Universidade Federal de - UFMG www.ufmg.br e-mail: [email protected] No 1.287 - Ano 26 - 9.8.2000

UFMG entrega novo espaço cultural a Belo Horizonte

O Conservatório UFMG, localizado no antigo prédio da Escola de Música, no centro da cidade, abre as portas para o público nesta sexta-feira, dia 11. Minuciosamente reformada, a cons- trução, erguida em 1926, recebeu ma- teriais de alta qualidade, além de téc- nicas modernas de tratamento acústi- co e difusão de informações. No local, os belo-horizontinos poderão confrater- nizar-se e visitar exposições, assistir a saraus musicais, espetáculos, palestras, e participar de cursos de extensão e de aprimoramento profissional ou acadêmico. Segundo a vice-reitora Ana Lúcia Gazzola, a Universidade está retoman- do um espaço destinado à cultura com características inéditas e que funciona- rá como embrião do futuro Museu da instituição. Guinfs Páginas 4 e 5 Conservatório: restauração preserva características originais da construção

Especialistas de 50 países debatem desenvolvimento sustentável

Página 6 Opinião Soberania rima com ciência e tecnologia*

Sérgio Rezende* *

economia dos Estados Unidos da energia elétrica para iluminação e para Apesar das crises do setor, o grande cresce há uma década, ofertas inúmeras outras aplicações domésticas e trunfo com que o Brasil conta hoje para A de emprego surgem por todos industriais. mudar seu patamar de desenvolvimento os lados, o PIB passou dos US$ 7 tri- Com eles, apareceram os primeiros é o contingente de mais de 40 mil cien- lhões, tornando-se dez vezes maior que empreendedores em tecnologia. Alexan- tistas e engenheiros de alto nível, for- o do Brasil. Enquanto isso, aqui o de- der Bell inventou o telefone e, para mando um complexo sistema de C&T, semprego atinge níveis recordes, a crise explorá-lo comercialmente, criou a AT&T. que é, de longe, o maior e mais qualifi- social é a mais grave que já presencia- Thomas Edison inventou a lâmpada elé- cado da América Latina. O problema é mos, e nossa economia está cada vez trica e o microfone de carvão para tele- que, além da crônica falta de verbas fe- mais dependente do capital externo, fones, e criou a RCA. Bell e Edison não derais, o sistema de C&T formou-se sem apesar da inflação controlada. eram cientistas, mas sabiam que, sem articulação com políticas públicas e com O que espanta é perceber que os ciência, suas empresas não poderiam o setor produtivo, que não demandam dois países, com áreas e recursos natu- competir e ganhar mercados. A AT&T e o conhecimento e os recursos humanos rais comparáveis, colonizados na mes- a RCA criaram centros de pesquisa e que o país é capaz de produzir. ma época pelos europeus, chegam ao contrataram os primeiros PhDs forma- Nunca tivemos políticas setoriais terceiro milênio com tamanha discre- dos em Harvard, MIT, Yale etc. consistentes e duradouras, capazes de pância entre as condições de vida de A história da formação dos políticos promover essa articulação e estimular a suas populações. e empresários no Brasil foi muito dife- inovação