Na Trajetória Do Trio: a Canção Do Carnaval Baiano Entre Uma Mirada Mágica E Os Espaços Da Alegria (1968-2010)
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Universidade de Brasília Instituto de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em História Área de Concentração: História Cultural Linha de Pesquisa: Identidades, Tradições, Processos Dissertação de Mestrado Orientadora: Eleonora Zicari Costa de Brito Na Trajetória do Trio: A canção do carnaval baiano entre uma mirada mágica e os espaços da alegria (1968-2010) Rafael Sampaio Rosa Ribeiro Brasília, Setembro de 2011 Universidade de Brasília Instituto de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em História Área de Concentração: História Cultural Linha de Pesquisa: Identidades, Tradições, Processos Dissertação de Mestrado Orientadora: Eleonora Zicari Costa de Brito Na Trajetória do Trio: A canção do carnaval baiano entre uma mirada mágica e os espaços da alegria (1968-2010) Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília, na área de Concentração de História Cultural, como requisito à obtenção do título de Mestre em História. Rafael Sampaio Rosa Ribeiro Brasília, Setembro de 2011 Banca Examinadora Profa. Dra. Eleonora Zicari Costa de Brito (HIS/UnB – Orientadora) Profa. Dra. Maria Thereza Ferraz Negrão de Mello (HIS/UnB) Prof. Dr. Edson Silva de Farias (SOL/UnB) Profa. Dra. Selma Alves Pantoja (HIS/UnB – Suplente) Aos mais que amigos Arthur Daltro Jr., Elisa Lessa, Fernanda Félix, Mariana Carvalho, Marli Sales, Uiara Araújo e Natália Mata. Vocês que há anos são a alegria dos meus carnavais. “Minha carne é de carnaval/ Meu coração é igual.” (Paulinho Boca/Moraes Moreira/Galvão) AGRADECIMENTOS E não é que chegamos ao fim desta trajetória? Depois de quase sair de nosso percurso inúmeras vezes. Porém, aqui estamos, e isto com toda certeza se deve a algumas pessoas, que junto comigo persistiram, pois, a despeito do que sugere o tema deste trabalho, nem só com alegrias foi traçado este caminho. Primeiramente, quero agradecer aos meus pais e irmãos, que, com a discrição e o silêncio tão próprios à nossa família, sempre estiveram do meu lado. Aos amigos do Planalto Central que têm feito da minha demorada passagem por aqui uma viagem mais rica e divertida. Pelos ótimos papos e discussões ora acadêmicas ora banais, muito obrigado! Agradeço, especialmente, a Andrea Azevedo, minha mais constante parceira nessa incursão. Às professoras Thereza Negrão e Selma Pantoja, cujas aulas e abordagens muito contribuíram para este resultado final. Ao professor Edson Silva de Farias, cuja participação em minha banca de qualificação trouxe contribuições e complexidades mais que valiosas. Ao professor Milton Moura, que, mesmo à distância, tanto ajudou, sempre muito solícito. Seu trabalho continua sendo a grande referência para qualquer tentativa de compreensão a qualquer tema ligado ao universo carnavalesco baiano. A todo os integrantes do grupo História e Música: compondo identidades, fazendo histórias. A viagem do conhecimento é sempre melhor quando bem acompanhada. E este, felizmente, é o nosso caso. Agradeço com real destaque a duas pessoas, sem as quais este trabalho teria ficado pelo meio do caminho. A primeira, é claro, trata-se de minha orientadora, Eleonora Zicari Costa de Brito. Durante toda esta jornada, foi ela o exemplo da seriedade e comprometimento dispensados ao conhecimento, provando sempre que, apesar dos percalços, valia a pena persistir. Tudo isto ensinado com muito bom humor e sensibilidade, duas qualidades sempre bem-vindas. Por fim, ao meu companheiro de muitas e distintas jornadas, Pedro Ivo. E, neste ponto, as palavras se tornam insuficientes. À Capes pelo apoio financeiro que tornou esta pesquisa viável. A todos, minha sincera gratidão! RESUMO Desde a criação do trio elétrico, em 1950, ocorre uma mudança profunda no carnaval baiano. Novas formas de se brincar a festa são ensaiadas pelas multidões embaladas pelos frevos baianos. Os espaços da festa, antes disputados por diferentes grupos sociais, passam a ser, gradualmente, compartilhados pela multidão eletrizada. O ápice deste movimento se dá na década de 1970, justamente quando se disseminam as canções carnavalescas, discursos musicados que, a partir de 1968, irão atualizar a retórica da baianidade . A partir de então, novas imagens/representações irão se somar às antigas, divulgadas na música pela geração de 1930, com destaque para Dorival Caymmi. O trio elétrico se torna o lugar por excelência a partir de onde se enunciam estes discursos prenhes de significados e o campo discursivo se constituirá, a partir dos anos 1980, no novo palco de disputas, agora, das lutas de representação. O caráter contestatório e afirmativo das canções oriundas dos blocos afro irão, aos poucos, perder espaço frente a outras representações, como a