Núcleo de Justiça e Constituição - NJC/GV Abril de 2012

FUNDAMENTAÇÃO E PREVISIBILIDADE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: UM ESTUDO EMPÍRICO DE RECURSOS EXTRAORDINÁRIOS

Documento para discussão no Workshop de Pesquisa

André Rosilho Carolina Cutrupi Dalton Tria Cusciano Lara Barbosa Cortês Luciana de Oliveira Ramos Maria Laura de Souza Coutinho Paulo André Nassar Rubens Glezer Vitor Martins Dias

1. Considerações iniciais

A presente pesquisa visa estudar a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) enquanto Corte recursal, função exercida especialmente por meio do julgamento de recursos extraordinários. A pesquisa é composta de duas fases: a primeira de natureza quantitativa , e a segunda, de ordem qualitativa . Na primeira fase, busca-se construir um banco de dados, que permita sistematizar as informações relativas à fundamentação dos ministros nos recursos extraordinários. Esse banco de dados servirá de ponto de partida para a análise qualitativa da fundamentação dos ministros e até mesmo para outros estudos sobre o tema. A segunda etapa, por sua vez, consiste em analisar a argumentação do Tribunal ao decidir os RE – observando a coerência dos fundamentos utilizados pelos ministros no julgamento desses recursos. Considerando-se que o STF, ao julgar recursos extraordinários, apresenta guias de conduta que devem ser seguidas pela sociedade, é fundamental conhecer o modo pelo qual o Tribunal decide casos como esses. A relevância desta etapa da pesquisa reside na possibilidade de verificar se a fundamentação dos ministros atende a certos parâmetros decisórios que contribuem para

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a redução da incerteza, promovendo, assim, a previsibilidade do sistema judicial necessária ao Estado Democrático de Direito. Neste documento, são apresentados os objetivos centrais da pesquisa, a sua justificativa, a metodologia, e os resultados parciais da análise quantitativa dos dados obtidos até o momento. Ao final, no anexo 1, apresentamos o formulário utilizado para a coleta dos dados. Vale ressaltar que esta pesquisa está sendo realizada por pesquisadores do Núcleo de Justiça e Constituição, sob a coordenação da Professora Luciana Gross Cunha e do Professor Dimitri Dimoulis, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

2. Enunciado do problema

Esse estudo tem por objetivo analisar a atuação do STF enquanto Corte recursal, função exercida especialmente por meio do julgamento de recursos extraordinários (RE). O objeto deste estudo consiste no exame do processo de tomada de decisão do STF nos recursos extraordinários julgados em plenário, no período de 05 de setembro de 2007 a 1º de setembro de 2009, período no qual a composição do Tribunal permaneceu estável. Nesse período integravam o STF os ministros: Celso de Mello, Marco Aurélio, , Ellen Gracie, Carlos Britto, , Eros Grau, , , Cármen Lúcia e Menezes de Direito. Esta proposta possui dois objetivos centrais. Em primeiro lugar pretende-se mapear os recursos extraordinários decididos em plenário no STF no período. As decisões encontradas serão sistematizadas em um banco de dados que será útil para a consecução do segundo objetivo da pesquisa, qual seja, a análise do processo de tomada de decisão do STF, enquanto Corte recursal, a partir de critérios relacionados à fundamentação dos votos. Uma vez selecionados os acórdãos relativos aos RE julgados, passa-se à investigação de como o STF decide os recursos extraordinários. Isso significa analisar minuciosamente a argumentação de cada um dos votos proferidos pelos ministros do Tribunal. Pretendemos, com isto, ser capazes de responder a diversas perguntas, tais

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como: (i) Como cada Ministro constrói seus votos?; (ii) Existe um padrão decisório nas decisões do STF nos RE estudados?; (iii) É possível organizar os Ministros em grupos de tomada de decisão ou padrões decisórios?; (iv) Os argumentos apresentados pelos Ministros são coerentes com o resultado final da decisão? A partir desses questionamentos, definiu-se a hipótese desta pesquisa, qual seja: as decisões do STF em recursos extraordinários não atendem a padrões de coerência, o que restringe a previsibilidade da última instância recursal do país.

3. Justificativa

A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, o STF assumiu posição central no desenho institucional brasileiro, em virtude da ampliação de suas funções na nova ordem constitucional e da fragilidade do sistema representativo (VIEIRA, 2008). Uma de suas funções mais conhecidas é o exercício do controle concentrado de constitucionalidade de leis e atos normativos. O exame da constitucionalidade das normas em tese é competência exclusiva do STF, situação em que ele é responsável por zelar pelos preceitos constitucionais, invalidando as leis e atos normativos que, em abstrato, contrariam a Constituição. Tal função o caracteriza como Corte Constitucional. Além de exercer o controle concentrado de constitucionalidade, como foro único, o STF também realiza o controle difuso, como instância final. 1 Quando os demais juízes e tribunais decidem, de forma incidental, sobre a constitucionalidade de atos normativos, as decisões ali proferidas podem ser objeto de questionamento no STF. Neste caso, o STF assume a função de Corte recursal. Diversos são os recursos por meio dos quais as partes podem chegar ao STF, mas neste contexto de exercício de controle difuso de constitucionalidade, destaca-se o papel dos recursos extraordinários,

1 A Constituição Federal de 1988 adotou um sistema híbrido de controle de constitucionalidade de normas. Cabe ao STF, no exercício do controle concentrado, julgar a constitucionalidade das normas em tese, por meio das Ações Diretas de Constitucionalidade (ADC), Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI) e as Ações de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). As decisões proferidas pelo STF no exercício do controle concentrado possuem efeitos erga omnes. Os demais órgãos do Judiciário podem apreciar a constitucionalidade de uma lei ou ato normativo, no exercício do controle difuso, quando estas surgem incidentalmente dentro de processos sob sua jurisdição. As decisões proferidas pelos demais juízes e tribunais, por outro lado, só produzem efeitos entre as partes do processo.

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os quais podem ser interpostos contra decisão que: (i) contrariar dispositivo da Constituição; (ii) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; (iii) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição; ou (iv) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.2 O STF funciona ainda como instância ordinária, ou foro especializado, ao decidir sobre as ações de competência originária do Tribunal, quando atua como instância única em casos individuais. Exemplos de ações de competência originária do STF são os habeas corpus e as ações penais movidos contra o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, os Ministros de Estado e o Procurador-Geral da República 3. Diante dessas considerações, verifica-se que o STF exerce ao menos três funções distintas: a de Corte Constitucional, a de Corte recursal e a de foro judicial especializado. De acordo com Vieira (2008: 447),

“ao Supremo Tribunal Federal foram atribuídas funções que, na maioria das democracias contemporâneas, estão divididas em pelo menos três tipos de instituições: tribunais constitucionais, foros judiciais especializados (ou simplesmente competências difusas pelo sistema judiciário) e tribunais de recursos de última instância”.

No mesmo sentido, Falcão, Cerdeira e Arguelhes consideram que o STF se comporta como três Cortes distintas, “com três personas difundidas em uma mesma instituição”: a constitucional, a ordinária e a recursal (FALCÃO, CERDEIRA E ARGUELHES, 2011: 16). Nesta pesquisa, conforme já mencionado, será dada ênfase à análise do STF como Corte recursal. Os recursos extraordinários, juntamente com os agravos de instrumento, compõem a faceta de instância recursal do STF. Estudar a Corte sob a perspectiva de um tribunal de recursos é relevante, porque de acordo com o recém publicado relatório Supremo em Números, “a absoluta maioria dos processos recebidos pelo Supremo origina-se da Corte Recursal, correspondendo a quase 92% dos casos de 1988 até 2009” (FALCÃO, CERDEIRA, ARGUELHES, 2011: 21). Em contrapartida, as instâncias Ordinária e Constitucional são responsáveis por 7,8% e 0,5% dos processos nos últimos 21 anos, respectivamente.