nas empresas, única forma de Hoje ninguém questiona que um rente. Em 1750, o país era dirigido por garantir condições de competitividade dos fatores dessa diferença é a tecno- governadores-gerais, ou vice-reis, que no mundo atual. Está na hora de mu- logia: os americanos a têm e nós não. se revezavam no poder protegendo dar! A Reunião Anual da SBPC realizada Mas isto tem explicação. Eles começa- seus interesses pessoais e mantendo a em Brasília há poucos dias serviu para ram a fazer ciência há muito tempo. colônia submissa. Nossos colonizado- dar visibilidade ao setor de C&T. Em torno de 1750, quando a ciência res não permitiam que aqui houvesse Os países que não tiverem políticos e parecia restrita à Europa, Benjamin tipografias para imprimir panfletos, jor- empresários que compreendam a impor- Franklin já realizava experiências com nais ou livros, veículos essenciais para tância deste setor dificilmente consegui- eletricidade e contribuía para a desco- educação e difusão de idéias. Cem anos rão romper a barreira da dependência e berta das leis de conservação de car- depois, ainda vivíamos uma monarquia do subdesenvolvimento. O Brasil preci- gas elétricas. Ele tornou-se o primeiro escravocrata. sa, mais do que nunca, de um projeto físico americano e também teve im- Nossos empresários eram os usineiros nacional de desenvolvimento que inclua portante atuação política. Foi deputa- de cana-de-açúcar, os barões do café e os educação, ciência e tecnologia entre os do da Assembléia da Filadélfia, fundou fazendeiros de cacau, que dominavam a seus pilares. um jornal e um almanaque para difun- política, protegendo os interesses da elite A ciência não é a solução para os dir idéias libertárias e foi um dos reda- e atuando em sintonia com os novos do- problemas do país, porém não haverá tores da Declaração da Independência nos do capital internacional. Não existiam solução para nossos problemas sem a do país, em 1776. universidades, nem um sistema amplo de ciência. Mais precisamente, sem ciência Cem anos depois, os EUA já eram ensino básico, nem indústrias nacionais. e tecnologia, dificilmente teremos de- uma república federativa independente, Nossa primeira Universidade, a USP, só vi- senvolvimento com soberania. soberana e em rápido processo de in- ria a ser fundada em 1934. dustrialização. Os cientistas americanos O País só despertou para a ciência realizavam experiências pioneiras e dis- após a Segunda Guerra. O ensino de putavam grandes descobertas com os pós-graduação foi institucionalizado na europeus. Eles contribuíram muito para década de 60. O sistema de financia- * Publicado no “Jornal do Commercio”, de o desenvolvimento do eletromagne- mento da pesquisa e formação de pes- , em 22/07. tismo na segunda metade do século soal ganhou dimensão nos anos 70, ** Ex-secretário de C&T e Meio Ambiente de 19, que levou à invenção do gerador e mas passou a sofrer crises freqüentes a e professor de Física da Universi- do motor elétrico, viabilizando o uso partir dos anos 80. dade Federal de Pernambuco (UFPE)

