O Assalto À Infância No Mundo Amargo Da Cana-De-Açúcar Onde Está O Lazer/Lúdico ? O Gato Comeu
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS À EDUCAÇÃO O ASSALTO À INFÂNCIA NO MUNDO AMARGO DA CANA-DE-AÇÚCAR ONDE ESTÁ O LAZER/LÚDICO ? O GATO COMEU Maurício Roberto da Silva CATALOGAÇÃO NA FONTE ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO/UNICAMP Silva, Maurício Roberto da. Si38a O assalto à infância no mundo amargo da cana - de - açúcar : Onde está o lazer/lúdico? O gato comeu? / Maurício Roberto da Silva / Maurício Roberto da Silva. -- Campinas, SP : [s.n.], 2000. Orientadora : Zeila de Brito Fabri Demartini. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação. 1. Trabalhadores rurais – Pernambuco. 2. Crianças. 3. Lazer. 4. Corpo humano - Aspectos sociais. 5.* Cultura lúdica. I. Demartini, Zeila de Brito Fabri. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. III. Título. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO TESE DE DOUTORADO O ASSALTO À INFÂNCIA NO MUNDO AMARGO DA CANA-DE-AÇÚCAR ONDE ESTÁ O LAZER O GATO COMEU? Autor: Mauricio Roberto da Silva Orientadora: Profa. Dra. Zeila de Brito Fabri Demartini Este exemplar corresponde à redação Final da............................defendida por COMISSÃO JULGADORA: ............................................................... e aprovada pela Comissão Julgadora. Data......./......./.......... Assinatura: .......................................... Orientador (a) i Dedicatória (...) Dos engenhos de minha terra só os nomes me fazem sonhar (Ascenso Ferreira) A todas as crianças de todo o Brasil e em especial às da zona canavieira pernambucana, com as quais reaprendi os sentidos de ser humano e os segredos da meninice. A todas as crianças, com as quais aprendi os fundamentos políticos e culturais da resistência simbólica e real. Aos Cassacos de engenho1 mirins, com os quais aprendi a linguagem da luta contra a exploração, o sofrimento, o desrespeito contra a cidadania rural, a alienação. Às crianças canavieiras , com as quais aprendi a ser guerreiro, pois elas me ensinaram com seus doces jogos a atirar as flechas e lanças de palha da cana contra as iniqüidades e destruições capitalistas no campo canavieiro. Aos meninos e meninas amargos-açucarados que me soçobraram baixinho no ouvido, a mando do índio Xamã D. Juan, o recado de Castañeda, cuja missiva foi incisiva: (...) um guerreiro não é uma folha a mercê do vento. Aos trabalhadores rurais da zona canavieira de cuja lição tirei a seguinte síntese: a fome de comida impõe, junto com ela, inegociavelmente, o desejo gritante de saciar a fome de justiça, ócio improdutivo para o capital, terra, dignidade, brio, políticas sociais de gente e não de gado; de gente que na dor e na opressão é a expressão máxima da urgente revolução no campo. Aos trabalhadores da cana-de-açúcar, cujos sonhos-desejados indicam que a centralidade do ser social adulto é o trabalho e do ser social criança: o jogo das pedrinhas, o não-carregar pedra, o carregar plumas, a contemplação, as traquinices, a curiosidade, a fantasia, o mistério, 1 Expressão utilizada por João Cabral de Melo Neto em seu poema Festa na Casa grande, publicado no livro Morte e Vida Severina e outros poemas para vozes (l994). Cf. Segundo Barbalho (l984) significa trabalhadores assalariados da cana-de-açúcar. ii enfim, o assoprar bolinhas de sabão. Seus sonhos indicam que o sentido fundamental de suas vidas é o mel da cana e não o fel da exploração: lápis de cor para pintar e escrever outra história e, finalmente, a pipa louca tremulando no céu absurdamente verde e amarelo, azul e branco.... Enfim, à FETAPE , à CONTAG, aos organizadores da Marcha Global Contra o Trabalho Infantil , aos organizadores dos Tribunais Nacionais e Internacionais Contra o Trabalho Infantil ( corrente O Trabalho/4a. Internacional do Partido dos Trabalhadores/PT) e a ONG Save the Children, por terem me guiado pela mão e me possibilitado a aprender com as crianças e jovens, homens e mulheres, velhos e velhas nordestinos , meus conterrâneos, as lições de amizade, afeto, festa, cultura, dor e prazer, alegria e tristeza, lágrimas e sorrisos, nascimento, vida e morte, além da luta cotidiana pela subversão da ordem colonial monocultora, da cana-de-açúcar, secularmente cunhada a ferro, brasa e privação. iii Agradecimentos À toda minha família: tios gordos Vanessa e Nani, Mana, Lupe, Vana, Cita, Maviael, Pat, Cacau, Rigobert, tios Zélia e Albino, Renato, Bekky, Ieda, Ranylson e Denise pelo estímulo permanente para superar as barreiras inerentes à construção do conhecimento e da vida; à orientadora Profa. Dra. Zeila de Brito Fabri Demartini pelos ensinamentos proferidos de forma lúdica e dialógica, mas sobretudo pelas lições de humanidade, afeto e solidariedade; à Profa. Dra. Neusa Maria Mendes de Gusmão pela sua constante