Sem Tã Tulo-1

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Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG www.ufmg.br e-mail: [email protected] No 1.287 - Ano 26 - 9.8.2000 UFMG entrega novo espaço cultural a Belo Horizonte O Conservatório UFMG, localizado no antigo prédio da Escola de Música, no centro da cidade, abre as portas para o público nesta sexta-feira, dia 11. Minuciosamente reformada, a cons- trução, erguida em 1926, recebeu ma- teriais de alta qualidade, além de téc- nicas modernas de tratamento acústi- co e difusão de informações. No local, os belo-horizontinos poderão confrater- nizar-se e visitar exposições, assistir a saraus musicais, espetáculos, palestras, e participar de cursos de extensão e de aprimoramento profissional ou acadêmico. Segundo a vice-reitora Ana Lúcia Gazzola, a Universidade está retoman- do um espaço destinado à cultura com características inéditas e que funciona- rá como embrião do futuro Museu da instituição. Guinfs Páginas 4 e 5 Conservatório: restauração preserva características originais da construção Especialistas de 50 países debatem desenvolvimento sustentável Página 6 Opinião Soberania rima com ciência e tecnologia* Sérgio Rezende* * economia dos Estados Unidos da energia elétrica para iluminação e para Apesar das crises do setor, o grande cresce há uma década, ofertas inúmeras outras aplicações domésticas e trunfo com que o Brasil conta hoje para A de emprego surgem por todos industriais. mudar seu patamar de desenvolvimento os lados, o PIB passou dos US$ 7 tri- Com eles, apareceram os primeiros é o contingente de mais de 40 mil cien- lhões, tornando-se dez vezes maior que empreendedores em tecnologia. Alexan- tistas e engenheiros de alto nível, for- o do Brasil. Enquanto isso, aqui o de- der Bell inventou o telefone e, para mando um complexo sistema de C&T, semprego atinge níveis recordes, a crise explorá-lo comercialmente, criou a AT&T. que é, de longe, o maior e mais qualifi- social é a mais grave que já presencia- Thomas Edison inventou a lâmpada elé- cado da América Latina. O problema é mos, e nossa economia está cada vez trica e o microfone de carvão para tele- que, além da crônica falta de verbas fe- mais dependente do capital externo, fones, e criou a RCA. Bell e Edison não derais, o sistema de C&T formou-se sem apesar da inflação controlada. eram cientistas, mas sabiam que, sem articulação com políticas públicas e com O que espanta é perceber que os ciência, suas empresas não poderiam o setor produtivo, que não demandam dois países, com áreas e recursos natu- competir e ganhar mercados. A AT&T e o conhecimento e os recursos humanos rais comparáveis, colonizados na mes- a RCA criaram centros de pesquisa e que o país é capaz de produzir. ma época pelos europeus, chegam ao contrataram os primeiros PhDs forma- Nunca tivemos políticas setoriais terceiro milênio com tamanha discre- dos em Harvard, MIT, Yale etc. consistentes e duradouras, capazes de pância entre as condições de vida de A história da formação dos políticos promover essa articulação e estimular a suas populações. e empresários no Brasil foi muito dife- inovação nas empresas, única forma de Hoje ninguém questiona que um rente. Em 1750, o país era dirigido por garantir condições de competitividade dos fatores dessa diferença é a tecno- governadores-gerais, ou vice-reis, que no mundo atual. Está na hora de mu- logia: os americanos a têm e nós não. se revezavam no poder protegendo dar! A Reunião Anual da SBPC realizada Mas isto tem explicação. Eles começa- seus interesses pessoais e mantendo a em Brasília há poucos dias serviu para ram a fazer ciência há muito tempo. colônia submissa. Nossos colonizado- dar visibilidade ao setor de C&T. Em torno de 1750, quando a ciência res não permitiam que aqui houvesse Os países que não tiverem políticos e parecia restrita à Europa, Benjamin tipografias para imprimir panfletos, jor- empresários que compreendam a impor- Franklin já realizava experiências com nais ou livros, veículos essenciais para tância deste setor dificilmente consegui- eletricidade e contribuía para a desco- educação e difusão de idéias. Cem anos rão romper a barreira da dependência e berta das leis de conservação de car- depois, ainda vivíamos uma monarquia do subdesenvolvimento. O Brasil preci- gas elétricas. Ele tornou-se o primeiro escravocrata. sa, mais do que nunca, de um projeto físico americano e também teve im- Nossos empresários eram os usineiros nacional de desenvolvimento que inclua portante atuação política. Foi deputa- de cana-de-açúcar, os barões do café e os educação, ciência e tecnologia entre os do da Assembléia da Filadélfia, fundou fazendeiros de cacau, que dominavam a seus pilares. um jornal e um almanaque para difun- política, protegendo os interesses da elite A ciência não é a solução para os dir idéias libertárias e foi um dos reda- e atuando em sintonia com os novos do- problemas do país, porém não haverá tores da Declaração da Independência nos do capital internacional. Não existiam solução