2 Art. 102, III, da Constituição Federal. 3 Art. 102, I, b e d, da CF.

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A denominada “Corte recursal”, nos termos do relatório de pesquisa Supremo em Números , é a maior responsável pela carga processual do STF.. De acordo com as estatísticas disponíveis no site do Tribunal, em 2006, os recursos extraordinários representavam quase a metade do total dos processos distribuídos no STF, chegando a 47%. No ano seguinte, esse número caiu para 44%. Em 2008, os RE distribuídos representavam 32,2% do total e, em 2009, eles constituem 19,5% do total de processos distribuídos. 4

Tabela 1: Quantidade de RE distribuídos em relação ao total de processos ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL DE PROCESSOS 109.965 69.171 79.577 116.216 112.938 66.873 42.729 DISTRIBUÍDOS RE DISTRIBUÍDOS 44.478 26.540 29.483 54.575 49.708 21.531 8.348 % RE/RELAÇÃO PROCESSOS 40 38 37 47 44 32 20 DISTRIBUÍDOS

Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV

O excessivo número de RE distribuídos levou à alteração dos requisitos de admissibilidade destes recursos quando da Reforma do Judiciário. Assim, como se verifica na tabela 1, a partir de 2008, a quantidade de RE distribuídos foi reduzida, o que se deve à aplicação do instituto da repercussão geral 5, criado, justamente, pela Emenda Constitucional n.º 45/2004. A repercussão geral limita a apreciação dos recursos extraordinários pelo STF às “questões constitucionais com relevância social, política, econômica ou jurídica, que transcendam os interesses subjetivos da causa”. 6 Ao restringir objetivamente os temas que serão decididos pelo STF, a repercussão geral prestigia a padronização das decisões nas instâncias inferiores, pois valoriza a decisão destas. A repercussão geral confere, ainda, maior relevância às decisões proferidas em RE. Caberá a ele a função de uniformizar a jurisprudência sobre os temas que lhes são

4Informações disponíveis em: . Último acesso: 09 de maio de 2011. 5 A regulamentação da repercussão geral foi implementada pela Lei 11.418/2006, que inseriu no Código de Processo Civil (CPC) os arts. 543-A e 543-B. A repercussão geral é um requisito preliminar de admissibilidade do RE. Para se considerar que a repercussão geral esteja presente no recurso, este terá de contar com a “existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa” (art. 543-A, §1º, do CPC). Não estando presentes esses requisitos – de natureza material –, e se negando a existência de repercussão geral, essa decisão valerá para todas as demais de matéria idêntica (art. 543-A, §5º, do CPC). 6 Conforme dispõe o artigo 543-A, §1º do Código de Processo Civil.

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apresentados, na seara recursal extraordinária. Desse modo, a construção dos votos e a posterior decisão final sobre os casos devem oferecer a segurança jurídica necessária para satisfazer as expectativas dos propositores da ação. Constatamos em pesquisas iniciais, que apesar da enorme importância da função recursal, poucos estudos acadêmicos dedicam-se ao seu estudo. Localizamos três importantes linhas de pesquisa. Vários estudos realizados sobre o STF a partir de 1988 tiveram como enfoque a relação da Corte Constitucional com os demais atores políticos. As pesquisas realizadas por Marcos Faro de Castro (1997), Oscar Vilhena Vieira (2008; 2002), Matthew Mac Leod Taylor (2007), Luiz Werneck Vianna (1999), Fabiana Luci de Oliveira (2008), Diogo Coutinho e Adriana Vojvodic (2009) seguem nesta linha. Seguindo em outra direção, algumas análises focaram em sua produção jurisprudencial. Nestes estudos prevalece a análise qualitativa de um conjunto de decisões proferidas pelo STF em regra no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade. 7 Dentre elas estão os trabalhos de Batochio e Chan, que analisaram a evolução da jurisprudência do STF quanto aos efeitos do Mandado de Injunção; e de Ramos, que enfatizou a comparação entre o mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, além de apresentar um estudo quantitativo completo desses instrumentos. Finalmente, localizamos um reduzido número de pesquisas, como as desenvolvidas por Freitas (2009) e pela Sociedade Brasileira de Direito Público (2011), que têm como objeto central o estudo de decisões proferidas em recursos extraordinários, ou seja, que focaram na produção jurisprudencial do STF no controle difuso de constitucionalidade. Tais pesquisas têm, no entanto, objeto restrito, uma vez que estão voltadas, fundamentalmente, à compreensão dos efeitos da adoção do instituto da repercussão geral na atuação do STF como Corte recursal. É justamente nesse ponto que a pesquisa proposta pretende avançar, ao abordar um aspecto mais amplo das decisões proferidas em sede de RE, analisando não só a repercussão geral, mas a própria fundamentação dos ministros do STF em recursos extraordinários. A escassez de estudos empíricos sobre a atuação do STF no exercício do controle difuso de constitucionalidade já seria justificativa suficiente para a realização desta pesquisa. Mas vale ressaltar, ainda, que a relevância do mapeamento e da

7 Cf . diagnóstico apresentado por FALCÃO, CERDEIRA e ARGUELHES (2011).

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sistematização das decisões proferidas em recursos extraordinários é reforçada pela enorme representatividade do caráter recursal do STF e pela grande quantidade de RE distribuídos na Corte. 4. Metodologia quantitativa

O objetivo inicial e mais imediato desta pesquisa é a construção de um banco de dados que será alimentado pela resposta a um formulário de pesquisa elaborado pela equipe de pesquisadores e permitirá a sistematização das decisões selecionadas, a fim de facilitar a análise qualitativa dos recursos extraordinários. Ao final desta pesquisa, o banco de dados será disponibilizado à consulta do público para subsidiar a realização de outros estudos sobre RE. É necessário esclarecer que, por esta razão, nem todos os dados coletados para o banco de dados terão relevância direta para a análise da coerência dos julgados, que constitui o segundo objetivo deste projeto. De qualquer forma, a exposição de algumas tabelas faz jus ao objetivo de realizar um mapeamento dos votos dos ministros em sede de RE. O segundo objetivo almejado pela pesquisa é a análise da argumentação presente nos Recursos Extraordinários, decididos no plenário do STF. Esta análise será realizada com base na leitura e no exame aprofundado do inteiro teor dos acórdãos. Para a consecução deste segundo objetivo, trabalharemos algumas questões, de forma exemplificativa, e sem prejuízo de outras que se mostrarem pertinentes no decorrer da pesquisa: (i) O ministro cita precedentes? Como? Os precedentes transcritos reforçam a posição da Corte ou apresentam um posicionamento distinto do argumento sustentado pelo ministro?; (ii) Há coerência entre a decisão proferida pelo Tribunal e ementa do acórdão? Ainda não chegamos nesta etapa da pesquisa, por essa razão, estão apresentados neste relatório apenas os resultados da pesquisa quantitativa.

