Gradus Revista Brasileira De Fonologia De Laboratório Vol
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Gradus Revista Brasileira de Fonologia de Laboratório Vol. 1, nº 1 ISSN: 2526-2718 DOI desta edição: 10.47627/gradus.v1i1 Responsável Técnico: Luiz Cláudio Silveira Duarte Revista filiada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Paraná Curitiba, PR Dezembro de 2016 Gradus é um periódico digital, com duas edições anuais. Todo o conteúdo está integralmente disponível na Internet. https://gradusjournal.com/ Os direitos autorais dos trabalhos publicados pertencem a seus autores. Gradus segue a política de acesso aberto (open access), com o objetivo de favorecer a disseminação do conhecimento. Aplica-se a licença Creative Commons Atribuição-Não Comer- cial a todos os textos publicados na Gradus. https://creativecommons.org/ Gradus publica artigos acadêmicos sobre fonologia de labo- licenses/by-nc/4.0/deed.pt_BR ratório. Interessados em submeter trabalhos para publicação devem consultar as diretrizes para autores, disponíveis na página do periódico na Internet. A diagramação da Gradus segue preceitos desenvolvidos por Edward R. Tufte para a diagramação de seus livros sobre a expressão visual da informação.1 1 Por exemplo, Edward R. Tufte (2006). Beautiful Evidence. A principal vantagem desta diagramação é colocar informações Cheshire (CT): Graphics Press. complementares diretamente ao lado do texto principal. As notas marginais são usadas para referências bibliográficas, para imagens, para referências internas, e quaisquer outras infor- mações convenientes, tornando assim a leitura mais confortável. Equipe editorial Editores Dra. Adelaide Hercília Pescatori Silva Universidade Federal do Paraná Dr. Ubiratã Kickhöfel Alves Universidade Federal do Rio Grande do Sul Conselho Editorial Dr. Alexsandro Rodrigues Meireles Universidade Federal do Espírito Santo Dra. Carmen Lúcia Barreto Matzenauer Universidade Católica de Pelotas Dr. Didier Demolin Université Sorbonne Nouvelle — Paris 3 Dra. Giovana Ferreira-Gonçalves Universidade Federal de Pelotas Dra. Larissa Berti Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (campus Marília) Dra. Maria Bernadete Marques Abaurre Universidade Estadual de Campinas Dr. Miguel de Oliveira Jr. Universidade Federal de Alagoas Dra. Vera Pacheco Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Sumário Editorial 6 From the Editors 12 Editorial (español) 17 Artigos What is and what is not an articulatory gesture in speech production: The case of lateral, rhotic and (alveolo)palatal consonants 23 Daniel Recasens Há tendência para agrupamento segmental em classes naturais no balbucio e nas palavras iniciais? 43 Maria de Fátima de Almeida Baia CV co-occurrence and articulatory control in three Brazilian children from 0:06 to 1:07 67 Mariana Hungria, Eleonora C. Albano A variação na produção de sinais da Libras à luz da Fonologia Gestual 96 André Nogueira Xavier A question of syllable structure: contextual acquisition of English /p/ and /k/ in a laboratory setting 126 Paul John, Walcir Cardoso 5 Análise longitudinal de vogais do inglês-L2 de brasileiros: dados preliminares 145 Ronaldo M. Lima Jr. Processamento de priming grafo-fônico-fonológico em multilíngues em imersão versus contexto acadêmico 177 Cintia Avila Blank, Raquel Llama Debates Ética em pesquisas: considerações jurídicas e práticas 195 Luiz Cláudio Silveira Duarte, Adriano Furtado Holanda 6 Editorial Com grande satisfação, apresentamos o primeiro nú- mero da Gradus – Revista Brasileira de Fonologia de Laboratório. Nosso objetivo, ao propor a criação deste periódico, é fomentar a interação entre os pesquisadores brasileiros e estrangeiros que têm se debruçado sobre a vertente que se convencionou denominar “Fonologia de Laboratório”. Em linhas gerais, esta vertente se define por utilizar métodos experimentais para testar hipóteses sobre o conhecimento que falantes e ouvintes têm do sistema sonoro de suas línguas maternas e de outras línguas que adquirem, bem como os princípios que norteiam o funcionamento desses sistemas. Neste sentido, a Fonologia de Laboratório se funda como um campo multidisciplinar, porque recorre a diferentes áreas para cumprir seus objetivos, como a psicologia ou a ciência de computação, por exemplo. A Fonologia de Laboratório se firma como vertente da fonologia desde a década de 1980, através de trabalhos de pesquisadores como Mary Beckman e John Kingston e também pelos trabalhos de John Ohala. Sua grande contribuição ao estudo do nível sonoro da linguagem consiste em conferir ao dado empírico — colhido ex- perimentalmente — importância fundamental para as representações de fatos fonológicos nas línguas diversas. Decorre do estatuto conferido ao dado empírico uma noção epistemológica basilar: a de que as representações, ou a fonologia do