Esta página é reservada a manifestações da comunidade universitá- enfoque não particularizado. Deverá ter de 4.000 a 4.500 caracteres ria, através de artigos ou cartas. Na falta destes, o BOLETIM encomenda (sem espaços) ou de 57 a 64 linhas de 70 toques e indicar o nome com- textos ou reproduz artigos que possam estimular o debate sobre a uni- pleto do autor, telefone ou e-mail de contato. A publicação de réplicas versidade e a educação brasileira. Para ser publicado, o texto deverá ver- ou tréplicas ficará a critério da redação. As opiniões expressas nos textos sar sobre assunto que envolva a Universidade e a comunidade, mas de são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

2 9.8.2000 Boletim UFMG Universidade cria programa para assistir demitidos da Fump

Alexandre Reis de Miranda

Pró-Reitoria de Recursos Humanos lançou o Programa Voluntário de Fundação Demissão Assistida, que busca alternativas para a reinserção no mer- já não administra A cado de trabalho de 39 funcionários demitidos da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump). O desligamento aconteceu em julho, depois que a restaurante e cantinas Fundação deixou de gerenciar o restaurante e a cantina da Praça de Serviços e as do ICB, Fafich e ICEx. A Fundação Universitária Mendes A Universidade resolveu bancar a iniciativa, mesmo não tendo vínculos jurí- Pimentel (Fump) não administra mais o dicos com os funcionários, contratados por uma entidade de direito privado, a restaurante e as cantinas da Praça de Fump. “Não havia uma ligação jurídica, mas Serviços e do ICB. O Serviço Nacional eles efetivamente participavam da comuni- de Aprendizagem Nacional (Senac) as- dade universitária”, justifica o pró-reitor de sumiu a gestão do restaurante e da Foca Lisboa Recursos Humanos, Reinaldo Muniz. A idéia cantina da Praça, enquanto a empresa é que o funcionário continue mantendo Puras passou a ser responsável pelo uma relação institucional com a UFMG até atendimento no ICB. O Senac e a Puras conseguir outro emprego. “A intenção é estão explorando os espaços até ser ajudá-lo a superar esse momento difícil”, diz concluído o processo licitatório que irá Muniz, informando que a Universidade gas- definir as empresas responsáveis pelo ta cerca de R$ 300 com cada empregado atendimento em definitivo. As canti- vinculado ao Programa. nas do ICEx e Fafich também não são A iniciativa atua em duas vertentes. A mais administradas pela Fump. No primeira trabalha na perspectiva de ICEx, a direção optou por oferecer um reinserção do trabalhador ao mercado, atendimento alternativo com base nos contanto, para isso, com o apoio de institui- recursos da própria Unidade, enquan- ções como a Fundep, Senac, Sine, Agit e to a da Fafich estuda uma fórmula Muniz: relação institucional Sebrae. O outro braço busca a requalificação para atender os estudantes até o des- dos profissionais. Já foram realizadas reuniões para orientar os servidores sobre fecho do processo. elaboração de Curriculum Vitae e maneiras de se portar em entrevistas. Está pre- Já o modelo de gestão dos restau- vista, até o final desta semana, a realização de cursos sobre mercado, desempre- rantes universitários (RUs) – Setorial II e go, como investir dinheiro, postura frente ao mercado, como montar negócios e Ocre, no campus Pampulha, e os das avaliação de potencialidades individuais. Cerca de 30 funcionários participaram faculdades de Farmácia, Direito e Medi- das primeiras reuniões, um número considerado expressivo pelo professor Muniz, cina e Escola de Engenharia – será deci- já que a adesão ao Programa é voluntária. dido pelo Conselho Universitário. Se- A intenção da Fump, ao deixar de administrar as cantinas, é concentrar esfor- gundo o presidente da Fump, Alfredo ços na assistência econômica, cultural e acadêmica dos estudantes. Segundo a Gontijo, três opções serão discutidas. A assistente social da Fundação, Marta Guimarães, alguns programas já estão sendo primeira é a mera substituição da Fun- reestruturados, principalmente na área de saúde, subvenção e patrocínios. dação por uma empresa privada na ges- Novos projetos Foca Lisboa tão dos restauran- que compõem o tes. Como segunda chamado Fump alternativa, será es- 2000 ainda tudada a “quar- aguardam a apro- teirização” do servi- vação do Con- ço – uma empresa selho Diretor da seria contratada pela entidade. própria Fump para prestar o atendi- mento. Já a terceira proposta seria a continuidade da gestão dos restau- rantes pela própria Fump. “Mas, nesse caso, haveria uma Gestão dos restau- completa reestru- rantes será decidida turação gerencial”, pelo Conselho diz Gontijo. Universitário

Boletim UFMG 9.8.2000 3 Guinfs Conservatório é vitrine da produção artística e cultural da UFMG Antiga sede da Escola de Música foi restaurada para abrigar atividades que estimularão o convívio e a troca de experiências entre os freqüentadores

funcionará um restaurante/bistrô, uma loja da Editora UFMG e o futuro Museu da Universidade, que abrigará o acervo artísti- co da instituição, como as coleções Brasiliana e Sociedade Amigas da Cultura. A idéia é transformar o local em ponto de encontro e discussões sobre o mundo da cultura.