4.1 A construção da amostra

Serão utilizados como fonte de pesquisa 60 (sessenta) recursos extraordinários decididos no Plenário do STF, entre os dias 05 de setembro de 2007 e 1º de setembro de 2009. Neste período a composição da Corte manteve-se inalterada, o que permite

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afirmar qual é a posição do Tribunal sobre determinada matéria, além de possibilitar o exame da existência de um padrão decisório. Isso porque, conforme demonstrado por algumas pesquisas 8, a mudança de membros na composição da Corte é o fator de maior alteração no padrão das decisões. Assim, essa característica de estabilidade do Tribunal permite identificar padrões decisórios do STF, enquanto órgão colegiado, nos recursos examinados. As decisões proferidas em Plenário 9 requerem discussões mais profundas e diversificadas sobre os casos, e delas participam todos os ministros da Corte, característica que enriquece a análise da discussão e dos argumentos existentes na decisão. Para a seleção dos acórdãos a serem analisados, foi realizado um levantamento no banco eletrônico de jurisprudência do STF. A partir da busca pela expressão “recurso extraordinário”, foi selecionada a opção “Pleno”, no órgão responsável por prolatar a decisão, e delimitou-se o período de busca a 05 de setembro de 2007 a 1º de setembro de 2009. O conjunto de decisões obtido inicialmente era composto de 3.220 documentos entre os quais havia, além de decisões proferidas em RE propriamente ditos, decisões proferidas em agravos regimentais, embargos declaratórios, embargos de divergência e questões de ordem em que a expressão “recurso extraordinário” aparecia. Uma vez que estes recursos versam quase que exclusivamente sobre questões processuais e acessórias ao direito material em questão, optamos por restringir nossa amostra às decisões proferidas efetivamente em RE. Para identificá-los, foram lidas as ementas dos acórdãos, obtendo um total de 60 (sessenta) decisões.

5. Resultados preliminares

8 Segundo Lawrence BAUM (1992), que analisou o comportamento da Suprema Corte norte-americana, as mudanças na composição da Corte implicam mudanças no padrão de decisão e nas posições políticas desse Tribunal. Nesse sentido, ver também Fabiana Luci de OLIVEIRA. “Processo Decisório no Supremo Tribunal Federal – Coalizões e ‘panelinhas’”. Artigo aceito para publicação no vol. 20, n. 43, da Revista de Sociologia e Política , de outubro de 2012. 9 Nos termos do artigo 6º, II, “b”, cumulado com o artigo 11 do Regimento Interno do STF, o órgão Plenário tem por competência decidir os casos (i) em que a Turma considerar relevante a arguição de inconstitucionalidade ainda não decidida pelo Plenário; (ii) em que apesar de já decidida pelo Plenário, algum Ministro propuser o seu reexame; ou (iii) em que algum Ministro propuser revisão de jurisprudência sumulada.

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Nesta primeira etapa da pesquisa, procedeu-se ao levantamento quantitativo dos dados a partir do instrumento de coleta. Nos próximos meses, a equipe procederá à investigação qualitativa destes elementos, com o intuito de investigar os doutrinadores mais citados nos votos e a existência ou não de um sistema de precedentes pelo STF. A construção do formulário aplicado nos recursos teve por objetivo abarcar o maior número de situações possíveis de aparecer no voto dos ministros do STF. Neste sentido, o formulário distingue as referências a doutrina entre citação e transcrição, referência a doutrina nacional, estrangeira, de ministros do STF ou do próprio ministro que a menciona. Em caso de transcrição de doutrina estrangeira, questiona-se a tradução do excerto transcrito. O mapeamento de julgados considera quais julgados foram citados, se a referência a estes julgados foi mencionado, de forma expressa, a qualidade de “precedente”, e se estes julgados são do próprio STF ou de outros tribunais. Por fim, as referências à legislação procuram identificar citações ao texto constitucional, lei federal ou estadual ou a tratados internacionais. Diferencia-se a citação da transcrição do texto legal. Ao longo deste item, os dados serão apresentados de forma agregada (em relação ao total de acórdãos analisados) e desagregados por ministro.

5.1.Quadro geral das decisões

Neste item serão apresentados os dados preliminares sobre 37 acórdãos analisados, tais como relator do julgamento, parte recorrente e recorrida no recurso, tribunal de origem da decisão questionada, conhecimento e decisão de mérito do recurso, ministro com voto vencido, voto ausente ou ministro ausente à sessão de julgamento. O ministro Ricardo Lewandowski foi relator de mais de 40% dos recursos extraordinários levados a julgamento. Uma hipótese preliminar que pode ser formulada em relação a este dado é a rapidez da inclusão destes processos na pauta de julgamento nas sessões de plenário pelos ministros, ou ainda pela relevância do tema (suscitado por repercussão geral).

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Tabela 2. Ministro relator da decisão do recurso extraordinário Ministro NA % Cezar Peluso 1 2,7 Joaquim Barbosa 1 2,7 Carmen Lúcia 2 5,4 Marco Aurélio 3 8,1 Menezes Direito 3 8,1 Eros Grau 5 13,5 Gilmar Mendes 7 18,9 Ricardo Lewandowski 15 40,5 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV .

A reforma de decisão em instância inferior é postulada, em mais da metade dos recursos, por pessoa jurídica de direito privado (27%) e por pessoa física (24,3%). A União Federal e Administração Pública indireta (como o INSS, por exemplo) são recorrentes em apenas 16,2% dos recursos extraordinários, cada um.

Tabela 3. Parte recorrente no recurso extraordinário Parte recorrente NA % Estado 1 2,7 Governador estadual 1 2,7 MP ou Defensoria 3 8,1 Administração Pública indireta 6 16,2 União federal 7 18,9 Pessoa física 9 24,3 Pessoa jurídica de direito privado 10 27,0 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV .

Do mesmo modo, pessoa física (35,1%) e pessoa jurídica (29,7%) figuram mais vezes como parte recorrida em julgamento de recursos extraordinários. Vale destacar que os entes federativos estados e municípios figuram como partes (recorrentes ou recorridas) nos recursos. Nos limites destes resultados parciais, é possível perceber que a Fazenda Pública (União, Estado, Município e Administração Indireta) recorre com

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menor freqüência que os entes privados (pessoas físicas e jurídicas). Uma hipótese, a ser confirmada ao longo da pesquisa, é a de que a decisão tomada pelo tribunal a quo tenha sido favorável, em alguma medida, à Fazenda Pública em detrimento de um particular.

Tabela 4. Parte recorrida no recurso extraordinário

Parte recorrida NA % Administração Pública indireta 1 2,7 Município 2 5,4 Estado 3 8,1 União federal 7 18,9 Pessoa jurídica 11 29,7 Pessoa física 13 35,1 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV .

A tabela 5 lista os tribunais que tiveram decisões recorridas via recurso extraordinário. Como se pode perceber, não há decisões de todos os tribunais (a exemplo do TRF da 2ª Região) e tribunais com grande volume de processos tem poucas decisões questionadas, como os Tribunais de Justiça do Estado de São Paulo e do Rio Grande Sul. Uma hipótese a ser investigada durante a pesquisa é a de que o sobrestamento de recursos extraordinários nos tribunais de segunda instância interfere no número de decisões julgadas pelo pleno. No período analisado, em todos os acórdãos julgados em plenário foi reconhecida a repercussão geral. Isto significa que a redução do volume dos recursos extraordinários levados a julgamento no plenário possa ter relação com o número de recursos enviados ao STF pelos tribunais inferiores e também com o número de recursos sobrestados. Ou seja, se determinado tema já foi decidido pelo plenário do STF com reconhecimento de repercussão geral, o mesmo tema não será levado a julgamento novamente, e caberá ao tribunal inferior aplicar a decisão tomada pelo pleno. As poucas decisões recorridas do TJ de São Paulo poderiam, desta forma, ser explicadas pelo uso do instituto pelo TJ, escolhendo quais decisões estariam ou não sobrestadas ao julgamento do plenário. Ainda assim, trata-se de uma hipótese provisória. A maior parte dos recursos extraordinários recorre de decisões proferidas pelos tribunais regionais federais (45,9%), com destaque para o TRF da 4ª Região (21,6%).

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Na categoria outros tribunais de origem estão os juizados especiais federais, o Tribunal Superior do Trabalho e Turmas Recursais do Juizado Especial Federal.