contribuição teórica, mas sobretudo pelas suas incomensuráveis aulas de afeto e alteridade, enfim pela sua amizade; aos amigos/companheiros (as) de trabalho do CDS/UFSC Iracema Soares de Sousa, Ingrid Dietrich Wiggers, Iara Regina Damiani e Albertina Bonetti, Giovani De Lorenzi Pires, Raquel Sibert, Maria do Carmo Saraiva Kunz e Marília Cecília Möcker, pela força e energia transmitidos na ausência e na presença; aos professores e professoras do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação: Dra.Elisa Kossovich, Dra. Ana Lúcia Goulart de Faria, Dra. Patrizia Piozi, Dr. Milton Almeida, James Patrick Maher, Dra. Olga Von Simson pelos ensinamentos ocultos e manifestos; à Profa. Dra. Dulce Whitaker (UNESP/Araraquara) e ao Prof. Dr. Ricardo Antunes (IFICH/UNICAMP) pelas importantes e marcantes contribuições na Banca Examinadora; aos amigos Iria Wiggers, João Pacheco Vital, Lucas Wiggers, Paulo Neris, Celi Taffarel, Nelson Carvalho Marcellino, Disalda Leite, Heloisa Reis, César Leiro, Márcia Chaves, Edson Valente, e Giovanina Olivier, Maria de Lourdes Pavei da Cunha, Lamartine Cunha, Diógenes Moura, Solange Lacks e José Américo de Menezes, pelas palavras de incentivo e energia transmitidos durante todo o tempo da pesquisa, sobretudo pelos afetos; aos colegas do Programa de Doutorado em especial Ana Maria G. Bueno de Freitas, Laura Maria Coutinho, Erasto Mendonça, Renato Hilário dos Reis, Vanda Silva, Maria Amália de Almeida Cunha, Rosangela Novaes Lima e Elizabete Pompeu de Camargo, Maria Aparecida Springer, Andréa Moreno, Silvio Silva, Aparecida Nery de Sousa, Dirce Maria Falcone Garcia e Paulo Porto pelas contribuições e ensinamentos profícuos... Por fim ao meu pai que de algum lugar do Cosmos, ensina-me ininterruptamente a linguagem da rebeldia, esperança e utopia . iv (...) Escrevo com o riso do brinquedo, O medo da assombração e o terremoto do coração. Trecho do Poema O Sujeito Fingidor Mauricio Roberto da Silva Foto: Maurício Roberto da Silva (Evento-Campo 09) v SUMÁRIO Introdução 1 1. Um breve passeio pelos subterrâneos históricos da própria infância 1 2. Do problema social ao problema de investigação 5 3. Justificativa e relevância : onde está o problema ? Onde está o lazer/lúdico? 8 4. Mas afinal qual é a problemática? 12 CAPÍTULO I 25 Reflexões teórico-metodológicas acerca do cotidiano investigativo 25 1. fazer investigativo cotidiano: retomando o passado com o pé no presente e o olhar para o futuro 25 2. As relações sujeito-objeto no processo do conhecimento 33 3. Aspectos teórico-metodológicos do processo de construção da pesquisa 45 4. A complexidade do objeto e os tratos interdisciplinares 47 5. Elementos Introdutórios da Sociologia da Vida Cotidiana 50 6. A Sociologia do Sonho Desejado 55 7. Teorias em ato: as técnicas de colheita de dados 59 8. A respeito da observação 62 9. A poesia na pesquisa e a pesquisa da poesia 64 10. A fotografia e as metáforas da realidade 66 11. Sobre as entrevistas 71 12. As oficinas de jogos dramáticos e jogos tradicionais infantis 71 13. Os documentos 75 vi 14. Os desenhos 76 15. Memórias dos Eventos-Campos 77 16. Os eventos-campos: os dados brutos ou a brutalidade dos dados? 79 CAPÍTULO II 87 l. O trabalho Infantil e as tramas do capitalismo 87 l.l Neoliberalismo e Trabalho Infantil 87 l.2 O neoliberalismo no banco dos réus dos Tribunais Contra o Trabalho Infantil 94 l.3 O Trabalho Infantil e os planos de ajuste estrutural 98 2. Enveredando pelos canaviais: retratos da crise e os impactos da reestruturação produtiva no setor sulcro-alcooleiro 103 2.l A situação atual da Zona da Mata canavieira 103 2.2 As políticas “sociais” no campo canavieiro: das políticas emergenciais às políticas estruturadoras 128 2.3 A Jornada Ampliada e a aprendizagem social de conteúdos culturais para o lazer/lúdico 143 CAPÍTULO III 155 TRABALHO, INFÂNCIA E LAZER/LÚDICO 155 1. Trabalho e lazer ou trabalho e tempo livre: eis a questão 155 2. A Alienação do Trabalho Infantil: Riqueza ou pobreza da condição Humana? 173 3. O trabalho infantil e os sentidos do Lazer/Lúdico na Infância 178 vii 4. Os sinais do lazer nos eventos-campos: ou onde está o lúdico ? O gato comeu ??? 197 CAPÍTULO IV 251 Do Corpo Produtivo ao Corpo Brincante 251 l. As marcas da alienação no corpo produtivo e os sinais de resistência no corpo brincante 251 2. Corpo produtivo, envelhecimento precoce na infância 273 3. Memórias dos adultos e velhos trabalhadores sobre o corpo e o envelhecimento precoce 300 Mas, finalmente no mundo de doces-jogos e de vidas amargas, onde está o lazer/lúdico? O gato comeu??? 319 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 327 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 350 ANEXOS viii Lista de Siglas FETAPE – Federação dos Trabalhadores da Agricultura CNTE –Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação CONTAG-