para nossos problemas sem a do país, em 1776. universidades, nem um sistema amplo de ciência. Mais precisamente, sem ciência Cem anos depois, os EUA já eram ensino básico, nem indústrias nacionais. e tecnologia, dificilmente teremos de- uma república federativa independente, Nossa primeira Universidade, a USP, só vi- senvolvimento com soberania. soberana e em rápido processo de in- ria a ser fundada em 1934. dustrialização. Os cientistas americanos O País só despertou para a ciência realizavam experiências pioneiras e dis- após a Segunda Guerra. O ensino de putavam grandes descobertas com os pós-graduação foi institucionalizado na europeus. Eles contribuíram muito para década de 60. O sistema de financia- * Publicado no “Jornal do Commercio”, de o desenvolvimento do eletromagne- mento da pesquisa e formação de pes- Recife, em 22/07. tismo na segunda metade do século soal ganhou dimensão nos anos 70, ** Ex-secretário de C&T e Meio Ambiente de 19, que levou à invenção do gerador e mas passou a sofrer crises freqüentes a Pernambuco e professor de Física da Universi- do motor elétrico, viabilizando o uso partir dos anos 80. dade Federal de Pernambuco (UFPE) Esta página é reservada a manifestações da comunidade universitá- enfoque não particularizado. Deverá ter de 4.000 a 4.500 caracteres ria, através de artigos ou cartas. Na falta destes, o BOLETIM encomenda (sem espaços) ou de 57 a 64 linhas de 70 toques e indicar o nome com- textos ou reproduz artigos que possam estimular o debate sobre a uni- pleto do autor, telefone ou e-mail de contato. A publicação de réplicas versidade e a educação brasileira. Para ser publicado, o texto deverá ver- ou tréplicas ficará a critério da redação. As opiniões expressas nos textos sar sobre assunto que envolva a Universidade e a comunidade, mas de são de responsabilidade exclusiva de seus autores. 2 9.8.2000 Boletim UFMG Universidade cria programa para assistir demitidos da Fump Alexandre Reis de Miranda Pró-Reitoria de Recursos Humanos lançou o Programa Voluntário de Fundação Demissão Assistida, que busca alternativas para a reinserção no mer- já não administra A cado de trabalho de 39 funcionários demitidos da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump). O desligamento aconteceu em julho, depois que a restaurante e cantinas Fundação deixou de gerenciar o restaurante e a cantina da Praça de Serviços e as do ICB, Fafich e ICEx. A Fundação Universitária Mendes A Universidade resolveu bancar a iniciativa, mesmo não tendo vínculos jurí- Pimentel (Fump) não administra mais o dicos com os funcionários, contratados por uma entidade de direito privado, a restaurante e as cantinas da Praça de Fump. “Não havia uma ligação jurídica, mas Serviços e do ICB. O Serviço Nacional eles efetivamente participavam da comuni- de Aprendizagem Nacional (Senac) as- dade universitária”, justifica o pró-reitor de sumiu a gestão do restaurante e da Foca Lisboa Foca Recursos Humanos, Reinaldo Muniz. A idéia cantina da Praça, enquanto a empresa é que o funcionário continue mantendo Puras passou a ser responsável pelo uma relação institucional com a UFMG até atendimento no ICB. O Senac e a Puras conseguir outro emprego. “A intenção é estão explorando os espaços até ser ajudá-lo a superar esse momento difícil”, diz concluído o processo licitatório que irá Muniz, informando que a Universidade gas- definir as empresas responsáveis pelo ta cerca de R$ 300 com cada empregado atendimento em definitivo. As canti- vinculado ao Programa. nas do ICEx e Fafich também não são A iniciativa atua em duas vertentes. A mais administradas pela Fump. No primeira trabalha na perspectiva de ICEx, a direção optou por oferecer um reinserção do trabalhador ao mercado, atendimento alternativo com base nos contanto, para isso, com o apoio de institui- recursos da própria Unidade, enquan- ções como a Fundep, Senac, Sine, Agit e to a da Fafich estuda uma fórmula Muniz: relação institucional Sebrae. O outro braço busca a requalificação para atender os estudantes até o des- dos profissionais. Já foram realizadas reuniões para orientar os servidores sobre fecho do processo. elaboração de Curriculum Vitae e maneiras de se portar em entrevistas. Está pre- Já o modelo de gestão dos restau- vista, até o final desta semana, a realização de cursos sobre mercado, desempre- rantes universitários (RUs) – Setorial II e go, como investir dinheiro, postura frente ao mercado, como montar negócios e Ocre, no campus Pampulha, e os das avaliação de potencialidades individuais. Cerca de 30 funcionários participaram faculdades de Farmácia, Direito e Medi- das primeiras reuniões, um número considerado expressivo pelo professor Muniz, cina e Escola de Engenharia – será deci- já que a adesão ao Programa é voluntária. dido pelo Conselho Universitário. Se- A intenção da Fump, ao deixar de administrar as cantinas, é concentrar esfor- gundo o presidente da Fump, Alfredo ços na assistência econômica, cultural e acadêmica dos estudantes.

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