Tabela 5. Tribunal de origem da decisão questionada no recurso extraordinário Tribunal de origem NA % TRF5 1 2,7 TJDF 1 2,7 TJMG 1 2,7 TJMS 1 2,7 TJRS 1 2,7 TJSC 1 2,7 TJSP 2 5,4 STJ 3 8,1 TJBA 3 8,1 TJRN 3 8,1 TRF1 4 10,8 TRF3 4 10,8 TRF4 8 21,6 Outro 4 10,8 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV .

A Constituição Federal estabelece os pressupostos para a interposição de recurso extraordinário 10 . Os termos do art. 102, inciso III, um dos requisitos de admissibilidade do recurso extraordinário é a alegação de que a decisão do Tribunal a quo (i) contraria dispositivo constitucional; (ii) declara a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; (iii) julga válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição; ou (iv) julga válida lei local contestada em face de lei federal. Outro requisito de admissibilidade é a demonstração de repercussão geral do tema, onde a parte deverá demonstrar relevância jurídica, política, social ou econômica

10 O conhecimento de recurso por um Tribunal imprescinde da análise de requisitos de admissibilidade. Segundo Moacyr Amaral, são pressupostos para conhecimento de recurso pelo tribunal ad quem: a recorribilidade (o julgado ser passível de recurso), a tempestividade (interposição de recurso dentro do prazo legal), o preparo (pagamento de custas processuais), a regularidade formal do recurso, legitimidade da parte e interesse de agir.

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que ultrapassem os interesses subjetivos da causa (art. 102, III, §3º, CF e art. 543-A, CPC). Todos estes pressupostos serão considerados antes da decisão de conhecimento ou não do recurso, que pode ser unânime ou por maioria. Todas as 37 decisões analisadas foram conhecidas pelo STF. O plenário conheceu, à unanimidade, 89,2% dos recursos, 8,1% por maioria, e deu conhecimento parcial à matéria impugnada em 2,7% dos julgados.

Tabela 6. Conhecimento de recurso extraordinário pelo STF Conhecimento do recurso NA % Parcialmente conhecido unânime 1 2,7 Conhecido maioria 3 8,1 Conhecido unânime 33 89,2 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV .

Durante o período analisado o plenário do STF decidiu pela improcedência em 59,4% dos recursos, seja por unanimidade ou não. A procedência do recurso, por sua vez, foi parcial em 10,8% e total em 29,7% dos recursos.

Tabela 7. Decisão de mérito no recurso extraordinário pelo STF

Decisão de mérito NA % Parcialmente procedente maioria 1 2,7 Parcialmente procedente unânime 3 8,1 Procedente unânime 5 13,5 Procedente maioria 6 16,2 Improcedente unânime 10 27,0 Improcedente maioria 12 32,4 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

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Em quase metade dos julgamentos (45,9%) houve divergência entre os ministros, com manifestação de voto vencido. O quadro 1 apresenta o número de decisões em que os ministros divergiram da maioria formada pelo Tribunal. Marco Aurélio é o ministro com mais votos vencidos (27% do total), seguido pelos ministros Celso de Mello e Eros Grau (cada um com 16,2% do total). A ministra Ellen Gracie e o ministro Joaquim Barbosa não divergiram nas decisões analisadas.

Tabela 8. Voto vencido no julgamento de recurso extraordinário Voto vencido NA % Sim 17 45,9 Não 20 54,1 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV .

Quadro 1. Ministro com voto vencido no julgamento de recurso extraordinário Ministro NA % 3/37 8,1 Carmen Lúcia 3/37 8,1 Celso de Mello 6/37 16,2 Cezar Peluso 2/37 5,4 Eros Grau 6/37 16,2 Gilmar Mendes 3/37 8,1 Marco Aurélio 10/37 27,0 Menezes Direito 1/37 2,7 Ricardo Lewandowski 1/37 2,7 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

Em apenas duas sessões de julgamento a composição do tribunal estava completa. A partir da consulta à ata de sessão de julgamento, constatou-se que em praticamente todos os julgamentos algum ministro havia faltado (de forma justificada ou não) 11 .

11 Outra questão de interesse para a pesquisa é compreender como funciona a manifestação de ausência dos ministros aos julgamentos. Na ata da sessão, consta a indicação do ministro ausente de forma justificada ou não, mas nada se sabe sobre limites de falta ou regulação da matéria. Esta questão é importante, pois existem momentos nos julgamentos que exigem quórum mínimo de aprovação, a exemplo do quórum de 2/3 para a edição de Súmula Vinculante. Este será outro tópico de investigação da pesquisa.

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O quadro 2 indica que os ministros Joaquim Barbosa (32,4% do total), Cezar Peluso (27% do total) e Menezes Direito (24,3% do total) mais faltaram ao julgamento dos recursos analisados. A ministra Ellen Gracie e o ministro Marco Aurélio compareceram a todas as sessões.

Tabela 9. Ministros ausentes no julgamento de recurso extraordinário Ministros ausentes NA % Não 2 5,4 Sim 35 94,6 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

Quadro 2. Ministros ausentes no julgamento de recurso extraordinário Ministro NA % Carlos Ayres Britto 4/37 10,8 Carmen Lúcia 1/37 2,7 Celso de Mello 7/37 18,9 Cezar Peluso 10/37 27,0 Eros Grau 7/37 18,9 Gilmar Mendes 4/37 10,8 Joaquim Barbosa 12/37 32,4 Menezes Direito 9/37 24,3 Ricardo Lewandowski 2/37 5,4 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

Ainda que o ministro esteja presente à sessão de julgamento e manifeste sua posição, nem sempre seu voto está disponível no acórdão (compilação do relatório e dos votos dos ministros). Uma hipótese preliminar, passível de confirmação, é que os ministros devem autorizar a publicação do seu voto no acórdão. Quando isto não ocorre, o voto fica ausente na íntegra do documento. Nenhum acórdão ou documento menciona o porquê da ausência do voto. Em mais de 80% dos recursos analisados faltava alguma íntegra do voto de ministro presente à sessão (tabela 8 ). Há íntegras de voto ausentes de todos os ministros. Contudo, não consta voto do ministro Celso de Mello em quase metade dos recursos (48,6%). A ministra Ellen Gracie, embora presente a todos os julgamentos, não disponibilizou a íntegra do seu

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voto em 32,4% dos julgamentos. Quase 30% dos votos do ministro Joaquim Barbosa estão indisponíveis nos acórdãos (quadro 3 ).

Tabela 10. Votos ausentes no acórdão de recurso extraordinário Ausência de voto no NA % acórdão Não 5 13,5 Sim 32 86,5 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV .

Quadro 3. Votos ausentes no acórdão de recurso extraordinário Ministro NA % Carlos Ayres Britto 5 13,5 Carmen Lúcia 10 27,0 Celso de Mello 18 48,6 Cezar Peluso 9 24,3 Ellen Gracie 12 32,4 Eros Grau 9 24,3 Gilmar Mendes 7 18,9 Joaquim Barbosa 11 29,7 Marco Aurélio 1 2,7 Menezes Direito 5 13,5 Ricardo Lewandowski 3 8,1 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

5.2. Elementos presentes nos votos

Este tópico apresenta alguns dados preliminares sobre elementos identificados no voto de cada ministro para fundamentar a decisão. Trata-se de referências a doutrinadores, decisões judiciais do próprio STF ou de outros tribunais ou à legislação pertinente. Vale ressaltar que foram desconsideradas referências presentes no relatório do ministro relator, mas foi considerado tão somente o conteúdo dos votos (inclusive do ministro relator).