Inovações tecnológicas Uma das maiores novidades do Conservatório UFMG fica por conta das inovações tecnológicas, que em nada descaracterizam o estilo arquitetônico do prédio. Telecon- ferências, por exemplo, poderão ser realizadas com facilidade por especialistas de diversas áreas. Isso será possível tanto pela localização do prédio, como pela nova estrutura técnica que comporta: recursos especiais como o isolamento acústico, que impede a interferência de ruídos naturais da avenida, e a im- plantação de modernos sistemas de transmissão de dados Conservatório UFMG: encontro da arte com a cultura através de linhas de telefonia digital. Na construção do novo Conservatório, cujo projeto foi co- esta sexta-feira, 11 de agosto, a Universidade entrega ordenado pelo professor Gaston Oporto, da Escola de Arquite- a Belo Horizonte um importante espaço cultural. Re- tura, cada detalhe exigiu atenção especial. Foram buscados os formado em harmonia com as características originais modelos de pisos, telhas, esquadrias, materiais e técnicas utili- N zados no início do século. No total, o custo de implantação da construção, inaugurada em 1926, o Conservatório UFMG, que antes abrigava a Escola de Música, é de novo um ambiente do Conservatório, incluindo restauração e mobiliário, é de para o encontro da arte com a cultura. As dependências do aproximadamente R$ 1,5 milhão, financiados pela Fundep. prédio, reformadas minuciosamente, receberam materiais de alta qualidade, além de técnicas modernas de tratamento acústico e de difusão de informações. Tudo para que o públi- co mineiro possa se confraternizar e visitar exposições, assistir a saraus musicais, espetáculos, palestras, e participar de cursos de extensão e de aprimoramento profissional ou acadêmico. “Estamos entregando um espaço maravilhoso à popula- ção. É uma experiência nova que, além de difundir a imagem e a produção da UFMG, servirá de referência às pessoas que se interessam pela cultura e pela boa arte”, ressalta o gerente do Conservatório, Rogério Saleme. Além de agradável aos olhos de quem passa pela avenida Afonso Pena, o antigo pré- dio da Escola de Música é, a partir de agora, sinônimo de re- quinte e valorização do espaço. O interior do edifício principal, uma área de cerca de 1.500 metros quadrados, concentrará ambientes com diversas finalidades. Trata-se de dois auditórios que comportam, jun- tos, mais de 200 pessoas, dois ambientes para exposições (leia boxe), além de quatro salas destinadas a cursos de extensão gerenciados pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep). Essa iniciativa, aliás, será uma das principais fontes de recursos do Conservatório UFMG. Além do aluguel das sa- las de aula para debates e conferências, serão oferecidos cur- sos nas áreas financeira e cultural, que tratarão de temas como história da arte, gestão empresarial, música, literatura e informática. Ambientes O novo espaço cultural de Belo Horizonte contará, ainda, foram com ambientes que estimulam o convívio e a troca de expe- restaurados em riências entre os freqüentadores. No pátio interno do Conser- seus mínimos vatório está sendo construído um prédio de três andares, onde detalhes Guinfs

4 9.8.2000 Boletim UFMG Conservatório é vitrine da produção artística e cultural da UFMG Antiga sede da Escola de Música foi restaurada para abrigar atividades que estimularão Acervo o convívio e a troca de experiências entre os freqüentadores ganha abrigo Paulo Baptista

