comportamento, vestimenta e letras continuaram alternativos, isto fez com que a banda, mesmo com o sucesso de público e grande repercussão na mídia, fosse considerada indie . Há uma grande diferença, segundo Friedlander (2002, p.. 21) entre sucesso artístico e sucesso comercial, que ele chama de Status Roseburg 4. Além disso, para descobrir o efeito que a música causa na pessoa Friedlander (2002, p.. 18) criou um “modelo anatomicamente perfeito”, em uma estrutura de boneco dividida em: “Cérebro (intelectual), Coração (emocional), Genitália (sexual), Pés (dança/movimento)”, para saber o efeito da música rock nas pessoas. 5 REFERENCIAL TEÓRICO Para falarmos da revista Rolling Stone é necessário que mergulhemos no seu contexto discursivo e jornalístico. A Rolling Stone é a revista de crítica musical mais popular do planeta. Jann Wenner, fundou-a em 1967 para ser uma revista dedicada à contracultura hippie da década, com o tempo e a evolução das comunicações e logísticas, Jann fez dela uma revista pop . A Rolling Stone traz em seu conteúdo o jornalismo cultural, nome que recebe a especialização da 4 “Roseburg , uma cidade no oeste de Oregon , tinha aproximadamente 20mil habitantes e uma estação de rádio que tocava as músicas de maior sucesso nas paradas durante os anos 60. Nós elaboramos uma hipótese que, se uma canção fosse tocada na rádio Roseburg , ela teria penetrado suficientemente no mercado comercial para estar disponível para os ouvintes e compradores do resto dos Estados dos Unidos.