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Doutrina

Em 56,8% dos acórdãos há citação de doutrina por algum ministro. Todas estas decisões mencionam obras nacionais. Além da citação da doutrina brasileira, há ministros que fazem referência a obras estrangeiras (42% dos acórdãos que mencionam doutrina), à produção de outros ministros presentes em plenário (19% dos acórdãos que mencionam doutrina) ou à própria produção acadêmica (9,5% dos acórdãos que mencionam doutrina). Nenhum ministro cita obras divergentes à posição defendida no voto. Vale destacar que nem sempre a citação de um texto pelo ministro, em seu voto, prescinde da referência completa da obra. Não são raros os casos em que os ministros referem-se apenas como “lição de Celso Antonio Bandeira de Mello”, “nas palavras de Lucas Rocha Furtado”, “ensina José Afonso da Silva”, etc. Por tal razão, considerou-se como citação à doutrina quaisquer referências a obras acadêmicas, ainda que seja apenas pelo nome do autor ou da obra.

Tabela 11. Citação de doutrina no julgamento de recurso extraordinário Citação de doutrina NA % Não 16 43,2 Sim 21 56,8 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

O quadro 4 apresenta dados sobre citação de doutrina por cada ministro do Supremo Tribunal Federal. Considera-se a menção à doutrina nacional ou estrangeira, à produção de outros ministros ou à própria produção. Ricardo Lewandowski é um dos ministros que mais fez uso de doutrina em seus votos. O ministro menciona doutrina nacional 12 , estrangeira 13 e, em três oportunidades, fez referências à produção de outros ministros presentes em plenário 14 e as suas obras 15 .

12 As obras mencionadas aqui são transcrições das referências existentes nos votos dos ministros. Exemplificativamente: “CAMPINHO, Sérgio. Falência e recuperação de empresa: o novo regime de insolvência empresarial. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 173”; “Igualmente Rubens Requião”; “Sérgio Buarque de Holanda – Raízes do Brasil, 26ª ed., 1995”; “MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário, 2005”. 13 “DUEZ. Paul. La responsabilité de la puissance publique”, “Max Weber – Economy and Society: an outline of interpretative sociology, v. 1, 1968”. “José Joaquim Gomes Canotilho – Direito Constitucional, 1992. Konrad Hesse – A Força Normativa da Constituição, 1991”.

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O ministro Eros Grau também se destaca pelo recurso à doutrina, seja ela nacional 16 , estrangeira 17 ou à própria produção acadêmica 18 .

Quadro 4. Citação de doutrina pelos ministros no julgamento de recurso extraordinário Ministro Doutrina Doutrina Doutrina de outros Doutrina nacional estrangeira ministros própria NA % NA % NA % NA % Carlos Britto 1/21 4,7 0/21 0,0 0/21 0,0 0/21 0,0 Carmen Lúcia 2/21 9,5 0/21 0,0 0/21 0,0 0/21 0,0 Celso de M. 6/21 28,5 1/21 4,7 1/21 4,7 0/21 0,0 Cezar Peluso 0/21 0,0 0/21 0,0 0/21 0,0 0/21 0,0 Ellen Gracie 0/21 0,0 0/21 0,0 0/21 0,0 0/21 0,0 Eros Grau 6/21 28,5 6/21 28,5 0/21 0,0 1/21 4,7 Gilmar M. 6/21 28,5 2/21 9,5 1/21 4,7 0/21 0,0 Joaquim B. 0/21 0,0 0/21 0,0 0/21 0,0 0/21 0,0 Marco 1/21 4,7 0/21 0,0 0/21 0,0 0/21 0,0 Aurélio Menezes D. 1/21 4,7 1/21 4,7 0/21 0,0 0/21 0,0 Lewandowski 8/21 38,0 3/21 14,2 2/21 9,5 1/21 4,7 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV .

Além da citação à doutrina, reservou-se à parte a situação na qual os ministros transcrevem trechos de obras. Os dados sobre citação de doutrina e transcrição de doutrina não estão sobrepostos, ou seja, a transcrição de doutrina não é considerada uma forma de citação, e por isso não foi computada no quadro acima.

Em síntese, a soma das citações e transcrições constitui o total de referências doutrinárias nos votos dos ministros. Há transcrição de doutrina em 62% do total de acórdãos analisados até o momento. Prevalece transcrição de trechos de obras nacionais (95,3% do total de transcrições) e, em menor número, de autores estrangeiros (34,7% do total de transcrições).

14 Dentre os quais “Carmen Lúcia Antunes Rocha – Princípios Constitucionais da Administtação Pública, 1994” e “José CELSO DE MELLO Filho, Constituição Federal Anotada, 1986”. 15 “Ricardo Lewandowski. Formação da doutrina dos direitos humanos, in Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo” 16 Exemplificativamente: “os autores que eu posso me lembrar de cabeça, desde ...até Tulio Ascarelli” 17 Dentre os quais, “Kelsen, Teoria generale Del diritto e dello stato, trad. italiana, Milano, Ed. Comunitá, 1952, p. 119”; “ECO, Umberto. A busca da língua perfeita. Trad. Antonio Angonese, EDUSC, Bauru, 2001”. “CANOTILHO, José Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 7ª ed. Almedina, Coimbra, 2003”. 18 “Eros Grau – O Direito Posto e o Direito Pressuposto.”

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Tabela 12. Transcrição de doutrina no julgamento de recurso extraordinário Transcrição de NA % doutrina Não 14 37,8 Sim 23 62,2 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

Destaca-se o número de votos em que o ministro Ricardo Lewandowski transcreve doutrina nacional (66,6% dos acórdãos que mencionam doutrina) e de doutrina estrangeira, como Norberto Bobbio, Paul Duez e Konrad Hesse. Os ministros Celso de Mello transcreveu trechos de obras de Jorge Miranda e J. J. Canotilho e o ministro Eros Grau, por sua vez, de Umberto Eco. Os ministros Carlos Britto, Cezar Peluso e Joaquim Barbosa não transcreveram doutrina em seus votos.

Quadro 5. Transcrição de doutrina pelos ministros no julgamento de recurso extraordinário Ministro Doutrina nacional Doutrina estrangeira NA % NA % Carmen Lúcia 1/21 4,7 0/21 0,0 Celso de Mello 4/21 19,0 1/21 4,7 Ellen Gracie 1/21 4,7 0/21 0,0 Eros Grau 3/21 14,2 1/21 4,7 Gilmar Mendes 5/21 23,8 2/21 9,5 Marco Aurélio 1/21 4,7 0/21 0,0 Menezes Direito 2/21 9,5 0/21 0,0 Lewandowski 14/21 66,6 4/21 19,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

Dos ministros que transcrevem doutrina de autores estrangeiros, apenas os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski preocuparam-se em traduzir para o português seu conteúdo. Salvo as referências a autores portugueses – formuladas, principalmente, nos votos do ministro Celso de Mello – o ministro Gilmar Mendes traduziu trecho da obra de Konrad Hesse (“A força normativa da Constituição”) enquanto que o ministro Lewandowski traduziu excertos de Paulo Duez (“La responsabilité de la puissance publique”).