Os dois espaços do Climatização inovadora Conservatório reserva- dos às exposições abriga- Um sistema utilizado no Conservatório UFMG re- rão parte do importante flete a excelência da Universidade numa área até agora acervo de obras de arte e pouco desenvolvida no Brasil. Coordenada pelo profes- documentos de valor his- sor Luiz Antônio de Souza, da Escola de Belas-Artes, tórico e cultural da Uni- uma equipe de seis profissionais – dois arquitetos, um versidade. O público terá engenheiro mecânico, um civil, um elétrico e um cien- acesso à exposição per- tista da conservação – criou um projeto de climatização manente dos quadros da inovador no Brasil. “No país, geralmente, não há asses- Paisagem com Cachoeira, de Friedrich Hagedorn, coleção Brasiliana, que soria adequada. As empresas de ar-condicionado não pertencente à Coleção Brasiliana pertence à Universidade, têm experiência para trabalhar com museus”, afirma o ou a mostras temporárias professor Souza. de outras coleções, como a da Amigas da Cultura, produções científicas ou equipa- O trabalho desenvolvido pela equipe aprimora o mentos das unidades acadêmicas. Criada pelo reitor Francisco César de Sá processo de conservação de obras de arte. As peças e Barreto, a Comissão de Política de Acervos tem catalogado as obras artísticas quadros são mantidos na temperatura e umidade ideais. pertencentes à instituição. O sucesso do trabalho dos profissionais no prédio ser- Mais valioso acervo de obras de arte e documentos luso-brasileiros da Univer- viu para estabelecer um grupo que, pouco a pouco, está sidade, a Galeria Brasiliana foi doada à instituição em 1966 pelo presidente dos Diá- ganhando experiência e desenvolvendo iniciativas pio- rios Associados, Assis Chateaubriand. A coleção compõe-se de vários objetos de neiras em território brasileiro. A Mostra do Redes- arte, livros e documentos raros, incluindo preciosidades como as dez aquarelas do cobrimento – Brasil + 500, em São Paulo, por exemplo, alemão Friedrich Hagedorn que retratam o em meados do século 19. contou com a consultoria do professor Luiz de Souza, Dentre os documentos raros, destacam-se o testamento de 1533 de Martim responsável também pela climatização e transporte da Afonso de Souza, capitão-mor da primeira expedição colonizadora do Brasil e uma carta de Pero Vaz de Caminha. série de autógrafos originais das monarquias portuguesa e brasileira. “Além dos documentos e livros raros, existem objetos de prata e esculturas, tanto do perío- do colonial quanto do século 19, que são de grande interesse por documentarem a hibridez da formação artística do Brasil”, esclarece o professor Marco Elizio de Paiva, curador da mostra. Também no Conservatório será exposta a coleção de Arte Contemporânea, doada à Universidade em 1970 pela Sociedade Amigas da Cultura. A doação foi feita Telas também são restauradas com o propósito de colaborar para o fortalecimento do acervo do futuro Museu UFMG. As mais de 100 obras são, em grande parte, de artistas mineiros. “Para esta exposição priorizamos os mineiros, destacando algumas facetas da variada e O maior auditório do Conservatório UFMG, com ca- explosiva criatividade dos anos 60”, explica Elizio. O que, no entanto, não impe- pacidade para 170 pessoas, foi revitalizado graças ao tra- diu a inclusão de dezenas de peças e quadros de outros brasileiros e estrangeiros balho do Centro de Conservação e Restauração de Bens igualmente importantes. Culturais Móveis (Cecor), da Escola de Belas-Artes. As telas que ficam nas paredes do local, inspiradas na ópera Tiradentes, de Augusto de Lima, foram reformadas pelos profissionais do Cecor. A maior delas, um óleo sobre tela de 18 metros quadrados, localiza-se no fundo do palco e foi pintada em 1926 por Antônio Parreiras, artista natural de Niterói. A restauração do quadro foi feita entre agosto de 1999 e fevereiro de 2000, durante as aulas coordenadas pela professora Anama- ria Neves. Outros 13 quadros de menor porte passaram pelos criteriosos processos de restauração do Cecor. Óleos sobre tela, de autoria do filho de Antônio Parreiras, Dakir Parrei- ras, as obras foram reformadas de janeiro a julho de 1999 por uma equipe de dez alunos do XIII Curso de Especialização em Conservação e O auditório principal é decorado com quadros que retratam a ópera Tiradentes, de Augusto de Lima Restauração da Escola de Belas-Artes. Guinfs