sistema, estão estritamente ligadas ao dado empírico. Dito isto, é preciso deixar claro que a Fonologia de Laboratório pode se coadunar a outros modelos de aná- lise fonológica, desde que os outros modelos também confiram ao dado empírico papel fundamental para que se chegue a uma representação de um fato fonológico qualquer. E o dado empírico pode ser obtido de diferentes formas: pode advir de testes de produção — que possi- bilitem uma análise articulatória, uma análise acústica ou ambas — e de testes de percepção. O aspecto comum a todas as reflexões que se circunscrevem à Fonologia de Laboratório é — vale repetir e frisar — o emprego e a convicção da necessidade de dados empíricos para embasar e conduzir reflexões sobre a organização do componente fonológico nas línguas. Este é o fio condutor da Gradus a partir desta concep- ção, acreditamos que os artigos reunidos neste primeiro número conferem, justamente, o tom descrito acima, que 7 corresponde à linha editorial que a revista seguirá. Assim sendo, o artigo de Daniel Recasens (Universitat Autònoma de Barcelona),1 intitulado “What is and what 1. Cf. p. 23. is not an articulatory gesture in speech production. The case of lateral, rhotic and (alveolo)palatal consonants”, traz uma reflexão, baseada em dados articulatórios, sobre a natureza de laterais velares e vibrantes alveolares. O argumento central desse artigo é o de que esses não são segmentos complexos e constituídos por mais de um gesto articulatório. Para o autor, características espaço- temporais da língua, graus de resistência à coarticulação, mudanças sonoras e processos fonológicos associados a tais consoantes devem ser atribuídos a outros fatores e não constituem evidência da natureza complexa dos sons em questão. Na sequência, o texto de Maria de Fátima de Almeida Baia2 (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), 2. Cf. p. 43. intitulado “Há tendência para agrupamento segmental em classes naturais no balbucio e nas palavras iniciais?”, toca na questão da aquisição de padrões silábicos do português brasileiro, focalizando a hipótese sobre uma possível preferência de combinações de sons de uma mesma classe natural durante o balbucio tardio e palavras iniciais de crianças em fase de aquisição. Tal hipótese é defendida por modelos de análise como a teoria Frame/Content, que prevê que o conteúdo de uma moldura como CV seja pre- enchido por sons que compartilham características articu- latórias comuns. Porém, a grande variabilidade observada nos dados longitudinais de uma criança leva a autora a observar que a hipótese não se sustenta e que, portanto, não haveria o preenchimento da moldura CV por sons pertencentes a uma mesma classe fonológica. A mesma variabilidade é tomada pela autora como argumento para afirmar que a língua pode ser concebida como um sistema adaptativo complexo. A instabilidade do sistema, revelada pela variabilidade dos dados, sinaliza o teste de novas categorias fônicas, que são produzidas até a estabilização do sistema. A estabilização, por sua vez, decorre de um processo de auto-organização do sistema, que se mostra na formação espontânea de padrões fonotáticos. Estes, por sua vez, emergeriam de acordo com o input que a criança recebe no processo de aquisição da linguagem. O texto de Mariana Hungria e Eleonora Albano (Univer- sidade Estadual de Campinas),3 imediatamente seguinte, 3. Cf. p. 67. por meio de uma interlocução indireta, acaba por com- plementar e aprofundar a reflexão iniciada no texto de Baia. Intitulado “CV co-ocurrence and articulatory control in three Brazilian children from 0:06 to 1:07”, o texto 8 argumenta que uma teoria como a “Frame/Content” - que prevê a preferência de sons pertencentes a uma mesma classe natural no padrão silábico CV em dados de crian- ças em fase de aquisição de linguagem — não dá conta de explicar os dados coletados através de observação longitudinal e transversal. Uma das razões do problema, apontada pelas autoras, reside no foco sobre o papel do trato vocal superior para a aquisição dos sons na fase do balbucio e das primeiras palavras. Hungria e Albano vão além e notam, através da análise de dados de três crianças, que mesmo uma abordagem mais recente, que advoga a importância do trato inferior no processo de aquisição de linguagem, é insuficiente para dar conta dos padrões combinatórios verificados. Por isso, preconizam que a compreensão sobre a interação entre o trato vocal superior e o trato vocal inferior pode levar a uma análise mais satisfatória dos dados. O artigo, então, propõe uma explicação sobre a maneira como se dá a interação entre os tratos e como ambos atuam na vocalização de bebês. Assim, enquanto o artigo de Baia toma dados de uma criança em fase de aquisição para testar a hipótese de um modelo fonológico tradicional, que trata a língua como um fato unimodal, e prevê