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Decisões judiciais

A citação de decisões judiciais está presente na maioria dos acórdãos analisados (78,4% do total). Contudo, a menção a julgado anterior não significa, necessariamente, que se trate de um precedente do tribunal. Pode-se dizer que a referência a decisão judicial anterior pode aparecer, no voto, como ratio decidendi ou obiter dictum . Na primeira situação, existe precedente(s) consolidado(s) no Tribunal (ou mesmo um leading case ), e discute-se a possibilidade de manutenção ou não de um precedente. Assim, o Tribunal deve posicionar-se em relação àquela decisão anterior, seja para manter seus principais fundamentos, seja para estabelecer uma nova orientação. As decisões judiciais consideradas como obiter dictum estão presentes como argumento acessório ao argumento principal do voto. Ou seja, a presença ou não destas decisões é pouco relevante para se determinar a posição defendida naquele voto. Percebe-se o uso deste artifício quando há referência a inúmeros julgados sobre determinado tema no voto, mas sem especificar os argumentos presentes e a discussão em jogo. A citação de julgados anteriores é uma tentativa de subsidiar determinado posicionamento do ministro por meio de inúmeras decisões no mesmo sentido. A dificuldade em identificar qual decisão judicial é mencionada como precedentes ou apenas como obiter dictum levou a equipe de pesquisa a criar uma distinção entre ambas as situações no formulário de coleta. Considerou-se como “decisão judicial” qualquer referência a julgado, seja ele do Supremo Tribunal Federal, de outros tribunais, citação completa ou apenas indicação da Revista dos Tribunais, ou ainda a citação ao termo “jurisprudência” no voto. Entende-se como “precedente” a menção expressa a este termo no voto. Além disso, considerou-se como precedente a citação de Súmulas (não-vinculantes). Isto não significa, porém, que não possa existir referência a precedentes do STF nos votos sem que haja explicitação da palavra “precedente”. Por tal razão, nesta primeira etapa da pesquisa considera-se como “precedente” toda e qualquer manifestação no voto de que aquela decisão judicial classifica-se como um precedente do tribunal. A próxima etapa da pesquisa iniciará um estudo mais aprofundado desta questão, conferindo o conteúdo da decisão mencionada e a pertinência com o tema em debate no julgamento.

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Tabela 13. Citação de decisão judicial no julgamento de recurso extraordinário Citação de decisão judicial NA % Não 8 21,6 Sim 29 78,4 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

As decisões consideradas “precedente” no voto dos ministros são menos freqüentes, e constatou-se que apenas em 37,8% dos acórdãos há menção expressa ao termo.

Tabela 14. Citação de precedente no julgamento de recurso extraordinário Citação de decisão NA % judicial como precedente Não 23 62,2 Sim 14 37,8 Total 37 100, 0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

O precedente citado pode ser de uma decisão do próprio Supremo Tribunal Federal (75,7% dos acórdãos que mencionam precedentes), de outros tribunais, como o STJ (24,3% dos acórdãos que mencionam precedentes) ou precedente divergente ao posicionamento defendido no voto (5,4% dos acórdãos que mencionam precedentes). Esta última classificação também prescinde da menção expressa, no voto do ministro, de que a decisão judicial é contrária ao voto. Esta situação foi constatada em apenas dois votos da ministra Carmen Lúcia. A transcrição de decisão judicial também é frequente nos acórdãos analisados (62,2% dos acórdãos analisados). Considerou-se como transcrição a reprodução de excertos da ementa ou de voto de determinada decisão.

Tabela 15. Citação de precedente no julgamento de recurso extraordinário Transcrição de julgado NA % Não 14 37,8 Sim 23 62,2 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

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Legislação

Salvo um acórdão, todos os demais se referem à legislação pertinente sobre o tema, seja citando-a (97,3% do total dos acórdãos) ou transcrevendo o texto legal (91,9% do total dos acórdãos).

Tabela 16. Citação de legislação no julgamento de recurso extraordinário Citação de legislação NA % Não 1 2,7 Sim 36 97,3 Total 37 ‘100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

Tabela 17. Transcrição de legislação no julgamento de recurso extraordinário Transcrição de NA % legislação Não 3 8,1 Sim 34 91,9 Total 37 100,0 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

A Constituição Federal e seus dispositivos foram mencionados em 86,5% dos acórdãos. O texto pode ser mencionado de forma geral “segundo texto da Constituição Federal” ou artigos específicos. Até o momento, as referências mais freqüentes são aos artigos 47 (sobre a administração pública e seus princípios) e 150 e seguintes (sobre a ordem tributária). Também foram registradas referências às outras Constituições, especificamente ao texto constitucional de 1967 e à EC 1/1969. Legislação federal foi citada em 62,2% dos acórdãos. A título exemplificativo pode-se mencionar a Lei nº 8.112/1990, Consolidação de Leis do Trabalho, Código Tributário Nacional, Código Civil e Lei 9.099/1995. A legislação estadual foi citada em apenas 8,1% dos acórdãos, como a legislação ordinária do estado de Santa Catarina e da Constituição do Estado de São Paulo. Não houve qualquer referência a leis municipais, e a Convenção Americana de Direitos Humanos é o único tratado internacional citado.

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Na categoria “outra legislação” consta menções ao Código de Hamurabi, ao Regimento interno do STF, Resoluções do CNJ e Medidas provisórias. Do quadro 7 indica que todos os ministros citam ou transcrevem textos legais no voto. Percebe-se que este artifício é utilizado com freqüência pela maior parte dos ministros (salvo ministros Joaquim Barbosa e Ellen Gracie).

Quadro 7. Citação de legislação pelos ministros no julgamento de recurso extraordinário Ministro Citação de legislação Transcrição de legislação NA % NA % Carlos Ayres Britto 11/36 29,7 11/36 29,7 Carmen Lúcia 12/36 32,4 7/36 18,9 Celso de Mello 7/36 18,9 4/36 10,8 Cezar Peluso 15/36 40,5 2/36 5,4 Ellen Gracie 2/36 5,4 1/36 2,7 Eros Grau 9/36 24,3 2/36 5,4 Gilmar Mendes 11/36 29,7 6/36 16,2 Joaquim Barbosa 5/36 13,5 1/36 2,7 Marco Aurélio 20/36 54,1 7/36 18,9 Menezes Direito 11/36 29,7 2/36 5,4 Ricardo Lewandowski 21/36 56,8 14/36 37,8 Fonte: Supremo Tribunal Federal e DireitoGV.

6. Referências bibliográficas

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ANEXO 1 - FORMULÁRIO PARA COLETA DE DADOS DOS RE

A. ID: B. Código do Pesquisador(a): 5. ( ) Luciana 1. ( ) André 6. ( ) Paulo André 2. ( ) Carol 7. ( ) Rubens 3. ( ) Dalton 8. ( ) Vítor 4. ( ) Laura 9. ( ) Yuri Dados obtidos no acompanhamento processual no site do STF C. Data de preenchimento . |____|____|____| D. Número do RE: E. Data de distribuição: |____|____|____| F. Data do julgamento do pedido liminar pelo Pleno ou conversão em mérito: |____|____|____| G. Data de publicação da decisão liminar: |____|____|____| H. Data de julgamento da decisão final: |____|____|____| I. Data de publicação da decisão final: |____|____|____|

Identificação do caso P1. Ato normativo questionado (lei complementar, lei ordinária, súmula, ato infralegal...): P2. Objeto do RE: P3. Relator: P4. Parte recorrente: 1. ( ) Executivo federal 7. ( ) Judiciário Estadual 13. ( ) Pessoa Física 2. ( ) Executivo estadual 8. ( ) Legislativo DF 14. ( ) Pessoa jurídica 3. ( ) Executivo municipal 9. ( ) Legislativo estadual 15. ( ) União Federal 4. ( ) Executivo DF 10. ( ) Legislativo federal 16. ( ) Estado 5. ( ) Governador estadual 11. ( ) MP ou Defensoria 17. ( ) Município 6. ( ) Judiciário Federal 12. ( ) Administração Pública Indireta

P5. Parte recorrida: 1. ( ) Executivo federal 7. ( ) Judiciário Estadual 13. ( ) Pessoa Física 2. ( ) Executivo estadual 8. ( ) Legislativo DF 14. ( ) Pessoa jurídica 3. ( ) Executivo municipal 9. ( ) Legislativo estadual 15. ( ) União Federal 4. ( ) Executivo DF 10. ( ) Legislativo federal 16. ( ) Estado 5. ( ) Governador estadual 11. ( ) MP ou Defensoria 17. ( ) Município 6. ( ) Judiciário Federal 12. ( ) Administração Pública Indireta P6. Tribunal de origem 10. ( ) STJ 22. ( ) TJDF 34. ( ) TJRJ