Boletim UFMG 9.8.2000 5 Encontro internacional discute futuro do Planeta

Alexandre Reis de Miranda

aqui a 35 anos, o Planeta dos Unidos, e do brasileiro terá maior atividade eco- Walter Leal Filho, presidente do D nômica e a população Comitê de Meio Ambiente dos será o dobro da atual. Tudo isso Países Bálticos, com sede na Ale- num cenário de escassez de re- manha. cursos, tanto renováveis quanto Serão discutidos temas liga- não-renováveis. A previsão é dos dos à indústria e meio ambien- organizadores do 5th International te; recuperação de áreas degra- Symposium on Environmental dadas; desenvolvimento susten- Geotechnology and Global tável e políticas ambientais; de- Sustainable (5º Simpósio Inter- senvolvimento urbano; sistemas nacional de Geotecnologia Am- de disposição de resíduos e biental e Desenvolvimento Sus- rejeitos e técnicas de detenção, tentável Global), que acontece transporte e destino de conta- de 17 a 23 de agosto, em Belo minantes. Também acontecerão Horizonte. 12 cursos de curta duração na O objetivo da quinta edição Escola de Engenharia, voltados do evento, preparada há quatro para o treinamento de profissio- anos pela Escola de Engenharia, nais que atuam junto ao meio é popularizar as discussões so- ambiente, e mesas-redondas, bre a degradação do meio am- com destaque para a que avalia- biente, segundo a professora do rá os desafios de se atingir o de- Departamento de Engenharia de senvolvimento sustentável no Transporte e Geotecnologia e Organizado pela Escola de caso do Brasil. coordenadora do simpósio, Engenharia, evento debate O 5th International Symposium Terezinha Cássia Galvão. “Os re- questões ligadas ao on Environmental Geotechnology cursos necessários à sobrevivên- and Global Sustainable é coorde- cia das gerações futuras já estão desenvolvimento sustentável nado pela Escola de Engenharia, superexplorados. Cabe à socie- com apoio das assessorias de dade mundial reverter essa situação”, alerta a professora. Cooperação Internacional e Institucional da UFMG e do go- Com o evento, pretende-se produzir uma visão global verno de Minas Gerais. Também participam de sua organiza- das condições do ar, água e solo, de várias partes do plane- ção 52 agências de pesquisas ambientais, além de institui- ta. O simpósio também irá apontar os grandes agentes ções governamentais e universidades de diversos países. depredadores do meio ambiente e as melhores técnicas para explorá-lo ra- cionalmente. Para isso, conta com a participação, já confirmada, de espe- Programação de palestras e mesas-redondas cialistas de cerca de 50 países. Entre as autoridades que virão a Belo Hori- Dia 21 - 9 h – Palestra: Visão panorâmica em mineração e meio ambiente; indústria e zonte, destacam-se Hilary Inyang, meio ambiente - perspectivas e desafios para o próximo século – Ernest presidente do Comitê de Engenharia Yanful (Canadá) Ambiental da Environmental Pro- 15h30 – Mesa-redonda: Políticas ambientais e desenvolvimento sustentável – tection Agency (EPA), principal agên- Walter Leal Filho (Alemanha) cia de pesquisa ambiental dos Esta- Dia 22 - 9 h – Palestra: Aterros sanitários e industriais, disposição de resíduos e reciclagem – Hilary Inyang (EUA) th Evento: 5 International Symposium on 15h30 – Mesa-redonda: Políticas ambientais, sustentabilidade e recursos naturais - Environmental Geotechnology and Global Sustainable José Cláudio Junqueira (Feam) Data: 17 a 23 de agosto Local: Hotel Ouro Minas, Belo Horizonte Dia 23 - 9 h – Palestra: Remediação de áreas degradadas e melhoria de solos – Jorg Inscrições: Fundep e balcão de inscrições no Thöemig (Alemanha) local do evento 15h30 – Mesa-redonda: Os desafios da sustentabilidade: caso brasileiro Informações: e-mail: [email protected] e telefone 238-1742