da mistura harmônica e festiva, que redundaria na alegria . Estas imagens irão lograr êxito, sobretudo, graças à ampla circulação do discurso turístico e do fenômeno da axé music, a partir dos anos 1990. Palavras-Chave: Carnaval, trio elétrico, canção carnavalesca, representações, baianidade , mistura, alegria. ABSTRACT Since the creation of the Trio Elétrico in 1950 there has been a deep change in the Bahia's Carnival. New forms of playing on the Carnaval party are rehearsed by multitudes dandling on the rhythm of Bahia’s frevos . The spaces dedicated to the party, once disputed by different social groups, turn gradually to a multitude that has gone ‘electric’. The top of this movement is in 1970, when the Carnaval songs are disseminated. Those are musical speeches which actualize the discourses of the so-called baianidade , beginning in 1968. From that moment on, new images and representations will be added to old ones that were being spread by the 1930’s generation, highlighting Dorival Caymmi’s work. The Trio Elétrico turns into the leading place from where those highly signified speeches are announced. From 1980, the discursive field will be the space of disputes on the struggles for representations based on those speeches. The contestation and affirmation founded on the songs of the African-heritage Blocos de Carnaval will gradually lose space facing other representations, as the harmonic and festive mixture that would result in joy. Those images will be successful mainly because of the wide circulation of the touristic discourses and the Axé Music phenomenon that rises in 1990. Key-words: Carnival, trio elétrico, Carnival songs, representações, baianidade , mixture, joy. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------- 01 CAPÍTULO I: O CARNAVAL NA ESQUINA DE UMA MIRADA MÁGICA COM A POÉTICA DA RELAÇÃO ------------------------------ 08 Um Carnaval um pouco diferente --------------------------------------- 08 Libertando a canção -------------------------------------------------------- 11 Disputando o espaço da rua ---------------------------------------------- 21 “O trio elétrico, o sol rompeu no meio-di, no meio-dia” ------------- 38 A Bahia entre uma Mirada Mágica e a Poética da Relação --------- 43 CAPÍTULO II: A MULTIDÃO ELETRIZADA --------------------------- 55 Modernidade e Turismo --------------------------------------------------- 55 “Porque não há sonho mais lindo do que sua terra” ------------------- 58 “Somos muitos carnavais” ------------------------------------------------ 61 Toda a energia do trio ------------------------------------------------------ 75 CAPÍTULO III: INDUSTRIALIZAÇÃO E AFRICANIZAÇÃO DA FOLIA ------------------------------------------------------------------------------ 86 Um canto para a cidade ---------------------------------------------------- 86 Ejigbô, cidade encantada -------------------------------------------------- 88 CAPÍTULO IV: DIAS DE ALEGRIA E FESTA NA BAHIA ---------- 113 A baianidade festiva como convite ------------------------------------- 113 O Trio conectado ao mundo --------------------------------------------- 139 CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------- 150 CORPUS DOCUMENTAL --------------------------------------------------- 154 BIBLIOGRAFIA --------------------------------------------------------------- 157 ANEXO DE CANÇÕES ------------------------------------------------------- 165 INTRODUÇÃO “O carnaval não começa no carnaval". É assim que uma de nossas entrevistadas no percurso desta pesquisa inicia sua rememoração do carnaval de Salvador. Marlene da Silva Lopes, 53 anos, jornalista 1, nos dá o mais apaixonado dentre os depoimentos, talvez porque além de grande e ainda atuante foliã, ela seja há cerca de dez anos a editora responsável pelo caderno especial que cobre a festa todos os anos no jornal A Tarde , o de maior circulação no estado da Bahia. Assim, suas falas só podem e devem ser compreendidas levando-se em conta não só sua trajetória íntima e privada como também seu universo profissional, que faz dela uma participante e testemunha ocular não muito comum, uma vez que tem acesso a grande número de informações sobre a festa, desde os mais técnicos até os discursos mais divulgadores e propagandísticos. Para ela, com certeza o carnaval não começa no carnaval. Basta pensarmos na preparação necessária para a cobertura da festa, as extensas reuniões de definição de pautas, a necessidade de não parecer óbvia e repetitiva ano após ano, e, sobretudo, a escalação e treinamento de repórteres e fotógrafos com a difícil tarefa de não perderem a cabeça nem a si mesmos em meio a tanta chuva, suor e cerveja. Contudo, Marlene, ao sentenciar o início prévio da folia de Momo, nos fala de antes, muito antes dessa sua função. Ela se refere aos seus primeiros carnavais, a partir de seus