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11. ( ) TRF1 23. ( ) TJES 35. ( ) TJRN 12. ( ) TRF2 24. ( ) TJGO 36. ( ) TJRO 13. ( ) TRF3 25. ( ) TJMA 37. ( ) TJRR 14. ( ) TRF4 26. ( ) TJMG 38. ( ) TJRS 15. ( ) TRF5 27. ( ) TJMS 39. ( ) TJSC 16. ( ) TJAC 28. ( ) TJMT 40. ( ) TJSE 17. ( ) TJAL 29. ( ) TJPA 41. ( ) TJSP 18. ( ) TJAM 30. ( ) TJPB 42. ( ) TJTO 19. ( ) TJAP 31. ( ) TJPE 43. ( ) Outro. Qual?: ______20. ( ) TJBA 32. ( ) TJPI 21. ( ) TJCE 33. ( ) TJPR

Relatório do acórdão P7. Cita ou transcreve a decisão recorrida

1. ( ) Sim 2. ( ) Não

Decisão LIMINAR (quando houver) P8. Conhecimento da liminar 4. ( ) Não-conhecido maioria 1. ( ) Conhecido unânime 5. ( ) Parcialmente conhecido unânime 2. ( ) Conhecido maioria 6. ( ) Parcialmente conhecido maioria 3. ( ) Não-conhecido unânime P9. Resultado da liminar 4. ( ) Improcedente maioria 1. ( ) Procedente unânime 5. ( ) Parcialmente procedente unânime 2. ( ) Procedente maioria 6. ( ) Parcialmente procedente maioria 3. ( ) Improcedente unânime

Decisão MÉRITO P10. Conhecimento do recurso 4. ( ) Não-conhecido maioria 1. ( ) Conhecido unânime 5. ( ) Parcialmente conhecido unânime 2. ( ) Conhecido maioria 6. ( ) Parcialmente conhecido maioria 3. ( ) Não-conhecido unânime P11. Resultado do recurso 4. ( ) Improcedente maioria 1. ( ) Procedente unânime 5. ( ) Parcialmente procedente unânime 2. ( ) Procedente maioria 6. ( ) Parcialmente procedente maioria 3. ( ) Improcedente unânime

Identificação do acórdão

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P12. Voto(s) vencido(s)

1. ( ) Sim 2. ( ) Não P.12.1 Ministro (a)(s) vencido(a)(s) 1. ( ) Carlos Britto 7. ( ) Gilmar Mendes 2. ( ) Carmen Lúcia 8. ( ) Joaquim Barbosa 3. ( ) Celso de Mello 9. ( ) Marco Aurélio 4. ( ) Cezar Peluso 10. ( ) Menezes Direito 5. ( ) Ellen Gracie 11. ( ) Ricardo Lewandowski 6. ( ) Eros Grau 99. ( ) Não P.13 Ministro (a)(s) ausente(s) ao julgamento 1. ( ) Sim 2. ( ) Não P.13.1 Ministro (a)(s) ausente(s) ao julgamento 1. ( ) Carlos Britto 7. ( ) Gilmar Mendes 2. ( ) Carmen Lúcia 8. ( ) Joaquim Barbosa 3. ( ) Celso de Mello 9. ( ) Marco Aurélio 4. ( ) Cezar Peluso 10. ( ) Menezes Direito 5. ( ) Ellen Gracie 11. ( ) Ricardo Lewandowski 6. ( ) Eros Grau 99. ( ) Não P.14 Votos ausentes no acórdão (ministro presente, mas voto indisponível no acórdão; conferir ata) 1. ( ) Sim 2. ( ) Não P.14.1 Ministro(a)(s) presente na sessão com voto ausente no acórdão 7. ( ) Gilmar Mendes 1. ( ) Carlos Britto 8. ( ) Joaquim Barbosa 2. ( ) Carmen Lúcia 9. ( ) Marco Aurélio 3. ( ) Celso de Mello 10. ( ) Menezes Direito 4. ( ) Cezar Peluso 11. ( ) Ricardo Lewandowski 5. ( ) Ellen Gracie 99. ( ) Não 6. ( ) Eros Grau

Mapeamento de citações: Doutrina * citar obras como surgem no voto, entre aspas. Ex: “doutrinador Celso Antonio Bandeira de Mello”, “na obra Direito administrativo brasileiro de Celso Antônio...” P.15 Citação de doutrina 1. ( ) Sim 2. ( ) Não P.15.1 Citação de doutrina nacional 1. ( ) Carlos Britto. Qual obra?______2. ( ) Carmen Lúcia. Qual obra?______3. ( ) Celso de Mello. Qual obra?______4. ( ) Cezar Peluso. Qual obra? ______5. ( ) Ellen Gracie. Qual obra?______

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6. ( ) Eros Grau. Qual obra?______7. ( ) Gilmar Mendes. Qual obra?______8. ( ) Joaquim Barbosa. Qual obra?______9. ( ) Marco Aurélio. Qual obra?______10. ( ) Menezes Direito. Qual obra?______11. ( ) Ricardo Lewandowski. Qual obra?______99. ( ) Não P.15.2 Citação de doutrina estrangeira 1. ( ) Carlos Britto. Qual obra?______2. ( ) Carmen Lúcia. Qual obra?______3. ( ) Celso de Mello. Qual obra?______4. ( ) Cezar Peluso. Qual obra?______5. ( ) Ellen Gracie. Qual obra?______6. ( ) Eros Grau. Qual obra?______7. ( ) Gilmar Mendes. Qual obra?______8. ( ) Joaquim Barbosa. Qual obra?______9. ( ) Marco Aurélio. Qual obra?______10. ( ) Menezes Direito. Qual obra?______11. ( ) Ricardo Lewandowski. Qual obra?______99. ( ) Não P.15.3 Citação de doutrina de outros ministros dessa composição

1. ( ) Carlos Britto. Qual obra?______2. ( ) Carmen Lúcia. Qual obra?______3. ( ) Celso de Mello. Qual obra?______4. ( ) Cezar Peluso. Qual obra?______5. ( ) Ellen Gracie. Qual obra?______6. ( ) Eros Grau. Qual obra?______7. ( ) Gilmar Mendes. Qual obra?______8. ( ) Joaquim Barbosa. Qual obra?______9. ( ) Marco Aurélio. Qual obra?______10. ( ) Menezes Direito. Qual obra?______11. ( ) Ricardo Lewandowski. Qual obra?______99. ( ) Não P.15.4 Citação de doutrina própria

1. ( ) Carlos Britto. Qual obra?______2. ( ) Carmen Lúcia. Qual obra?______3. ( ) Celso de Mello. Qual obra?______4. ( ) Cezar Peluso. Qual obra?______5. ( ) Ellen Gracie. Qual obra?______6. ( ) Eros Grau. Qual obra?______7. ( ) Gilmar Mendes. Qual obra?______8. ( ) Joaquim Barbosa. Qual obra?______9. ( ) Marco Aurélio. Qual obra?______

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10. ( ) Menezes Direito. Qual obra?______11. ( ) Ricardo Lewandowski. Qual obra?______99. ( ) Não