6 9.8.2000 Boletim UFMG Acontece

Festcine Programação de As inscrições para o II Festival de Ci- computadores Mérito Científico nema Universitário de Belo Horizonte – O reitor Francisco César de Sá Estão abertas as inscrições para o Cur- Um Intercâmbio Brasil-Portugal (II Festcine) Barreto será condecorado, nesta so Virtual de Programação de Computa- ficam abertas até 12 de agosto. A mos- quinta-feira, dia 10 de agosto, com a dores em Linguagem C, do Departamen- tra, que acontecerá simultaneamente na medalha da Ordem Nacional do Mé- to de Engenharia Elétrica. O curso é gra- Escola de Belas-Artes e no Palácio das Ar- rito Científico, na Classe de Grã-Cruz. tuito e oferecido à distância, utilizando a tes (Cine Humberto Mauro), pretende A entrega será feita pelo presidente Internet como suporte. As aulas começam promover o intercâmbio de jovens cine- Fernando Henrique Cardoso, em so- em 14 de agosto, e as inscrições podem astas e investigar novas produções. Em lenidade que começa às 15 horas no ser feitas no site http://ead1.eee.ufmg.br/ sua primeira edição, o Festival contou Palácio do Planalto, em Brasília. cursos/C/. Não é exigido conhecimento com 61 filmes de universitários brasileiros A Ordem Nacional do Mérito Cien- anterior em linguagens de programação, inscritos e, ainda, com a participação de tífico foi criada pelo governo federal mas o aluno precisa ter acesso à Web e Portugal na Mostra Paralela. O evento, para premiar personalidades nacio- um programa de envio e recebimento de apoiado pelo Consulado lusitano, deverá nais e estrangeiras de destaque na correios eletrônicos. Mais informações contar este ano com a participação de área de Ciência e Tecnologia. pelo telefone (31) 499-4838. produções portuguesas na mostra com- petitiva. Informações e inscrições no site www.festcine.cjb.net. Biologia Vegetal O Instituto de Ciências Biológicas abriu cinco vagas para o Curso de Pós-Graduação Recuperação da informação em Biologia Vegetal, em nível de doutorado. As inscrições podem ser feitas no período Os alunos Ilmério Reis da Silva e de 1º de setembro a 24 de novembro, na secretaria do curso, de segunda a sexta-feira, Pável Calado, do doutorado em Ciência no horário de 9 às 11horas e de 14 às 16 horas. Os candidatos não-residentes em Belo da Computação da UFMG, receberam o Horizonte poderão se inscrever pelo correio. O curso terá início em março de 2001. In- prêmio de melhor artigo científico da formações pelo telefax (31)499-2684 ou pelo correio eletrônico [email protected]. Association Computing Machinery (ACM), na área de recuperação de infor- mação. A premiação aconteceu no En- Face rramos contro Anual do Grupo de Interesse Os alunos da Faculdade de Ciências em Recuperação de Informação, em ju- Econômicas (Face) promovem, de 21 a lho, em Atenas, Grécia. Os alunos, ori- 25 de agosto, a 4a Semana Face, que Casa da Glória entados pelos professores Nivio Ziviani e pretende integrar alunos dos cursos de O Centro de Geologia Eschwege pas- Berthier Ribeiro, apresentaram estratégias Administração, Ciências Contábeis e sará a se chamar Instituto Casa da Glória para melhorar a qualidade das respostas Economia, através de palestras e deba- e não Instituto de Geologia Eschwege, em buscas na Web. tes. A participação, gratuita, é aberta ao como informou a matéria Eschwege es- público externo. Serão discutidos temas treita laços com Diamantina, publicada como e-business, e-commerce, marketing Conservação Ambiental digital e planejamento de carreira. Have- no BOLETIM de 5 de julho. O mesmo Estão abertas, até 2 de outubro, as rá, também, um debate com os candi- texto afirma que a Serra do Espinhaço inscrições ao 5º Prêmio Henry Ford de datos à Prefeitura de Belo Horizonte. As tem cerca de 1,5 bilhão de anos. Na ver- Conservação Ambiental, iniciativa da inscrições podem ser feitas pelos telefo- dade, a formação geológica chega a 1,7 Conservation International do Brasil e nes 279-9113 e 212-4262. bilhão de anos. da Ford Motor Company Brasil. O prê- mio possui cinco categorias: Conquista individual, Negócios em Conservação, Ciência e Formação de Recursos Hu- Programa Estação manos, Iniciativa do Ano em Conser- Canal: TV UFMG (canal 15) Tema: Estatuto da Criança e do Adolescente vação e Educação Ambiental. O vence- Horário: 15/08 (terça-feira), às 21 horas dor de cada modalidade receberá US$ 10 Reprises: 17/08, quinta-feira, às 19 horas, e sábado, 19/08, às 17 horas. mil em cerimônia a ser realizada no fi- nal do ano. Inscrições e informações na sede mineira Imagens de Minas da Conservation Canal: TV UFMG (canal 15) Produção: Escola de Belas-Artes International do Programa: A outra face do cinema mineiro Brasil: av. An- Sinopse: documentário revela a paixão pelo cinema, que moveu diretores como tônio Abrahão Armando Sábato, Carlos Scalla, Fernando Zallio e Mário Gomes Caram, 820, Horário: sábado, dia 12/08 (21h) conjunto 302. Reprises: 13/08 (18h e 23h), 14/08 (21h), 15/08 (17h), 16/08 (14h e 19h), Telefone: 17/08 (14h) e 18/08 (17h) 441-1795.