P.15.5 Citação de doutrina divergente da opinião do ministro

1. ( ) Carlos Britto. Qual obra?______2. ( ) Carmen Lúcia. Qual obra?______3. ( ) Celso de Mello. Qual obra?______4. ( ) Cezar Peluso. Qual obra?______5. ( ) Ellen Gracie. Qual obra?______6. ( ) Eros Grau. Qual obra?______7. ( ) Gilmar Mendes. Qual obra?______8. ( ) Joaquim Barbosa. Qual obra?______9. ( ) Marco Aurélio. Qual obra?______10. ( ) Menezes Direito. Qual obra?______11. ( ) Ricardo Lewandowski. Qual obra?______99. ( ) Não P.15.6 Transcrição de doutrina 1. ( ) Sim 2. ( ) Não P.15.7 Transcrição de doutrina nacional 1. ( ) Carlos Britto. Qual obra?______2. ( ) Carmen Lúcia. Qual obra?______3. ( ) Celso de Mello. Qual obra?______4. ( ) Cezar Peluso. Qual obra?______5. ( ) Ellen Gracie. Qual obra?______6. ( ) Eros Grau. Qual obra?______7. ( ) Gilmar Mendes. Qual obra?______8. ( ) Joaquim Barbosa. Qual obra?______9. ( ) Marco Aurélio. Qual obra?______10. ( ) Menezes Direito. Qual obra?______11. ( ) Ricardo Lewandowski. Qual obra?______99. ( ) Não P.15.8 Transcrição de doutrina estrangeira

1. ( ) Carlos Britto. Qual obra?______2. ( ) Carmen Lúcia. Qual obra?______3. ( ) Celso de Mello. Qual obra?______4. ( ) Cezar Peluso. Qual obra?______5. ( ) Ellen Gracie. Qual obra?______6. ( ) Eros Grau. Qual obra?______7. ( ) Gilmar Mendes. Qual obra?______8. ( ) Joaquim Barbosa. Qual obra?______9. ( ) Marco Aurélio. Qual obra?______10. ( ) Menezes Direito. Qual obra?______

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11. ( ) Ricardo Lewandowski. Qual obra?______99. ( ) Não P.15.9 Tradução de doutrina estrangeira

1. ( ) Carlos Britto. Qual obra?______2. ( ) Carmen Lúcia. Qual obra?______3. ( ) Celso de Mello. Qual obra?______4. ( ) Cezar Peluso. Qual obra?______5. ( ) Ellen Gracie. Qual obra?______6. ( ) Eros Grau. Qual obra?______7. ( ) Gilmar Mendes. Qual obra?______8. ( ) Joaquim Barbosa. Qual obra?______9. ( ) Marco Aurélio. Qual obra?______10. ( ) Menezes Direito. Qual obra?______11. ( ) Ricardo Lewandowski. Qual obra?______99. ( ) Não

Mapeamento de citações: Decisões judiciais (inclui-se aqui citação ampla sobre “jurisprudência do tribunal” e citação de súmulas não vinculantes) P.16 Citação de decisão judicial 1. ( ) Sim 2. ( ) Não P.16.1 Citação de decisão judicial

1. ( ) Carlos Britto.Qual?______2. ( ) Carmen Lúcia.Qual? ______3. ( ) Celso de Mello.Qual?______4. ( ) Cezar Peluso.Qual?______5. ( ) Ellen Gracie.Qual?______6. ( ) Eros Grau.Qual?______7. ( ) Gilmar Mendes.Qual?______8. ( ) Joaquim Barbosa.Qual?______9. ( ) Marco Aurélio.Qual?______10. ( ) Menezes Direito.Qual? ______11. ( ) Ricardo Lewandowski.Qual? ______99. ( ) Não P.16.2 Menciona decisão judicial como “precedente”? (citar expressamente)

1. ( ) Carlos Britto 2. ( ) Carmen Lúcia 3. ( ) Celso de Mello 4. ( ) Cezar Peluso 5. ( ) Ellen Gracie 6. ( ) Eros Grau 7. ( ) Gilmar Mendes 8. ( ) Joaquim Barbosa

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9. ( ) Marco Aurélio 10. ( ) Menezes Direito 11. ( ) Ricardo Lewandowski 99. ( ) Não P.16.3 Citação de decisão judicial do STF

1. ( ) Carlos Britto.Qual?______2. ( ) Carmen Lúcia.Qual?______3. ( ) Celso de Mello.Qual?______4. ( ) Cezar Peluso.Qual?______5. ( ) Ellen Gracie.Qual?______6. ( ) Eros Grau.Qual?______7. ( ) Gilmar Mendes.Qual?______8. ( ) Joaquim Barbosa.Qual?______9. ( ) Marco Aurélio.Qual?______10. ( ) Menezes Direito.Qual?______11. ( ) Ricardo Lewandowski.Qual?______99. ( ) Não P.16.4 Citação de decisão judicial de outro tribunal

1. ( ) Carlos Britto.Qual?______2. ( ) Carmen Lúcia.Qual?______3. ( ) Celso de Mello.Qual?______4. ( ) Cezar Peluso.Qual?______5. ( ) Ellen Gracie.Qual?______6. ( ) Eros Grau.Qual?______7. ( ) Gilmar Mendes.Qual?______8. ( ) Joaquim Barbosa.Qual?______9. ( ) Marco Aurélio.Qual?______10. ( ) Menezes Direito.Qual? ______11. ( ) Ricardo Lewandowski.Qual?______99. ( ) Não P.16.5 Citação de decisão judicial contrária ao voto

1. ( ) Carlos Britto.Qual?______2. ( ) Carmen Lúcia.Qual?______3. ( ) Celso de Mello.Qual?______4. ( ) Cezar Peluso.Qual?______5. ( ) Ellen Gracie.Qual?______6. ( ) Eros Grau.Qual?______7. ( ) Gilmar Mendes.Qual?______8. ( ) Joaquim Barbosa.Qual?______9. ( ) Marco Aurélio.Qual?______10. ( ) Menezes Direito.Qual?______11. ( ) Ricardo Lewandowski.Qual?______99. ( ) Não

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P.17 Transcrição de decisão judicial (de qualquer tribunal)

1. ( ) Carlos Britto.Qual?______2. ( ) Carmen Lúcia.Qual? ______3. ( ) Celso de Mello.Qual?______4. ( ) Cezar Peluso.Qual?______5. ( ) Ellen Gracie.Qual?______6. ( ) Eros Grau.Qual?______7. ( ) Gilmar Mendes.Qual?______8. ( ) Joaquim Barbosa.Qual?______9. ( ) Marco Aurélio.Qual?______10. ( ) Menezes Direito.Qual? ______11. ( ) Ricardo Lewandowski.Qual? ______99. ( ) Não

Mapeamento de citações: Legislação P.18 Citação de legislação? 1. ( ) Sim 2. ( ) Não P.18.1 Citação de Legislação 1. ( ) CF. Quais dispositivos? ______2. ( ) legislação federal. Qual? ______3. ( ) legislação estadual. Qual?______4. ( ) legislação municipal. Qual?______5. ( ) tratados internacionais. Qual?______6. ( ) outro. Qual? ______

P.18.2 Citação de legislação

1. ( ) Carlos Britto.Qual? ______2. ( ) Carmen Lúcia.Qual? ______3. ( ) Celso de Mello.Qual?______4. ( ) Cezar Peluso.Qual? ______5. ( ) Ellen Gracie.Qual?______6. ( ) Eros Grau.Qual?______7. ( ) Gilmar Mendes.Qual?______8. ( ) Joaquim Barbosa.Qual?______9. ( ) Marco Aurélio.Qual? ______10. ( ) Menezes Direito.Qual? ______11. ( ) Ricardo Lewandowski.Qual?______99. ( ) Não P.18.3 Transcrição de legislação

1. ( ) Carlos Britto.Qual?______2. ( ) Carmen Lúcia.Qual?______

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3. ( ) Celso de Mello.Qual?______4. ( ) Cezar Peluso.Qual?______5. ( ) Ellen Gracie.Qual?______6. ( ) Eros Grau.Qual?______7. ( ) Gilmar Mendes.Qual?______8. ( ) Joaquim Barbosa.Qual?______9. ( ) Marco Aurélio.Qual?______10. ( ) Menezes Direito.Qual?______11. ( ) Ricardo Lewandowski.Qual?______99. ( ) Não

Observações

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