Boletim UFMG 9.8.2000 7 uma homenagem aos 500 anos Sarandeiros cantam do descobrimento do Brasil e

Kika Antunes conta a história de seu povo através dos ciclos econômicos: o Brasil o da cana-de-açúcar é repre- sentado por danças como o Ana Carolina Fleury Coco; o ciclo do café, pelos rit- mos do interior de São Paulo. Também são resgatadas manifes- tações como o Minueto euro- peu, por exemplo, do século 16, e danças de origem africa- na e indígena como a dos Orixás e Caboclinhos do Recife. Os primeiros ritmos brasileiros são representados pelos mara- catus, a união entre manifesta- ções de índios, negros e portu- gueses. A Festa do Boi encerra o show, por ser responsável pela difusão da música e dança pelo interior do país. De acordo com Gustavo Côrtes, a seleção das músicas para o CD e para os espetáculos Grupo da UFMG promove resgate do folclore nacional do grupo baseia-se no critério de repre- sentatividade regional. Depois de esco- Ana Carolina Fleury lhidas, as canções receberam arranjos modernos, que complementam os sons ma das formas mais comuns de conta, ainda, com dez bolsistas da UFMG, dos instrumentos típicos, sem compro- expressão da diversidade cultural que realizam atividades de extensão nas meter as obras. “Primamos pela quali- Udo Brasil é a música. No entan- Escolas de Educação Física e de Música, dade. Os arranjos mais dinâmicos cons- to, nem todos os ritmos são amplamen- na Faculdade de Educação, no Coltec, e tituem nossa interpretação dos eventos te difundidos e registrados, como é o na Creche Jardim Felicidade, no bairro tradicionais, a fim de trazê-los para a caso das cantigas de domínio público Floramar, ensinando a população a dan- atualidade”, explica. As pesquisas de das várias regiões brasileiras. O Grupo çar e tocar músicas folclóricas brasilei- danças e ritmos nas regiões, segundo o Sarandeiros, criado há 20 anos por duas ras. Gustavo Côrtes explica que a princi- professor, são realizadas nos locais das professoras da Escola de Educação Físi- pal função do CD é a de levar a cultura festas e comemorações: “Estivemos em ca da UFMG, busca suprir esta carência popular para as escolas. Ele conta que a Alagoas, Brasília e Blumenau. Além dis- com o lançamento de seu primeiro CD, principal queixa de professores que ten- so, morei durante cinco anos no Pará, Sarandeiros Cantam o Brasil. Contendo tam desenvolver o folclore é a de que onde pude pesquisar todas as danças canções típicas de norte a sul do país, o não há material para mostrar às crian- da região Norte”, exemplifica Côrtes. CD possui também algumas composi- ças. “O folclore é pouco trabalhado nas ções do violeiro Chico Lobo. escolas. Quando isso acontece, é de for- O Sarandeiros, coordenado desde 97 ma estereotipada. Pretendemos mudar por Gustavo Côrtes, professor de Folclo- isso e promover uma visão de brasi- CD: Sarandeiros Cantam o Brasil re da Universidade, abriu-se para a co- lidade nas manifestações culturais, aca- Direção Geral: Gustavo Côrtes munidade e hoje é formado por 20 dan- bando, por exemplo, com o preconceito Produção: Tatá Sympa çarinos profissionais. Seus músicos, res- contra o Nordeste”, afirma Côrtes. Gravação: independente Preço: R$ 20,00 ponsáveis pela realização do CD, são O novo espetáculo do Grupo Sa- Locais de Venda: Trem Azul (Av. Álvares Cabral, 373 alunos da Escola de Música. O grupo randeiros, Memórias de Meio Milênio, é – Lourdes), ou pelo site www.sarandeiro.com.br

Reitor: Francisco César de Sá Barreto – Vice-Reitora: Ana Lúcia Almeida Gazzola – Diretor de Divulgação e Comunicação Social : Paulo Valladares Editor: Flávio de Almeida (Reg. Prof. 5076/MG) – Projeto gráfico e diagramação: Rita da Glória Corrêa – Impressão: Imprensa Universitária Tiragem: 8 mil exemplares – Circulação: semanal – Endereço: Coordenadoria de Comunicação Social , campus Pampulha, Av. Antônio Carlos, 6627, CEP 31270-901, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefones: (031) 499-4186 e 499-4189 – Fax: (031) 499-4188 – End. eletrônico: [email protected] e home page: http://www.ufmg.br – É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte. EXPEDIENTE Boletim Universidade Federal de Minas Gerais O S S E R P M I

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